quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Santificação e consagração dos sacerdotes.

 

Santificação e consagração dos sacerdotes.

Êxodo 28 e 29.

 

Hoje nós vamos conversar sobre a santificação e consagração dos sacerdotes. No estudo passado, sobre o átrio do tabernáculo, focalizamos o fato de que Deus fez um intervalo nas orientações da construção da tenda da congregação em capitulo 27, para introduzir nestas mesmas instruções,  em capítulos 28 e 29, o serviço sacerdotal e a família sacerdotal.

          É muito significativo e instrutivo o fato de aparecerem, a partir deste capitulo, nestas instruções 2 frases que são exclusivas deste livro, isto é: “administrarem[[1]] o ofício sacerdotal ou administrar  o sacerdócio e ministrar[[2]] no Santuário”.

 Também é de suma importância que saibamos distinguir os símbolos que nos são apresentados por Arão, tanto como individuo, ou seja, sozinho, ou quando visto em família, isto é, com seus filhos. Arão visto solitariamente prefigura o Senhor Jesus, o grande Sumo Sacerdote que penetrou os céus, quando visto em família prefigura a igreja, a casa sacerdotal.

 Depois destas breves ponderações, voltemos então ao nosso capitulo e vamos observar os detalhes destas preciosas instruções do Espírito Santo. O capitulo é aberto diante de nós com estas palavras: “Isto é o que lhes hás de fazer para os santificar” (29:1). Assim temos os passos iniciais dados pelo Senhor para execução do processo de santificação. Em primeiro lugar devemos lembrar que o Senhor é santo e todo aquele que irá se aproximar Dele precisa ser santificado.

Pois bem, diante disto, então são inseridas as instruções do Senhor que concernia ao ato. As primeiras informações dizem respeito ao que deveriam tomar para tal ato, assim temos: “Toma um novilho e dois carneiros sem mácula, E pão ázimo, e bolos ázimos, amassados com azeite, e coscorões ázimos, untados com azeite; com flor de farinha de trigo os farás, E os porás num cesto, e os trarás no cesto, com o novilho e os dois carneiros” (vs 1-3).

Nada neste processo deveria proceder da imaginação ou do querer humano, tudo deveria ser conforme a orientação do Senhor. É Ele quem determina os materiais necessários para o rito, pois tudo deveria atender as exigências da sua justiça, a qual encontrou satisfação apenas na Bendita Pessoa do Senhor Jesus, e, portanto, os materiais deveriam expressar a sua pessoa. Assim temos o novilho, os carneiros e os ázimos azeitados; toda e qualquer aparência do mal não poderia existir neles, entretanto, aquilo que simboliza o Espírito Santo (o azeite) seria parte integrante dos mesmos. Tudo isto deveria estar num cesto, num recipiente, que também nos fala do corpo do Senhor Jesus.

Dada estas instruções, é interessante observar o primeiro passo na santificação e consagração de Arão e seus filhos. Nenhum destes materiais são encontrados nele, e isto é muito sugestivo, pois, antes que qualquer pecador possa se aproximar de Deus ele precisa ser lavado. Fomos tão sujos pelo pecado que, como diz Isaias, as nossas justiças são como traços de imundícia (Isa. 64:6). Sendo assim, necessitamos em primeiro lugar ser submetidos ao processo da lavagem (Jo. 3:5; Efe. 5:26; Tito 3:5).

Mas é de suma importância observar o desenrolar dos fatos e como eles se processam. Não era Arão que lavava-se a si mesmo, era outro que iria executar este processo; Arão era trazido a porta da tenda da congregação, ao lugar da própria presença de Deus e ali era lavado. Em seguida Arão era vestido com todas as vestes sacerdotais, conforme descritas pelas instruções do Senhor, e ungido. Há algo aqui que chama nossa atenção, isto é, Arão foi ungido com azeite, mas sem sangue, o que no-lo apresenta como uma figura do Senhor Jesus, quando iniciou seu ministério entre os judeus, como temos nos evangelhos (Mat. 3:15-17; Atos 10:38); em seguida o processo da lavagem foi aplicado em seus filhos também.

Isto nos faz lembrar da conversa que o Senhor Jesus teve com Nicodemos em João 3 sobre a necessidade do novo nascimento, o qual é o processo introdutório neste caso aqui. Antes que o sangue possa ser aplicado à mente e ao coração é preciso a ação da água  (da palavra de Deus na vida daquele que tem de purificar-se).

Então, concluído este processo, Arão e seus filhos sendo lavados e vestidos com as vestes providenciadas pela graça de Deus, era trazido o novilho para expiação do pecado. Aqui temos uma cena do mais alto valor para a consciência e meditação daquele que é submetido ao processo da purificação e santificação dos seus pecados.

Arão e seus filhos são postos agora sob o olhar e apreciação da justiça de Deus. O que esta justiça contemplava neles? Apenas culpa, pecados. O que esta justiça requeria deles? A morte, nada menos que isto. Imaginemos o exercício de suas consciências estando neste lugar da presença do Deus santo. De um lado um Deus santo, do outro, uma família em seus pecados. Não pode haver nestas condições nenhuma possibilidade de harmonia, comunhão, nenhuma possibilidade de sobrevivência para eles. Eles devem morrer, pois, a justiça não poupa, não perdoa o pecador se o preço dos pecados cometidos não forem pagos, liquidados. Que situação! Esta era a condição de Arão e seus filhos naquele momento na presença de Deus e esta é a minha e a condição de toda humanidade, neste momento, também na presença de Deus.

Mas, foi o Deus de amor e bondade  quem mandou trazer os materiais para este momento delicado. Se fosse Arão, certamente ele não iria introduzir, tal como fez nosso predecessor, Caim, o novilho, nem os dois carneiros. Iriamos quere valer, tal como fez aquele, do melhor que podemos produzir para mostrar a Deus o que somos capazes de fazer. Isto seria abominável ao Senhor, tal como aconteceu com Caim. Portanto, a provisão divina interveio nesta questão e aparelhou, por graça aquilo que é aceitável a Deus.

Assim diante daquele quadro aterrador, onde os pecados introduzia terror, brotava o fruto da graça de Deus, apresentado naquele novilho ali introduzido. Se por um lado os pecado causava pânico ao  coração, por outro, a contemplação daquele substituto ali entre as partes trazia paz, gozo e esperança. Imaginem o alivio proporcionado ao coração, demonstrado no ato de por as mãos sobre a cabeça daquela vitima inocente, ato que simboliza a transferência da culpa, e que indicava que aquele iria atender os reclames da justiça morrendo em meu lugar, iria receber sobre si mesmo o golpe da justiça que devia cair sobre si e seus filhos. Que alivio! Que sentimento!

Não é isto o que vemos na cruz? Não foi esta a cena da sala de audiência de Pilatos? Não foi isto que esta impresso nas palavras soadas naquele julgamento? Pilatos disse: “Eu não acho Nele crime nenhum”; a multidão dizia: “Crucifica-o, crucifica-o”. Os culpados que  deveriam morrer estão sentenciando o inocente, o inculpável, aquele sobre o qual não há o principio da morte.

Pode-se observar que Arão não agiu assim, entretanto, a cena é a mesma, com palavras ou sem palavras, pois, o salário do pecado é a morte (Rom. 6:23), e Nele não existe pecado (1 Jo. 3:5).

Então a partir do momento em que Arão e seus filhos postos na luz da presença de Deus e revelada sua condição diante dessa luz radiante, confessam sua culpa e a transferem à vitima inocente e esta sendo morta e seu sangue sendo apresentado a Deus como o preço pago pelos seus pecados, em palavras do nosso texto, o sangue então era aplicado sobre as pontas, os chifres do altar e o restante derramado ao pé do altar, sem dúvida, eles viram as reais consequências do seu pecado diante de Deus.

Como soa suave para nós as palavras de Pedro: “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pe. 3:18).

Aquele brado do Senhor na cruz “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste” (Mat.27:46; Mar.15:34 )? É o brado Daquele que sofreu sobre si mesmo, por amor de nós, as terríveis consequências do nosso pecado.

Em seguida (vs13) a gordura  era tirada  com os rins e queimados no altar. O Senhor proibiu os filhos de Israel de comerem a gordura, pois a mesma é símbolo energia interior e devia ser então queimada sobre o altar. Nisto vemos o Senhor Jesus aquele que em tudo foi um cheiro suave e agradável a Deus, aquele que sempre fez o que lhe agrada (Jo. 8:29); cada pensamento do seu coração, cada impulso do seu interior sempre foi no sentido de fazer jorrar um perfume de aroma suave ao seu Pai. Finalmente, o novilho era queimado fora do arraial como sacrifício pelo pecados de Arão e seus filhos. Na epistola  aos hebreus nós lemos aquelas solenes palavras: “por isso também Jesus, para santificar  o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta” (Heb. 13:12).

 Em seguida, temos o holocausto e os procedimentos iniciais são semelhantes, Arão e seus filhos põem suas mãos sobre a cabeça da vitima, identificando-se com ela; entretanto, no holocausto, diferente do sacrifício pelo pecado onde estão transferindo sua culpa para a vitima, este ato simboliza a aceitação deles no sacrifício que agora é oferecido, mediante o preço que está sendo pago. Assim o carneiro era imolado, e seu sangue aplicado sobre o altar em redor. Depois o carneiro era partido, lavado e totalmente queimado sobre o altar num sacrifício de arome suave e agradável ao Senhor. Em tudo isto vemos o Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro holocausto; aquele, como dissemos acima, em quem todo movimento, toda ação, todo odor da sua Pessoa exalava um perfume de incomparável valor para Deus. Aquele que pode dizer “Eu te glorifiquei na terra consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17:4).

Isto nos mostra a base da aceitação do pecador diante de Deus, se a santidade e a justiça de Deus não for atendida, não há possibilidade de aproximação do pecador culpado. Antes que o pecador possa aproximar-se Dele as exigências do seu trono tem que ser atendidas, e foi isto que o Senhor Jesus fez quando a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus. Louvado seja seu Bendito e Santo Nome! O holocausto apresenta a suprema devoção do Senhor Jesus a Deus, devoção manifestada em toda a sua vida aqui até sua morte na cruz

Em Continuação temos o carneiro da consagração, e os passos iniciais são também os mesmos. Arão e seus filhos colocam suas mãos sobre a cabeça do carneiro. Havia um diferencial na aplicação do sangue neste sacrifício, pois, primeiramente ele era aplicado sobre a orelha direita de Arão e seus filhos, sobre seus dedos polegares das mãos direitas e sobre os dedos polegares dos seus pés direitos. Este ato indica que tudo o que ouvir o ouvido de Arão, tudo que apalpar as suas mãos e todo lugar onde seus pés pisarem devem corresponder ao ato ali celebrado, isto é, estão selados com uma aliança de sangue. Eles foram comprados por preço de sangue, agora pertencem a outro e suas vidas serão moldadas conforme esta nova posição. Todo seu ser agora deveria ser usado conforme esta nova relação na qual, pelo sangue, foram introduzidos. O restante do sangue, tal como no holocausto, foi aspergido sobre o altar em redor.

Como passo seguinte,  o Senhor ordenou que fosse tomado do sangue que estava sobre o altar, e do azeite que também estava ali, e aspergisse sobre Arão e suas vestes e sobre seus filhos e suas vestes para que fossem santificados.  Vemos assim que o processo de santificação custou ao Senhor Jesus um preço incalculável. Como já citamos de Hebreus 13:12, Ele para santificar o seu povo, padeceu fora da porta ou como disse Pedro, “não foi com coisas corruptíveis como ouro ou prata, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes de vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado (1 Pe 1:18,19).

Em seguida a gordura, a cauda, o redenho do fígado, os rins,  o ombro direito, um pão, um bolo de pão azeitado, e um coscorão do cesto que estava diante do Senhor e tudo era posto nas mãos de Arão e seus filhos e com movimento oferecia ao Senhor. Depois tudo era tomado das suas mãos e queimado no altar sobre o holocausto por cheiro suave perante o Senhor. Era uma oferta queimada. Que podemos aprender deste ritual? Sem dúvida qualquer, temos aqui, nestes materiais aquilo que tipifica o Senhor Jesus. Naquele pão, bolo e coscorão não havia fermento, toda e qualquer aparência do mal não poderia existir ali; aquelas coisas sem fermento, tal como aquele carneiro eram figuras do Senhor Jesus, prefiguravam aquele que enchia de gozo e alegria o coração do Pai; assim as mãos deles, em figura, primeiramente foram cheias de Cristo, para que oferecessem a Deus, aquilo que provinha dele. Por isso foram em seguidas tiradas para serem queimadas sobre o altar em sacrifício de arome suave. Somente o Senhor Jesus pode proporcionar a Deus tal sacrifício. Só nele Deus Pai encontrou todo prazer. Que bela figura temos nesta consagração. Que as tomemos como preciosas lições.

J.Carneiro.



[1] Lemos 8 vezes neste livro estas expressões (28:1,3,4; 30:30; 31:10. 35:19; 39:41; 40:13).

 

[2] Estas temos 5 ocorrências (28:43; 29:30; 35:19; 39:1,41)

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