quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Lições na vida e obra de Jacó (Parte Final)



6_ Jacó — sua descida ao Egito
Gen. 46.1-7/46.26-34/47.1-12 / 47.27-31 / 49.1-33 / 50.1-13
Ao entrarmos nas considerações finais acerca da última divisão do nosso estudo, admira- nos os caminhos de Deus em graça para com os seus. Não existe na vida de um santo de Deus, posição mais elevada do que a de acompanhar pela fé, o desenvolvimento das atividades, planos e atos de Deus, em favor dos seus no decurso de suas vidas.
É deveras importante observar como o Senhor os tem conduzido na jornada dessa vida, apesar de toda a oposição do mundo (Jo. 15.18), da carne (Rom. 8.8 / Gl. 5.16.17), e de Satanás (Zc. 3.1 /1 Pe. 1.5-8) e, como nos tem elevado e transportado por cima de toda adversidade e oposição dos nossos inimigos (Dt. 32.12/Sl. 73.24).
Nesse capítulo encontramos Israel partindo de Berseba a encontrar-se com Deus (v.l). É importante observar o motivo deste encontro e a forma como ele se desenvolve. Israel oferece sacrifícios ao Deus de seu Isaque; e a graça de Deus vem ao encontro das aflições de Jacó, num tríplice aspecto (versos 3 e 4) dizendo-lhe:
1-      Eu sou Deus, o Deus de teu pai;
2-      Não temas descer ao Egito;
3-      Eu descerei contigo ao Egito, e te farei subir de lá (v.4).
 Impressiona-nos a graça de Deus; não existem palavras que possam descrevê-la, pois ela se manifesta em atos, e não em palavras (II Cor. 8.9 /12.9). Nenhum mortal pode jamais des­crever a graça manifestada pela descida do Senhor Jesus Cristo a este mundo mau (figura do Egito) para nos desarraigar dele (Gl. 1.4), mas todo mortal pode entender que foi por amor que Ele condescendeu em vir, para que pela sua graça provasse a morte por todo homem (Hb. 2.9).
E um ato supremo e soberano da vontade, compaixão, misericórdia e amor de Deus (Is. 40.18, 25, 28 / Rom. 11.33-36). O Egito não era um lugar para Deus, mas por causa das necessi­dades dos Seus escolhidos, não só os encaminhou para lá, como prometeu ir com eles, e os tirar de lá. Mas antes disso, enviou adiante deles José — mesmo que traído e vendido pelos irmãos — para ser Salvador e preservador de suas vidas (Sl. 105.5-23 / Gen. 45.5,7,11).
Mais tarde, aproximadamente 1700 anos depois, o verdadeiro José desce ao Egito (literal e figuradamente). Ali Ele foi vendido, maltratado, cuspido, desprezado, rejeitado, pregado na cruz como malfeitor; foi capaz de entregar Sua própria vida par ser nosso Salvador e Senhor (Mt. 2.14-15 /1 Tm. 1.15 / Gl. 4.4-5 / At. 4.12 / Hb. 5.9 / Jo. 4.42).
Como contar de Deus o amor? O que podemos acrescentar sobre a obra realizada por Cristo no calvário a nosso favor? Graças sejam dadas ao soberano Deus, pois Cristo Jesus tudo fez completo — nada por fazer Ele deixou. As palavras que os Seus lábios proferiram antes de entregar a Sua vida, foram: “Está consumado!”.
A obra foi realizada cabalmente, e o véu do templo se rasgou (Mc. 15.37-38 / Mt. 27.50- 53), visto que não poderia permanecer ali. Um novo caminho estava aberto (Hb. 10.20), e a sal­vação estendeu-se a todo pecador que cresse na obra ali consumada. É a mais pura graça — é dom de Deus. Não houve qualquer participação humana; tudo Cristo sofreu sozinho pelo fato de que nos ama, e por causa deste amor, tomou o nosso lugar na cruz do calvário para nos dar um lugar na glória — morada de Deus. Quem pode descrever esta cena de amor? Pergunta o poeta do hino 596 (Hinos e Cânticos): “Como contar de Deus o amor, que o Filho amado ao mundo deu; quem poderá sondar a dor que meu Jesus na cruz sofreu?... quero adorar ao meu Senhor, por seu divino e santo amor.
São pensamentos que nos envolvem, mas é necessário prosseguir com a história de Jacó, e ao mesmo tempo observar as ações de Deus manifestas na vida deste homem. Não podemos esquecer da angústia de Jacó em capítulo 37.33-35 (como também Jeremias 30.7) quando soube ele da perda de José. Assim não perderemos de vista os planos e caminhos de Deus a serem ma­nifestos a Jacó.
Disse o apóstolo Paulo: “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação”; e mais: “os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (II Cor. 4.17 e Rom. 8.18). Pode­mos perguntar: “Qual o momento mais significativo na vida de Jacó? A perda ou o reencontro de José? Perguntamos mais: “O que foi mais emocional? O choro da ausência ou o choro do re­encontro? (Gen. 46.29-30). O que será maior, a humilhação ou a exaltação do Senhor Jesus? (Fp. 2.5-11 / Ap. 1.7; 4.11; 5.8-14). Exaltado seja para todo o sempre aquele que conferiu ao Senhor Jesus Cristo todo o Senhorio (At. 2.36; 10.36 / Rom. 14.9 / Fp. 2.11).
Agora encontramos Israel no Egito, e podemos afirmar que a única atração daquele país é seu filho José (Gen. 45.26-28 / 46.29-30). Como foi agradável aquele momento de poder abraçá-lo e estar com ele os dezessete anos finais de sua vida; como foi maravilhoso receber os seus cuidados, a sua provisão; poder participar da sua exaltação vendo-o honrado e glorificado, sendo senhor de toda a terra do Egito (Gen. 45.9-13 / 47.12). Tudo o que passa perante os nossos cora­ções é fascinante e cheio de instrução. A história deste homem nos ensina o princípio ensinado no Novo Testamento de que: “Quem se humilha será exaltado” (Lc. 18.14 / Tg. 4.10). Deus usou estes meios para ensinar a Jacó este princípio. Chegando ao final de sua vida, toda esperte­za, altivez, astúcia, egoísmo, planos, nada subsistiu todas essas nuvens carregadas da nature­za humana passaram. Agora Jacó manifesta-se em toda calma e fé para abençoar e transmitir dignidade na exigência quanto ao lugar de sepultamento do seu corpo.
São aptidões e qualidades que só a comunhão com Deus pode conceder. Os olhos de Is­rael se escureceram, mas a fé de Israel não estava sujeita aos estragos da natureza humana, e nem mesmo às suas influências. Por causa disso, não seria tão enganado quanto à posição destinada por Deus aos filhos de José. Não mostrou-se como Isaque, seu pai, que estremeceu em quase cometer um erro fatal querendo dar a Esaú aquilo que por decreto de Deus era de Jacó (Gen. 27.33). Pelo contrário, estava plenamente convicto pela fé do ato que ia praticar. “Eu sei meu filho, eu sei” (Gen. 48.19). A resposta a seu querido filho revela o princípio de que isso só pode ser manifesto no pleno exercício da fé. Foram essas as palavras pronunciadas a José. Sua visão natural, já escurecida pelo tempo, não podia de modo algum impedir a visão espiritual, e nem mesmo obstrui-la.
Na escola de Deus, através de toda experiência provada, Jacó aprendeu aquilo que a es­cola de Labão nunca pode ensinar-lhe, isto é, que manter-se agarrado aos propósitos de Deus, é a bendita posição de todo aquele que confessa o nome do Senhor; e que as influências da nature­za humana não o podem afastar deles. Outra grande manifestação da graça e bondade de Deus, encontra-se ainda relatada nesse capítulo 48. Temos um belo quadro de como Deus se eleva acima do pensamento humano e alivia todos os nossos temores (Sl. 34.4 / Os. 11,4a). Disse Is­rael: “Eu não cuidava ver o teu rosto, e eis que Deus me fez ver os teus filhos também”.
Em Gen. 37.33,35-36 encontramos o relato precioso acerca de dois acontecimentos que ocorreram ao mesmo tempo:
                Jacó está a lamentar e chorar por José;
                Os midianitas conduzem José e o vendem no Egito a Potifar.
Enquanto Jacó estava a lamentar pelo filho, o Senhor o conduz ao Egito (mesmo que vendido como escravo) para que ele seja senhor de toda a terra, ainda que para isto fosse neces­sário submetê-lo a toda sorte de humilhação e desprezo, para que há seu tempo fosse exaltado e o constituísse preservador da vida. É importante compreendermos que tudo isso ilustra o próprio Senhor Jesus Cristo (Gen. 45.5-7 / Sl. 105.17-22).
Assim é Deus e os seus caminhos. Em tudo isso vemos brilhar de modo incomparável a sua graça. Disse o apóstolo inspirado: “Temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça”, e mais: “A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo. 1.16-17). Quem pode explicar a graça de Deus? Se não podemos explicar, podemos saber que a salvação do pecador somente é possível por essa graça inexplicável. Para Jacó seu filho José já estava morto, mas para Deus não so­mente estava vivo. como também era governador da terra do Egito. A ausência de José era se­gundo a avaliação da natureza humana — impossível de ser contemplada por Jacó. Mas segundo os caminhos de Deus. Jacó não somente veria a José, mas também os seus filhos. Somente a graça de Deus pode promover momentos assim (Is. 64.3-5a).
Em capítulo 49 temos as últimas palavras de Jacó, e é importante observarmos que no primeiro verso ele diz que elas se referem a dias vindouros. Temos aqui a menção dos seus fi­lhos, um por um, bem como a sua respectiva profecia em forma de bênção, que fora aplicada a cada um segundo os desígnios de Deus. Podemos encontrar neste capítulo palavras de Juízo so­bre as suas más obras, mas o que sobressai aqui é a graça de Deus manifesta na visão espiritual de Israel (Gen. 49.2b). Quem poderia dar a Judá o privilégio de ser louvado e adorado por seus irmãos? Quem poderia imaginá-lo sendo rei? Quem poderia conferir a ele a honra de ser da li­nhagem genealógica do Senhor Jesus? (Gen. 49.8-10 / Hb. 7.14). Somente a graça de Deus po­deria conceder-lhe isso, e dar a Israel o privilégio de referi-lo antes de sua morte.
Ele tem neste capítulo uma visão espiritual da porção cabível a cada um de seus filhos, e isto segundo os desígnios de Deus. Assim podemos ver a diferença do Israel formado, preparado e provado por Deus, do Jacó que peregrinou em Harã e foi instruído pela escola de Labão. Mas nesta escola ele aprendeu tão somente a olhar para os seus interesses, ao passo que na escola de Deus aprendeu a esquecer de si mesmo e velar pelos interesses de Deus e dos seus escolhidos (Fp. 2.20-21).
Nos capítulos finais desse livro, encontramos varias menções dos nomes Jacó e Israel. Este detalhe é também percebido no Salmo 105.10. Como já fizemos referência a isso em divisões passadas, faz-se necessário relembrar que ao falar de Jacó, estamos considerando o ho­mem natural, mas quando nos referimos a Israel, falamos do homem espiritual (I Cor. 2.14-15). Quando pensamos em Jacó, pensamos no lugar até onde Deus desceu; quando pensamos em Is­rael, pensamos no lugar até onde Deus o elevou. Jacó, um suplantador (Gen. 27.36); Israel, um príncipe que luta com Deus (Gen. 32.28 e 35.10).
Em terminar essas considerações, desejamos frisar que Israel se preocupou com o sepultamento do seu corpo e, por duas vezes lemos desse fato (Gen. 47.29-30 / 49.29-33). A razão disso está baseada na compreensão da importância do corpo para o Senhor, e no fato que o corpo há de ressurgir, havendo nós de prestar contas por tudo aquilo que fizemos por meio do corpo (Ecl. 12.14 / II Cor. 5.10). Ao preocupar-se consigo, menciona o fato importante de que sepultou aqueles que estiveram sob sua responsabilidade.
Sabemos que não temos esgotado a ordem de pensamentos que vieram ao nosso coração acerca da história desse homem de Deus. Tudo nos foi dado mediante a inspiração do Espírito Santo. Não mencionamos qualquer quantidade a qual pudéssemos atribuir índices de porcenta­gem, pois não é essa a nossa intenção, mas o nosso objetivo é pura e simplesmente o de glorifi­car o nome do Senhor e promover a edificação de seus filhos com o que temos recebido.
É nosso desejo despertar em cada um a necessidade de conhecer os caminhos de Deus em graça, bem como a sua vontade revelada nas Escrituras Sagradas, para que assim possamos dedicar-lhe mais a nossa própria vida e obediência, como uma fragrância que exale do nosso ser, para a honra e glória do seu santo nome. Se esta ordem de pensamentos promoverem em nós o desejo de conhecermos plenamente a palavra de Deus, de conhecer a sua graça, bem como o seu amor manifesto a vida de cada um dos seus eleitos em todos os tempos da história desse mundo, de maneira alguma teremos escrito em vão essas palavras que oferecemos a todos aqueles que sentirem o sincero desejo de aprender acerca do que está escrito.
Que o eterno Deus seja glorificado é a nossa oração e desejo em concluir estes pen­samentos. Amém...

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