terça-feira, 25 de maio de 2021

A BIBLIA: DE ONDE É? do céu ou dos homens?

 

A BIBLIA: DE ONDE É?

do céu ou dos homens?

 

 

"Toda a Escritura é inspirada por Deus." (2 Timóteo 3:16).

 

  Preciosas palavras! Oxalá elas fossem minuciosamente entendidas e compreendidas nestes dias! É da maior importância possível que o povo do Senhor esteja arraigado, fundamentado e estabelecido na grande verdade da inspiração plenária das Santas Escrituras.

É temeroso que o descuido quanto a este assunto da maior importância, esteja estendendo na igreja professante numa magnitude que causa consternação. Em muitos lugares é notório ver o desprezo acerca da verdade referente à inspiração plenária das escrituras.

Ela é vista como a mais absoluta puerilidade e ignorância. O fato de serem capazes, mediante a crítica livre, de descobrir imperfeições no precioso volume de Deus, é considerado por muitos, como uma grande demonstração de profunda erudição, amplitude de mente e pensamento original; e depois, presumir e assumir o direito de julgar a Bíblia como se fora uma mera composição humana. Eles empreendem a tarefa de pronunciar-se sobre o que é, e sobre o que não é digno de Deus. De fato, eles assumem, virtualmente, o direito de julgar a Deus mesmo.

O resultado presente é, como se podia esperar, de trevas e confusão absoluta, tanto para os próprios ilustrados doutores como para todos os que são tão néscios para escutá-los. E quanto ao futuro, quem pode conceber o destino eterno de todos aqueles que terão que responder ante o tribunal de Cristo pelo pecado de blasfemar da Palavra de Deus, e descarrilhar a centenas mediante seu ensino incrédulo?

 

         No entanto, nós não ocuparemos tempo em estender-nos sobre esta pecaminosa insensatez de incrédulos e ascéticos, embora sejam denominados Cristãos, ou seus frágeis esforços para desonrar o incomparável volume que nosso amável Deus ordenou que fosse escrito para nosso ensino.

 Certamente em um certo dia descobrirão seu fatal equívoco. Permita Deus que não seja muito tarde! E quanto a nós, que seja nosso profundo gozo e nossa profunda consolação e alegria meditar na Palavra de Deus, para que deste modo, sempre estejamos descobrindo nessa mina inesgotável, alguns novos tesouros, algumas novas glórias morais nessa revelação celestial que nos fala com um detalhe e uma frescura tal, como se fora escrita expressamente para nós, nestes dias nos quais vivemos.

 

         Não existe nada como  a Escritura. Tomem, por exemplo, qualquer escrito humano da mesma data da Bíblia; se puderes por a tua mão em algum volume escrito três mil anos atrás, que acharias? Uma curiosa relíquia da antiguidade, algo a ser posto em algum Museu, talvez ao lado de uma múmia Egípcia, que não teria absolutamente nenhuma aplicação para nós ou para nosso tempo, um documento mofado, um livro com histórias obsoletas, inútil para nós de forma prática, referindo-se a um estado de sociedade e a uma condição de coisas passadas há muito tempo e enterradas no esquecimento.

         A Bíblia, pelo contrário, é o livro para o dia de hoje. É o livro de Deus, é Sua revelação perfeita. É Sua própria voz falando a cada um de nós. É um livro para todas as épocas, para todas as regiões, para toda classe de pessoas, para todas as classes sociais, alta, media e baixa, para o rico e o pobre, para o culto e para o ignorante, para ancião e para o jovem. Fala em uma linguagem tão simples que um  menino pode entendê-la, e mesmo assim tão profundo, que o maior intelecto não pode esgotá-la.

Além disto, fala direto ao coração, toca os mananciais mais profundos de nosso ser moral; penetra às raízes ocultas dos pensamentos e do sentimento na alma; julga-nos minuciosamente. Numa palavra, é como nos diz o escritor inspirado da epístola aos Hebreus: “É viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hebreus 4:12).

 

Então, observemos o maravilhoso alcance da sua extensão. Trata com precisão e tão fortemente com os hábitos e costumes, as maneiras e os axiomas do século 21 da era Cristã, assim como, dos primeiros dias da existência humana. Exibe um perfeito conhecimento do homem em cada etapa de sua história. Quer olhemos para uma cidade destes dias ou para a cidade de Tiro de três mil anos atrás, vê-las-emos refletidas nas páginas sagradas com a mesma precisão e fidelidade.

A vida humana em cada etapa do seu desenvolvimento é retratada por uma mão mestra nesse maravilhoso volume que nosso Deus escreveu benignamente para nosso ensino.

Que privilégio nosso é possuir um livro semelhante! Ter em nossas mãos uma revelação divina! Ter acesso a um livro, do qual cada linha é dada por inspiração de Deus! Ser agraciados e possuir por divinas revelações, uma história do passado, do presente e do futuro! Quem pode estimar corretamente um privilégio tal como este?

         Então, este livro julga o homem, julga seus caminhos, julga seu coração. Diz-lhe a verdade acerca de si mesmo. Por isso o livro de Deus não agrada ao homem. Um homem inconverso preferiria amplamente um periódico ou uma novela sensacionalista à Bíblia. Ele prefere ler a notícia de um juízo em uma corte de justiça criminal, do que um capítulo no Novo Testamento.

         Daí, também, o esforço constante de buscar defeitos no bendito livro de Deus. Incrédulos, de todas as épocas e de todas as classes, têm trabalhado duro para descobrir imperfeições e contradições na Escritura Santa.

Os inimigos resolutos da Palavra de Deus serão achados, não só nas filas dos vulgares, dos grosseiros e dos corrompidos, mas entre os educados, os refinados e os cultos. Tal como aconteceu nos dias do apóstolo Paulo: ”Mas os judeus desobedientes, movidos de inveja, tomaram consigo alguns homens perversos, dentre os vadios" (Atos 17:5); e "mulheres religiosas e honestas" (Atos 13:50), duas classes de pessoas tão afastadas umas das outras, socialmente e moralmente, mas encontraram um ponto em que eles pudessem estar sinceramente de acordo, a saber, a rejeição absoluta da Palavra de Deus e de quem a pregava fielmente (Compare Atos 13:50 com Atos 17:5).

Deste modo, nós sempre encontramos que os homens que diferem em quase tudo o mais, concordam em sua resoluta oposição à Bíblia. Outros livros são deixados em paz. Os homens não se preocupam de assinalar defeitos nos escritos de Virgílio, Horácio, Homero ou Heródoto; mas eles não podem suportar a Bíblia, pois ela os expõe e lhes diz a verdade acerca deles mesmos e do mundo ao qual eles pertencem.

   E, não foi exatamente assim com a Palavra viva, o Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, quando Ele esteve aqui entre os homens? Os homens o aborreceram porque Ele lhes disse a verdade.

Seu ministério, Suas palavras, Seus modos, Sua vida inteira foi um testemunho constante contra o mundo; daí a amarga e persistente oposição deles: aos outros homens deixaram passar, mas Ele foi observado e perseguido em cada movimento de Sua senda. Os grandes líderes e guias do povo "consultaram entre si como o apanhariam em alguma palavra" (Mateus 22:15), para achar ocasião contra Ele para poder entregar-lhe ao poder e autoridade do governador.

Assim foi durante sua maravilhosa vida; e ao final, quando o Bendito Senhor foi cravado na cruz entre dois malfeitores, estes últimos foram deixados em paz; não houve insultos dirigidos a eles, os principais sacerdotes e anciãos não menearam suas cabeças ante eles. Não: todos os insultos, toda a zombaria, toda a grosseiría e vulgaridade de coração, tudo se acumulou sobre o Ocupante divino da cruz central. 

         Pois bem, é bom que nós entendamos a fundo a fonte real da oposição à Palavra de Deus, seja ela a Palavra viva ou a Palavra escrita. Isso nos capacitará para estimá-la em seu real valor.

         O diabo odeia a Palavra de Deus, a odeia com um ódio cruel, e por isso Ele emprega incrédulos eruditos para escrever livros que demonstram que a Bíblia não é a Palavra de Deus, que não pode ser, uma vez que há erros e discrepâncias nela; e não só isso, mas que no Antigo Testamento encontramos leis e instruções, hábitos e práticas indignas de um Ser amável e benevolente.

         A todo este estilo de argumento nós temos uma breve e direta resposta: De todos estes eruditos incrédulos dizemos simplesmente: “eles não conhecem absolutamente nada acerca do assunto.” Eles podem ser muito eruditos, muito inteligentes, pensadores mui profundos e originais; bem preparados em literatura geral, muito competentes para dar uma opinião sobre qualquer tema dentro do domínio da filosofia natural e moral, muito capazes de discutir qualquer assunto científico.

Além disto, eles podem ser muito amáveis na vida privada, ter um caráter estimável, benevolentes e filantrópicos, particularmente amados e respeitados em público. Eles podem ser tudo isto, porem ao serem inconversos, e ao não ter o Espírito de Deus, eles são totalmente incompetentes para formar, e muito menos para emitir, um juízo sobre o tema das Santas Escrituras.

         Se alguma pessoa completamente ignorante da astronomia presumisse emitir um juízo sobre os princípios do sistema Copernicano, estes mesmos homens de quem falamos a declarariam imediatamente, absolutamente incompetente para falar, e indigna de ser ouvida sobre semelhante tema. Em resumo, ninguém tem nenhum direito em absoluto para oferecer uma opinião sobre um assunto do qual não tem conhecimento. Este é um princípio admitido por todas as partes e, portanto, sua aplicação no caso que temos agora diante de nós não pode diferente. 

         Pois bem, o apóstolo inspirado nos diz em sua primeira Epístola aos Coríntios, que: "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Coríntios 2:14). Isto é conclusivo. Ele fala de homens em seu estado natural, por mui erudito e culto que Ele seja.

Ele não está falando de nenhuma classe especial de homens, mas simplesmente do homem em seu estado inconverso, do homem desprovido do Espírito de Deus. Alguns podem imaginar que o apóstolo se refere ao homem num estado de barbárie, ou de selvagem ignorância. De nenhum modo; trata-se simplesmente do homem natural, seja Ele um erudito filósofo ou um ignorante completo. Ele não pode conhecer as coisas do Espírito de Deus.

Então, como pode Ele formar ou emitir um juízo sobre à Palavra de Deus? Como pode tomar a seu cargo dizer o que é, ou o que não é digno que Deus escreva? E se Ele for suficientemente audaz para fazê-lo, quão lamentável isso será! Mas fazendo-o ele, quem será suficientemente néscio para ouvi-lo? Seus argumentos são sem base; suas teorias sem valor; seus livros só servem para o lixo. E tudo isto, observe-se, sobre o principio universalmente admitido acima mencionado, de que ninguém tem nenhum direito a ser ouvido sobre um tema do qual ele é completamente ignorante.

         Deste modo nos livramos da tribo completa de escritores incrédulos. Quem pensaria escutar um cego dissertando sobre o tema da luz e da sombra? E, contudo, um homem semelhante tem maior quantidade de motivos para ser ouvido do que um homem inconverso sobre o tema da inspiração das escrituras.

O ensino humano, por mais variado e extenso que possa ser; a sabedoria humana, por muito profunda que seja não pode qualificar um homem para emitir um juízo sobre a Palavra de Deus.

Sem qualquer duvida um estudioso pode examinar e cotejar Manuscritos, simplesmente como um assunto de crítica; Ele pode ser capaz de formar um juízo quanto à questão da autoridade para qualquer leitura particular de uma passagem; mas este é um assunto totalmente diferente de um escritor incrédulo que empreenda a tarefa de emitir um juízo sobre a revelação que Deus, em Sua bondade infinita, nos deu.

Nós sustentamos que nenhum homem pode fazer isto. É só pelo Espírito que inspirou as Santas Escrituras que essas Escrituras podem ser entendidas e apreciadas. A Palavra de Deus deve ser recebida em sua própria autoridade.

Se o homem puder julgá-la ou discutir sobre ela, não é a Palavra de Deus em absoluto. Ou Deus nos deu uma revelação ou não nos deu? Se Ele deu, ela deve ser absolutamente perfeita em todos os aspectos, e sendo assim, deve estar inteiramente além do alcance do juízo humano. O homem não é mais competente para julgar as Escrituras do que ele é para julgar a Deus. As Escrituras julgam o homem, não o homem às Escrituras.

         Isto faz toda diferença. Nada pode ser mais miseravelmente depreciável que os livros que os incrédulos escrevem contra a Bíblia. Cada página, cada parágrafo, cada frase, só serve para ilustrar a verdade da declaração do apóstolo de que " o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus; . . .nem pode entendê-las, por que elas se discernem espiritualmente" (1 Coríntios 2:14).

Sua indesculpável ignorância do tema que eles tomam o trabalho de tratar se equipara somente a sua confiança em si mesmos. De sua irreverência nós não dizemos nada, pois quem pensaria encontrar reverência nos escritos de incrédulos? Talvez pudessem buscar um pouco de modéstia, se não fossemos totalmente desencorajados pela audácia que há na raiz de todos esses escritos, que os torna absolutamente indignos de ser considerados nem por um momento.

         Outros livros podem até conter um exame desafeiçoado; mas a aproximação do precioso livro de Deus é levado a cabo com a predeterminada conclusão de que não é uma revelação divina, porque, certamente, os incrédulos nos dizem que Deus não podia nos dar uma revelação escrita de Seus pensamentos.

         Quão estranho! Os homens podem nos dar uma revelação de seus pensamentos, e os incrédulos o fazem claramente; mas Deus não pode. Que insensatez! Que presunção! Porque, poderíamos perguntar legitimamente: Deus não pode revelar Seus pensamentos a Suas criaturas? Por que temos que pensar nisto como algo incrível? Por nenhuma razão em absoluto, mas porque os incrédulos desejariam que fosse assim.

O desejo é, neste caso, pai do pensamento. A questão levantada pela antiga serpente no Jardim do Éden, há quase seis mil anos atrás, é transmitida de época em época por toda classe de cépticos, racionalistas e incrédulos, a saber: " É assim que Deus disse... (Genesis 3:1)?

Nós respondemos com intenso deleite, “Sim, bendito seja Seu santo nome, Ele tem falado, Ele nos falou. Ele  revelou Seus pensamentos; Ele nos deu as Santas Escrituras: "Toda a Escritura é inspirada por Deus; e é útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a para que o homem de Deus seja perfeito [artios], e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 3: 16, 17); e de novo: "Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança" (Romanos 15:4).

         O Senhor seja louvado por tais palavras! Elas nos asseguram que toda Escritura é dada por Deus, e que toda Escritura é dada a nós. Precioso vínculo entre a alma e Deus! Que linguagem pode falar do valor de um tal vínculo? Deus nos falou, tem nos falado.

Sua Palavra é uma rocha contra a qual todas as ondas do pensamento incrédulo bate com desprezível impotência, deixando-a em sua própria fortaleza divina e estabilidade eterna.

Nada pode tocar a Palavra de Deus. Nem todos os poderes do homem e do inferno, homens e demônios combinados podem mover alguma vez a Palavra de Deus. Ela se ergue em sua própria glória moral, apesar de todos os assaltos do inimigo de época em época: "Para sempre, ó Senhor, a tua palavra está firmada nos céus" (Salmo 119:89). "Pois engrandeceste acima de tudo o teu nome, e a tua palavra" (Salmo 138:2).

Que resta para nós? Somente isto: "Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti." (Salmo 119:11). Aqui jaz o profundo segredo da paz.  O coração é unido ao trono, sim, ao coração do próprio Deus mediante Sua mui preciosa Palavra, e é posto assim na possessão de uma paz que o mundo não pode dar, nem tirar.

Que podem produzir todas as teorias, os raciocínios e os argumentos dos incrédulos? Simplesmente nada. Eles são estimados como o joio das épocas de verão. Para alguém que aprendeu realmente, por meio da graça, a confiar na Palavra de Deus, a descansar na autoridade da Santa Escritura, todos os livros incrédulos que alguma vez foram escritos são absolutamente sem valor, sem sentido, sem poder; eles exibem a ignorância e a terrível presunção dos escritores; mas quanto à Escritura, eles a deixam exatamente onde sempre esteve e sempre estará: "Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu" (Salmo 119:89), tão imóvel como o próprio trono de Deus.

         O assalto dos incrédulos não pode tocar o trono de Deus, nem eles podem tocar Sua Palavra; e, bendito seja para sempre seu Santo Nome, tampouco podem tocar a paz que flui através do coração que repousa sobre esse fundamente imperecível. "Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço" (Salmo 119:165). "A palavra do nosso Deus permanece eternamente" (Isaías 40:8). "Toda a carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva. Seca-se a erva, e cai a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que vos foi evangelizada" (1 Pedro 1:24, 25).

         Aqui temos novamente o mesmo precioso vínculo dourado. A Palavra que chegou a nós na forma de boas novas é a Palavra do Senhor que permanece para sempre; é daí que nossa salvação e nossa paz são tão estáveis como a Palavra sobre a qual elas estão fundamentadas.

Se toda carne é como a erva, e toda glória do homem como flor da erva, então que valor tem os argumentos dos incrédulos? Eles são tão inúteis como a erva seca ou a flor que caiu, e os homens que os engrandecem e aqueles que são movidos por eles verão, mais cedo ou mais tarde, que eles são assim.

Oh! Quão terrível é a pecaminosa insensatez de disputar contra a Palavra de Deus, de se opor contra a única coisa em todo este mundo, que pode dar repouso e consolação ao pobre e cansado coração humano, de disputar contra o que trás as boas novas de salvação a pobres pecadores perdidos, e as trás frescas do coração de Deus! 

         Contudo aqui temos que enfrentar às perguntas que com tanta frequência são formuladas e que tem atribulado a muitos e lhes conduzido a fugir buscando refúgio no que se denomina "A autoridade da igreja." A pergunta é esta: Como sabemos que o livro que chamamos a Bíblia é a Palavra de Deus? Nossa resposta a esta pregunta é muito simples, e é esta: Aquele que nos deu, por graça, o livro bendito, pode dar-nos também a certeza de que o livro provém Dele.

O mesmo Espírito que inspirou os vários escritores das Santas Escrituras pode nos fazer conhecer que essas Escrituras é a voz de Deus mesmo falando-nos. É só por Seu Espírito que alguém pode discernir isto. Como já temos visto: "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus... e nem pode entendê-las, por que elas se discernem espiritualmente" (1 Coríntios 2:14).

Se o Espírito Santo não nos encher deste conhecimento e não nos dar certeza de que a Bíblia é a Palavra de Deus, nenhum homem ou corpo de homens poderá, possivelmente, fazê-lo: e, por outra parte, se Ele nos dá essa bendita certeza, nós não necessitamos do testemunho dos homens.

         Nós admitimos sem reserva que uma sombra de incerteza sobre esta pergunta seria uma tortura e uma miséria positiva. Mas quem nos pode dar certeza? Deus somente. Se todos os homens que estão na terra estivessem de acordo para testificar da autoridade das Santas Escrituras; se todos os concílios que se reuniram; se todos os doutores que alguma vez ensinaram; todos os pais da igreja que de alguma forma escreveram; se todos estes estivessem a favor do dogma da inspiração plenária das escrituras; se a igreja universal, se cada denominação na Cristandade der seu consentimento à verdade de que a Bíblia é, de fato, a Palavra de Deus; numa palavra: se tivéssemos toda a autoridade humana que pudéssemos ter com referência à integridade da Palavra de Deus, isso seria absolutamente insuficiente como terreno de certeza; e se nossa fé estivesse fundada sobre aquela autoridade ela seria totalmente sem valor.

 Somente Deus pode dar-nos a certeza de que Ele  falou em Sua Palavra; e, Bendito seja Seu Nome, quando Ele fala, todos os argumentos, todas as objeções, todas as sutilezas, todos os questionamentos de incrédulos, antigos e modernos, são como espuma sobre as águas, como o fumo que sai do topo de uma chaminé, ou como o pó sobre o piso. O crente verdadeiro os rejeita como rejeita o lixo sem valor e repousa em santa tranquilidade naquela incomparável revelação que nosso Deus nos deu por graça.

         É da maior importância possível para o leitor que esteja minuciosamente claro e totalmente assentado sobre este fundamento, quando este sério assunto elevar-se sobre a influência da incredulidade, por um lado, e da superstição, por outro.

A incredulidade se encarrega de dizer-nos que Deus não nos deu as escrituras, a revelação da Sua mente, e mais, que não podia dar-nos. A superstição se encarrega de dizer-nos que embora Deus nos tenha dado uma revelação, contudo, nós não podemos ter certeza dela sem a autoridade do homem, nem entendê-la sem a interpretação do homem.

Pois bem, é bom ver que por meio destas duas influências, nós somos privados da dádiva preciosa das Santas Escrituras. E isto é precisamente o que o diabo pretende. Ele nos quer privar da Palavra de Deus; e Ele pode fazer isto com tremenda eficácia, por meio da aparente falta de confiança que uma pessoa demonstra, ainda que de forma humilde e reverente, ao  recorrer a homens sábios e eruditos em busca de autoridade, por meio de uma incredulidade audaz que rejeita ousadamente toda autoridade, humana ou divina.

         Vamos tentar ilustrar isto assim. Um pai escreve uma carta a seu filho que está numa cidade da China. Uma carta cheia de afeto e de ternura do seu coração. Ele conta seus planos e projetos, lhe conta tudo o que Ele pensa e que pode interessar ao coração de um filho, tudo o que o amor do coração paterno poderia sugerir. O filho vai à agência dos correios naquela cidade para perguntar se há uma carta de seu pai para Ele. Um funcionário dos correios lhe diz que não há nenhuma carta, que seu pai não lhe escreveu e nem poderia escrever, e que não lhe poderia, em absoluto, comunicar seus pensamentos por um meio semelhante; que somente a insensatez podia pensar em uma coisa desta natureza.

Outro funcionário se apresenta e diz: “Sim, há aqui uma carta para você, mas você não pode entendê-la em absoluto; não tem nenhuma utilidade para você, de fato só pode causar-lhe dano, uma vez que você é incapaz de lê-la corretamente. Você deve deixar a carta em nossas mãos, e nós lhe explicaremos as porções dela que consideremos apropriadas para você.”

O primeiro destes dois funcionários representa a incredulidade; o último, a superstição. Por meio de ambos o filho se vê privado da carta ansiosamente esperada; a preciosa comunicação proveniente do coração de seu pai. Mas qual, poderíamos perguntar, seria sua resposta a estes funcionários indignos? Uma mui breve e direta resposta, sem dúvida, podemos estar seguros.

Ele diria ao primeiro: “Eu sei que meu pai me pode comunicar seus pensamentos por meio de uma carta, e isso Ele tem feito.” Também diria ao segundo, “Eu sei que meu pai me pode fazer compreender seus pensamentos muito melhor do que você pode fazê-lo.” E diria aos dois, e isso, também, com ousadia e firme decisão, “Entrega-me imediatamente a carta de  meu pai; ela é dirigida a mim, e nenhum homem tem nenhum direito de retê-la e não me entregá-la.”

         Desta maneira, também, o Cristão de coração simples deveria enfrentar a insolência da incredulidade e a ignorância da superstição, as duas agências especiais do diabo nestes dias, para rejeitar a preciosa Palavra de Deus. “Meu Pai me tem comunicado Seus pensamentos, e Ele me pode fazer entender tal comunicação.” "Toda a Escritura é inspirada por Deus." (2 Timóteo 3:16). E, "Tudo que dantes foi escrito, para nossa ensino foi  escrito" (Romanos 15:4). Magnífica resposta para todo inimigo da preciosa e incomparável revelação de Deus, seja Ele um racionalista ou um ritualista!

 

         Nós sentimos que é nosso dever sagrado, como certamente é nosso alto privilégio, e enfatizo a todos aqueles a quem temos acesso, a imensa importância, sim, a necessidade absoluta de decisão ainda que seja a mais inexorável sobre este ponto.

Devemos manter fielmente, a qualquer custo, a autoridade divina e, portanto, a supremacia absoluta e a suficiência total da Palavra de Deus em todos os tempos, em todos os lugares, para todos os propósitos.

Nós devemos ater-nos ao fato de que as Escrituras, tendo sido dadas por Deus, são completas no sentido mais alto e mais pleno da palavra; que ela não necessita de nenhuma autoridade humana para acreditá-la, nem de nenhuma voz humana para torná-la disponível; ela fala por si mesma e leva suas credenciais com ela.

Tudo o que nós devemos  fazer é crer e obedecer, não argumentar ou discutir. Deus tem falado: a nós toca escutar e render uma obediência sem reservas e reverente. 

         Nunca houve um momento na história da igreja de Deus no qual fosse mais necessário infundir na consciência humana a necessidade de obediência implícita à Palavra de Deus como no dia atual. Isso é, lamentavelmente falando! Mui escassamente sentido.

Os Cristãos professantes, em sua maior parte, parecem considerar que  têm o direito de pensar por si mesmos, e seguir sua própria razão, seu próprio juízo, ou sua própria consciência. Eles não creem que a Bíblia seja um guia divino e universal. Pensam que existem muitíssimas coisas nas quais somos deixados à revelia para nossa própria escolha.

Daí vem as quase inumeráveis seitas, partidos, credos e escolas de pensamento. Se fosse permitida a opinião humana como algo comum, então um homem teria tanto direito a pensar como outro, e o resultados disto é que a igreja professante veio servir de refrão e zombaria para divisão.

         E qual é o remédio soberano para esta terrível enfermidade? Aqui está: a submissão absoluta e completa à autoridade da Santa Escritura. Não se trata dos homens recorrerem às Escrituras para obter confirmação de suas opiniões e seus pontos de vista, mas de recorrerem a ela para obter os pensamentos de Deus quanto a tudo, e que todo seu ser moral se incline ante a autoridade divina.

Esta é a grande necessidade urgente do momento no qual estamos vivendo, uma submissão reverente, em todas as coisas, à autoridade suprema da Palavra de Deus.

Sem duvida haverá variedade em nossa medida de inteligência, em nossa compreensão e apreciação da Escritura; mas o que nós desejamos que haja sobre todos os Cristãos é essa condição de alma, essa atitude de coração expressa naquelas preciosas palavras do salmista, "Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti" (Salmo 119:11).

Isto, podemos estar seguros, é grato para o coração de Deus. "Mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra" (Isaías 66:2). Aqui jaz o verdadeiro segredo da segurança moral.

Nosso conhecimento das Escrituras pode ser muito limitado; mas se nossa reverência por ela é profunda, nós seremos protegidos de mil erros, de mil armadilhas. E então haverá crescimento firme. Cresceremos no conhecimento de Deus, de Cristo e da Palavra escrita. Deleitar-nos-emos em extrair dessas profundidades vivas e inesgotáveis das Santas Escrituras, e em pastar através desses verdes pastos que a graça infinita abriu de par em par ao rebanho de Cristo.

Assim será nutrida e fortalecida a vida divina, a Palavra de Deus virá a ser mais e mais preciosa para nossas almas, e seremos conduzidos pelo ministério poderoso do Espírito Santo à profundidade, plenitude, majestade e glória moral das Santas Escrituras.

Seremos completamente libertados das influências que brotam de todos os meros sistemas de teologia, alta, baixa ou moderada, uma libertação mui bendita! Seremos capazes de dizer aos defensores de todas as escolas de teologia existente debaixo do sol, quaisquer que sejam os elementos de verdade que eles tenham em seus sistemas, o que nós temos na perfeição divina da Palavra de Deus.

Diremos que cremos plenamente nesta palavra, não torcida nem deturpada para adaptá-la a um sistema, mas em todo seu conjunto, em sua aplicação no seu devido e correto lugar, no amplo círculo da revelação divina que tem seu centro eterno na Bendita Pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 


 




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