sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

João o Batista

JOÃO O BATISTA – SOMENTE "UMA VOZ"


Perguntas e como respondê-las.



Eu me interessei muito, ultimamente, em considerar a maneira excelente na qual João o Batista respondeu as várias perguntas que lhe foram apresentadas; uma vez que em seus dias, lamentavelmente, havia perguntas tal como há em nossos.

Estou a me referir, especialmente agora, ao que nos é apresentado em João 1 e João 3.

A primeira pergunta que este amado e distinguido servo de Cristo foi chamado a responder, foi com respeito a ele mesmo, e ele trata com isto rapidamente e com muita simplicidade. Este é o testemunho de João, quando os Judeus enviaram sacerdotes e levitas de Jerusalém para que lhe perguntassem, "Quem és tu"?

É sempre difícil e inoportuno, para qualquer pessoa de mente sincera, falar de si mesma. Não duvido que João se encontrou assim. Ele lhes disse sem reservas que ele não era o Messias (o Cristo), que ele não era Elias; e honestamente afirmou que ele não era nem sequer o profeta. Mas eles haveriam de receber dele uma resposta mais positiva ainda. "Disseram-lhe pois: quem és? para que demos resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo"? Ele, de fato, tinha pouco que dizer de si mesmo. O pronome pessoal  'eu', tinha um lugar muito pequeno nos pensamentos de João. 'Uma voz'. Foi sua resposta. Só isto? Sim, isto foi tudo que tinha a dizer de si mesmo. O espírito do profeta havia falado; João cita as suas palavras, e se detém ali. Servo bendito! Testemunho distinguido! Oxalá que nós tivéssemos mais do seu espírito excelente! — mais do seu método de dar resposta às  perguntas!

Mas estes Fariseus não estavam satisfeitos. O espírito de auto ocultação de João os transcendia. "e lhe perguntaram, e disseram: Por que, pois, batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?"

Mais uma vez, rapidamente, João resolve isto. "João lhes respondeu dizendo: —Eu batizo em água, mas no meio de vós está um a quem vós não conheceis. Ele é o que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da alparca." (João 1: 26 e 27).

Assim, quanto a ele mesmo, ele era meramente uma voz. E, quanto a sua obra, ele batizava em água, e ele se contentava muito somente com o fato de esconder-se atrás dAquele Bendito e Único Senhor, do qual, a correia de seu calçado ele se sentia absolutamente indigno de desatar.

Isto é muito maravilhoso. Sentiríamos muito seguros se o formoso espírito exibido por este mui ilustre servo do Senhor Jesus Cristo fosse desejado fervorosamente. Precisamos conhecer, mais e mais, acerca do ato de ocultar-se a si mesmo — deste ato de perder de vista o 'eu' e suas obras — deste espírito reservado. Certamente, nós necessitamos muito deste espírito nestes dias de jactância e pretensões agnósticas.

Agora passem comigo, por um momento, a João 3. Temos aqui outro tipo de pergunta. Não se trata agora dele ou da sua obra, mas acerca da purificação. "Então houve discussão entre os discípulos de João e os judeus acerca da purificação. E vieram a João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, de quem tu deste testemunho, batiza, e todos vêm a ele."

Contudo, isto era um erro, visto que "o Senhor Jesus não batizava, mas seus discípulos." (João 4:2). Mas este não é o ponto aqui. O que causa admiração é o modo que João utiliza para responder todos os inquiridores. Ele encontra uma solução perfeita para tudo na presença de seu Senhor. "Respondeu João e disse: Não pode o homem receber nada, se do céu não lhe for dado." (João 3:27).

Quão perfeito! Quão simples! Que resposta óbvia! Que solução ele tem para toda pergunta! Se num homem há algo, em absoluto o que há, de onde veio? De onde pode vir? Só do céu, certamente. Que coração perfeito para a contenda, para a inveja, para os zelos, e a imitação! "Toda boa dádiva e todo dom perfeito provem do alto e desce do Pai das luzes." (Tiago 1:17). O que diz isto acerca da terra e do homem! Que testemunho rende esta Escritura ao Céu e a Deus! Nem um átomo de algo bom na terra salvo o que provem de Deus. Então, por que deveria alguém jactar-se, ou ser zeloso, ou invejoso? Se toda bondade provem do alto, que termine aqui toda contenda, e todos os corações se levantem em louvor ao "Pai das luzes."

Foi assim que João o Batista respondeu às perguntas em seu dia. Ele permitiu que todos os seus inquiridores soubessem que suas perguntas tinham pouco interesse para ele. E mais que isso, lhes deu a conhecer onde estavam seus interesses. Este servo bem-aventurado encontrou todos os seus mananciais no Cordeiro de Deus, em Sua obra preciosa — em Sua Pessoa gloriosa. A voz do esposo foi suficiente para ele e, havendo feito isso, seu gozo foi completo. A pergunta acerca da purificação pode ser muito interessante em seu devido lugar, e sem dúvida, é igual a todas as outras perguntas, tinha seu aspecto positivo e seu aspecto negativo; mas para João, a voz do Esposo foi amplamente suficiente. Na sua presença, ele encontrou uma resposta divina para cada pergunta — uma solução divina para cada dificuldade. Ele levantou seus olhos ao céu, e viu toda coisa boa vindo dali. Ele olhou na face do Esposo, e viu toda glória moral centralizada ali. Isto foi suficiente para ele. Por que perturbar-se com perguntas de qualquer natureza — perguntas acerca dele ou de sua obra, ou sobre purificação? Ele viveu além do cenário das perguntas; viveu na presença bendita de seu Senhor, e encontrou ali tudo o que seu coração podia vir a necessitar.

Diante de tudo isto, me parece que nós faríamos muito bem se seguíssemos este exemplo do livro de João, quanto a tudo isto. Não é preciso recordar que, nestes dias, há perguntas que agitam as mentes dos homens. Efetivamente há, e alguns de nós somos arguidos a explicar por que não nos posicionamos mais explicitamente acerca de, pelo menos, algumas destas questões. Todavia, de minha parte, creio que o diabo está fazendo tudo o possível para afastar nossos corações de Cristo e afastar-nos uns dos outros por meio destas perguntas. Não deviéramos ignorar seus ardis. Ele não diz abertamente, “Eu sou o diabo e quero dividi-los e dispersá-los mediante questionamentos”. Não obstante, isto é precisamente o que ele está fazendo.

Pois bem, não importa se o questionamento é correto ou incorreto em si mesmo; o diabo pode fazer uso de uma pergunta correta tão efetivamente como de uma incorreta, sempre que ele puder ter êxito em elevar essa pergunta a uma proeminência indevida, e em fazer que ela se interponha entre nossas almas e Cristo, e entre nós e nossos irmãos. Eu posso até entender uma diferença no juízo acerca de várias questões menores; mas os Cristãos tem desentendido acerca de tais questões por longos séculos, e continuarão desentendendo até o fim do tempo. É a debilidade humana. Mas quando se permite que qualquer controvérsia assuma uma proeminência indevida, isso deixa de ser debilidade humana, e se converte numa artimanha de Satanás. Eu posso ter um juízo definido acerca de qualquer ponto dado, e vocês também; mas o que anelamos agora é acabar exaustivamente com todas as nossas controvérsias, e regozijarmos juntos ouvindo a voz do Esposo, e continuar juntos na luz de Sua bendita face. Isto confundirá o inimigo. Nos livrará eficazmente do prejuízo e da parcialidade dos grupos e dos círculos. Não mediremos mais uns aos outros por nossas opiniões acerca de qualquer assunto particular, mas pela nossa apreciação da Pessoa do Senhor Jesus Cristo, e nossa consagração a Sua causa.

Numa palavra, amados e preciosos irmãos, o que anelamos é que todos nós, através de todo o mundo, possamos ser caracterizados por meio de uma consagração intensa, completa, ao Nome e a verdade, e a causa do Senhor Jesus Cristo. Anelo cultivar amplas afinidades, que possam acolher a todos os que amam ao Senhor Jesus Cristo verdadeiramente, ainda que não coincidam em todas as questões menores. No melhor dos casos, "em parte conhecemos" (1ª. Coríntios 13:9); e nunca podemos esperar que as pessoas estejam de acordo conosco em tudo acerca das todas as coisas. Mas se Cristo for nosso único objeto de atração, todas as outras coisas assumirão seu verdadeiro lugar, seu valor relativo, suas corretas proporções. "Assim que, todos os que somos perfeitos [todos os que têm a Cristo como seu único objeto], sintamos isto mesmo; e se outra coisa sentis [se pensais diferentemente, grego: hetéros] isto também Deus vos revelará (Filip 3:15). Mas onde temos chegado, sigamos uma mesma regra [Cristo], sintamos uma mesma coisa [Cristo]. No momento que qualquer outra coisa fora de Cristo for introduzida como uma regra para ser seguida, isso é simplesmente a obra do diabo. Estou tão seguro disto, como a de que tenho esta pena em minha mão para escrever este artigo.

Que o Senhor possa manter todos nós próximos dEle, andando juntos, não em sectarismo, mas em verdadeiro amor fraternal, procurando a benção e a prosperidade de todos os que pertencem ao Senhor Jesus Cristo, e promovendo por todos os meios possíveis, Sua causa bendita, até que Ele venha!

C. H. Mackintosh 
Extraído de: www.graciayverdad.net





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