quinta-feira, 16 de abril de 2020

O grande galardão da fé. Hebreus 11


O grande galardão da fé.

Hebreus 11



O “grande galardão” se revela na vida de fé, a qual nós iremos ocupar agora. Nós somos chamados — como disse John Bunyan — a “desempenhar o papel de homens” (cf. 1.ª Coríntios 16:13). Para sermos felizes dentro, devemos combater fora. Este capítulo 11 nos mostra os escolhidos de todos os séculos “desempenhando o papel de homens” com o poder deste principio de confiança. “No rejeiteis, pois, vossa confiança”, diz, pois, ela tem “grande galardão” (Heb. 10:35). A fé é um principio que distingue em Deus duas coisas diferentes. Ela o vê como aquele que justifica ao ímpio, como, por exemplo, em Romanos 4; mas aqui ela vê Deus como o “galardoador daqueles que o buscam”. Nem bem chegastes a Deus por meio de uma fé que não faz obras, e logo estais em uma fé que faz obras. E enquanto abrigamos com justiça uma fé que salva nossas almas, não seremos indiferentes a uma fé que serve ao nosso Salvador. Quão intrepidamente às vezes reivindicamos nosso direito a herança, mas valorizamos nossa herança? É uma coisa muito infeliz e miserável jactarmos do nosso título e, não obstante, mostrar que o coração está pouco exercitado pela esperança da herança. De igual modo, se me jacto de uma fé justificante, é uma pobre coisa ser indiferente à fé que temos aqui no capítulo 11.



A vida de José é uma vida formosa, uma vida de fé desde o principio. José foi um homem santo através de todo seu caminho; porém ouve um magnífico resplendor de fé justamente no final. Ele tinha suas mãos sobre os tesouros do Egito e seu pé sobre o trono desse império; no entanto, em meio de tudo isso, falou da partida de seus irmãos. Isso era ver as coisas invisíveis, e é o  único dos seus atos que o Espírito tem descrito como um ato de fé. Porque falou desta maneira? Seria como se tivesse dito aos seus irmãos: “Ah! Não ando por vista; aconteça o que acontecer os faço saber que saireis desta terra. Quando partires, levai-me convosco”.



O curso geral de sua vida foi intocável; embora encontrarmos nas palavras que pronunciou no momento de sua partida, as mais excelentes expressões de sua fé. E é exatamente o de que agora nós necessitamos.  Necessitamos ser justos somente? É certo que precisamos ser. Mas isto consistirá numa vida de fé? Devemos procurar estar sob o poder das coisas que se esperam, das que não vemos, esperando o retorno do Senhor; pois, se não o fizermos com energia, poderemos até mesmo ser intocáveis, mas não estaremos andando nessa vida de fé pela qual “os antigos alcançaram bom testemunho”. De modo que até aqui vemos a fé como um principio operante. Não é a fé do pecador, a qual é uma fé sem obras. Desde o momento em que a fé, sem obras, tem feito de mim um santo, devo tomar possessão da fé ativa e viver pelo poder dela, a fé com obras.



Prosseguindo, não esqueçamos o que destacamos, a saber, que todo este capítulo 11 vincula-se com o versículo 35 do capítulo 10, do qual é uma ilustração. Quanto mais forte for nossa fé, mais potente será também nossa energia moral. Este capítulo nos mostra como o principio da fé ganhou a batalha. Não o lemos como se fosse para glória de Noé, de Abraão, de Moisés e outros: é para glória da fé tal como se desenvolveu nesses santos. Que coisa tão simples e bendita é o lugar que Deus nos colocou em Cristo! Fico admirado quando vejo como o diabo causou-nos um duplo dano ao colocar-nos fora do véu e dentro do arraial; e como a obra do Senhor Jesus Cristo tem feito provisão de um duplo remédio correspondente. Regozijo-me com o pensamento de que ganhei a Deus ao perder o mundo? Isto é precioso, é meu lugar no Senhor Jesus.



A seguir diremos algumas poucas palavras sobre o oposto do que temos dito acima como principio operante da fé. Pouco importa o que colocamos no lugar do Senhor Jesus Cristo; se nos apartarmos Dele poderemos estar amanhã na mesma posição do reprovado Esaú em capitulo 12. Como Esaú é apresentado? Como tipo dessa geração que cedo dirá: “Senhor, Senhor, abre-nos.” Mas suas lágrimas serão tão inúteis como as que Esaú derramou junto ao leito do seu moribundo pai. Chegou demasiado tarde. De igual modo, uma vez que Deus levantou e fechou a porta, não encontrará eco o arrependimento deles. Este versículo 17 é muito solene. Me diz que essa ação de Esaú apresenta aos nossos pensamentos o que acontecerá ainda a uma geração animada pelo espírito de Esaú e somente a uma tal geração. “Vede, ó desprezadores, e espantai-vos e desaparecei” (Atos 13:41). Esaú menosprezou sua primogenitura, e esta geração recusa a graça de Deus, não conhece o caminho da fé e menospreza ao Senhor Jesus Cristo, que passou por este mundo e morreu pelos pecadores.





J. G. Bellett

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