terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A Páscoa

A Páscoa

(Êx. 12:1-14).

 

“E FALOU o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura. E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo. Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR. E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo”.

 

-Aos dez deste mês.

-Um Cordeiro.

-O cordeiro será sem mácula.

-Macho de um ano.

-Guardareis até o décimo quarto dia.

-Será sacrificado a tarde.

-Tomarão do sangue e po-lo-ão em ambas ombreiras.

-Na verga da porta em que estiverdes.

-Naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos e            ervas amargosas.

-Nada dele comereis cru, nem cozido em água, senão assado no fogo.

 

A páscoa  foi celebrada pela primeira vez  no Egito, e ela põe diante de nós, as provisões de Deus para atendimento da sua própria justiça. Nela vemos um cordeiro sendo morto e seu sangue sendo aplicado, como sinal da substituição feita por ele, em lugar do primogênito dos israelitas no Egito.

Nela vemos o ritual estabelecido pelo Senhor, bem como o desenrolar da aplicação da sua justiça, sobre o substituto.

Porque este ritual? Alguém poderá perguntar. Houve, no passado, um veredito de Deus sobre os primogênitos que viviam no Egito, seja homem, seja animal, ou uma sentença proferida. Esta sentença determinava que todo primogênito na terra do Egito iria morrer, ela era sobre  todos, quer seja homens ou animais (v.12). Dentre estes primogênitos estavam também os das casas dos filhos de Israel; por estarem no Egito a sentença pairava sobre eles também.

Mas Deus anunciou um escape, sua graça fez provisão de um substituto. O acesso aos benefícios desta graça dependia da fé, da confiança na provisão de Deus. Deus demarcou tempo, fixou datas, e ordenou que o calendário estabelecido por Ele fosse cumprido. Era mister que cada israelita observasse detalhadamente os preceitos indicados por Deus. A não observância expunha todos os primogênitos deles ao juízo daquele dia. A única base de livramento residia na obediência às orientações de Deus.

Diante destes fatos, podemos então, observar com grande interesse e atenção a expectativa do primogênito dos israelitas quanto a estes acontecimentos, e ao mesmo tempo acompanhar a sua ansiedade quanto a observância dos preceitos estabelecidos por Deus.

As ações do seu pai, quanto as instruções dadas por Deus, foram acompanhadas com toda diligência pelo primogênito. Sua vida dependia desta obediência e, portanto, enquanto seu pai não separasse o cordeiro conforme o Senhor havia  estabelecido,  o dia décimo quarto não chegasse, e seu pai imolasse o cordeiro e o sangue não fosse aplicado na verga e ombreira da porta, não haveria uma base sobre a qual seu coração pudesse descansar; tudo dependia disto e, consequentemente, ansiedade e aflição inundava seu pobre coração.

A sentença estabelecida por Deus permanecia sobre ele, a morte seria o preço que teria que suportar, e não havia paz para sua  mente e coração.

Mas assim que o cordeiro foi morto e seu sangue aplicado na verga e ombreira da porta , tudo mudou. A paz  inundou seu coração, pois, agora sabia que não havia mais condenação para ele. Um substituto morreu em seu lugar, as exigências do trono de Deus foram atendidas, e nenhuma culpa poderia ser-lhe imputada.

Agora havia uma base em que descansar; o que a justiça de Deus estabeleceu foi atendido com a morte do cordeiro, o sangue foi aplicado conforme as exigências desta mesma justiça, e, portanto, seu coração agora podia descansar em paz. Sua culpa foi lançada sobre o substituto que morreu em seu lugar.

A mesma justiça que inocentava o primogênito dos israelitas condenava o primogênito dos egípcios, visto que naquelas casas não foi encontrado nas vergas e ombreiras das portas o sangue que respondia pela sua vida.

A sentença era simples: “Vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade”. Nada poderia ser mais claro e simples do que isto. A ansiedade do primogênito dos israelitas durou enquanto o sangue não foi aplicado. Onde o sangue não foi encontrado o juízo entrou. O que diferenciava o judeu do egípcio, não era suas qualidades pessoais, nem sua posição social, mas sim o sangue aplicado.

O Senhor prometeu que sua justiça pouparia quem estivesse sob a proteção do sangue, porque ali a justiça já tinha sido aplicada sobre o  substituto; sua morte foi o preço que ele pagou, por aquele a quem ele substituiu. Onde isto não foi encontrado, a justiça foi aplicada sobre o culpado.

Agora podemos imaginar a alegria, o gozo, a gratidão e a paz que inundava o coração do primogênito poupado pela intervenção de outro. Podemos entender porque seu coração estava ansioso até que seu pai aplicou o sangue.

Também podemos, por outro lado imaginar a dor, a tristeza e a angústia que inundaram as casas onde o sangue não foi aplicado; onde a justiça foi aplicada e todo primogênito pereceu.

Estas coisas são alegóricas e nos remetem para um dia vindouro. Lemos em Atos 17:30,31, estas palavras:

 

          “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;  Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”.

 

                   Ou como diz o apóstolo Pedro:

Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios” (2 Pe 3:7)”.

 

Há meus queridos e amados leitores um veredito de Deus ou uma sentença de Deus sobre este mundo e sobre os pecadores, assim como houve, no passado, no Egito. Eu e você estamos debaixo desta sentença. Mas assim como no Egito Deus providenciou um substituto para o primogênito, Deus preparou também um substituto para nós.

Ouçamos novamente as palavras do apóstolo Pedro:

 

“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pe 3:18).

 

                   Não se esqueça disto! Deus é Santo e Justo, mas ama o pecador. Ele tem desde que o pecado entrou no mundo trabalhado arduamente para salvar o pecador da perdição eterna. Não mediu consequências, tudo quanto sua justiça exige, ele cumpriu na Bendita Pessoa do Senhor Jesus Cristo.

                   O Senhor Jesus morreu no lugar dos pecadores, como citamos acima de 1 Pedro capitulo 3 e está também em outros lugares das santas escrituras. O próprio cordeiro morto no Egito é uma figura do Senhor Jesus se oferecendo por nossos pecados.

                   A justiça de Deus mais uma vez será aplicada e lembre-se, eu e você estamos debaixo da sua execução. Não há, como não houve no Egito escape para nós, a não ser no Senhor Jesus, o substituto providenciado pelo amor de Deus.

Todo primogênito no Egito que não esteve sob a proteção do sangue do cordeiro pereceu; todo pecador que não estiver sob a proteção do sangue do Senhor Jesus perecerá também.

          Deus nos ama e quer nos salvar, Paulo escreveu a Timóteo as seguintes palavras: “Deus nosso Salvador quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1 Tim. 2:3b,4).

Tudo isto que está passando diante de nós, passou também no Egito e foi usado por Deus para nos mostrar por meio desta figura o que poderá acontecer conosco também. Eu e você somos totalmente responsáveis diante de Deus por isto.

Deus está no comunicando que julgará o mundo com justiça, Ele também nos está revelando que providenciou, por sua infinita graça um substituto. Também nos mostra, como aconteceu então, que o acesso a este beneficio é pela fé, confiança Nele. Tudo isto tem posto diante de nós! A responsabilidade está conosco, a vida e a morte nos propõe e nos dá o direito de escolha.

A mesma justiça que será aplicada na salvação dos que creem, também será aplicado nos que não creem em condená-los a perdição eterna. O mesmo principio será aplicado sobre todos. O sangue aplicado determinará o que nos irá ocorrer. Onde houver aplicação do sangue não haverá morte. Onde o sangue não for aplicado a morte reinará. Assim foi outrora no Egito e assim será na consumação dos séculos.

Não esqueça, o Senhor Jesus morreu pelos nossos pecados. Ele disse que quem Nele crê não entra em condenação; mas  disse também que quem não crê já está condenado (Jo. 3:18), isto vale para mim e você.

Espero que a mesma ansiedade que inundou o coração do primogênito no Egito esteja inundando o seu também, se ainda estás sem o Senhor Jesus Cristo como teu Salvador. Também espero, que o mesmo gozo que encheu o seu coração, quando viu o sangue aplicado, e estava convicto, que aquele sangue foi derramado em seu lugar possa encher também o seu coração, por confiar naquilo que ele fez, e não no que você pode fazer.

Ainda espero que você possa realmente fazer uma reflexão na sua vida e ver o quanto Deus te ama e quer salvar você; o preço que Ele pagou em Cristo é imensurável e não pode ser avaliado.

Disse o Apóstolo Pedro:

 

“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” (1 Pe !:18-20).

 

Concluindo, o Senhor Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24).

 

 

 

  

domingo, 28 de novembro de 2021

Relações Entre Cristãos

 

RELAÇÕES ENTRE CRISTÃOS

 

 

I. - OS CRISTÃOS ENTRE SI

 

         As relações dos cristãos entre si constituem um assunto mu­ito mais importante do que parece a primeira vista. Não faço aqui alusão às relações que os crentes têm quando estão congre­gados para o culto, para a edificação ou para a oração; mas quero chamar nossa atenção para os temas de nossas conversas quando, entre crentes nos encontramos  entretendo fami­liarmente. Sobre este ponto, temos de empregar a maior vigilância, para que o inimigo não nos induza a despojar do caráter de santidade, pureza de elevação moral que deve distinguir aqueles que professam ser os membros do Corpo de Cristo, o  Templo do Espírito Santo.

 

        É Triste e humilhante, certamente, é ouvir o tipo de conversas que, com frequência, há entre aqueles cujos princípios deveriam manifestar, por estas conversas, um resultado prático muito diferente. Ao presenciar muitas vezes estas conversas,  não podemos senão exclamar: Como é possível crer que os tais creiam realmente naquilo que professam! Creem verdadeiramente que morreram  ressuscitaram com Cristo? Que sua vocação é celestial, que formam parte do corpo de Cristo, que estão crucificados com Ele, que  não estão na carne, mas "no Espírito"? Creem, por acaso, que são estrangeiros  peregrinos na terra,  que esperam dos céus ao Filho de Deus? Estas preciosas e importantes verdades, sem duvida, formam parte da profissão de fé à qual aderiram nominalmente; mas mostra ser, moralmente impossível, que haja tido algum efeito em seus corações.

 

         Um coração que se acha sob a bendita influência de tão maravilhosas verdades, teria, por acaso, algum gozo, no menor grau em participar dessas conversas vãs, frívolas  vazias, na práticas que tratam de pessoas ou de circunstâncias com as quais o crente não tem nada a ver, tais como: cinema, futebol, eventos desportivos típicos do país, ma­nobras políticas, boxe,  e todas as outras futilidades em voga?... Seria estas as ocupações de um coração cheio de Cristo? Contudo, temos que reconhecer que este é o caso de muitos cristãos professantesos quais são apenas dos lábios para fora”.

 

II. - NOSSAS RELAÇÕES COM O MUNDO

 

        Infelizmente, não é só em nosso contato com os outros cristãos que nos esquecemos do que somos pela graça, ou melhor dizendo, quando esquecemos que professamos ser do Senhor; é assim também em nossa relação com o mundo. Quantas vezes, ao encontrar-nos com pessoas inconversas, nos deixamos arrastar pelo curso de seus pensamentos,  nos colocamos, finalmente, sobre o mesmo terreno em que elas estão! Por certo, alguns cristãos lamentam dito estado de coisas. Mas há também os que justificam, interpretando erroneamente a declaração do Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 9:22, "Fiz-me tudo para todos"; isto não quer dizer que Paulo participava de todas as aberrações do mundo, mas que negava sua pessoa entre todas as classes de homens a quem se dirigia para que, "por todos os meios chegar a salvar alguns." Seu objetivo era, pois, o de levar pecadores a Cristo,  não comprazer-se a si mesmo participando em suas varias e enfadonhas conversas.

 

         Amados irmãos, consideremos o Senhor, nosso divino Exemplo,  vejamos como agia com os homens neste mundo. Tinha, por acaso, algum objetivo, ou alguma preocupação comum com eles? De modo nenhum. Achava suas delicias num só objetivo, e estava cheio dele, dele falava sempre. Constantemente procurava, dirigir para eles os pensamentos dos homens. É também a meta que temos de propor aos crentes, não o esqueçamos! Qualquer que seja o lugar, ou o momento em que encontrarmos as pessoas do mundo, teríamos que dirigir seus pensamentos para a Pessoa de Cristo.  Se não achamos um caminho aberto para introduzir a Cristo, pelo menos, não deveríamos permitir que o curso de seus pensamentos exercesse influência sobre nós.

         Se tivermos assuntos ou negócios com os hom­ens do mundo, é natural que os levemos avante, mas nem por isso temos de ter comunhão com eles em sua maneira de pensar ou de falar, pois nosso Mestre nunca a teve: CONTATO NÃO SIGNIFICA CO­MUNHÃO. O que devemos aproveitar nestas circunstân­cias é a oportunidade de apresentar o Evangelho de Cristo, não só de boca, mas também pela retidão da nossa conduta prática. Quan­to mais nosso andar se afastar do Senhor, tanto mais iremos perdendo o caráter de santidade que deve ser nossa grande marca; neste caso, seremos, então, como o sal que perdeu o seu sabor, que não serve para nada.” Estou certo que a falta de paz profunda  permanente, da qual muitos crentes se queixam, tem sua origem nas frívolas e inúteis conversas que costumam ter, como também na leitura assídua de literatura mundana. Semelhantes costumes entristecem ao Espírito Santo; se o Espírito Santo está contristado em nós, não podemos gozar de Cristo, pois só o Espírito pode apresentar Cristo as nossas almas, por meio da Palavra de Deus.

 

         Desde cedo, não quero afirmar com isto que todos os crentes que carecem de paz interior tenham forçosamente seguido este caminho. Mas proclamo que TEMOS DE VIGIAR MUITO, pois são coisas que não deixam nunca de comprometer nossa saúde espiritual, de manter a alma num estado de fraqueza que desonra a Cristo.

 

III. - LEGALISMO OU OBEDIÊNCIA?

 

         Alguns pensarão, talvez, que ocupar-se destas coisas é fixar-se em considerações vulgares, algo de pouco valor espiritual. As tacha­rá de legalista”, acusará o autor de querer sujeitar o crente a uma espécie de servidão, contorcendo sobre si mesmo. De maneira nenhuma! Se for legalismo chamar nossa atenção sobre as matérias de nossas conversas, então o resultado será o legalismo da Epístola aos Efésios; pois lemos nela que nem palavras torpes, parvoíces, nem chocarrices, devem se nomear entre nós, "como convém a santos" (Efésios 5: 3, 4).Assim também, lemos em Colossenses 4:6, "Seja vossa palavra sempre agradável, temperada com sal". Tais são as [1]diáfanas dos ensinos da Palavra de Deus ,  temos de obedecê-las; observemos que elas estão estritamente relacionadas com algumas das mais elevadas doutrinas da inspiração. Acontece, pois,  e experimentamos isto na prática, que se estes ensinos não operarem poderosamente sobre nossa consciência, tampouco podemos gozar das verdades mais elevadas e mais sublimes. É impossível que eu tenha gozo da minha vocação celestial, e que caminhe de maneira digna da mesma, se consinto com estas "Parvoíces e chocarrices" (Efésios 5:4).

 

·         Por outra parte, temos de nos guardar sobremaneira,  com muito cuidado, de toda classe de santidade afetada ou fingida, que tenha o nome de hipocrisia ou farisaísmo, como também do que venha ser obrigação carnal. Essa hipocrisia não tem mais valor que a negligência ou a insensatez espiritual. Mas, por que não evitamos ambas as coisas? O Evan­gelho nos ensina algo muito melhor; em vez dessa fingida "santidade", nos fala de uma santificação real, efetiva; em vez da negligência ou leviandade espiritual, nos brinda com o verdadeiro gozo. Não há a menor necessidade de FINGIR uma coisa ou outra, pois se alimento com a Pessoa de Cristo, tudo será em mim a mesma realidade,  isso sem es­forço algum para aparentar. Se sirvo como por obrigação, tudo é incapacidade,  fraqueza, se afirmo que estou obrigado, ou me vejo forçado a falar de Cristo, isto vem a ser uma escravidão, descobrindo desta forma minha fraqueza, meu extravio. Mas se minha alma se acha em comunhão com Ele, será para mim uma coisa naturalmente  fácil, um gostoso pri­vilégio, pois "da abundância do coração fala a boca". Existe um pequeno inseto que sempre toma o color da folha com a qual se alimenta; passa exatamente o mesmo com o cristão, fica fácil discernir com que nutre sua alma.

 

         “Mas”, dirão alguns: “não podemos falar sempre de Cristo!” Amados irmãos é na medida na qual somos guiados pelo Espírito que nossos pensamentos,  nossas palavras refletem a Cristo. Se somos filhos de Deus, estaremos ocupados com Ele durante a eternidade. Ele será o tema de nossa contemplação,  da nossa adoração, por que não começar agora mesmo? Nossa separação do mundo não é atualmente menos real ou efetiva do que será então na eternidade; mas, infelizmente, de uma forma geral não andamos pelo Espírito.

 

         Bem é verdade que ao tratar das conversas que os cristãos usualmente têm, nos colocamos num terreno perigoso, "terrenal"; mas É NECESSÁRIO FAZÊ-LO. Seria preferível, se soubéssemos nos manter sobre um terreno espiritualmente mais elevado, mas, infelizmente, é precisamente nisto que falha­mos. Por isso, na Palavra  de Deus, o Espírito Santo se ocupa de nossas inconsequências, e isto é uma manifestação da graça divina. Notemos, por exemplo, que se as Escrituras nos diz que estamos assenta­dos "nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (Efésios 2:6), por outra par­te, nos exorta a não furtar. Recomendar a homens celestiais que não furtem é, por certo, colocar-lhes sobre um nível espiritual muito baixo, não obstante, é o nível no qual as Escrituras nos posicionam, e isso nos basta. Bem sabia o Espírito de Deus que não só bastava revelar nossa posição: assentados NOS CÉUS, mas que também necessitávamos de ensinos para conduzir-nos SOBRE A TERRA.  Não esquecemos irmãos, que será por meio de nossa marcha prática sobre a terra que manifestaremos que temos compreendido nossa posição celestial. De modo que se a conduta de um cristão é carnal,  mundana, isto evidência que não anda na posição santa  e elevada como membro do Corpo de Cristo,  templo do Espírito Santo.

 

IV.- O REMÉDIO

 

         Por isso quero exortar afetuosa, mais solenemente, aos que geralmente tomam parte em conversas frívolas, e dizer-lhes: Ama­dos irmãos, tende o sumo cuidado do vosso estado de saúde espi­ritual! Tais costumes são sintomas de uma enfermidade interna, a qual pode vir a obstruir em vós as mesmas fontes da vida. Não permitas que esta enfermidade avance; Recorrei ao sobe­rano Médico. Ninguém poderá restaurar vosso estado espiritual, somente o Senhor poderá fazê-lo.

 

         Uma nova contemplação da excelência, do valor da perfeição de Cristo, é a única atitude que pode elevar nossas almas por cima da baixa condição na qual podemos ser encontrados. Toda nossa esterilidade, nossa com­pleta incapacidade, provém do fato de haver abandonado a Cristo. Não foi Ele que nos abandonou. NÃO! Bendito seja seu Nome, isto não pode ser! Mas, na prática, fomos nós que o abandonamos; portanto, nosso nível espiritual baixou tanto que torna, às vezes, muito difícil discernir em nós algo que seja cristão, a não ser o único nome. Temos nos detido, repentinamente, em nossa marcha prática. Não temos experimentado, como devíamos fazer, o que significa o cálice de amargura” de Cristo  seu batismo; não temos pro­curado ter comunhão com Ele em Seus sofrimentos, Sua morte,  Sua ressurreição. Conhecemos o resultado destas coisas, como sendo efetuadas Nele, mas não as temos experimentado na prática. ESTA É a causa de nossa fraqueza,  de nosso declive espiritual. Nada o poderá remediar, senão uma maior contemplação da plenitude de Cristo.

 

C. H. Mackintosh



[1] Diáfanas - (corpo) que deixa passar a luz através de si, quase em sua totalidade. Que tem uma grande quantidade de luz ou de claridade.          

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Evangelho

 

O Evangelho.

Rom. 1:1-7.

Rom 1:1 PAULO, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.

Rom 1:2 O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras,

Rom 1:3 Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne,

Rom 1:4 Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor,

Rom 1:5 Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome,

Rom 1:6 Entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.

Rom 1:7 A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

        1Ti 1:11 Conforme o evangelho da glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado.

 

 

96 ocorrências.

1 vez Mat. 4:23:

Mt 4:23 E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.”

última vez em Apoc 14:6:

 E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo.”

Gl 3:8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.

Rm 3:20 Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.

Gl 2:16 Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.

O que é o evangelho?

Podemos responder esta pergunta de uma maneira bem simples. O evangelho são as boas novas do amor de Deus para a salvação do pecador, de todo aquele que crê no Senhor Jesus como seu Senhor e Salvador. A palavra evangelho não é uma palavra portuguesa; é uma palavra grega  (Eúayyélion) que foi transliterada para nossa língua e significa BOAS NOVAS, EVANGELHO. “Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas” (Rom. 10:15).


    Isa_52:7 "Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas     novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do     que diz a Sião: O teu Deus reina!"

 

    Naum_1:15 "Eis sobre os montes os pés do que traz as boas novas, do que        anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o     ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado."

 

 

Qual a razão de ser do evangelho?

 A razão do evangelho advém da minha situação diante de Deus. Deus é santo, eu sou pecador e a bíblia afirma que os meus pecados me separam de Deus (Isa 59:2). Deus não criou o homem para que ele vivesse separado Dele. Diz a bíblia que Deus criou o homem para sua glória (Isa 43:7); seu plano na criação era ter uma constante comunhão com o homem que criou. Isto é demonstrado no jardim do Éden, mesmo após o homem ter desobedecido ao mandamento de Deus. Gênesis 3:8 e 9 diz: “E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?” O evangelho vem por isto em relevo diante da humanidade, esta é a sua razão principal.

 

Qual a função do evangelho, diante de tal situação?

A função do evangelho é exatamente comunicar-me o meu estado, para em conexão com ele, me mostrar também o que Deus fez em Cristo para me libertar deste estado de ruina e perdição em que me encontro. O evangelho é incisivo, ele me diz que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rom. 3:23). Diz-me também que estou morto em delitos e pecados (Efe. 2:1); diz-me que meus pecados me separam de Deus (Isa 59:2). Sua mensagem é tão abrangente que coloca diante de nós todos os fundamentos da relação entre o Criador e a criatura desde a criação. Desde Genesis até ao Apocalipse comunica-nos os princípios desta relação, determinando os detalhes que a norteia, sem omitir nenhuma regra de conduta, estabelecendo os parâmetros da sua continuidade. Assim, lemos em Genesis 2:16 e17:“ E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Em Romanos 5:12 temos esta triste realidade: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”. Isto é Inquestionável! A existência de cemitérios, hospitais e muitas outras coisas no mundo, são provas incontestáveis daquilo que é afirmado no evangelho. Não há meios de negar esta realidade: “O salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23).

Mas, é só esta a função do evangelho?

  Graças a Deus que não. O evangelho começa do lugar em que estou “PERDIDO”; e do centro da minha ruina “SEPARADO DE DEUS”, para mostrar-me o quanto Deus me ama e me quer bem. Ele (o evangelho) não esconde o meu estado, pelo contrario, coloca-o na plena luz da presença do Deus Santo, para me mostrar o que Deus, em amor, fez por mim na Bendita Pessoa do Senhor Jesus Cristo, para me salvar da perdição eterna, à qual os meus pecados me destinava. Assim onde leio: “O salario do pecado é a morte” leio também em continuação: “O dom gratuito de Deus é a vida eterna por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rom. 6:23). Onde leio: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”, leio também: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” ( Rom 7:24,25). É esta a função do precioso evangelho da graça de Deus, comunicar vida onde há falta dela e mostrar que somente existe vida no Senhor Jesus, Aquele que disse: Eu sou a vida (João 14:6), e do qual Pedro disse: “Matastes o autor da vida” ( Atos 3:15); e, ainda, João escreveu: “Nele estava a vida” ( João 1:4). É no evangelho que encontro esta mensagem preciosa: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores(I Tim. 1:15). É também no evangelho que descubro o amor de Deus. João escreveu as próprias palavras do Senhor Jesus sobre este amor: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3:16). Na epístola aos Romanos 5;8 o apóstolo Paulo escreveu: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”; e aos coríntios fez uma sublime declaração daquilo que enchia seu coração, agora alcançado por este mesmo amor; diz o referido apóstolo: “O amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim” (2 Coríntios 5:14).

 

Prezado leitor destas linhas, você não foi e não é tratado de forma diferente. Deus ama você, Deus te quer salvar da perdição eterna. Observe o que  Paulo e Pedro, apóstolos escreveram a este respeito. Escreveu Paulo a Timóteo: “Deus nosso Salvador, quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade (1 Tim. 2:3, 4). E Pedro não escreveu de forma diferente, disse ele: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se (2 Pe 3:9).

Eu, você, toda humanidade, fomos amados por Deus em igualdade de condições, e com o mesmo propósito. Ele não quer que nós vamos para a perdição. Mas em terminar estas considerações,

preciso enfatizar nossa responsabilidade diante de tal amor incondicional. Se Deus não quer que nenhum se perca, é porque existe a perdição. O evangelho apresenta o amor de Deus e o caminho aberto por este amor para a salvação de todo aquele que crê, como foi transcrito de João 3:16. Em João 14:6, o Senhor Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Toda humanidade também está incluída neste “NINGUÉM”.

Só há uma forma de salvar-se da perdição e ela é o Senhor Jesus. Ninguém pode fazer isto por mim ou por ti; isto é pessoal. Eu e você individualmente, pessoalmente, temos que confessar nossa culpa a Deus e fazer a profissão de que a partir de então o Senhor Jesus é o nosso Senhor e Salvador. Romanos 10:9 nos ensina isto de maneira simples e prática: “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”.

Que Deus possa usar estas fracas ponderações para levar você ao Senhor Jesus e, que indo a Ele, possa encontrar nele a paz que excede todo entendimento, conhecendo-o e confessando-o como teu Senhor e Salvador. Amém!

 

                                                                  J. B. C.

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