Meditações.
1. Fé.
2. "Ali estou eu no meio"
3. Ocupar-se de si mesmo e o Juízo próprio
1.
Fé
Devemos recordar que a fé começa com Deus,
e aquele que anda realmente num caminho de fé introduz sempre a DEUS, e esta é
a diferença entre a fé e a incredulidade; a incredulidade sempre o deixa fora.
Por outra parte, a fé é a alma do indivíduo só com Deus, e qualquer
intervenção de um terceiro a destrói. Qualquer ato que procede de motivos secundários não
é fé. Para que o ato seja um ato de fé, só Deus e Sua palavra devem estar diante
da alma.
A fé cresce.
Aprendemos isto na história dos filhos de Deus, e tal como está detalhado em Hebreus
11. Introduzir a Deus em tudo é agora o privilégio de Seus filhos.
Não existe nada muito pequeno em nossa senda diária que não seja visto por Aquele
que contou até os cabelos da nossa cabeça (Mateus 10:30). É o ato de introduzir
Deus em tudo o que fizemos que produz o andar, a vida de fé, e é o tema
do capítulo referido do livro de Hebreus.
E é
justamente este ato de introduzir a Deus em nossos assuntos que nos revela o verdadeiro
caráter deles; uma vez que "Deus é luz, e nEle não há trevas nenhuma"
(1ª. João 1:5). Deste maneira, a consagração sendo o costume continuo da alma,
se converte, de imediato, num poder preservador para ela, no meio de todas as trevas
e da incredulidade dos nossos corações naturais.
O princípio
para o Cristão agora, se encontra nestas palavras: "ficou firme como vendo
o Invisível" (Hebreus 11:27). Devemos ver Deus em tudo.
Nos exemplos
de Hebreus 11, vemos que eles começavam com Deus. Isto é fé, e
caracteriza cada um com a posteridade[1]. Na oferta de Abel as exigências de Deus são admitida e, no
sacrifício, Abel confessa que merecia a morte como pecador. Ele vem da forma
indicada por Deus e é aceito, "dando Deus testemunho de suas ofertas"
(Hebreus 11:4). Deus apresenta-se assim diante de Enoque, de Noé, de Abraão, de
Moisés e dos outros, e isto era tudo para cada um deles. É importante compreender
que isto é uma demonstração da fé real, verdadeira, e ela começa com Deus, e continua dependente
de Deus, de forma inteiramente individual. Alegra-nos e damos graças a Deus pelo
fato de encontrar outros que caminham conosco nesta senda da fé; pois, ela conta
sempre com Deus e é individual (o que é verdadeiro), é também o poder que nos
sustenta no caminho, ainda que os outros falhem, e produz também as
obras que podem ser vistas numa vida de fé. Quando vem uma prova, se não existe
esta relação pessoal com Deus, percebe-se, com frequência, que temos
sido meramente imitadores de outros. Sendo, assim, tornamo-nos como Efraim, que embora "fossem arqueiros bem
equipados, contudo viraram as costas no dia da batalha" (Salmo
78). Todavia, se nós temos o costume de introduzir a Deus nas circunstâncias da
nossa vida, então, voltaremos a Ele no dia da batalha, e voltar-nos para Ele não
é voltar as costas ao inimigo.
"Esta é
a vitória que vence o mundo, a nossa fé." (1ª. João 5:4).
2. "Ali
estou eu no meio." (Mateus 18:20)
Existe em nós algum
sentimento verdadeiro que nos aproxime da graça e do favor maravilhoso que nos foi
outorgado ao permitir que nos reunamos com o povo do Senhor na terra? Pode haver
algo mais elevado do que estar assim com Ele, e em comunhão com seu próprio coração
quanto a seu povo? Pense nisso. Quem é Aquele que está no meio? É um lugar maravilhoso,
e quão pobremente o apreciamos, sabemos tão pouco acerca do que é sua realidade.
A fé contempla e vê Ele ali.
E então, não
pense apenas no privilegio de congregar-se assim, mas, também, acerca do favor
adicional de poder ser de alguma utilidade ali; de ser usado
por Aquele que ama o seu povo com um amor perfeito, e cujo coração está junto
deles em sua debilidade, e, especialmente, nesta época de dor e rejeição
pelo qual eles passam (um dia de recusa pelo qual Ele também passou uma vez). Trata-se
de um coração batendo em harmonia com os Seus, para que Ele possa dedicar-se
a fazer que qualquer um de nós seja de ajuda para eles. Isto é o que
queremos cultivar. Queremos conhecer, a cada
momento, Seus pensamentos para Seus santos reunidos. Sem isto
tudo é esterilidade, toda atividade dolorosa; com isto, ainda que seja a oração
silenciosa do simples —a frequência incapaz de ser descrita na linguagem— faz
descer Sua benção sobre os que, em sua debilidade, se refugiam nEle.
Não necessitamos
de mais atividade ao estarmos congregados ao Seu Nome; o que necessitamos é mais comunhão.
Ele está ali; o povo é seu povo. Tenho que recordar que Ele deseja
a benção de seu povo, digo, ”Quem sou eu para estar neste lugar”?
3. Ocupar-se
de si mesmo e o Juízo próprio
Muitos confundem
ocupar-se de si mesmo com o ato de julgar-se a si mesmo; e, vendo que o juízo próprio
é necessário (quando fracassamos), às vezes os encontramos perguntando-se a si mesmos,
onde termina ou onde começa. E põem em dúvida o fato de que estão ocupados deles
mesmos. Uma palavra ou duas acerca disto pode nos ajudar, se o Senhor o permitir.
A ocupação
de si mesmo é o grande flagelo da alma. O homem faz de si mesmo o centro, e dele
mesmo o objeto principal sobre a terra. Isto é ocupar-se de si mesmo. Fazer isto
leva aquele que o faz àquele lugar "onde o verme não morre, e o fogo nunca
se apaga". Regra geral, ocupar-se de si mesmo é morte.
O juízo próprio
é a obra do Espírito de Deus. Não é Sua obra principal, mas com frequência,
por nossa falta de vigilância, é uma ação necessária. Não há maneira de regressar
ao gozo da comunhão sem ele. O juízo próprio, ainda que correto em seu
lugar, não é comunhão; pelo contrário, é a confissão de que a comunhão
foi perdida. Contudo é o único caminho de regresso; é medicina, mas
não alimento.
Para mim, viver
diariamente ignorando o 'eu' é a condição Cristiana mais elevada. Aqui o Espírito
de Deus é livre para continuar Sua obra propriamente dita em minha alma, tomar
a Cristo e situá-lo diante de mim como minha comida. Aqui a
alma é livre para ser ocupada por Cristo e só por Cristo. Está
escrito, "para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Filipenses
1:21). É o único estado próprio para a comida. E a comida é a
apropriação de Cristo por parte da alma, e é alimentar-se dEle como
ministrado pelo Espírito. Somente Ele é o "pão de vida . . . que desceu do
céu" (João 6: 48, 51); tal como disse João 6:56: "O que come minha
carne e bebe meu sangue, em mim permanece, e eu nele." Não
se trata de fazê-lo uma vez por fé. Isso está em João 6:51, e é de suma importância.
A comida é uma necessidade diária do homem, e alimentar aqui é
seu costume diário. Mas quão importante é ver que ocupar-se de si mesmo não alimenta,
e que o juízo próprio não alimenta; visto que, como posso eu viver
ou crescer sem alimento?
Que é, então,
ocupar-se de si mesmo? É ocupar de um ser humano, de um verme na terra aos olhos
de Deus, de uma partícula de pó, esquecendo ou ignorando o ato de DEUS e a
ETERNIDADE; é alguém que diz: "comamos e bebamos, porque amanhã morremos",
e a quem Deus disse, "Néscio!" (1ª. Coríntios 15; Lucas 12:20).
Que é o juízo
próprio? É considerar a si mesmo (observando bem), não em contraste com outros
santos, mas em contraste com Cristo, o Homem prefeito, celestial.
E que é
ignorar a si mesmo? É esquecer que existe um 'eu', por estar absolvido por Aquele
que é Perfeito, só com Cristo. Esta será nossa ocupação eterna no céu, quando não
existirá nenhum 'eu' que impeça nossa visão, ou que seja chamado a juízo. Mas isso
começa na terra —começa, ainda que pressionado em toda parte, num pobre vaso de
barro, "para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós." (2ª. Corintios
4:7).
H. C. Anstey
[1]
Posteridade – Série de indivíduos que descendem de uma mesma origem. As
gerações que se hão de seguir às atuais.
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