terça-feira, 23 de setembro de 2014

A ESPOSA DO CORDEIRO

A ESPOSA DO CORDEIRO



“E encontrando uma pérola preciosa (de grande valor), foi e vendeu tudo o que tinha, e a comprou” (Mateus 13:46).




A Igreja é chamada “a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21:9), no entanto, este título tem um grande significado. “O Cordeiro” é uma figura sob a qual o Filho de Deus é apresentado, o que nos fala dos sofrimentos que Ele suportou por nós. Como consequência disso, a designação “a esposa do Cordeiro” demonstra que o Senhor Jesus a comprou mediante Seus sofrimentos; e que Ela foi avaliada por Ele, por um preço tão elevado, que para possuí-la, deixou tudo por causa dela. E desde o começo Ele proclamou esta preciosa verdade do Evangelho.
Antes que Adão recebesse Eva, o Senhor Jeová fez cair sobre ele um profundo sono - figura da morte -, durante o qual tomou uma de suas costelas e formou aquela que lhe apresentou para que fosse sua mulher. Nisto vemos uma sombra da humilhação e do sofrimento que suportou o verdadeiro Adão, a fim de adquirir para si mesmo a sua Eva, digo, a Igreja.
Séculos depois, vemos o mesmo em Jacó que teve que suportar as fadigas e a pena imposta de quatorze anos de trabalho, antes de possuir Raquel. O costume do país, assim como, as duras exigências do ávido Labão lhe impuseram essas condições. Jacó deveria suportar o extenuante ardor do sol durante o dia e as geadas durante a noite, um trabalho incessante e a prolongação do seu exílio, ou então partir sem levar sua amada Raquel.
José, antes que Azenate lhe fosse dada por esposa, foi separado de seus irmãos.
Vemos o mesmo em Moisés que também fugiu para longe de seu povo e, além disso, recebeu a Zípora, pela ajuda que prestou, defendendo- a dos pastores de Mídiã e depois abrindo-lhe o poço para abeberar (dar de beber) as ovelhas, de maneira tal que o pai de Zípora reconheceu o direito de Moisés em pedir a mão de sua filha. Moisés a desposou apesar de expor sua boa reputação frente a sua parentela, já que ela era uma etíope de pele escura, a qual, segundo os pensamentos de Arão e de Miriã, não lhe convinha; contudo Moisés suportou o opróbrio e tomou por esposa aquela que ele escolheu.
Em cada um destes matrimônios é nos apresentado o caráter do Esposo. Tipologicamente contemplamos neles o Senhor Jesus adquirindo a sua Esposa a expensas de algo pessoal: morte, como em Adão; trabalho, fadiga e luta, como no caso de Jacó; separação e dolorosa saudade, como as que sofreram José, ou simplesmente o opróbrio, estimando que fizesse algo indigno dEle, tal como os irmão de Moisés, julgando-o pelo enlace com a etíope.
 O principio que reconhecemos nestas figuras é sempre o mesmo: o esposo sofrendo.
Poderíamos mencionar ainda Boáz, que é outro tipo do Senhor Jesus. Boáz era um homem rico e poderoso, porém tomou em suas mãos a causa de uma pobre mulher que estava espigando em seus campos; permitiu que ela se aproximasse, escutou sua petição e depois a tomou por esposa. Ele não teve vergonha de permitir que uma estrangeira, destituída de tudo e que na véspera dependendo de sua liberalidade, fosse sua companheira, aquela que compartilharia de suas riquezas e suas honras, que edificaria sua casa e perpetuaria seu nome entre as tribos de Israel. O casamento de Boáz com Rute nos ensina, pois, o mesmo mistério; ensina-nos que o Esposo da Igreja, primeiramente, humilhou-se a si mesmo, para resgatá-la e fazê-la sua.
Porém esta grande verdade não nos é revelada somente através de tipos e exemplos; ela é mostrada também, mediante o ensino claro e positivo das Escrituras. Está escrito: “Cristo amou a Igreja, e se entregou a si mesmo por ela, para santificá-la mediante a lavagem de água pela palavra”. E tudo isto fez para apresentá-la como sua Esposa gloriosa, sem mancha, nem ruga, digna de si mesmo (Efésios 5). Nesta passagem, como doutrina claramente exposta, vemos o Cordeiro como Esposo, pois antes de tomar a Igreja por Esposa, se entregou a si mesmo por ela. Ele toma por Esposa aquela que primeiro comprou com seu sangue.
No Antigo Testamento se encontra o mesmo ensino quanto à relação entre Jeová e Jerusalém. É, em essência, a mesma relação que existe entre Cristo e a Igreja. Por isso lemos do que é dito a Jerusalém: “Porque o teu Criador é o teu marido; Jeová dos exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor” (Isaías 54:5). Toda passagem mostra Jerusalém levantada de seu estado de humilhação pela terna bondade e o gratuito amor de Jeová, que reconhece como sua aquela que, como aconteceu com a etíope, a Rute, podia ser um opróbrio para Ele (Isaías 54).
Jeremias também apresenta o Senhor Jeová agindo com a mesma graça e voltando a tomar para si Jerusalém, inclusive depois que ela mostrou-se infiel e tenha sido recusada, tanto judicialmente, como legalmente (Jeremias 3).
 A mesma figura é encontra também nas ordens que Jeová dá ao profeta Oseías (capítulos 1 a 3). Ele compra a sua mulher (3:2), a lava e a purifica, e carrega também com ele o opróbrio de uma união com uma mulher perdida e indigna.
Ainda mais, na impressionante descrição que traça Ezequiel (capítulo 16) acerca de Jerusalém, esta é vista num estado de degradação mais repulsivo; mas então, quando ninguém lança sobre ela um só olhar de piedade, o Senhor Jeová não só tem compaixão dela, mas a vivifica, a lava, a veste, a atavia com adornos, a unge, a embeleza e a enche de dons; sua bondade não se detém, até que a tenha tomado para si mesmo: “tu ficaste sendo minha”, disse o Senhor Jeová (v. 8).
Assim também vemos nos ensinos ou nos oráculos dos profetas, como nos tipos ou nas sombras dos tempos mais remotos; todos eles proclamam o grande mistério de que o Cordeiro - o que sofre - é o Esposo, Aquele que no final fará assentar com ele a Igreja como sua companheira, associada a sua glória, é o mesmo que primeiro a resgatou com seu sangue, a lavou e purificou mediante sua palavra e seu Espírito, sofreu o opróbrio por amor a ela (cf. Lucas 19:7) e desceu até ela, quando ela se encontrava em seu estado de ruína e miséria, antes de poder levá-la para ele à glória.
Tal é o mistério do divino Esposo. É o mistério de um amor que sobrepõe todo conhecimento: o amor de Cristo pela Igreja e o amor da Igreja por Cristo. Ela o ama por causa de tudo o que Ele fez por ela, por causa do doloroso serviço ao qual Cristo se sujeitou para adquiri-la; Ele a ama por causa do preço com que a avaliou e pelo qual a adquiriu. 
A Esposa estará para sempre junto dAquele que a amou até dar sua própria vida por ela. O Esposo verá ao seu lado àquela que o cativou até ao ponto de impulsioná-lo a suportar tudo voluntariamente, por causa do amor que lhe dedicou, por causa desse amor que o fez renunciar a tudo aquilo do qual Ele era digno (Mateus 13:45-46).

 Ele a aprecia de uma maneira suprema, e ela a Ele de igual maneira exceto que com esta diferença: Cristo manifestou e provou seu amor por ela, antes que a Igreja fosse sua; pois antes havia avaliado o preço pelo qual seu amor podia adquiri-la. 
O amor da Esposa se manifesta mais tarde e ocupa o segundo lugar. Começa somente quando ela conhece todo amor do Esposo para ela: “Nós o amamos, porque ele nos amou primeiro” (1.ª João 4:19). Portanto, Cristo como Esposo, assim como em tudo o mais, seja em graça ou em glória, deve ter “a preeminência” (Colossenses 1:18).

Bellett J.G.

Traduzido de Mensagem evangélica 1973.


Por: João Batista Carneiro. Março de 2009.

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