segunda-feira, 26 de maio de 2014

Conhecemos a doutrina pré-milenarista ou esperamos o Filho?



Conhecemos a doutrina pré-milenarista ou esperamos o Filho?
C.H. Mackintosh

Apocalipse 1: 5-7

Nos tempos atuais, quando o conhecimento acerca de muitas questões é amplamente difundido, é necessário apelar à consciência do leitor cristão para que discirna a grande diferença que há entre a possessão da doutrina da segunda vinda do Senhor e uma espera real de sua manifestação (1.ª Tes. 1:10). Há muitos que pregam, eloquentemente, a doutrina do segundo advento dAquele a quem realmente não conhecem! Advento que eles pregam e professam crer. Esta má conduta deveria ser julgada e deixada de lado. Vivemos na era do conhecimento, do conhecimento religioso. Mas, o conhecimento religioso não é vida, o conhecimento religioso não é poder, o conhecimento religioso não traz libertação nem de Satanás, nem do mundo, nem da morte, nem do inferno! Este conhecimento, ao qual tenho-me referido, carece do conhecimento de Deus em Cristo. Uma pessoa pode saber muito das Escrituras, da profecia, da doutrina e, no entanto, estar mergulhada em delitos e pecados.
Por outro lado, há um conhecimento que verdadeiramente proporciona vida eterna e este é o conhecimento de Deus, revelado na face do Senhor Jesus Cristo “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem  enviaste” (João 17:3). Além disto, é impossível viver esperando o dia e a hora “da vinda do Filho do Homem”, se não conhecemos ao Filho do Homem por experiência. Eu posso tomar dados proféticos e, por meio de um simples estudo e o exercício de minhas capacidades intelectuais, descobrir a doutrina da segunda vinda do Senhor. Mas tudo isto não garante que eu conheça a Cristo e que Ele habite em meu coração. Com frequência sucede isto! Quantas pessoas nos surpreende com seu vasto conhecimento profético, conhecimento adquirido, talvez, durante anos de laboriosa investigação, mas que afinal, nos traz dúvidas, pelo fato de eles mesmos manifestarem uma luz não santa, diferente da luz que é adquirida por meio da oração e da espera em Deus! Seguramente, ao pensar nestas coisas nossos corações são profundamente estimulados, nossos pensamentos ficam mais sensíveis, e nos ocupamos em inquirir se verdadeiramente conhecemos ou não à bendita Pessoa que anunciamos que “cedo virá”. Além disto, se não conhecemos o Senhor, podemos considerar-nos como um daqueles a quem o profeta dirige com as seguintes palavras introdutórias: “Ai daqueles que desejam o dia de Jeová! Para que quereis vós este dia de Jeová? Será dia de trevas e não de luz; como o que foge de diante do leão, e se encontra com o urso ou como se, entrando em casa e apoiasse sua mão na parede, e fosse mordido por uma cobra. Não será o dia de Jeová trevas, e não luz? escuridão, sem nenhum resplendor?” (Amos 5:18-20).
O segundo capítulo de Mateus fornece uma ilustração muito atrativa da diferença entre um mero conhecimento profético de Cristo, — o exercício do intelecto para compreender a letra das Escrituras — e os desígnios do Pai na Pessoa de Cristo. Os sábios que são guiados pelo dedo de Deus, buscam a Cristo sinceramente e com fervor e o encontram. Quanto ao conhecimento escritural, eles não podiam nem por um momento competir com os chefes dos sacerdotes e os escribas. O que estimulou o conhecimento escritural nestes últimos? Ele possibilitou-lhes serem instrumentos eficientes nas mãos de Herodes, que os chamou com o propósito de usar o conhecimento bíblico deles, em sua ferrenha oposição ao Ungido de Deus. Estes sacerdotes e escribas eram capazes de citar capítulos e versículos de todo o velho testamento, como nenhum outro, no entanto, usaram este conhecimento para ajudar Herodes, enquanto, por outro lado, os verdadeiros sábios estavam, por desígnio do Pai, caminhando com o Senhor Jesus. Bendito contraste! Que imensa felicidade é estar aos pés do Senhor Jesus como adorador, ainda que tenhamos pouco conhecimento, é melhor do que ser um douto escriba com um coração frio, morto e distante do bendito Senhor! É melhor ter o coração cheio de vivos afetos por Cristo, do que ter o intelecto repleto do mais exato conhecimento bíblico!
Qual é a triste característica do tempo presente? Uma ampla difusão de conhecimento escritural com muito pouco amor por Cristo, e quase nenhuma devoção por Sua obra. Exibe-se uma eficiente preparação para citar as Escrituras, como a que tinham os escribas e os chefes dos sacerdotes, mas sem propósito de coração. De modo contrário, os sábios abrem os tesouros e os apresentam diante de Cristo como ofertas voluntarias de corações plenos do conhecimento de sua Pessoa. O que devemos anelar é ter uma devoção pessoal e não apresentar uma mera exposição vazia de conhecimento. Não é que devemos desistir do conhecimento escritural. Que Deus não nos permita fazê-lo, pois, trata-se do conhecimento que requer um genuíno discipulado! Mas se não for assim, pergunto-me que valor tem. Nenhum, em absoluto. Se Cristo não for seu objetivo central, o mais extenso grau de conhecimentos será algo completamente vão; E não só isto, é muito provável, que será um instrumento eficiente nas mãos de Satanás para seus propósitos hostis contra o Senhor Jesus Cristo. Um homem ignorante pode equivocar-se em certa medida, mas um homem douto, sem Cristo, pode provocar grandes danos.
Os versículos que encabeçam este estudo nos apresentam as bases divinas sobre as quais está firmado todo o conhecimento Escritural, e mui particularmente, o conhecimento profético. Antes que alguém anuncie seu sincero amém ao anuncio “Eis que vem com as nuvens”, é preciso ser capaz, sem dúvida nenhuma, de acrescentar uma declaração bendita de adoração: “Aquele que nos amou, e nos lavou de nossos pecados com seu sangue”.  O crente conhece Aquele que vem, porque Ele o amou e o lavou de seus pecados. O Filho de Deus espera o Amor eterno de sua alma. Aquele que com humildade e mansidão serviu, sofreu e esvaziou a si mesmo aqui embaixo, cedo virá nas nuvens do céu, com poder e grande glória, e todo aquele que o conhece o receberá com alegres louvores e será capaz de dizer: “Este é o Senhor, temos lhe esperado, nos regozijaremos e nos alegraremos em sua salvação”. Mas, lamentavelmente, muitos esperam e discutem acerca da vinda do Senhor, mas não o esperam sinceramente, vivem para eles mesmos no mundo, e sua mente está ocupada nas coisas terrenas. Quão terrível é falar da vinda do Senhor e ser deixado de lado quando Ele aparecer! Oh! Querido leitor, pense em tudo isto e se realmente estás consciente de que não conheces ao Senhor, lhe rogamos então, que o contemple derramando seu precioso sangue para lavá-lo de seus pecados, e o admoestamos a que aprendas a confiar nEle, apoiar-se nEle, a regozijar-se nEle e só nEle.
Todavia, se pudermos olhar para os céus e dizer: “Graças te dou ó Deus, porque o Senhor está conosco e estamos esperando-o”, então devemos lembrar-nos da exortação do apóstolo João acerca desta bendita esperança: “E todo aquele que nEle tem esta esperança, purifica-se a si mesmo,  assim como ele é puro”. Sim, este deve ser sempre o fruto da esperança no Filho que vem dos céus, e não do simples conhecimento da doutrina profética. Muitas pessoas impuras, profanas e ímpias que tem aparecido no mundo confirmam, na teoria, o segundo advento de Cristo; mas eles não estão esperando o Filho, portanto não se purificam a eles mesmos, nem tampouco podem fazê-lo. É impossível que alguém que genuinamente está esperando a aparição do Senhor Jesus Cristo, não faça um esforço para crescer em santidade, separar-se do mal e ter um coração puro para Ele. “Eis que cedo venho, bem aventurado aquele que quando o Filho do Homem vier se encontre  velando assim”.  Aqueles que conhecem o Senhor Jesus Cristo e amam sua vinda, buscarão diariamente despojar-se de qualquer coisa contraria aos pensamentos de seu Mestre; buscarão mais e mais ser conforme a Ele em todas as coisas. Os homens podem sustentar a doutrina da segunda vinda de Cristo e ainda assim permanecer agarrados ao mundo e a suas coisas com um enorme afã, mas o verdadeiro servo de coração fixará seus olhos no retorno de seu Mestre, recordando de suas benditas palavras: “Virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estou, vós estejais também” (João 14:3).

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