Em Cristo Deus foi revelado e o pecado dos crentes removido.
"Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou" (Jo. 1:18).
É uma afirmação verdadeira das escrituras, que nenhum homem viu a Deus em nenhum momento. De Êxodo 33 aprendemos que, naturalmente falando, nem pode ver.
No mundo natural medimos uma coisa por seu comprimento, largura e altura quando se trata de algo concreto, de uma substância sólida ou liquida a ser pesada ou medida. Mas quando se trata do abstrato já não é assim. Podemos, por exemplo, aprisionar o vento para medir as suas dimensões?
Assim é também quando falamos acerca de Deus. Deus é um Espírito; e o céu e o céu dos céus não O podem conter. Ele está presente em todos os lugares por todo este vasto universo, Ele é maior do que tudo o que criou; Ele não está sujeito a mudança ou ruptura. Como, então, poderíamos descrevê-lo? Ele está além de tudo o que possamos imaginar.
Embora tenha tal proporção, havia no coração de Deus o desejo de revelar-se. E quando chegou o tempo no qual Deus cumpriria Seu propósito, ou se revelaria em tudo o que Ele é em natureza e caráter, havia na Divindade um meio adequado para fazê-lo, e esse meio era através do Filho unigênito que estava no seio do Pai, em toda a intimidade do Seu relacionamento Divino e eterno. o qual, sendo Deus, sabia tudo o que Deus é.
Estava na mente e no propósito de Deus que Seu Filho se tornaria Homem, e que no Homem, e para os homens, deveria ser conhecida toda a profundidade da natureza Divina e todo o brilho da glória Divina. Não podemos compreender isso por argumento; é um daqueles fatos simples, mas estupendos, que refuta qualquer análise humana, está muito além da sua compreensão.
Não podemos definir a vida, nem podemos medir o espaço, nem explicar a eternidade. Então, sem controvérsia o que podemos dizer é: “grande é o mistério da piedade.”
Quando vemos Deus na Pessoa do Seu Filho, em um tenro bebé nos braços de Maria, sabendo que mesmo nesta condição, a condição de uma criança recém nascida, toda plenitude reside Nele, ficamos perplexo e só podemos dizer: "Grande é o mistério da piedade.”
Quando O vemos recluso na casa de um carpinteiro, crescendo em sabedoria e estatura, e em favor diante de Deus e dos homens, mas verdadeiramente Deus manifestado em carne, a única explicação possível é que "grande é o mistério da piedade.”
Quando esta Pessoa Divina se torna amigo dos pobres pecadores para lhes abrir olhos e os ouvidos para que possam ouvir a preciosa e santa mensagem que trazia, chamando os cansados e sobrecarregados, tocando os leprosos, curando os endemoniados, para lhes exprimir a misericórdia de Deus, novamente ficamos perplexos e só nos resta dizer: "grande é o mistério da piedade.”
Finalmente quando O vemos odiado e desprezado pelos homens, e se submetendo a isso; cuspido, açoitado e crucificado; e na hora da Sua mais profunda tristeza e sofrimento, sendo abandonado por Deus por causa dos nossos pecado, suportando a ira e o julgamento por nós, para que nada nos fosse imputado, de tudo que pesava diante de Deus contra nós, então inclinamos nossas cabeça e, na mais profunda auto-humilhação, e gratidão quase sem voz, trêmulos e reverentes dizemos: "Grande é o mistério da piedade".
Deus foi totalmente revelado em Seu Filho. Mas o Filho agora ressuscitou, foi glorificado, assentou-se no trono do Pai como Homem; de modo que há um deleite presente e contínuo em estudá-Lo como o Revelador do Pai e do Seu Nome.
Mas logo outro grande fato vem à tona, pois lemos que:
"no dia seguinte João viu Jesus aproximar-se dele, e disse: Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo. 1:29).
Preciosa verdade! Este Cordeiro estava nos conselhos de Deus, antes da fundação do mundo, e foi manifestado nestes últimos tempos por amor de vós (1 Pe. 1:18-20). Quando Isaque caminhava junto com seu pai (Gên. 22:6,8) para o monte que havia de ser mostrado, ele perguntou: “eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto” (Gên. 22:7)? Esta pergunta ficou no ar, sem resposta, por milênios, entretanto, no verso citado acima, João, o batista, respondeu o questionamento de Isaque.
Nos evangelhos, somente o de João, contém a narrativa do ato do soldado perfurando o lado do Senhor Jesus na cruz, e é somente este mesmo evangelho que fala Dele como o Cordeiro. João ao descrevê-lo como o Cordeiro de Deus, descreve também, junto com esta mesma informação, as Suas muitas glórias Divinas.
Enquanto pensamos Nele, como a Vítima, em Seu caráter sacrificial, morrendo para glorificar a Deus (Jo.17:4) e perdoar o pecado de todo aquele que crê, lembremos também que o Cordeiro é digno de toda adoração e louvor.
Esta cena está descrita em Apocalipse 5 com as seguintes palavras:
“Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre. E os quatro animais diziam: Amém. E os vinte e quatro anciãos prostraram-se, e adoraram ao que vive para todo o sempre” (Apoc. 5:12-14).
Ninguém exceto Aquele que é Deus poderia encontrar Deus na questão do pecado e glorificá-Lo; e também, somente Aquele que é homem, poderia fazer a propiciação dos pecados dos homens. No verso 30 do capítulo 1 deste evangelho, João diz: "Após mim vem um Homem.” Depois ele acrescenta: "que é antes de mim".
A primeira referência aponta para Aquele que é verdadeiramente um Homem em Sua natureza santa; a segunda aponta para Aquele que é eterno, em toda glória da Sua Divindade eterna, conforme demonstrado nas escrituras, mas, especialmente, nesta parte deste livro. Assim é apresentado o Cordeiro aos nossos corações.
As escrituras do velho e do novo testamento nos apresentam o Cordeiro de Deus em dois aspectos principais. De Gênesis à primeira epistola de Pedro, nós o vemos em Sua humilhação. Este é o primeiro aspecto. O segundo está no Apocalipse, onde o vemos em Sua exaltação.
Aprendemos de Gênesis 22, nas palavras de Abraão, que Ele é uma provisão de Deus. Abraão disse: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto” (Gên. 22:8). E como já nos referimos acima nas palavras de João, o batista, Ele é Aquele que tira o pecado do mundo.
João, o apóstolo, escreveu que “Ele é a propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo. 2:2); já o escritor aos Hebreus assenta: “havendo (Ele) feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Heb. 1:3).
A Ele foi confiado a missão de restituir todas as coisas, ou nas palavras do salmista “restituir o que não furtou” (Sal. 69:4). Pedro ao falar de tempos de refrigério, pela Sua presença, agregou: “O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo” (Atos 3:21). Para nos assegurar todo propósito de Deus, era necessário morrer. Assim vemo-lo caminhando neste mundo até consumar, na cruz, a obra que lhe foi confiada.
Estando no mundo, Ele viveu em fraqueza, Paulo escrevendo aos coríntios disse que “foi crucificado por fraqueza” como a própria figura do Cordeiro indica, mas a Ele foi confiada a poderosa tarefa de assegurar a glória de Deus e de remover o pecado do mundo. Bendito seja para sempre Seu Santo e Bendito Nome. A Ele toda glória e louvor. Amém.
JCarneiro.