terça-feira, 25 de junho de 2019

A Igreja de Deus.


A Igreja de Deus.



Se procurarmos no sistema mundano algo corrompido, nada sofreu mais corrupção, neste sistema, do que a igreja como é atualmente conhecida. Nos dias dos apóstolos a igreja era o ajuntamento dos santos, em qualquer lugar onde este nome fosse mencionado, não havia nenhuma dúvida acerca do que que se falava; nos nossos dias a igreja é um templo, um prédio ou uma casa onde pessoas se reúnem.

É muito provável que a maioria dos chamados crentes nunca pararam para pensar no ultraje que causam a Deus, quando mudam (embora despretensiosamente) o significado da igreja. Para Deus a igreja é de uma beleza, de uma grandeza e de um valor incalculável. Ele a contempla como a noiva do seu Amado Filho, pela qual, Ele (o Senhor Jesus) deu a sua preciosa vida.

Ele não morreu por uma construção, ou por uma organização, seja de que natureza for. Ele, como diz Efésios 5:25, se deu a si mesmo pela igreja e fez isto por amor. Então chamar uma construção, uma organização ou um nome atribuído pelos homens de igreja é difamar, menosprezar aquilo que Ele fez. É diminuir, reduzir a nada seu significado e valor. Esta é a grande missão satânica desvalorizar, tanto a obra do Senhor Jesus, quanto a sua redenção, atribuindo valores aquilo que não tem e desprezando aquilo que foi valorizado e apreciado por Deus.

Diante disto perguntamos: Deus perdeu a identidade da igreja? De modo nenhum! Ninguém pode subtrair do pensamento do Senhor a ideia original do que é a sua igreja. Apesar do que expomos acima, a Igreja de Deus permanece ilesa a todas as investidas do mal contra a sua estrutura, nenhum poder, quer seja até mesmo do céu ou do inferno poderá maculá-la.

Recorramos, novamente, às palavras de Paulo em Efésios 5:25 para demonstrar o valor que a igreja tem para Deus, diz o inspirado apóstolo: “Cristo Amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. A única entidade (se é que podemos usar esta palavra) neste mundo que tem valor para Deus é a igreja que Ele comprou com o sangue do Seu Amado Filho.

Pois, bem, então encontramos no Novo Testamento, como referida pelo próprio Senhor a igreja. Sua primeira menção na bíblia está em Mateus 16:18 e é uma referência a algo futuro. O verbo edificar usado está no futuro do presente indicando um acontecimento vindouro – edificarei. A palavra é usada mais uma vez nos evangelhos e está também em Mateus, agora no capitulo 18:17; depois só a encontramos no livro dos Atos dos apóstolos e nas Epístolas.

Em cada aparição é impressionante notar o número do substantivo utilizado. Quando a igreja que estava em Jerusalém é mencionada no livro de Atos, é chamada de igreja de Jerusalém, sempre usando a forma singular (Atos 2:47: 5:11; 8:1; 11:22), embora na cidade de Jerusalém houvesse mais do que um lugar de reunião (Atos 2:46: 5:42; 8:3). Quando fazia referência a uma província, usava sempre a forma plural: “As igrejas da Galácia, etc. (9:31; Gal. 1:2).

Diante, disto, vemos que quando se fazia referência a uma cidade usa-se o termo no singular e quando se referia a uma província, o termo era usado no plural e sempre era utilizado para apontar o ajuntamento ou ajuntamentos dos santos.

Este ajuntamento é mencionado também no Novo Testamento indicando a postura daqueles que se reuniam em torno do nome do Senhor Jesus. Torna-se necessário observar atentamente os nomes que foram usados nestas reuniões. Dentre estes observemos aquele que foi usado em Atos 2:43: “Em cada alma havia temor”. Quantas vezes encontramos esta palavra nas escrituras. É provável que das aparições a mais conhecida fosse aquela usada por Jó e Salomão: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Jó 28:28; Prov. 1:7), embora apareça em muitos outros lugares como no Salmo 89:7 e Filip. 2:12. Só no livro de Provérbios encontramos esta expressão “Temor do Senhor” 14 vezes.

Quando pensamos em qualidade, pensamos naquilo que deve ser uma característica do povo de Deus, por isso, alguns adjetivos são marcas características daqueles que se relacionam com Deus, assim encontramos palavras tais, como: Santos, inculpáveis, irrepreensíveis.

A igreja de Deus é apresentada nas escrituras sob três aspectos principais, por um lado é chamada o “CORPO DE CRISTO” (Efe. 1:23; 5:30, Col. 1:24; 1 Cor.12:13,27) , depois “Casa de Deus” (1 Tim. 3:15; Efe. 2:20-22); e por outro, a NOIVA OU ESPOSA DO CORDEIRO (Apoc.19:7; 21:2,9; 22:17). Seja qual for o aspecto que a contemplemos vemos nestas analogias uma beleza e uma grandeza da maior expressão e valor.

Como corpo de Cristo vemos a forma sublime como a sabedoria de Deus coordenou os membros, colocando-os no corpo como quis, de forma que há muitos membros, mas um só corpo, dando muito mais honra aquilo que menos tinha, para que não haja divisão no corpo e os membros tenham igual cuidado uns dos outros (I Cor. 12:18-27) e assim o corpo é edificado sob o fundamento dos apóstolos e profetas, de que Cristo Jesus é a principal pedra da esquina; no qual todo edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor (Efe. 2:20, 21). Na complexidade de um corpo bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor (Efe. 4:16).

Assim temos os dons espirituais sendo utilizados com os fins e propósitos para os quais o Senhor os deu à igreja, distribuindo a cada um, conforme ele quis. Romanos 12, I Cor 12 e 14 e Efésios 4 tratam especificamente dos dons espirituais e sua aplicação na igreja de Deus. É bom enfatizar que alguns dons foram dados, como o objetivo especifico de edificar os santos, conforme nos ensina Efésios 4:11-14.

Ali aprendemos que os dons de Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores foram dados para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério e para edificação do corpo de Cristo (versos 11 e 12). O primeiro não existe mais, pois o período dos apóstolos passou, O segundo, no sentido que temos no velho testamento passou também, mas se o entendermos conforme 1 Coríntios 14, vamos vê-lo em atividade na igreja; os demais persistem. Nem todos os salvos possuem estes dons, pois, como a própria palavra ensina, eles existem ou foram dados com o objetivo acima, ou seja, aperfeiçoar, habilitar e edificar os santos.

Deus em sua sabedoria, como quis, concedeu dons para este propósito e disto vemos como Ele cuida, aprecia e zela pela igreja que Ele comprou com o precioso Sangue do Seu Amado Filho. Isto podemos aprender das próprias palavras do Senhor Jesus à mulher samaritana, quando disse que o Pai procura adoradores verdadeiros, que o adore em espírito e em verdade (Jo 4:23, 24).

É muito lamentável quando ouvimos que certos irmãos nem sabem qual ou quais são seus dons espirituais.  Isto é muito triste e incondizente com aqueles que professam o nome do Senhor, mas é mesmo verdadeiro acerca de muitos, e digo isto, por ouvir estas afirmações de certos irmãos.

O conhecimento sobre os dons espirituais é de grande importância neste contexto. Diz o apóstolo Paulo aos Coríntios: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (I Cor. 12:1). É, portanto, necessário que tenhamos conhecimento não só dos dons, mas, principalmente, sobre sua aplicação na igreja, ou seja, como os membros funcionam no corpo, ou o lugar de cada um. Em Romanos 12:1,2, Paulo apresenta o caminho por onde podemos chegar a este conhecimento.

A igreja de Deus (como o próprio nome igreja significa) foi tirada do mundo e colocada num lugar à parte para Deus. Ela deve estar ocupada com o Senhor Jesus Cristo e o motivo de existir é adorar e servir a Deus.  Sem o discernimento dos dons espirituais ela fica incapacitada de cumprir a sua missão, isto é, de adorar e servir. Assim como no corpo físico, cada membro deve saber com exatidão onde atuar e assim promover a edificação do corpo, pois, somente assim Deus será glorificado.

Como casa de Deus, como a própria palavra diz, ela é a própria habitação de Deus aqui na terra. Deus o Espírito Santo veio habitar em cada crente individualmente, e quando pensamos na igreja como a casa de Deus, então, pensamos em todos os crentes unidos pelo Espírito Santo constituindo a morada de Deus na terra, como um testemunho para o próprio Deus, para o mundo. Esta grande verdade foi a primeira a ser perdida pela humanidade no decurso da sua existência aqui.

É de suma importância que ela seja restaurada e nós devemos ser os canais pelos quais esta verdade indissolúvel deve ser conhecida. Não podemos de forma nenhuma esconder da responsabilidade que pesa sobre nós acerca deste fato. Deus não só quer salvar os pecadores, mas, principalmente, quer habitar neles e estar junto deles, em toda consolidação dos seus sublimes projetos. Assim vemos no livro dos Atos esta verdade sendo exposta de um modo prático, enquanto que, em 1 Timóteo temos de um modo doutrinal.

No livro de Atos aprendemos como a igreja foi estabelecida e como o Espírito Santo tinha liberdade para atuar naqueles que foram salvos. Quão diferente contemplamos em nossos dias! Vemos que a casa de Deus perdeu inteiramente (falando do ponto de vista no qual hoje é contemplada) suas características e sua identidade. A casa hoje não é a casa dos dias dos apóstolos. Portanto, é imprescindível que nós voltemos à palavra de Deus para redescobrir seus propósitos e sua vontade, no que diz respeito à igreja como sua casa. Quando olhamos para fora e contemplamos a enorme quantidade de nomes e credos que nos cercam, ficamos impressionados com o que o homem fez com aquilo que foi confiado a sua responsabilidade, isto é, a igreja de Deus. Apocalipse capítulos 2 e 3 é a demonstração mais clara do que estamos a descrever. Possa o leitor atentar para esta sublime verdade!

Como a Noiva do Cordeiro vemos a igreja como participante, tanto das glórias, como do sofrimento do Senhor Jesus. Ela é vista neste caráter sob diferentes aspectos e, portanto, é contemplada em sua associação com Ele. Dentre as coisas preciosas que esta associação demonstrará, temos o que Paulo escreveu em Efésios 5:27: “Para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”. É como se Paulo dissesse, pelo Espírito Santo, que a igreja conforme vista por Deus, jamais fosse contaminada pelo pecado. O primeiro símbolo de morte que encontramos nas escrituras está em Genesis 2:21, quando o homem ainda não havia pecado. Diz o texto sagrado que “Deus fez cair um pesado sono sobre Adão e este adormeceu; tomou uma de suas costelas e desta costela formou uma mulher”. Ali não havia na raça humana a presença do pecado, e nesta condição, Deus apresentou a Adão sua auxiliadora. Em Efésios 5:27, temos a igreja também, sendo apresentada sem qualquer indicio ou sinal de que outrora fosse contaminada pelo pecado.

Tal é o valor da redenção efetuada pelo Senhor Jesus Cristo e tal é a posição que temos diante de Deus  por causa desta propiciação. Lembramos das palavras de João quando disse: “Ele é a propiciação pelos nossos pecados” (I JO. 2:2).

A igreja de Deus é também vista em Mateus 13 sob diferentes prismas. É vista como uma coisa muito pequena, mas que cresce e se torna uma árvore, de sorte que as aves do céu se aninham nos seus ramos (versos 31, 32); também é comparada ao tesouro escondido no                                  campo ou a uma pérola de grande valor (versos 44-46).    

O livro de Cantares nos dá muitos detalhes da relação noivo / noiva ou esposo / esposa, e é precioso demais observar esta intimidade como está descrita ali.  A apreciação, o anseio, o amor da noiva pelo noivo são características marcantes daquele livro e deveria traduzir o que o Senhor deveria ser para sua amada igreja.  Infelizmente, o processo corruptivo pelo qual a “igreja” passou, passa, ofuscaram a sua beleza e foi perdida a fragrância da Bendita presença da Pessoa do Senhor Jesus e seu Precioso Nome foi substituído pelos diversos nomes que os interesses humanos encontraram. Que tristeza! Que lamentação! O Nome que está acima de todo nome não é suficiente e nem pode soar agradável onde os interesses humanos atuam.

Mas graças ao bom Deus este Nome soa com uma fragrância incomparável onde o Bendito Senhor ocupa um lugar no meio do seu amado povo, onde a sua presença, conforme prometeu, é buscada com adoração e louvor. A igreja professa precisa de nome para existir; a igreja de Deus se compraz no Senhor Jesus e está satisfeita em pertencer exclusivamente a Ele. Deus seja louvado por isto. Amém!   

J. B. C.

Dez. 2015.                                                                                                  


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