terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Lições na vida e obra de Jacó


Lições na vida e obra de Jacó.


Estudos em Gênesis.




MISERICÓRDIA E GRAÇA DE DEUS NA VIDA DE UM PATRIARCA.


  


INTRODUÇÃO



O nome Jacó como sabemos significa Suplantador.


Suplantador significa: Derrubar, vencer, levar vantagens, ser superior.


Estas são apenas algumas das mais conhecidas atitudes deste Patriarca.


A história de Jacó pode ser resumida em dois pontos principais:


1º- O propósito de Deus em graça, agindo em cumprimento de seus planos (Rom. 9:11-13); e


2º- A natureza humana maquinando e planejando alcançar aquilo que esse propósito, teria infalivelmente realizado, sem qualquer conspiração ou plano.

 Dos fatos extraordinários acontecidos na história de Jacó, a energia da natureza foi manifesta: Antes do seu nascimento, quando do seu nascimento e depois do seu nascimento.

-        Antes do seu nascimento: Os filhos lutavam dentro dela.

-        Quando do seu nascimento: Agarrou o calcanhar de seu irmão.

-        Depois do seu nascimento: Sua vida nos mostra como a natureza age, opera, conspira, tentando por si mesma, fazer alguma coisa para Deus. Compra o direito de primogenitura,  e engana seu pai para alcançar a bênção; porém, tudo isto apenas serviu, para dar maior relevo a graça daquele que condescendeu em denominar-se a si mesmo, como o Deus de Jacó.

No livro de Êxodo, Deus apareceu a Moisés como o Deus de Abraão, Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Deus sempre se manifestou no passado ao seu povo neste tríplice caráter. Como o Deus de Abraão, Ele é o Deus da fé (Rom. 4:11—22); Como Deus de Isaque, Ele é o Deus da Promessa (Gálatas 4: 23, 28); Como o Deus de Jacó, Ele é o Deus de toda graça (I Pe 5: 10).

Em tudo isto, vemos Deus, O Deus de toda a graça, descendo até a profundidade da miséria e degradação da raça humana, para amá-lo, resgatá-lo, erguê-lo, levantá-lo, para o colocar num lugar e estado, no qual o homem pudesse manter uma livre comunhão com Ele, em toda a realidade do que Deus é. Isto é graça soberana de Deus! (Tito 2: 11,14).

Tudo isto que temos perante nossos olhos, está cheio de instrução e ensino para nós, nada foi escrito com a finalidade de recordar pecados (Heb. 10:3, como temos nas ofertas, segundo o sacerdócio Levítico), mas sim com a finalidade de nos revelar que os homens do passado eram sujeito as mesmas paixões que nós (Atos 14:15; Tiago 5:17), e não homens perfeitos, e Deus tratou com eles assim como eram e suportou seus erros, suas fraquezas e faltas, embora, odiasse o pecado que neles haviam e (há em nós), os amou, como ama cada pecador, com um amor tão especial, insondável, que desceu na pessoa Bendita do Senhor Jesus Cristo, até ao lugar mais negro e horrível da nossa culpa e necessidade, para fazer a propiciação da nossa culpa, do nosso pecado, e nos constituir num povo exclusivo seu. Só a infinita graça de Deus pode agir assim.
O que temos em Gênesis sobre a vida de Jacó pode ser dividido em Seis pontos principais, a saber:

         1- Do nascimento até a fuga para Padã-Arã.

                     Cap. 25: 19-34; 27: 1-46; 28:1-10.

         2- Jacó entre Berseba e Padã-Arã. Acontecimentos no caminho.

                     Cap. 28:10-22; 29:1-13.

         3- Jacó em Padã-Arã. Sua permanência ali.

                     Cap. 29:14-35; 30:1-43; 31:1-21.

         4- Jacó retorna para a terra de seus pais.

                     Cap. 31:22-55; 32:1-32; 33:1-20.

         5- Jacó na terra de seus pais.

                     Cap. 34:1-31; 35:1-29; 37:1-36.

         6- Jacó desce ao Egito.

                     Cap. 46:1-7, 26-34; 47:1-12, 27-31; 48:1-22; 49:1-33; 50:1-13.

 Capítulo 1.

1- Do nascimento até a fuga para Padã-Arã.

         a) Os filhos no ventre    (25: 21-23).

         b) Os filhos nascem      (25: 24-26).

         c) Os filhos crescem  (25: 27-34).

         d) Acontecimentos no lar (27: 1-46).


A)    Os filhos no ventre. (propósito de Deus manifestado, quanto à eleição, Rom. 9:10-12).


a)      Luta.


b)      Inquietação


c)      3- 02 nações, 02 povos, divisão. Um será mais forte e o mais velho será servo do mais moço.

B)    Os filhos nascem. (características)


a)     O primeiro, ruivo, peludo, Nome Esaú.


b)    O segundo, agarrado ao calcanhar do irmão, Nome Jacó.


C)    Os filhos crescem. (Vocação deles).


a)     Esaú, perito caçador, Homem do campo.

b)    Jacó, homem pacato, homem caseiro.


D) Acontecimentos no lar. (Partidos).


     a) Isaque amava Esaú, razão: saboreava da sua caça.


      b)  Rebeca amava Jacó, certamente gostava da sua companhia.


É muito triste, quando isto acontece no lar. A vocação dos filhos não deve atrair o amor do pai, pelo contrário, todos devem ser amados em igualdade de condições. Os pais devem criar os filhos na disciplina e admoestação do Senhor (Efe 6:4).


 E) O cozinhado de Jacó e a atitude carnal de Esaú.

No cozinhado, temos a concupiscência da carne.


         Esmorecido: Isto nos fala da condição espiritual de Esaú – desanimado.


         Deixe-me comer um pouco deste cozinhado vermelho, concupiscência dos olhos.

Quando não há um objetivo fixo, definido, a fé vacilará, qualquer coisa poderá ocupar lugar nos nossos corações e substituir o gozo da obediência, de servir ao Senhor. O apóstolo Paulo disse: “Prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filip. 3:12-14).   

É preciso que observemos os ensinos da palavra de Deus, para que tenhamos condições de viver e agir segundo a sua vontade, valorizando tudo quanto o Senhor em graça nos concede. Somente o conhecimento de Deus, pode nos capacitar a andar por fé e não pelo que vemos (II Cor 5: 7); portanto, se Esaú conhece ao Senhor e o valor da primogenitura não teria agido assim, e o resultado deste procedimento não poderia ser mais desastroso (Heb. 12:16, 17). Não havia um alvo no seu coração que pudesse satisfazê-lo e o encorajar. Ele disse: Estou a ponto de morrer, de que isto me valerá!

Assim desprezou Esaú um direito, que recebeu por nascimento. Que eu e você leitor destas notas não desprezemos o que o Senhor em graça nos concedeu. Existem ainda muitos Esaús por este mundo afora..

Nestes dois homens, temos um contraste tremendo: Esaú nos fala daquele que anda pelo que vê, ao passo que Jacó nos fala da fé; isto é muito instrutivo para nós.

A condição de Esaú caracteriza o homem natural, o homem sem vida. Escute suas palavras: “Estou a ponto de morrer!” (Gen. 25:32). Não havia nada mais diante da visão deste homem, não havia nenhuma esperança, portanto, nada tinha valor para ele, em outras palavras, era um homem totalmente desprovido de fé.

Por outro lado, não era assim a expectativa de Jacó; ele via o futuro, e aquilo que não significava nada para Esaú, possuía muito valor para ele; estava disposto a adquirir esta posição, pois sabia do seu valor futuro e para sua própria vida, isto caracteriza a fé. A fé olha sempre para frente, descansa onde o homem não pode atingir por seus próprios esforços, em outras palavras, a fé descansa, espera em Deus, por isso somente a fé pode glorificá-lo.

A falta da fé, esmoreceu Esaú, mas a possessão da fé fortaleceu Jacó. Estas duas coisas distinguem todos os habitantes deste planeta. Todos estão numa destas duas posições.

F) Rebeca e Jacó enganam Isaque.

 Nesta parte das escrituras, podemos ver um fato novo e triste nesta história, ou seja, a incompreensão do plano de Deus no que diz respeito à eleição. Nem Isaque nem Rebeca entenderam isto. Os acontecimentos aqui registrados põem em realce a condição espiritual deles.

Assim vemos Isaque querendo dar a Esaú, aquilo que por decreto divino pertencia a Jacó, e por outro lado, vemos Rebeca agindo em desacordo com a vontade de Deus, querendo adquirir para Jacó, aquilo que a soberana graça do Senhor, já havia designado (25:23); e sempre que agirmos desta forma, necessitamos saber que sofreremos as consequências de tais atos. O fato que Rebeca nunca mais viu Jacó pode ser apontado como uma destas consequências.

G) A velhice de Isaque (27:1-46).

Eis um estado muito perigoso na vida de qualquer servo de Deus.  A história que nos antecede, bem como a história que é escrita em  nossos dias, nos revelam o perigo deste estado; certamente, esta é a razão dos primeiros versos de Eclesiastes doze: “Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade, antes...”.

A primeira coisa que encontramos no velho Isaque é a cegueira, (não podendo ver, porque os olhos se lhe enfraqueciam), que situação! Nada pode ser mais triste do que isto! Quantos dos nossos já ficaram cegos? E quantos outros estão caminhando para esta situação? Quantas notícias estranhas e vergonhosas ouvimos! Perguntamos: porque razão? Como pode ser isto? A resposta é simples e incisiva. Estão cegos ou está cego. Quantos escândalos seriam evitados se não chegássemos a esta situação. Um adultério aqui, um roubo ali, outra briga acolá, o que faz isto? Cegueira espiritual somente! Nada mais, nada menos do que isto.

A razão pela qual Isaque intencionou dar a Esaú aquilo que por decreto divino pertencia a Jacó, não é outra, a não ser cegueira; e a razão pela qual os homens intentam mudar a instrução divina, também não é outra: é cegueira espiritual.

A bênção que Isaque quis dar a Esaú contrariava a orientação de Deus, que disse: “O mais velho será servo do mais moço”, e Isaque quis inverter esta ordem.

H) Rebeca – escutando e planejando:

Se a cegueira espiritual é um estado perigoso, a surdez espiritual, também é muito perigosa. Na vida de qualquer pessoa que deseja servir ao Senhor, o ato de ouvir é muito importante, por essa razão necessitamos compreender o que ouvimos, como ouvimos, a quem ouvimos e por que ouvimos.

A Bíblia nos ensina a quem devemos ouvir (Mat. 17:5). Assim, sendo, necessitamos do ouvido para que Deus nos fale pela sua palavra, por isso disse o Senhor Jesus: Bem-aventurado... os vosso ouvidos, porque ouvem. Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia... (Mat 13:16; Apoc. 1:3).

Jamais deveremos imitar Rebeca, ela agiu conforme ouviu e melhor lhe pareceu ao coração e não segundo a vontade de Deus, é esta a razão porque somos várias vezes advertidos pela palavra de Deus, a sermos prudentes em nossa conduta. Salmo  1:1 – “bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”. I Cor. 15:33 – “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes”. Mateus 10:16 – “Eis que vos envio como ovelhas ao meio dos lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.

I) A estratégia de Rebeca:

Rebeca entendeu a vontade de Deus, quanto à predestinação e, pelo amor que tinha a Jacó, não permitiu que a bênção fosse dada a Esaú (Rom. 9:11), mas os meios  que ela empregou para alcançar o favor de Deus, estavam em desacordo com esta mesma vontade, e ações assim, trarão consequências graves.

J) A execução do plano:

 Para que o plano de Rebeca alcançasse êxito, era necessário agir. Foi preciso que Jacó tomasse a forma de Esaú, fazendo-se semelhante a ele. Isto nos faz lembrar que Nosso Senhor Jesus Cristo, tornou-se semelhante a nós, tomou a nossa forma e morreu em nosso lugar, para consolidar o plano de Deus da Redenção do pecador, plano proposto antes da fundação do mundo, para que alcançasse para nós a bênção da eterna herança (Filip. 2:7-8; Heb. 2:14,15).

H) O lado negro do plano:

É muito triste quando vemos qualquer pessoa intentando adquirir alguma coisa através da mentira, e mais terrível é ainda, quando fazemos uso do nome do Senhor de forma desonrosa, mentirosa, para conseguirmos nossos intentos. Nunca podemos esquecer que o Senhor é santo e que mentira alguma poderá proceder dele. O Senhor Jesus disse que o diabo é o mentiroso e pai da mentira (Jo 8:44) e João disse: Mentira alguma jamais procede da verdade (I Jo 2:21). Por isso associar o Senhor com a sua esperteza (porque o Senhor Deus a mandou ao meu encontro), não foi de forma alguma uma maneira correta de agir deste homem escolhido de Deus.

Mas Jacó estava acostumado a mentir, no verso anterior, quando questionado por seu pai sobre sua identidade, ele havia mentido sem nenhum receio. Ele disse: Sou Esaú teu primogênito, quando na verdade era Jacó.

I) A consumação do plano:

 No verso 23 Lemos: “E o abençoou”.

Apesar do que temos relatado acima sobre a mentira e do seu uso para alcançar esta bênção; era evidente que a vontade de Deus era esta. O Senhor já tinha revelado isto. O erro não está em adquirir a bênção e sim nos meios empregados para adquiri-la. Quando o Senhor promete, devemos descansar nele, que cumprirá fielmente o que prometera, ele não necessita de formas ou meios humanos para realizar seus propósitos.

Se Isaque estivesse numa condição espiritual boa, certamente teria agido em conformidade com a vontade de Deus, e assim evitado, que em sua casa houvesse qualquer conspiração, seja  no aspecto de Jacó roubar a bênção, ou Esaú planejar matar Jacó.

J) A bênção recebida:

Nisto temos o cumprimento do propósito de Deus quanto à eleição. Nós sabemos que Deus tem um plano para o seu amado e querido povo, e também sabemos que há de cumpri-lo. Em Romanos 8:29, Paulo fala da nossa predestinação e nos versos seguintes menciona uma farta lista de coisas que poderiam ser contrárias aquilo que Deus nos oferece, mas ele conclui: “Nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. Na expressão “Amor de Deus”está incluído o seu supremo propósito em Cristo Jesus para conosco.

L) A bênção confirmada:

“Eu o abençoei e ele será abençoado”. Tais foram as palavras que Isaque pronunciou a Esaú, embora pudéssemos ler que ele se estremeceu de violenta comoção. A emoção humana se manifesta nas mais diversas situações, quando seus sentidos são atingidos. Temos nas escrituras muitos exemplos assim. Quem pode descrever o estado emocional de Noé, quando dentro daquela arca, seus contemporâneos começaram a bater do lado de fora! Uma coisa sabemos, Noé não podia fazer mais nada por eles, foi o Senhor quem fechou a porta. Tal era a condição de Isaque, não podia voltar atrás, foi o Senhor quem dissera: “o mais velho servirá ao mais moço”.

M) A bênção sancionada:

Embora Esaú bradasse com profundo amargor: “Abençoa-me meu pai” e Isaque respondesse: “Que me será dado fazer-te agora meu filho”; e ainda, Isaque chamar-lhe:  astuto e Esaú chamar-lhe: Suplantador. Isto não anula a bênção concedida.

O ato de acusar os eleitos de Deus é uma atividade do inimigo também no Novo Testamento. Em Apocalipse 12; 10-12, lemos do acusador dos irmãos. Em Romanos 8: 33, Paulo pergunta: Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? E ainda em I João 2:1,2, ele nos ensina que temos um advogado junto ao Pai e que é a propiciação pelos nossos pecados.

O que Deus dá não depende da aceitação e compreensão dos homens, diz o inspirado apóstolo: “Nada poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rom. 8: 38b).

N) As consequências do plano:

                  Ódio de Esaú

                   Vingança de Esaú

                   Temos de Rebeca

                   Solução de Rebeca

                   Outra estratégia de Rebeca

                   Ausência de Jacó

O que tudo isto custou para Jacó?

As consequências do plano de Rebeca, foram muito graves para Jacó, teve um custo muito alto. Depois que Jacó fraudulentamente herdou a bênção de seu pai, gozou de pouca felicidade na sua vida.

Enumeraremos algumas dificuldades, pelas quais ele passou:

1- Fugiu da casa de seu pai;

2- Foi enganado por seu tio Labão;

3- Depois de 20 anos de servidão fugiu ocultamente;

4- Reencontrou Esaú com grande medo de ser assassinado;

5- Nunca mais viu sua mãe, a quem tanto amava;

6- Rúben, seu primogênito, profanou o seu leito;

7- Teve que deplorar a traição e crueldade de Simeão e Levi;

8- Sentiu a perda da esposa amada;

9- Foi enganado por seus filhos, quando venderam José;

10- Lamentou o suposto fim prematuro de José;

  11- Desceu ao Egito, e morreu ali, em terra estranha.

Mas, apesar de todos estes acontecimentos em sua vida, bem como, as experiências as quais foi submetido, faz-se necessário também salientar a sua obediência em contraste com a desobediência de Esaú. No capítulo 28 de Gênesis lemos dela. Isaque disse a Jacó: “Levanta-te e vai!” (verso 2). Isaque despediu a Jacó, que se foi (Verso 5). Esaú viu, que Jacó, obedecendo a seu pai e a sua mãe, foi (verso 7). Jacó partiu de Berseba e seguiu para Harã, (verso 10).

Se lemos aqui, da obediência de Jacó, lemos também da desobediência de Esaú. Vendo Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e vendo que ao abençoá-lo lhe ordenara, (verso 6), e vendo que Jacó obedecera a seu pai e sua mãe; e sabedor de que Isaque, seu pai, não via com bons olhos as filhas de Canaã (versos 7 e 8), foi  Esaú e contraiu matrimônio  com uma filha de Ismael, o que não era a vontade de seu pai. Assim temos nestas passagens, em destaque, a desobediência de Esaú em contraste com a obediência de Jacó, atitudes que caracterizaram suas ações.

Esaú é um símbolo do pecador que despreza o amor de Deus, rejeita a salvação que há em Cristo Jesus, mas que um dia, tardiamente, há de buscá-lo, sem que possa achá-lo. (Jer. 49:8; Ob. 6, 8, 18, 21; Mal. 1:2,3; Rom. 9: 10-13; Jer. 48: 5; Amós 5: 16-18; Mat. 9:12; 13: 42, 50; 22: 13; 24: 51; 25: 30; Luc. 13:28; II Tes. 2: 11,12).

Nestas cenas que se passaram diante de nós, torna-se necessário realçar o comportamento de Isaque, depois que concedeu a bênção a Jacó; Diz a palavra de Deus: “mal acabara Isaque de abençoar a Jacó, tendo este saído da sua presença, chegou Esaú”. Isaque lhe perguntou: “Quem és?” veio a resposta: “Sou Esaú, teu primogênito”. O que lhe disse Isaque? “Eu o abençoei e ele será abençoado, eu o constituí em teu senhor, e todos os seus irmãos lhe dei por servos”. Postura digna de quem fez a vontade de Deus. Não fez uso de formas e nem maneiras para enganar Esaú, também não foi hipócrita, e nem fez uso de falsidade; mas com sinceridade de coração, fez uso da verdade para comunicar ao seu filho Esaú o que havia ocorrido, bem como, a impossibilidade de retroceder.

Este é um principio bíblico, disse o Senhor Jesus: “seja a vossa palavra, Sim, sim e não, não, o que passar disto vem do maligno” (Mat.5: 37: Tia. 5:12).

Esta também deve ser nossa atitude, quando expostos a situações semelhantes, porque esta é a conduta da Fé.

Esaú demonstrou com suas atitudes ser um “profano”.

PROFANO: (DO Latim profanu), e significa:

1- Indiferente à atitude piedosa.

2- Contrário ao respeito devido a coisas sagradas.

3- Estranho ou alheio a ideias ou conhecimentos sobre determinados assuntos.

4- Tratar com irreverência as coisas sagradas.

5- Fazer mau uso de algo sagrado.

 Em suma: “Profano é alguém que gostaria de possuir o céu e a terra e desfrutar o presente sem perder o direito ao futuro”.

Este é o retrato do mundano que professa ser cristão, mas cuja consciência nunca experimentou os efeitos das verdades divinas e cujo coração nunca sentiu a influência da graça de Deus.

Capítulo 2.

2- Jacó de Berseba até Harã – Acontecimentos no caminho: (Gen. 28: 10-22; 29: 1-10).

Esta parte do livro de Gênesis nos mostra Jacó como peregrino e solitário na terra, a caminho de Padã-Arã.
Jacó aqui é colocado numa posição e lugar, no qual pode experimentar amargos frutos, como resultados dos seus atos para com Esaú seu irmão. Enquanto por outro lado vemos Deus elevando-se acima das circunstâncias na vida de Jacó, para manifestar de maneira maravilhosa e esplêndida, a sua graça soberana, bem como, sua profunda sabedoria, pela maneira como trata com Jacó.

 a)           “Partiu” – verso 10.
     • Obediência – disposição para obedecer.
Embora saibamos das razões porque Jacó foi enviado a Padã-Arã, é preciso destacar sua obediência.
A obediência de Jacó está posta perante nós, em contraste com a desobediência de Esaú. Temos lido nos versos 6 a 8 das atitudes tomadas por Esaú (vendo, ...vendo, ...vendo, ...sabedor, ...foi), as quais contrariaram os desejos de seus pais. É assim que Esaú é posto perante nós, ou seja, um homem guiado pelo que via e pelo que sabia, um homem carnal, um homem conduzido pelos seus desejos.
Eis a razão por o Espírito Santo nos ensina que: “Os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rom. 8: 8). Em contraste com esta postura, encontramos Jacó agindo em conformidade com os desejos dos seus pais obedecendo-os, embora, no decurso da sua vida,  vemo-lo, planejando e executando planos que simplesmente atendia as razões carnais.
Estando no caminho da obediência vemo-lo imitando seu avô Abraão, que quando chamado por Deus, “Obedeceu” (Heb. 11: 8).
É este o principio (a base) e o fim (objetivo) da fé. Deus espera que cada um de seus filhos, seja obediente a Ele, e a razão da formação da sua família celestial e a nossa adoção nesta família como filhos, tem como fundamento e objetivo a obediência. Em Hebreus 5:8 lemos que nosso Senhor Jesus Cristo aprendeu obediência, sendo Filho, pelas coisas que padeceu. Em I Samuel 15:22 lemos que o Senhor tem prazer em que seja obedecida a sua palavra, sendo o obedecer melhor que o sacrificar.


b) Tendo chegado a certo lugar – verso 11:


         •O lugar que Jacó chegou.

         •Betel (a Casa de Deus)

         •Quando Jacó Chegou ali?
Caminhando segundo a direção indicada por seus pais, Jacó chegou a certo lugar. É preciso destacar que Jacó chegou ali à noite e certamente estava cansado e exausto, em outras palavras, estava no limite de suas forças. Estava nas condições em que Deus podia encontrá-lo e revelar o seu propósito em graça, para ele.

As condições nas quais o Senhor o encontrou coloca perante nós a sua situação presente, bem como, as suas urgentes necessidades:

1- À noite (O sol era posto);
2- Uma pedra por travesseiro (Sua cabeça repousa sobre uma base dura (firme));
3- Deitou-se para dormir. (Revela o estado físico e espiritual de Jacó).
Foi nestas condições que o Senhor em graça manifestou-lhe seus desígnios para ele e para sua descendência.
Agora encontramos Jacó sonhando, e tendo uma visão espetacular; uma escada até aos céus e os anjos de Deus subindo e descendo sobre ela (Jo. 1:51); Esta escada fala-nos das provisões que o Senhor tem feito para o pecador; apresenta-nos um caminho aberto, pelo qual o pecador (sob a graça) pode entrar na presença de Deus e ser socorrido nas ocasiões oportunas (hebreus 4: 14-16); fala-nos também do Senhor Jesus deixando o lar da glória e vinda ao encontro da necessidade do pecador, prefigurado em Jacó.  O Senhor está perto, como é preciosa a sua presença! Traz conforto e consolação e reanima o cansado. Jacó diz: Aqui é a casa de Deus! A porta dos céus.
Deus é o Deus de Betel. É preciso guardar isto, esquecê-lo trará grande prejuízo a nossa vida como servo;  Guardar isto fará que jamais  nos desviemos do caminho que o Senhor nos colocou e no qual prometeu estar conosco até a consumação dos Séculos (Mat. 28:20). O Senhor em graça veio ao nosso encontro e o seu desejo e ter-nos em sua casa, prefigurada em Betel.     A felicidade, a alegria, o prazer e o gozo começam ali e não finda, são eternos, são a porção do seu querido e amado povo. Que bendita porção está ali!.

C) - Perto dele estava o Senhor – v. 13

Nesta cena encontramos Jacó solitário, desamparado e dormindo sobre uma pedra, triste situação em que o encontramos; a casa de seus pais havia ficado para traz, agora estava errante pela terra a caminho da casa de Labão seu tio, mas não estava  como aparentemente parecia, só; o Senhor estava perto dele, e foi nestas condições que o Senhor o encontrou. Não podemos deixar de reconhecer a bem-aventurança de uma tal situação, em que nada temos no que apoiar, assim era Jacó dormindo sobre uma pedra.
Somente o Senhor o viu ali e somente o Senhor veio ao encontro de suas necessidades; assim também, será conosco no vale desta vida, e somente em circunstâncias semelhantes, o Senhor poderá nos valer.
O que o Senhor veio fazer ali?
       Revelar-se.
 Disse o Senhor: “Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque”.
       Prometer-lhe.
1- A terra para ele e sua descendência;
2- Uma  grande família tal qual o pó da terra, estendendo-se em todas as quatro direções;
3- Que nele e na sua descendência seriam benditas todas as famílias da terra.
      Cuidar dele.
·             Estou contigo;
·             Te guardarei;
·             Te farei voltar;
·             Te não desampararei;
·             Cumprirei o que te hei referido.
D)  Despertado do Sono – v. 16.

Ao acordar, o primeiro sinal de Jacó foi reconhecer que o Senhor estava naquele lugar e que ele não tinha conhecimento disto. Que triste revelação de si mesmo! Não é de admirar que ficasse com medo, pois se ele conhecesse o Senhor, certamente saberia que Ele estaria ali e que cuidaria dele nesta jornada. Não é assim que sucede conosco também? Quantas vezes andamos por este mundo e agimos de maneira tal, como se o Senhor não existisse, e  que não estivesse vendo o que estávamos fazendo, nisto somos também semelhantes a Jacó.
Jacó temeroso diz: Este lugar é a casa de Deus, a porta dos céus!
Neste lugar, encontramos Jacó solitário, desamparado e dormindo sobre uma pedra; a casa de seus pais havia ficado para traz e a terra de Labão era seu objetivo.
Quão consolador é vermos nas páginas inspiradas, seja onde quer que nos detenhamos nelas, a presença do Senhor junto do seu amado e querido povo.
Que preciosa companhia! Perguntamos: O que o Senhor está fazendo ali?
  Revelando:      
“Eu sou o Deus de Abraão, Deus de Isaque”.
•   Prometendo:
1- A terra para ele e a sua descendência;
2- Uma grande família, tal qual o pó da terra, estendendo-se para o Norte e para o Sul, Oriente e Ocidente;
3- Que nele e na sua descendência seriam benditas todas as famílias da terra.

1_ Estou contigo;
2_ Te guardarei;
3_ Te farei voltar;
4_ Te não desampararei;
5_ Cumprirei o que te hei referido.
Tudo o que nós necessitamos é de uma visão espiritual. Se não tivermos uma noção clara daquilo que Deus quer de nós, andaremos como que perdidos no vale desta vida. Em Ef. 5.14, Paulo nos exorta a que despertemos do sono, para que Cristo possa nos iluminar.
Na descrição de Mateus 26.40-45, quando o Senhor estava agonizando no Jardim do Getsêmani, os discípulos estavam dormindo e Ele os advertiu com a recomendação de que vigi­assem e orassem. Se olharmos para nós mesmos, acredito que a nossa situação hoje não é muito diferente daquela, visto que temos perdido a visão das coisas espirituais. Temos dado muito de nós para esta vida e muitíssimo pouco para a obra do Senhor. Como Jacó, necessitamos desper­tar do sono. E como seria bom se acordássemos como Jacó acordou e víssemos o que ele viu! Diante da sua visão, ele disse:
          “O Senhor está aqui!” — demonstração do conhecimento de Deus;
          Temeu e disse: “Quão temível é este lugar!” — conhecimento de si mesmo; sentiu-se   indigno de estar ali;
           •           “É a casa de Deus, a porta dos céus!” — conhecimento do lugar da habitação de Deus e da Sua presença (Sl. 89.7). Como é diferente o lugar onde o Senhor está, que lugar maravilhoso! No Salmo 84.1-10, o salmista diz: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exér­citos, um dia aí vale mais do que mil nas tendas da perversidade”. 
 
E)   Jacó levantou — v. 17
• Prontidão para adorar.
Somente o conhecimento de Deus produz adoração sincera e verdadeira (Jo. 4.22). Foi este conhecimento que fez com que Abraão levantasse de madrugada e conduzisse Isaque até ao Monte Moriá para que ali o oferecesse em holocausto, na plena certeza de que Deus iria prover um substituto para seu filho (Heb. 11.19). Foi este mesmo conhecimento que levou Moisés a considerar o opróbrio de Cristo por maiores riquezas que os tesouros do Egito (Heb. 11.26).
Foi também este conhecimento que levou Paulo a dizer: “o que para mim era lucro, re­putei perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor” (Fp. 3.7- 8); e por fim queremos lembrarmos daqueles que o escritor da epístola aos Hebreus fala no capítulo 11.38 como sendo pessoas das quais o mundo era indigno, pelo fato de que ao conhecerem a Deus, obtiveram uma fé e um conhecimento pelo qual agradaram a Deus.
Por esta razão, a exortação que temos em Oséias 6.3a, 6b é sempre atual e imperativa, como também a de Paulo em Romanos 1.28. São advertências que não devemos negligenciar!
F)    Jacó mudou o nome daquele lugar — v. 19 
 
a)    Aptidão para discernir.
Após todos estes acontecimentos, podemos imaginar Jacó dizendo consigo mesmo: “Aqui não é Luz (Amendoeira), aqui é Betel — a casa de Deus”. Nesse ponto aprendemos um prin­cípio importante, de que não importa o nome que as pessoas dão aos lugares, mas verdadeira­mente se há em nós o discernimento para as coisas de Deus quanto à Sua vontade.
Podemos perguntar: “O que a Palavra de Deus nos ensina acerca do significado Casa de Deus?”. Devemos estar satisfeitos com isso. Nada pode subsistir ou perdurar onde as instruções da Palavra de Deus são tão claras, suficientes para satisfazer àqueles que têm prazer na Sua vontade.
G)  O voto de Jacó — v. 20-22

a)      Falta de discernimento. 
É Impressionante como o homem cai tão depressa do lugar onde Deus o colocou para o lugar da sua razão, ignorando os caminhos de Deus em graça para com ele. No parágrafo anteri­or consideramos o discernimento de Jacó quanto à vontade de Deus, mas aqui temos que consi­derar o oposto quanto a este mesmo fato.
Consideremos os cuidados de Deus para com ele, cuidados que o Senhor já lhe havia re­velado no verso 15 do capítulo que temos estudado. Aqui não é o Senhor que faz aliança com Jacó, mas é ele que faz aliança com o Senhor. Nesta aliança é Jacó que impõe condições. Ele diz:
1_ Se Deus for comigo;
2_ Se me der pão e roupa;
3_ Se me fizer voltar em paz à casa de meus pais;
4_ Será meu Deus;
5_ Aquela pedra será a Sua casa;
6_ E do que me der darei o dízimo — primeiro eu, depois o Senhor.
Aqui vemos a criatura impondo condições ao Criador. Sempre tem sido assim na história da humanidade; o barro quer ensinar como ele deve ser moldado. Mas felizmente o Oleiro não escuta a voz do barro e trabalha como planejou; sua graça age, opera em conformidade com seu plano e suprema vontade. Esta mesma graça que ignorou os planos de Jacó no passado, tem também ignorado os nossos no presente e agido conosco também em conformidade com o pa­drão que tem estabelecido, visto que ele é soberano sobre toda a sua criação. Por isso, damos graças Àquele que assim tem nos trazido à sua presença por causa do seu infinito amor.
H)  Jacó e o caminho de Betel a Harã — Gênesis 29.1-10
Quero aqui chamar a nossa atenção para o que caracterizou a vida de Jacó depois de Betel. Devemos lembrar que em Betel Deus fez promessas, mas infelizmente Jacó não partiu dali confiado nas promessas de Deus, e sim nas condições que ele mesmo impôs. Isso foi grave para sua vida.
O Espírito Santo revela no Novo Testamento que o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus; e que os que se inclinam para a carne cogitam as coisas da carne; e, ainda, que o homem semeará conforme a sua ceifa (I Cor. 2.14 / Rm. 8.5-8 / Gl. 6.7).
Jacó, por si mesmo, introduziu-se numa atmosfera adequada a esta condição e esteve numa escola própria à sua condição carnal. Não devemos aqui entrar em minúcias, visto que isso será mais bem abordado na continuação deste estudo. Consideremos tão somente que isso quer nos advertir no tempo presente para que não tratemos as coisas de Deus de modo carnal e desprezí­vel. Ele nos tem revelado a sua vontade, seu amor, seu plano eterno para conosco em Cristo,  e a nossa responsabilidade nesta relação é demonstrar que tipo de apreciação temos destas revelações, e qual será a nossa conduta em virtude delas.
Em concluir esta parte do estudo, frisaremos apenas que Jacó, estando em Harã à procura de Labão, encontra-se com Raquel, à qual toma-se o objeto do seu amor e pela qual serve a Labão pelo período de quatorze anos. Este acontecimento chama a nossa atenção para o que es­tamos olhando. Lemos na Palavra que alguns homens “olharam”. Assim, perguntamos: “O que olharam? Para que olharam? Por que olharam?”. Não podemos esquecer que a condição espiri­tual de cada um deles implicou decisivamente nos motivos pelo qual olharam.
Lembremo-nos de alguns deles: A primeira pessoa que encontramos assim é Eva (Gen. 3.6); daí por diante podemos citar alguns dos muitos exemplos que a Palavra nos oferece, tais como:
·             Ló (Gen. 13.10)
·             Abraão (Gen. 13.14)
·             Moisés (Ex. 2.11)
·             Os Espias (Nm. 13.1,17,21)
·             Davi (II Sm. 11.2)
·             O Rico (Lc. 16.23).
Ao mencionar estas pessoas, devemos lembrar que as respostas às interrogações acima, nos proporcionarão condições para que também nós possamos claramente saber “o que” e “para que” estamos olhando, sem deixar de considerar a exortação de Hebreus 12.2: “Olhando firme­mente para o autor e consumador da fé”.
É muito comum nas nossas vidas sermos impressionados pelas coisas que se aproximam de nós, por isso é necessário um exame próprio (I Cor. 11.28,31) e julgarmo-nos quanto ao nos­so proceder, para que possamos discernirmos onde estamos e saber o que tem preenchido os nossos corações, o que tem ocupado as nossas vidas; não estou pensando no que falamos, mas naquilo que praticamos. Que o Senhor conceda a capacidade que precisamos para a cada dia to­mar a nossa cruz e segui-lo. 

Capítulo 3
3- Jacó em Harã e a sua permanência ali — Gênesis 29.14-35; 30.1-43; 31.1-21
A palavra Harã aparece apenas 12 vezes nas Escrituras. São 10 no V.T, e 02 no N.T.

a)    No V.T — 07 em Gênesis; 01 em II Reis; 01 em Isaías; e 01 em Ezequiel.

b)    No N.T — 02 em Atos 07.

Trás o significado de “Caminho; Comércio”. Como nome de pessoas, ocorre 08 vezes no V.T, sendo 05 em Gênesis 11; e três em I Crônicas 02 e 23.
Ao pensarmos nesta cidade (Harã) recordamos que em anos anteriores seu avô Abraão também esteve neste lugar, e fixou morada num lugar para o qual não foi enviado. Não sabemos quantos anos habitou em Harã, mas sabemos que deixou esta cidade quanto tinha a idade de 75 anos (Gen. 12:4
·              O que o levou até ali?
Lemos em Gênesis 11.31 que Terá, Abrão, Sarai e Ló saíram de Ur dos Caldeus rumo à terra de Canaã, mas chegando a Harã ali permaneceram. Não temos dados bíblicos acerca das razões que os levaram a permaneceram nesta cidade, razões que os levaram a perder de vista a chamada de Deus. Tão pouco podemos especular de maneira fantasiosa acerca do que haveria de tão atrativo nesta localidade para que os detivesse em sua jornada. O que sabemos é que ali esteve “O Peregrino de Deus” por longo período.
Tendo o nome desta cidade o significado de “Comércio” é possível que a atividade co­mercial, associada à oportunidade de enriquecer, tenha sido a causa de sua permanência ali. Se­gundo a história secular, Harã era um grande centro comercial e, certamente, o grande patriarca, sob a influência de seu pai, que é uma figura da natureza humana, quisesse aproveitar esta oportunidade para adquirir bens materiais, pois, lemos dos bens que adquiriu em Harã (Gen. 12:5). Diante disto, não podemos esquecer aqui das palavras do nosso Divino Mestre em Mateus 6.24: “Não podeis servir a Deus e às riquezas”; como também das palavras de Paulo a Timóteo: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns nesta cobiça des­viaram-se da fé” (I Tim. 6:10). Estas coisas são escritas para nossa advertência.
·            O que Abrão fez ali?
Não sabemos das suas atividades neste lugar e se o Espírito Santo não as registrou, é porque não há proveito nelas. Remetemos nossas mentes a Rom. 15:4: “Tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito”. Se não há instrução para os seus, não foi registrado no Tomo Sagrado.
Pode, segundo o pensamento humano ter sido um período muito prós­pero na vida de Abraão; ele pode ter ganho muito dinheiro; ou mesmo adquirido um célebre nome entre seus contemporâneos — tudo isso é possível — mas segundo a avaliação da sabedoria de Deus, é destituído de qualquer valor moral e instrutivo. Certamente, não há nada que pudesse nos beneficiar neste período de sua vida.
Temos aqui um aviso solene para aplicarmos à nossa vida espiritual: “Deus sabe dos ob­jetivos do nosso labor (trabalho, esforço) — Ele sabe qual a razão de ser da nossa ocupação — como também sabe o que nos motiva a estarmos em determinado lugar fazendo alguma coisa”.
Devemos trazer sempre em mente a afirmativa do parágrafo anterior. Sabemos que di­ante da onisciência de Deus, todo o propósito do nosso coração está plenamente revelado. O nosso labor, ocupação, ou qualquer ação que seja, deve ser um modelo de conduta cristã para a glória de Deus.
·            Como Abraão saiu dali?
Em Atos 7.4 podemos ler que com a morte de seu pai Deus o tirou dali. Esta é a sentença Divina para a natureza humana. Não importa o nome da nossa razão; nem tão pouco o que você pensa — o que importa é o veredicto de Deus. Em Colossenses. 3.5 Paulo disse: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena”. Terá, seu pai, é uma figura da natureza humana e, embora tendo deixado Ur com o propósito de ir à terra de Canaã, só conseguiu chegar até Harã e ali ficou até a morte.
Enquanto o nosso “eu” (natureza humana) não for submetido à morte, não teremos con­dições espirituais para compreendermos plenamente a vontade de Deus e muito menos condi­ções de andar nesta mesma vontade. Só a morte pode nos libertar da nossa natureza humana. Ela deve morrer. Estarmos unidos a ela nos impede de servirmos e obedecermos a Deus, como está registrado em Lucas 14.26 e 27.33. Se não sabemos com exatidão o tempo que Abraão permaneceu em Harã, sabemos que somente após a morte de seu pai, foi que Deus o tirou dali.
Temos fugido por um pouco de tempo da história de Jacó para colhermos algumas espigas nas experiências e exemplos de seu avô Abraão, mas achamos muito proveitoso retroceder à vida deste patriarca, e alimentarmos dos ricos ensinos que a sua preciosa vida nos trás. O Senhor nunca chamou alguém para Harã. Agora voltaremos nossas atenções para a vida de Jacó.
Ao entrarmos nas considerações sobre o período que Jacó habitou em Harã, não pode­mos esquecer-nos das experiências passadas, enquanto caminhava rumo a esta cidade, e, em especial a que se passou em Betel. Em Gênesis 28.13 Deus se manifestou a ele como o Deus de Abraão e o Deus de Isaque, mas em Gênesis 31.13 Ele disse: “Eu sou o Deus de Betel”. Prestemos bastante atenção nisto. Se quisermos viver na presença do nosso Deus e conhecê-lo devemos ir a Betel, pois é ali o seu lugar; agora se quisermos saber quem é o homem devemos ir a Harã. Foi em Betel, mediante a revelação de Deus, que Jacó o conheceu; e foi também em Harã, na própria escola de Labão, que Jacó conheceu Labão e aprendeu as lições que o tomaram em um fiel seguidor dos planos, meios e propósitos de Labão.
E necessário afirmar que mesmo em sua casa, Rebeca, irmã de Labão, já havia dado iní­cio a esta preparação, a qual culminou no ingresso de Jacó nas práticas corriqueiras de seu tio. Harã para ele era uma escola. Nunca esqueçamos que mesmo nestas condições Deus não o desamparou, o Senhor estava com ele, e a Sua presença não estava condicionada a qualquer outra apreciação que Jacó pudesse ter Dele, ou mesmo à revelação que Ele houvera feito em Betel a alguém que Ele já conhecia. Na verdade, o que estava em questão, era as Suas promessas. Em Gênesis 28.15 Ele disse: “Estou contigo”. Nada poderia interpor e obstruir o cumprimento destas mesmas promessas.
Em tudo isso vemos brilhar de maneira deslumbrante a graça de Deus, embora Jacó a conhecesse apenas superficialmente e mostrasse completa ignorância quanto aos métodos do Senhor aplicá-la em favor dele mesmo. Observando cada passo deste homem, obtemos uma maravilhosa concepção do que seja a graça de Deus. Ninguém, senão o Eterno poderia suportar alguém como Jacó — somente Deus poderia tratar com uma pessoa desta natureza.
São fatos como estes que tornam a história deste homem tão interessante e proveitosa. Ninguém pode (ou deve) deparar-se com os assuntos relativos a esta pessoa, sem ter o seu cora­ção despertado para a graça maravilhosa que pôde cuidar tão zelosamente dele. E não somente isso, mas em descobrir tudo o que nele havia, dizer: “Não vi iniquidade em Jacó, nem contem­plei desventura em Israel” (Nm. 23.21). Ao contemplarmos esta afirmação somos impelidos a dizer como Paulo:
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis são os seus caminhos” (Rm. 11.33)!
Olhemos para Jacó. Ele agora se encontra onde seu avô esteve. Faremos aqui as mesmas perguntas que temos feito nos parágrafos anteriores. Que o Senhor, pela sua graça, nos capacite a encontrar as respostas a estas perguntas, e que assim possamos ser habilitados a aprender as preciosas lições que a vida deste patriarca nos fornece.

·             O que o levou até ali?
·             O que fez ele ali?
·             Como saiu dali?
a)           O que o levou até ali?
A razão pela qual Jacó foi enviado a Harã foram às ameaças de morte impostas por Esaú (Gen. 27.41-45). Em outras palavras, podemos afirmar que foi o medo da morte que o conduziu até Harã. Quando contemplamos a narrativa do Espírito Santo acerca deste assunto, chegamos à conclusão que Harã não era um lugar apropriado para tal refugio, visto que, o escape encontrado por sua mãe, espiritualmente falando, era um lugar de morte! A estada de Jacó neste lugar é configurada por escravidão, servidão (29:19 e 26,27), engano(29:25; 31:7), intrigas (31:2), e acusações(31:1). Na essência, a cidade de Harã representa aquilo que escraviza o homem. Em Josué 24.2 lemos que nas terras além do Eufrates se prestava culto a outros deuses. Certa­mente em Harã era um lugar de idolatria.
O Deus verdadeiro jamais poderia ser invocado ali e, consequentemente, a vida verdadei­ra não poderia ser encontrada em Harã, mas tão somente em Betel. A experiência de Betel não poderia ser apreciada por Jacó nesta cidade, nem tão pouco o que pudesse ser encontrado nesta cidade tinha qualquer valor em Betel. Tal era o refugio ao qual Jacó foi enviado.
E lamentável ver que em nossos dias este procedimento tem sido imitado pelos pais que enviam seus filhos a “Harã” — os resultados não poderiam ser piores. Consideremos que Rebeca, sua mãe, nunca mais viu o seu filho! Os que assim procedem estão na iminência de eterna­mente separarem-se de seus “amados filhos”. Este é um aviso que se aplica a todos nós, e não deve ser negligenciado.
Como temos visto, Jacó foi enviado a Harã para fugir da morte, mas o que seria uma so­lução para o seu problema, passou a ser uma séria ameaça a sua vida. O que há de valor nisto é o fato de que Betel estava entre ele e o seu destino. Ali ele teve um contato com Deus. Não deveria ser assim hoje também?
Na estrada enganosa desta vida, mesmo estando refugiado nos sistemas organizados da religião destes dias, o Senhor, pela Sua imensa graça, tem procurado manifestar a Sua vontade aos pecadores, entretanto a sua simplicidade tem sido recusada e substituída por programas, méto­dos e tradições humanas que satisfazem suas aspirações carnais, e desta forma desprezam as preciosas instruções da sua Santa Palavra, procurando refúgio onde não há refúgio  (Mt. 15.6b).
Como foi outrora, também é assim agora no mundo destes dias. Paulo disse a Timóteo: “Os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (II Tm. 3.13). Esta foi a experiência de Jacó nas terras de Labão. Elifaz disse a Jó: “O coração do perverso só prepara enganos” (Jó 15.35b).
B) O que ele fez ali?
Em Harã as únicas coisas que sobrevieram a Jacó foram “paixão” e “escravidão”. Le­mos as suas próprias palavras: “Dez vezes me mudaste o salário; vinte anos te servi: quatorze anos por tuas filhas, e seis anos por teu rebanho” (Gen. 31.41). É este o procedimento de Harã: escravidão sobre escravidão. O que toma o homem escravo? É a sua paixão ou desejo. Em Tito 3.3 Paulo faz alusão a isso e diz: “Éramos escravos de toda sorte de paixões e prazeres, até que se manifestou a benignidade de Deus nosso Salvador e o seu amor para com os homens”.
Amados irmãos, isso é um grande aviso para nós; como devemos estar precavidos quanto às coisas de Harã? Ali existe tudo isso: religião, paixão e escravidão. Em Harã não podemos encontrar Deus, visto que Deus é o Deus de Betel. Nada pode ser mais triste do que a es­cravidão do pecado possuindo uma consciência morta; pensando que estamos progredindo, quando na verdade estamos regredindo (Gl. 4.8-9).
Podemos ser bem sucedidos naquilo que fazemos; podemos adquirir bens materiais e satisfazer todos os desejos do nosso enganoso coração; podemos adquirir nome ou mesmo obter em abundância tudo quanto um mortal possa almejar — mas o resultado disso será o culto de si mesmo (Cl. 2.23). Este é o quadro da escravidão que gera para a morte (Gl. 4.24c / Hb. 2.15).
Quero mais uma vez mencionar que sempre que estivermos pisando o terreno de Harã, estaremos num lugar onde o Senhor pode estar tão somente pela Sua bondade e misericórdia para nos guardar; entretanto, será um lugar onde nós mesmos não o encontraremos, nem divisaremos Seus atos — é um terreno onde não podemos manter comunhão com Ele.
Note bem isso: “Deus pode nos assistir em Harã, mas nós não podemos servi-lo ali, por­que Ele é o Deus de Betel”. Convém distinguirmos isso. Foi a caminho de Harã que Jacó passou em Betel. É também a caminho da satisfação dos seus anseios religiosos e carnais que os ho­mens têm passado por ali, tomado conhecimento do amor e bondade de Deus e chegado à confu­são religiosa dos nossos dias — à formalidade visível que hoje impera. O objetivo destas linhas é nos precaver de fazermos de Betel um atalho para Harã e mergulharmos na confusão reinante da religião deste mundo. Que o Senhor Jesus Cristo seja para sempre a satisfação do meu e do teu coração, e que eu e você saibamos santificá-lo como Senhor dos nossos corações (I Pe. 3.15), e saibamos dizer não, com firmeza, a toda forma aparente ou mesmo invisível de religião munda­na.
O nosso desejo em redigir estes parágrafos é promover em nós a simplicidade no ato de servir, a santidade no proceder e uma maior consagração no nosso viver diante de Deus, como também capacitar-nos a sermos mais achegados à Sua Pessoa, prontos a amar, mais dedicados no estudo da Sua Palavra, sendo dependentes da Sua graça para que ele seja engrandecido em nosso viver enquanto aqui nesse mundo. Amém!
Devemos lembrar que os vinte anos nos quais Jacó serviu a Labão serviram para o tomar mais astuto do era. Se em casa de seus pais ele já procedia assim, na escola de Labão tomou-se muito mais hábil ainda. Consideremos que de todo esse período junto ao seu tio, 14 anos de serviço foi o salário pelas suas duas mulheres, e somente 6 anos serviram para que ele entesourasse bens materiais. Este curto espaço de tempo foi suficiente para planejar meios pelos quais poderia apropriar-se dos bens de Labão. Ele planejou meios quando agiu de maneiras anormais para que os rebanhos pudessem produzir conforme seus objetivos e contrato feito com Labão.
O resultado disso é que houve percepção, e os filhos de Labão começaram a falar mal dele, dizendo que apropriara-se dos bens de seu pai de maneira leviana, e agora estava rico. O rosto de Labão já não lhe era favorável (Gen. 37-43; 31.1-2). Esta situação causou desgosto a Jacó. Deus usou-a para tirá-lo dali. 20 anos são passados, e somente agora, nesta situação, é que ele lembra-se do Deus de Betel (Gen. 31.13).
Devemos ainda frisar que em Gênesis 27.20, Jacó atribuíra a Deus algo que não procedia dele (Gen. 31.9). Agora não deixa de ser diferente. Ele diz que Deus tomou o gado de Labão e o deu a ele, quando na verdade foi com astúcia que preparou varas riscadas e as pôs diante dos rebanhos — separou-os para darem crias conforme o seu salário.
É muito grave atribuir o ganho de algo a Deus tendo agido com a própria esperteza. In­fringir a Lei violando seus princípios constitui-se em pecado. Qualquer prosperidade adquirida com estas práticas é facilmente atribuída Àquele que não tem nada a ver com isso. É verdade que, em certo sentido, o Senhor esteve com ele, tal como prometera, mas atribuir a Ele aquilo que é produto da esperteza humana é uma atitude gravíssima, reprovável. São fatos como este que fazem com que a história deste homem ser deveras instrutiva para nós.
Nunca outra história manifestou de forma tão relevante a graça de Deus, e nenhuma ou­tra trouxe ao nosso conhecimento tanto material útil ao nosso crescimento espiritual. Em todos os séculos, Deus instruiu os seus servos acerca da extensão de Sua graça usando como lição principal os fatos concernentes a Jacó. Podemos ler Paulo falando aos Coríntios acerca do seu trabalho: “Não eu, mas a graça de Deus comigo” (I Cor. 15.10). Temos Pedro dizendo: “O Deus de toda a graça” (I Pe. 5.10), e muitas outras passagens semelhantes a estas. Entretanto, todo o curso deste notável atributo divino — Sua graça — foi demonstrado de forma maravilhosa na vida de Jacó — Isso é algo incontestável (II Cor. 13.13).
(Continua...)








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