O HADES E O CASTIGO ETERNO
Como
sabemos que há um céu? Nossa única fonte de informação é a Bíblia. Não podemos logicamente
receber a revelação de que existe o céu sem receber tudo o que a Bíblia ensina,
e a Bíblia de igual modo e mui claramente, nos diz que há um inferno.
Nossa
crença num, fundamenta-se precisamente no mesmo terreno de nossa crença no
outro.
Não podemos
ser consistentes em crer que há um céu e recusar crer que há um inferno. Temos
que crer em ambos ou rejeitar a ambos. “A lei e os profetas,” então. Deixai que
as Escrituras falem por si mesmas.
Para determinar o terreno será necessário examinar
cuidadosamente ponto a ponto as Escrituras referências a esta matéria. Em
começar podemos dizer que as referências ao hebraico e ao grego [[1]] com freqüência denunciam uma tremenda ignorância de lado,
e um ataque malicioso a Palavra de Deus de outro. Por exemplo, ouvimos o Pastor” Russell [[2]] (o fundador dos chamados “Testemunhas de Jeová”) dizer a um
auditório de cerca de mil pessoas que sheol quer dizer sepulcro. Mas
não significa tal coisa, e com tudo isso centenas de pessoas insensatas creem
na sua afirmação por ser agradável ao paladar delas. Um dos ouvintes, um homem
completamente mundano, exclamou com deleite, que ele liberalmente contribuiria para
o sustento financeiro da causa, porque dá uma sensação de comodidade pensar que
não existe o inferno.
O finado W.
E. Gladstone, ao comentar a negação do castigo eterno, disse: “Que é isto senão
mutilar todas as sanções da religião e dar a maldade desenfreada uma nova
amplitude de licença?”
O
melhor início que poderíamos dar a nosso exame seria a consideração do
significado da palavra sheol. Há duas palavras traduzidas muitas
vezes com o significado de “sepulcro” no Antigo Testamento.
1.
Qeber ― sepulcro, sepultura, a saber, um sitio.
2.
Sheol ― o estado das almas desencorpadas, a saber, uma
condição.
Qeber é sempre traduzida sepulcro, o lugar de sepultamento.
Sheol nunca é traduzida sepulcro.
Qeber
Qeber é traduzido sepulcro 51 vezes e sepultura 15 vezes; portanto,
sempre é traduzido pela palavra sepulcro ou seus equivalentes. Sabendo que o
homem desde o principio está estado familiarizado com o sepulcro, as
referencias a ele não apresentariam nenhuma dificuldade para o tradutor. Qeber
significa o sepulcro e nada mais que o sepulcro. Isto é indiscutível.
Sheol
Sheol é traduzido inferno 11 vezes; o profundo 4 vezes; abismo 3
vezes; fossa 2 vezes; ossos 2 vezes; sepulcro 31 vezes; e sepultura 12 vezes. No
caso de qeber os tradutores sempre nos dão a mesma palavra ou seus
equivalentes. Por que não fazem o mesmo com sheol? É traduzido inferno
11 vezes e sepulcro ou sepultura 43 vezes. Além disto, não é possível ser traduzida
por duas palavras tão dissimiles em seu significado. Se sepulcro
significa o lugar de sepultamento dos corpos despojados de suas almas, e
sheol a condição das almas sem seus corpos; não seria mais
indistinto que se a mesma palavra fosse traduzida Londres e loucura. Londres é
um lugar. Loucura é uma condição.
Ao citar
as Escrituras sobre este importante ponto, falaremos em cada caso que a palavra
qeber está associada à idéia de localidade e nunca a idéia de condição,
e a palavra sheol sempre vai associada à idéia de condição e nunca de localidade.
Qeber se encontra no plural 27 vezes.
Sheol
nunca é encontrada no plural.
O
sepultamento de quinhentos corpos em um cemitério significa muitos
sepulcros.
A
entrada de quinhentas almas desincorporadas na eternidade significa uma só condição.
Qeber refere-se à qeber o sepulcro exclusivo de um
individuo.
Nunca
se fala de sheol como o sheol exclusivo de nenhum individuo. É
claro então que uma condição, a saber, a de ser desincorporado, é comum
a todos os que morreram. Para ilustrar isto acrescentamos as seguintes passagens
das Escrituras.
Qeber é referido como “meu sepulcro” (Gênesis 50:5), “sepulcro de
Abner” (2 Sam. 3:32); “seu sepulcro” (1.º Reis 13:30); “teus
sepulcros” (2.º Crônicas 34:28); “seus sepulcros” (Jeremias 8:1)
etc., etc.
Sheol é traduzido erroneamente
por sepulcro ou sepultura 43 vezes, mas em cada caso sem exceção é
traduzido “o sepulcro”. Nunca é traduzido “meu sepulcro”, “seu
sepulcro”, etc., etc. Pois bem, se sheol significasse sepulcro, haveria
possuído estas distintas variações de qeber, mas não significa. Sheol
NÃO significa sepulcro, contudo foi traduzido
assim erroneamente.
A
Qeber é atribuída certa posição
geográfica. “Herança de sepultura de Efrom, o Heteu, diante de Manre.” (Gênesis
50:13); “¿Não havia sepulcros no Egito?” (Ex. 14:11); “Em Zela no
sepulcro de Cis” (2.ª Samuel 21:14); “a cidade dos sepulcros de meus
pais” (Nee. 2:5); “Eu darei a Gogue um lugar de sepultura em Israel”
(Ezequiel 39:11)
A
Sheol não é atribuída nenhuma posição
geográfica. Uma condição não tem geografia.
Fala-se
de qeber em relação com a entrada do corpo nele. “E pôs seu
corpo no sepulcro” (1.º Reis 13:30); “Lançaram o homem (isto é, seu corpo morto)
no sepulcro de Eliseu” (2 Reis 13:21); “os
mortos que jazem na sepultura” (Salmos 88:5); “Lançou seu corpo nas
sepulturas dos filhos do povo” (Jeremias 26:23)
Nunca
se fala de sheol em relação com o corpo. A razão é óbvia. Não tem
nenhuma relação com ele. Só tem que ver
com a alma.
Qeber
tem relação com uma possessão nesta terra,
assim como, possuir uma casa ou um campo. “Herança de sepultura” (Gênesis
23:4); “possessão de sepultura” (Gênesis 23:9, 20).
Nunca
se fala de sheol nesta relação. Não podemos possuir uma condição.
Não podemos ter título de propriedade para uma condição.
Qeber pode ser cavado de fato. “Em meu sepulcro, que cavei para
mim” (Gênesis 50:5); “Farei o teu
sepulcro.” (Naum 1:14).
Nunca
é dito que sheol será cavado de fato.
Uma aparente exceção:
O que
temos expressado acima serve para enfatizar a verdade do que temos demonstrado.
Em relação com a rebelião de Coré, Datã e Abirão lemos:
“Mas se Jeová criar alguma coisa nova, e a terra
abrir a sua boca, e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao
sepulcro (sheol), então conhecereis que estes homens irritaram a Jeová.” (Números
16:30)
A
nova a que se faz referência aqui é muito óbvia. Os corpos dos rebeldes foram
enterrados através da terra abrir sua boca e tragá-los. Alguém poderia
contestar dizendo que eles desceram vivos ao abismo, linguagem que
parece aplicar-se ao “sepulcro”.
Um pouco
mais adiante iremos fazer referência à palavra “descer” em relação com isto, e quanto
a palavra “a” poderíamos falar de um individuo vendo a morte, embora nunca tivesse
descido ao sepulcro. No momento em que alguém morre está na condição de morto,
ainda que o corpo tenha que esperar várias horas ou dias, antes de ser colocado
na sepultura. Então “em” ou “a” podem aplicar-se, igualmente, a uma condição
que seja uma localidade.
Até agora
temos considerado o sheol com aquilo com que ele não se relaciona,
isto é, não se refere ao sepulcro. Em outras palavras temos considerado-o dum ponto
de vista negativo, do que não é. Agora iremos examinar as Escrituras quanto ao
ponto de vista positivo no qual se encontra inserido a palavra sheol.
Sheol para o ímpio está conectado com dor e pena. “Porque fogo
se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo (Sheol)”
(Deut. 32:22); “Me rodearam as dores do inferno (sheol)” (2.º
Samuel 22:6); “Angústias do inferno do inferno (sheol) se apoderaram de mim”
(Salmos 116:3).
Qeber nunca está ligado com juízo ou pena. O corpo no sepulcro
está inconsciente e não pode sentir dores ou experimentar pena. Uma entidade
consciente, como a alma na condição de sheol, pode experimentar estas coisas.
Sheol sempre está ligado
com a alma, nunca com o corpo. “Porque não deixarás a minha alma no sepulcro (sheol)”
(Salmos 16:10). “Livraste minha alma do mais profundo (sheol)” (Salmos
86:13)
Qeber nunca se
relaciona com a alma, mas sempre com o corpo, como já temos visto.
Sheol está ligado
com a angústia tal como se evidencia pelo clamor em voz alta: “Do ventre do inferno
(sheol) gritei, e tu ouviste a minha voz” (Jonas 2:2)
Qeber não se
relaciona de maneira alguma com clamor angustioso. Um corpo morto não pode
clamar ou experimentar angústia.
Sheol se associa com o pensamento de descer. “Com choro hei de
descer a meu filho até a sepultura (sheol) (Gênesis 37:35). Este mesmo pensamento
está expresso em outras várias passagens. Evidentemente o pensamento de descer é
um reconhecimento do juízo de Deus na morte. Estas coisas foram
obscuramente conhecidas nos tempos do Antigo Testamento. Que aqui não pode significar
o sepulcro, se evidencia pelo fato de que a passagem que acabamos de citar, Jacó
cria que seu filho José estava morto, simplesmente, pela aparência da roupa de
colorida de seu filho manchada de sangue, e enganado exclamou: “José foi despedaçado.”
Portanto ele não tinha a menor esperança de que seu próprio corpo (o de Jacó) fosse
posto no sepulcro de seu filho quando ele não cria que ele (José) existisse em
absoluto.
O mesmo pensamento
está envolvido quando Samuel disse a Saul: “Amanhã tu e teus filhos estareis
comigo” (1 Sam. 28:19). Isso não podia significar o sepulcro, porque Samuel sabia
que os guerreiros mortos no campo de batalha geralmente não são enterrados no mesmo
dia, se é que são enterrados. Quanto ao corpo de Saul, os filisteus o encontraram,
somente no dia seguinte a sua morte (I Sam. 31:8), ou seja, dois dias depois da
sua conversa com Samuel. Cortaram sua cabeça e a enviaram pela terra deles em
exibição fixando seu corpo no muro de Bete-Seã. Deve ter transcorrido algum
tempo antes que os moradores de Jabes de Gileade tivessem noticias disto.
Viajaram toda a noite, e tiraram os corpos de Saul e de seus filhos, e regressaram
com eles a Jabes e os queimaram ali.
No
entanto, Samuel foi enterrado em Ramá, e os restos de Saul e seus filhos foram
enterrados em Jabes de Gileade. Portanto está claro que Samuel não quis dizer “o
sepulcro” quando disse, “Amanhã estareis comigo, tu e teus filhos.”
Quão
claro está que Samuel reconheceu que a alma sobrevive depois da morte e conhecia
o verdadeiro significado de sheol! Sabia por sua própria experiência,
sabia também que seria a experiência de Saul, como a de todos os que morrem.
Qeber nunca se associa nas Escrituras com o pensamento de descer.
Desde cedo, como questão de fato, os corpos mortos descem ao sepulcro. Daqui para
frente não terá mais importância a questão das Escrituras nunca usarem a expressão
com respeito a qeber, mas a usar em relação a sheol, implica
isto, seguramente, numa idéia moral no que diz respeito a uma condição.
Sheol está associado
com o pensamento de desejo, etc. “Alargou como o inferno (sheol) sua
alma.” (Hab. 2:5).
“Qeber não leva consigo tal idéia, mas alguém poderia
argumentar, não diz a escritura:” Na sepultura (sheol) para aonde tu vais, não
há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma?(Eclesiastes 9:10). Sim, porém isto não é revelação,
mas os anais inspirados do resumo que fez
Salomão de seu conhecimento das coisas debaixo do sol. Salomão contempla
as coisas segundo elas afeta sua obra e conhecimento e sabedoria em conexão com
os assuntos desta vida, e tais coisas não irão além desta vida na experiência das
pessoas vivas na terra.
No Novo Testamento
Vamos agora
para o Novo Testamento e sigamos nele os vocábulos equivalentes de qeber
e sheol e encontraremos que
as mesmas regras se aplicam exatamente a eles.
MNEMEION (grego) = QEBER (hebreu), sepulcro sepultura, uma localidade.
HADES
(grego)
= SHEOL (hebreu), o estado das almas Desencorpadas, a saber, uma condição.
No Novo
Testamento, assim como no Antigo não existe dificuldade alguma quanto à palavra
sepulcro. Vejamos primeiro o equivalente grego na Septuaginta para a palavra
hebréia sheol.
A
Septuaginta é o nome da tradução do Antigo Testamento do hebreu ao grego executada
pelos judeus em Alexandria e assim chamada porque diz ser a obra de
setenta tradutores, incumbidos por Ptolomeo Filadelfo, Rei do Egito, ao redor do
ano 280 A.C.
Das
sessenta e cinco vezes nas quais a palavra sheol ocorre no hebraico, a
Septuaginta a traduz hades em todas com exceção de quatro ocasiões.
Duas vezes é traduzida THANATOS, que é a palavra grega para morte; e duas
vezes está sem equivalentes. Nenhuma vez a traduzem sepulcro. Não prova isto
que eles tinham uma ideia muito mais clara do significado da palavra sheol
do que nossos tradutores, que erroneamente a traduziram sepulcro ou sepultura
43 vezes, e que apesar de não ter plural ou localidade traduziram onze vezes por outra palavra
totalmente diferente, ou seja, inferno?
Porém
esta é uma questão de tradução de mais o menos peso. Voltemos ao Novo
Testamento. As Escrituras mesmas decidem a questão com toda autoridade
para nós. compare a seguinte passagem do Antigo Testamento com a citada do Novo:
“Porque não deixará a minha alma no
sepulcro (SHEOL); nem permitirás que teu Santo veja corrupção” (Salmo 16:10).
“Pois não deixarás a minha alma no inferno (HADES),
nem permitirás que o teu Santo veja
corrupção.” (Atos 2:27)
Isto
põe a questão fora de qualquer dúvida. As próprias Escrituras resolvem o problema
para nós. Antes de seguir adiante, devemos fazer alguns esclarecimentos a fim
de que o leitor não precise de ajuda de outra fonte.
Não há revelação do estado invisível no Antigo Testamento conforme
encontramos no Novo. “A vida e a imortalidade (literalmente, a incorrupção)
são trazidas à luz pelo Evangelho” (2.ª Timóteo 1:10). Chegou o tempo para Deus
fazer uma revelação maior sobre esta solene questão, como resultado da morte do
seu bendito Filho, o qual cumpriu todas suas justas exigências, e colocou o
homem debaixo de uma maior responsabilidade, que anteriormente.
Não é que o Antigo Testamento não seja plenamente inspirado
por Deus como o Novo. O Antigo tem IGUAL INSPIRAÇÃO E AUTORIDADE
como o Novo, mas aprouve a Deus fazer uma maior revelação destas questões
no Novo. Decididamente não é uma questão de evolução, mas de revelação.
O leitor deve ser advertido de que deve ter muita cautela
com os autores que, enquanto apresentam um grande volume de textos do Antigo
Testamento, tirados principalmente de Jó e Eclesiastes, deixam de adicionar
igual prova extraída do Novo. Ele pensará que tais autores tratam a revelação
parcial, que Deus em sua infinita sabedoria, tem dado no Antigo Testamento,
como a última palavra sobre este assunto. De igual maneira confundem o relato
inspirado com a revelação, enquanto ignoram a mais plena revelação do
Novo Testamento.
O livro
de Eclesiastes é muito citado por escritores de duvidosa autoridade. Por exemplo,
quão freqüentemente é citada a seguinte passagem para provar que a alma dorme
inconsciente:
“Porque os vivos sabem que hão de morrer;
mas os mortos nada sabem coisa alguma, nem tão pouco eles têm jamais recompensa;
porque a sua memória é entregue ao esquecimento” (Eclesiastes 9:5).
Porém,
o versículo seguinte que explica o ponto de vista do autor, assim como de todo o
livro, geralmente não é citado:
“Até seu amor, e seu ódio e a sua inveja, já
pereceram; e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma que se faz DEBAIXO
DO SOL” (Eclesiastes 9:6).
O autor
fala aqui do que está “debaixo do sol”. Até onde ele sabe os mortos não sabem
nada de que os tivesse interessado nesta vida.
O livro de Eclesiastes
é profundamente interessante e útil, contudo não devemos aproximar-nos dele,
esperando receber revelação divina, mas simplesmente um relato
inspirado do resumo feito pela sabedoria humana, dos problemas da vida e da
morte, enquanto aqui e ali Salomão demonstra possuir um conhecimento vislumbrante do além, dado por Deus, do que irá ocorrer depois.
Ao mesmo tempo
ele foi o mais sábio e o mais rico dos homens. Teve as maiores oportunidades de
satisfazer a si mesmo, guiado pelo máximo da sabedoria humana. Mesmo de posse
de tudo isso fez de sua vida uma desgraça, e se destaca como uma prova de que o
homem deve ser controlado pelo Espírito de Deus, para que seja reto em seu espírito
em relação com Deus e a eternidade.
Seu livro
é o lamento maravilhoso e precoce de um homem decepcionado, pois o encerra dizendo:
“Vaidade de Vaidades, diz o Pregador: vaidade
de vaidades, tudo é vaidade” (Eclesiastes 1:2).
Repetimos
que o livro de Eclesiastes não constitui numa revelação divina, mas é
o relato divinamente inspirado das dúvidas e desalentos humanos. É evidente
que Salomão mesmo contradiz a interpretação dada em Eclesiastes 9:5 de que a
alma dorme, pois ele diz:
“E o pó volte a terra, como era, e o espírito
volte a Deus que o deu” (Eclesiastes 12:7).
Será
apressado dizer que Salomão faz diferença entre o corpo inconsciente no
sepulcro e o espírito consciente no sheol ou no hades? Não o
cremos.
Examine
sem nenhuma paixão as teorias de sistemas ante-cristãos como os Testemunhas de Jeová,
os Adventistas do Sétimo Dia, a Ciência Cristã e outros por seu estilo, e verás
que as suas especulações estão apoiadas em citações do Antigo Testamento, sendo
que, os livros de Eclesiastes e Jó são amplamente citados para o referido
propósito, e ao mesmo tempo, muito mal interpretados por eles.
O seguinte
comentário de F. W. Grant em sua obra monumental intitulada «Facts and Theories as to the Future State» (Fatos e Teorias acerca do Futuro Estado) ilustram muito bem esta tendência. Diz ele, comentando certo
autor, nas páginas 124 e 125 da referida obra:
“Das mais de cinqüenta passagens citadas, nove
pertencem ao Novo testamento e quarenta e sete ao Velho, enquanto que das passagens
que ele crê que poderiam ser adicionadas
sobre o assunto, do seu ponto de vista (ainda que sejam pequenas em número), nove
em cada dez são do Novo Testamento. Não parece isto realmente uma
disputa entre o Velho Testamento e o Novo Testamento. E isso não é tudo, mas mesmo assim há algo que estas citações nos
revelam, ou seja, a grandeza moral daquilo que está em 2.ª Timóteo 1:10, onde o
apóstolo nos diz que: “ Cristo aboliu a morte, e trouxe a luz a vida e a
incorrupção (não a imortalidade) pelo Evangelho.
Isto demonstra que estes autores estão
buscando luz às apalpadelas no meio das sombras de uma dispensação que, no que diz
respeito a esta questão nos deixa comparativamente em trevas. Eles olham
para morte conforme esta existia, antes de Cristo anular seu poder sobre o
crente.
Olham a vida como se esta não tivesse sido
trazida à luz ainda. “Não é estranho que tropecem nos obstáculos que eles
mesmos puseram”.
E
temo que em tais casos eles não desejem receber luz, mas apenas impor a seus leitores
suas próprias e obscuras teorias.
Afastando-nos
desta digressão (desvio de assunto) necessária. Vimos que sheol (hebraico)
e hades (grego) são termos sinônimos. Consideremos agora o testemunho
das Escrituras quanto ao hades.
Novo Testamento Hades é traduzido
inferno dez vezes e sepulcro uma vez. A passagem onde é traduzido sepulcro é:
“Onde está, oh morte, teu aguilhão? Onde, oh
sepulcro, a tua vitória?” (1.ª Coríntios 15:55).
Por que
os tradutores a traduzem dez vezes inferno e fazem uma só exceção? Não há
explicação. Provavelmente foram influenciados nisto por um motivo de elegância na
linguagem.
Veremos
agora que a mesma comparação que existe entre qeber (hebraico sepulcro)
e sheol (hebraico, condição da alma desincorporada) existe entre mnemeion,
(grego - sepulcro) e hades (grego - condição da alma desencorpada).
Mnemeion é encontrada no plural dez vezes.
Hades nunca é encontrada no plural.
Mnemeion é mencionada como a possessão exclusiva de um indivíduo.
Hades nunca é mencionado neste sentido.
Mnemeion é mencionado como o
“sepulcro novo” (propriedade de José de Arimateia) Mateus 27:60). “O puseram num
sepulcro” (Marcos 6:29). “Os sepulcros dos profetas” (Lucas
11:47).
Nunca
se usa tal linguagem em relação com hades. O hades é invocado,
como temos visto: “Onde está, oh sepulcro (hades), tua vitória?” Contudo nunca és
traduzido como um sepulcro, seu sepulcro, etc.
Mnemeion tem uma posição geográfica. “E saindo dos sepulcros, depois
da sua ressurreição, entraram na santa cidade.” (Mateus 27:53), demonstrando
que os sepulcros estavam nas imediações de Jerusalém. “E no horto um
sepulcro novo.” (João 19:41)
Hades
não tem uma posição geográfica.
Mnemeion é mencionado em relação com a entrada do corpo nele. “Viram
o sepulcro, e como foi posto o seu corpo.” (Lucas 23:55)
Hades nunca é mencionado em relação com o corpo, pela razão
obvia de que não tem relação com este.
Uma aparente exceção disto
parece ser o fato de que é dito que o rico estava no hades levantou seus
olhos. Porém a linguagem é simbólica e tem o sentido de expressar a ideia de que a alma está
consciente depois da morte, e está apercebida do que a rodeia. A Bíblia abunda
nestes simbolismos. Por exemplo, Deus é Espírito e, portanto, incorpóreo. Contudo
isso lemos acerca de “suas costas,” seu rosto, seus olhos, seus narizes, seus pés,
suas mãos, etc., etc., tudo isto, com a finalidade em expressar pensamentos
definidos em linguagem simbólica. Por exemplo: “Os olhos de Jeová estão
sobre os justos, e atentos seus ouvidos ao clamor deles.” (Salmo
34:14)
Mnemeion é mencionado como uma possessão nesta terra, do mesmo modo
que podemos possuir uma casa ou um prédio. “E o pôs num sepulcro novo” (Mateus
27:60). Hades nunca é mencionado neste sentido.
Mnemeion pode ser cavado de fato. “E o pôs em seu sepulcro novo,
que havia aberto na rocha.” (Mateus 27: 60).
Hades nunca é mencionado neste sentido.
Desde
cedo poderíamos aportar mais textos probatórios das distinções entre sepulcro e
sheol no Antigo Testamento, e entre sepulcro e hades no Novo, porém
já temos citado o bastante para provar de um modo preponderante que sheol o
hades não significa o sepulcro.
Mais
ainda, quando se trata de sepulcro temos que esperar obter necessariamente, mais
no Antigo Testamento do que no Novo, pela simples razão de que o Antigo
Testamento relata a historia do homem por um período de 4,000 anos, enquanto o Novo
Testamento não chega a cobrir um período de 70 anos. O primeiro escritor do Antigo
Testamento precede o último por mais de 1,000 anos, enquanto que media só
um período de menos de 100 anos entre o primeiro e o último dos livros do Novo.
Considerando
então, que sheol e hades são termos sinônimos e que não possuem conflito
quanto à palavra usada para denominar o sepulcro, a evidência sobre este ponto é
concludente.
Se qualquer
leitor depois de haver verificado esta evidência ainda suster que sheol o
hades significa sepulcro então lhe acusaria de engano deliberado.
Pode ter sido enganado até aqui; mas daqui em diante tal pessoa seria um enganador.
Não nos surpreenderia encontrarmos com tais pessoas desprovidas de todo sentido
de decoro, pois lemos:
“Os homens maus e enganadores, irão de mal a
pior, enganando e sendo enganados” (2.ª Timóteo 3:13).
Tomemos
como consideração um exemplo. Pode o leitor estranhar de que duvidemos da
honradez de um homem como o falecido “pastor” Russell, fundador do movimento
denominado “Associação Internacional de Estudantes da Bíblia” “As chamadas
Testemunhas de Jeová”? Um artigo deste movimento foi deixado em nossa caixa de
correio, depois de termos escrito o que afirmamos anteriormente. Imagine nossa surpresa
e desgosto quando lemos a afirmação feita com todo despreparo, a qual com
toda segurança, ele deve saber que é inteiramente falsa:
“Todo ministro instruído sabe que a palavra hebréia sheol traduzida
‘inferno’ nas Escrituras do Antigo Testamento significa o sepulcro’ ― o estado
de morte― o único inferno que foi conhecido por 4,000 anos”.
Mais
ainda, sheol ou hades afeta necessariamente tanto o crente como o
pecador, e como o corpo jazendo na morte (uma condição) deve de modo
geral estar no sepulcro (uma localidade), assim a alma, que está no hades
(uma condição), deve estar em algum lugar. As Escrituras nos dizem
claramente onde estão as almas dos crentes depois da morte de seus corpos. Lemos:
“Davi
em vida falou da ressurreição
de Cristo dizendo: “Que a sua alma não foi deixada no inferno (hades) nem
sua carne viu corrupção” (Atos 2:31).
O espírito do Senhor
esteve no hades entre o tempo de sua morte e sua ressurreição. Ele mesmo revelou onde estaria seu espírito e ao fazê-lo,
indicou onde estaria o espírito do crente, pois Ele disse ao ladrão
agonizante:
E Paulo
escreveu:
“Mas
temos confiança e desejamos antes
deixar este corpo, para habitar com o
Senhor” (2.ª Coríntios 5:8).
A alma
do cristão está então com o Senhor Jesus Cristo no Paraíso. Contudo, o Senhor
de igual maneira lança luz sobre o estado das almas que estão no hades. Ele
faz um contraste muito vívido, entre o estado
dos bem-aventurados com o estado dos perdidos.
“E aconteceu morrer o mendigo, e foi levado
pelos anjos para o seio de Abraão”
(Lucas 16:22).
“E morreu
o rico, e foi sepultado. E no inferno (hades), ergueu os olhos, estando
em tormentos, e viu de longe Abraão e a Lázaro no seu seio” [[4]]
“E clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia
de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta de seu dedo e me refresque a língua,
porque estou atormentado nesta chama” (Lucas 16:22-24)
O Senhor
encaixou suas palavras dentro de um fundo judaico, adaptado a seus ouvintes, daqui
o simbolismo, “seio de Abraão.” No entanto, a companhia de Abraão e a bem-aventurança
de sua condição não eram simbólicas. Da mesma forma, como as Escrituras nos dizem
que o hades é para o crente uma condição de bem-aventurança, assim o Senhor
nos diz que o hades é para o inconverso uma condição de tormento.
Podemos crer numa declaração e recusar a outra? Seguramente que não! Quão solenes,
foram às advertências que o Senhor fez, enquanto esteve aqui na terra, para que
seus ouvintes escapassem de tal condenação!
O
oponente pode dizer que se os olhos e a língua são simbólicos, os tormentos e a
chama devem ser igualmente simbólicos. Não dogmatizamos sobre este ponto, mas
nos resta assinalar que a objeção não suaviza a gravidade da situação abordada.
Porque se os tormentos físicos são simbólicos, veementemente perguntamos:
de quais símbolos? Só encontramos uma resposta. Se os tormentos físicos são
simbólicos, devem ser símbolos dos tormentos espirituais. Se os tormentos
que afetam o corpo são símbolos, devem ser símbolos dos tormentos que afetam
a alma. Seja como for, não dogmatizaremos; a contestação de que a linguagem
seja simbólica não altera em nada, nem reduz ao menor grau a seriedade da advertência.
Porque se a linguagem é simbólica, o simbolismo é usado por alguém que, nada mais
e nada menos é o Filho de Deus, e seu desejo é dar, no símbolo, uma revelação
exata da verdade com respeito a este fato.
É
terrível o simbolismo? A verdade que se propõe assinalar também é terrível. É terrível
o simbolismo? A advertência também é terrível. Imploramos-te, leitor, que não
permitas que a razão humana ou o sentimentalismo te privem do sentido conciso
da verdade.
Deduzimos
claramente nas Escrituras o lugar para onde irá a alma do crente depois da morte, porém não nos
é dito, exatamente, onde é o lugar no qual estará a alma do perdido. Podemos imaginar
e comparar com um pai levando seu filho para
um novo lar explicando-lhe sua localização e quão prazeroso será a mudança. Mas
ninguém espera das autoridades policiais que levam um individuo condenado, cujo
dever é conduzir-lhe ao cárcere designado no julgamento, tomar o trabalho de
informar ao preso onde está situada a cela em que há de ser encarcerado.
Já
dissemos o bastante para demonstrar que o hades é a condição das almas,
tanto do crente como do pecador, depois da morte, o primeiro está com Cristo em
felicidade; o último no lugar de tormento.
A Verdade quanto ao “GEENA”
Devemos
caminhar um passo mais adiante. Uma nova palavra introduzida no Novo Testamento
a qual no se fala no Antigo. É introduzida pelo Senhor mesmo e é uma palavra de
terrível implicação. É a palavra Geena.
Geena
é traduzida inferno seis vezes, inferno de
fogo duas vezes e Geena quatro vezes. É justamente traduzida inferno segundo nosso
entendimento do que o termo implica. Nunca é traduzida sepulcro.
Ambos,
o hades e o Geena são traduzidos inferno. Ao contrastar o uso dos
dois termos ajudará o leitor a entender o significado de ambos.
Hades é uma condição. Isto já tem visto, portanto, não temos
que repetir a evidência.
Geena é um estado. “Todo teu corpo... LANÇADO no inferno
(Geena)” (Mateus 5:29). “Dois olhos... LANÇADO no inferno de fogo
(Geena) (Mateus18: 9). Nunca é dito que o corpo é lançado no hades.
O hades
é temporal: “O inferno (hades) e a morte foram lançados no lago de fogo”
(Apocalipse 20:14). Isto será explicado com detalhes adiante.
O Geena
é eterno. “Duas mãos ires para o Geena, para o fogo que nuca se apaga... onde
o seu bicho não morre e o fogo nunca se apaga.” (Marcos 9:43, 44). O hades só
afeta a alma como temos visto. O Geena afeta tanto o corpo como a alma.
“E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele
que pode fazer perecer no inferno (Geena) a alma e o corpo (
Mateus 10:28).
El hades
é igual à condição do preso que espera seu julgamento. O Geena é semelhante
à prisão a qual o preso é lançado depois de haver passado pelo juízo.
O Geena
é semelhante à prisão.
Assim
como sepulcro é a localidade para o corpo morto, o Geena é a localidade
para o corpo e a alma dos perdidos.
Geena era o vale de Hinom, literalmente “o vale dos gemidos dos meninos.”
Era um barranco estreito e profundo ao oriente de Jerusalém. Lemos do rei Acaz
que:
“também queimou incenso no vale dos filhos
de Hinom, e queimou a seus filhos no fogo, conforme as abominações dos gentios”
(2.º Crônicas 28:3).
Está
escrito de Manassés que:
“Passou seus
filhos pelo fogo no vale dos filhos de Hinom” (2.º Crônicas 33:6)
Porém
o neto piedoso de Manassés o rei Josias:
“Profanou a Tofete que está no vale do filho
de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho ou sua filha pelo fogo a
Moloque” (2.º Reis 23:10)
Certo
escritor disse: “Trinta anos antes da destruição de Jerusalém pelos Caldeus, foi
que o ídolo, a horrível figura humana com cabeça de boi, Moloque, e seus pertences
foram varridos do vale pelo bom Josias e o lugar foi de tal modo profanado que jamais
voltou a ser usado por tão horrível culto. Porém os horrores do passado haviam sido
gravados tão profundamente na mente do povo que dali em adiante o lugar levou o
nome de Tofete (a abominação), o estado que devia ser execrado, e nos últimos tempos
as mesmas palavras Gehinom, (o vale de Hinom), mudadas para Geena vieram
a ser o nome comum para inferno”.
Depois que o
rei Josias o profanou o vale dos filhos de Hinom, o lugar passou a ser o
depósito de lixo da cidade. Mantinha-se fogo
ali continuamente, para consumir a sujeira e impureza do lugar; os vermes se alimentavam
do lixo que estava fora do alcance do fogo. Os abutres se moviam com avidez
sobre a horrível cena. Uma fumaça fedida subia continuamente do vale.
Razão teve
nosso Senhor para usá-lo como figura do inferno, e consagrar o uso da palavra
com o selo de sua autoridade. Mas, note-se que o Senhor, ao falar do Geena,
nunca fez referência a este lugar, como um lugar fora de Jerusalém, mas, o usou
para referir ao de tormento eterno. O qual foi preparado para o diabo e seus
anjos e ao qual serão lançados os pecadores impenitentes.
Não é sem
significado o fato de que todas as vezes que se faz referência ao Geena,
com exceção de uma (Tiago 3:6), é dos lábios do mesmo Filho de Deus que ela procede.
Se houvesse sido de outro modo, os críticos teriam dito: “Paulo falou de Geena,
Pedro também falou, mas nunca Cristo”.
Seja como for,
o que Paulo e Pedro e João escreveram é de igual autoridade com o que o Senhor
disse, pois a fonte é a mesma — a inspiração divina ―. Não é questão de
grau, mas, sim, de método. Não há diferencia salvo no método entre o que uma pessoa
fala e o que essa mesma pessoa escreve.
Não há
então diferença no que se refere a autoridade entre o que Cristo falou e o que Ele
escreveu por meio de Paulo ou de Pedro ou de João. Todavia tão
pobre sutileza é refutada pelo fato de que o inferno (Geena) é sempre
mencionado, com exceção de uma vez, pelo próprio Senhor.
No
existe nenhuma dúvida quanto à existência do inferno para aquele que se submete
às Escrituras. Recusar crer em sua existência equivale a recusar crer na palavra
de Cristo, de fato, não crer em Cristo mesmo. Ninguém pode reclamar que não é um
cristão e ser incrédulo baseado na existência ou não do inferno. Pode alguém
ser um cristão e recusar crer nas mais solenes e repetidas asseverações
relativas ao inferno que procederam em compassivas admoestações de seus
benditos lábios? Desgaremo-nos de todo fingimento. Cremos ou não cremos no
inferno. Cremos ou não cremos na palavra de Cristo.
Quanto
mais convencidos estivermos da existência do inferno mais profundo será nosso
sentido de pecado, maior nossa apreciação do valor da propiciação de Cristo, e mais
intenso nosso desejo de espalhar o Evangelho da graça de Deus. O
enfraquecimento estas verdades em nossas almas obscurecerá nosso conceito de Deus
e neutralizará nossa atividade a favor da benção de outros.
Ainda
aos incrédulos, digamos aqui, sintam aversão do inferno. O apóstolo Pedro faz
uso disto quando disse em 2.ª Pedro 2:4: “Deus não perdoou aos anjos que pecaram,
mas havendo-os lançado no inferno (tártaro).” Tártaro era o conceito
pagão do inferno que tinham os romanos. De acordo com a mitologia pagã, tártaro
era uma lacuna escura, em suas portas de rocha eram guardadas as fúrias, cada cabelo
das quais era uma serpente. Roberto Browning escreveu:
“Se pode haver um céu; deve haver um
inferno”.
Todos
nós sabemos de céus e infernos nesta terra. Nós temos encontrado com homens, em
quem o fogo do remorso e o verme de sua consciência acusadora, têm convertido seu
coração culpável em um verdadeiro inferno. Violam-se as leis naturais e o sofrimento
será o resultado inevitável. Algumas vezes uma horrível vida de sofrimento é o
resultado de um momento de prazer pecaminoso nesta vida. Lágrimas de sangue não
têm conseguido deter o governo de Deus.
E o
castigo do pecado se limitará apenas a esta vida? Não se colherá além da morte,
o fruto de uma vida de pecado de desprezo à misericórdia de Deus e rebelião
contra Ele? Deus em misericórdia e bondade nos admoesta em terrível linguagem
que haverá tal colheita. Ele diz:
“Temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no
inferno (Geena)”. (Mateus 10:28)
Certo bem conhecido ministro tontamente escreve: “O que resolve
a questão finalmente para cada um de nós é nossa propensão temperamental”.
Respondemos que tal imbecilidade seria inconcebível ante qualquer tribunal de justiça.
“Decidirá a “propensão temperamental” do ladrão ou assassino, o castigo que deve
receber, ou esperam as pessoas sensatas que o juiz faça a devida justiça?
O que resolverá a questão para cada um de nós ao fim, não é nossa “propensão
temperamental”, mas a Palavra de Deus gostemos ou não.
O lago de fogo
Ainda há outra
expressão que é usada como referência ao inferno, [[5]] “o
lago de fogo” a qual devemos considerar. Ocorre cinco vezes na última parte do livro
de Apocalipse. Evidentemente é o mesmo lugar, o Geena. A prova disto jaz no fato
de que enquanto o Senhor fala de ser lançado no Geena, e expresso com toda clareza
que tal condenação afetará tanto a alma como o corpo, o apóstolo João em
sua visão apresenta o lago de fogo como o confinamento das almas e dos corpos
dos incrédulos em sua condenação final. É impossível que sejam dois estados
distintos. Lemos em Apocalipse 20:14: “E o inferno e a morte foram lançados no
lago de fogo. Esta é a segunda morte.” Vendo que todos os mortos “bem-aventurados”
haviam experimentado a “ressurreição da vida” antes do milênio na segunda vinda
do Senhor, (veja-se cap. 20:5, 6), “os mortos grandes e pequenos” que “estão diante
de Deus” devem ser os ímpios que experimentarão “a ressurreição da
condenação” (juízo) João 5:29. de modo que o presente versículo pode ser
explicado com a simplicidade que segue: E a morte (a condição dos corpos no
estado de separação de sua respectivas almas), e o hades (a condição das
almas no estado de separação de seus respectivos corpos), foram lançados nas pessoas
dos mortos ímpios ressuscitados no lago de fogo. Isto é como si disséssemos: os
mortos cujos corpos haviam ficado nos sepulcros [[6]]etc., foram ressuscitados e suas almas que haviam estado na
condição de hades foram reunidas aos seus corpos como parte do processo. Como indivíduos
ressuscitados, corpo e alma reunidos, eles representavam o que havia sido a morte
e o hades e como tais, pecadores que haviam morrido sem arrependimento foram
lançados no lago de fogo, o qual responde claramente ao Geena. Quando isto
ocorrer, não só não haverá corpos na condição de morte, nem almas na condição
de hades – mas, sim, “a morte e o hades” foram “lançados no lago
de fogo”. Isto ocorrerá quando os flagelos que vieram por causa do pecado
terminar, como um ato expresso do juízo de Deus. E note-se que este acontecimento
terá lugar depois que a terra e o céu fugir, depois que o tempo,
como ocorre agora, não existir mais. A cena se verifica na eternidade à
vista dos novos céus e a nova terra. Em alguns versículos mais adiante lemos:
“Mas, quanto aos tímidos e incrédulos, aos abomináveis
e homicidas, aos prostituem e feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os
mentirosos, a sua parte será no lago ardente com fogo e enxofre.” (Apocalipse
21:8)
Aqui
outra vez, esta passagem fala tão afinada com Apocalipse 20:11-15, significando
o pensamento de que esta perspectiva não é agora no tempo presente, mas na eternidade
e por a eternidade. Atrevem-se as almas a julgar esta solene declaração das
Escrituras? Não alarmará ao pecador a possibilidade de uma condenação de um ai!
Indescritível? A um custo infinito Deus mesmo fez provisão de um meio de
escape através da morte do Senhor Jesus Cristo que sofreu a ira de Deus contra o
pecador, havendo feito uma plena propiciação por ele.
O convite
para vir a Cristo é universal, enfática e insistente. É importante que todos
prestem atenção a ele agora, por que:
Não há perdão na tumba,
E breve é o dia de misericórdia.
Não há, então, nem uma sombra de duvida que a Bíblia ensina
a existência de um inferno literal. Ela nos diz que está “preparado para o diabo
e seus anjos” (Mateus 25:41). Triste é que o homem que em sua loucura, recusando
a misericórdia de Deus deva enfrentar o tribunal daquele que deseja que todos
os homens sejam salvos. Assim selará sua própria condenação na companhia do diabo
e dos anjos caídos.
Dirigimos agora esta seria pergunta: É ETERNO o castigo
do inferno?
Um bem conhecido e recente escritor disse com todo desembaraço:
“Se a Bíblia ensina o castigo eterno, pior para ela, pois não
podemos crer: podemos citar textos e nos apoiar na melhor erudição para
justificar certas interpretações, mas de nada vale, não somos escravos de um livro,
nem devotos escravos de um credo, mas cremos no amor e na evolução”.
Outro
escreve:
“Nunca houve, nem há, nem haverá direito de em nome do Evangelho
de Cristo falar de tormento eterno”.
De
minha parte prefiro enfrentar estas negações
abertas do que as insinuações feitas as escondidas por muitos. É melhor
pelejar contra um inimigo declarado que ser apunhalado pelas costas com uma
lâmina envenenada.
Se cresse
que a Palavra de Deus não ensina a condenação eterna procuraria graça para proclamá-la
assim de cima dos telhados. Por que me envergonhar de ter a verdade? Há milhares
de ministros hoje, pagos por congregações para propagar o Evangelho que são verdadeiros
agentes do diabo para minar a fé de seus ouvintes na autoridade e inspiração
das Sagradas Escrituras. Os tais são traidores no acampamento. Um dos pontos
vitais de ataque é a doutrina do castigo eterno.
Existem
duas escolas de pensamento que ensinam que não há castigo eterno. Os
aderentes destas escolas são chamados respectivamente:
(I)
Universalistas, e
(II)
Niilistas (Aniquilacionistas).
O
Universalista crê que os que morrem sem terem sido salvos passaram por um
período de sofrimento de mais ou menos a mesma duração, no qual se purificará e
ao fim serão salvos. Deus, dizem eles, triunfará sobre o mal. Certo é, porém, não
do modo que eles dizem. O fim legítimo de seus argumentos, ainda que não o apresentem
tão claramente, é que o diabo e os anjos caídos serão finalmente salvos.
Vendo que Cristo não morreu pelo diabo e seus anjos, isto leva o Universalista a
blasfema doutrina da salvação fora da propiciação.
Examinemos
brevemente a teoria do Universalista. “Deus é Todo poderoso”, dizem eles. “Ele
aborrece o pecado e deve triunfar; portanto Ele esvaziará o inferno em alguma
ocasião abrindo de par em par a porta da misericórdia a toda a humanidade; de
outro modo seu caráter de amor e bondade seria destruído”. O Universalista admite que Deus tem um caráter
de amor e de bondade. Ele baseia sua opinião nisto. Se isto é assim, o
Universalista deveria admitir que um Deus de amor, como de fato é, não poderia permitir
que o pecado entrasse neste mundo e que pudesse continuar com todo sua inefável
dor, extermínio e morte por seis mil anos.
E se Deus
permitiu a presença do pecado por tanto tempo, por que Ele não pode permitir
que seu castigo seja para sempre? Não há lógica que dê resposta satisfatória
a esta pergunta. Não podemos senão recorrer à revelação quanto a isto e a resposta
é clara e inequívoca.
Todavia,
podemos argüir que se existem boas razões para que haja pecado agora.
Então, como podemos saber por nós mesmos, que não há boas e poderosas razões
para que seu castigo seja para sempre? Que direito temos para especular
em questões como esta? “Que diz a Escritura?” é nossa única base segura.
Mas
dirá o oponente, Como pode uma ofensa realizada num momento merecer perpétuo
castigo? Replicamos outra vez que aqui estamos fora da região da especulação.
Só a revelação nos pode servir de ajuda.
Quando
o homem castiga o pecado a pena é de acordo com o grau em que este afeta a si mesmo,
de acordo com seus efeitos sobre a sociedade, conforme se relaciona com o tempo.
E ainda assim, um crime que premeditado, hediondo é com freqüência seguido de muitos
anos de prisão ou pode culminar na aplicação da pena capital.
Mas quando
pecamos contra um Ser infinito não nos cabe usar medida alguma que não seja aquela
que nos é dada por esse Ser infinito. O problema está fora de nossa solução. O
pecado, que exigiu um preço incalculável, um sacrifício infinito não pode ser
medido pelo sentido de justiça dos
tribunais humanos. Estamos sujeitos ao que Deus diz em Sua Palavra , e nossa sabedoria
consiste em recusar nossa própria razão neste assunto.
Ensinam
que uma segunda oportunidade de salvação depois da morte esvaziará o
inferno, e sustentam que o caráter de Deus, como um Deus de amor, requer isto.
Contudo, que garantia há de que os pecadores que recusam
o Evangelho nesta vida a aceitariam em outra? Perguntamos atônitos, por que as pessoas
recusam a primeira oferta? A natureza que recusa com escárnio nesta vida
a abraçará em outra? Os espinheiros desta vida produziram uvas em outra, ou os abrolhos
desta idade produziram figos em outra?
Além
disto, a Bíblia não sustenta tal esperança de uma segunda oportunidade. Torcem
uma ou duas passagens das Escrituras para apoiar esta teoria. Recorrem a seguinte
passagem (veja “A PREGAÇÃO AOS ESPÍRITOS ENCARCERADOS”, W. Kelly):
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos
pecados, o justo pelos injustos, para levarnos a Deus sendo na verdade morto na
carne, mas vivificado em espírito; no qual também foi e pregou aos espíritos
em prisão; os quais em outro tempo foram desobedientes, quando a
paciência de Deus esperava nos dias de
Noé, enquanto se aparelhava a arca; na qual poucas, a saber, oito pessoas foram
salvas pela água” (1.ª Pedro 3:18-20)
O
significado disto é muito claro. Noé pregou ao mundo antediluviano enquanto construía
a arca. Foi o Espírito de Cristo nele a fonte e poder de seu testemunho.
Que o “Espírito de Cristo” foi o motivo e poder do testemunho do Antigo
Testamento está confirmado por 1.ª Pedro 1:11. Pedro toma todo cuidado em
advertirmos que apenas oito pessoas foram salvas na arca. Segue-se que o
restante recusou o testemunho de Noé que constituía na pregação do Espírito de
Cristo nele. O dilúvio os encobriu e pereceram. Quando Pedro escreveu, já eram espíritos
encarcerados há 2,500 anos. Isto não apresenta dificuldade alguma. Nós sabemos
que Noé foi um “pregoeiro de justiça” (2.ª Pedro 2:5) Isto está em harmonia
com todo o teor da Palavra.
Pelo
contrário, a explicação do Universalista de que o Senhor desceu literalmente ao
hades e pregou uma segunda oportunidade está cercada de dificuldades insuperáveis.
A passagem
em questão se limita àqueles que viveram enquanto Noé preparava a arca, período
que parece ter durado ao redor de 100 anos. Antes do dilúvio transcorreram uns
15 séculos: depois dele até que Pedro escreveu as palavras que estamos
examinando haviam passado outros 25 séculos. No total uns 4,000 anos haviam transcorrido
desde a criação do homem. Não parece absurdo explicar um versículo de tal maneira
que seja necessário dizer que as pessoas que viveram naquele período particular,
justamente de cem anos, deveriam ter obtido uma segunda oportunidade? O que dizer
dos que viveram durante os outros trinta e nove séculos depois?
Este
passagem não é uma prova suficiente para o Universalista. Para ele a passagem fala
de uns poucos que viveram durante uns poucos anos antes do dilúvio
obtendo uma segunda oportunidade. Não podem afirmar que nenhum dos milhares dos
pôs - diluvianos a tiveram, para não mencionar as multidões que viveram antes do
dilúvio. É simplesmente absurdo pensar que dentre todos os milhões que estavam
no hades quando o Senhor morreu que, comparativamente, um mero punhado tenha
sido marcado para receber a oferta de uma segunda oportunidade, a qual não foi
dada aos demais. Realmente recorrer a uma base tão grotesca para formar uma teoria
só prova a pobreza de seu caso. Mas negamos inteiramente que aqueles que viveram
imediatamente antes do dilúvio obtiveram uma segunda oportunidade. Não há
indicio de tal coisa nas Escrituras.
Note-se
então, que não diz o que Cristo pregou a estes espíritos, nem o efeito que
esta pregação produziu. Se a explicação do Universalista fosse correta teríamos
estes detalhes e isto aplicaria em relação com toda humanidade, e não, apenas,
com relação a uns poucos que viveram num período particular da historia.
Por que,
então, Pedro introduz tal período especial? Não é por mera casualidade. A Palavra
é divinamente inspirada. A resposta é obvia. Ele recorreu à narração do dilúvio
e da arca, para usá-los como uma ilustração do batismo, para patentear o
significado da morte de Cristo aplicada de um modo prático ao crente.
Do mesmo
modo os Universalistas usam outra passagem:
“Porque para isto também foi pregado o Evangelho
aos mortos; para que julgados na carne segundo os homens vivam em espírito segundo
Deus” (1 Pedro 4:6).
Contudo
a explicação desta passagem é obviamente a mesma do outro: “O Evangelho foi
pregado aos [que agora estão] mortos” parafraseia muito bem o pensamento
do escritor. Note-se que ele não diz: “Por isto também é pregado o Evangelho
aos mortos”, mas, “Para isto foi pregado o Evangelho.” Se tão importante doutrina
como a de uma segunda oportunidade depois da morte fosse certa, encontraríamos
a afirmação por toda a Palavra, porém é tudo pelo contrario. O apóstolo Paulo escreve:
“Eis aqui
AGORA o tempo aceitável; eis aqui AGORA o dia da salvação” (2.ª Coríntios
6:2)
No
entanto, as próprias palavras de nosso Senhor são claras:
“E além de tudo isto, E ALÉM DISTO, ESTÁ
POSTO UM GRANDE ABISMO entre nós e vós, de
sorte que os que quisessem passar daqui para vós, não podem, nem tão
pouco os de lá passar para cá” (Lucas 16:26)
A palavra
guarda silêncio quanto a qualquer mudança de comportamento, efetuada pelo castigo depois desta vida. Deus
não tem outro Evangelho que vá além deste que as Escrituras proclamam. O coração
do homem não será alterado por mudança alguma de circunstâncias. Os que agora aborrecem
ao Evangelho o aborrecerão então. Se durante a vida aqui os homens não querem
nada com o Evangelho, estaremos seguros de que a eternidade bastará para fazer-lhes
mudar sua mente? Não há evidência disto nas Escrituras. Porque, O que encontramos
nela? O castigo ganhou o coração de Caim para Deus? Os fortes juízos abrandaram
a vontade de Faraó e lhe fez buscar misericórdia? Foi Acabe comovido pelo que lhe
sobreveio? Permaneceram fiéis os israelitas a Deus pelo açoite que lhes
sobreveio, ou se entregaram a idolatria?
Os demônios
falaram com Cristo e lhe rogaram que não os atormentasse antes do tempo, no entanto,
jamais saiu de seus lábios um clamor de misericórdia. Lemos de espíritos que
estavam encarcerados por 25 séculos. Não há indicio de mudança alguma em suas
mentes. Os habitantes de Sodoma e Gomora estão sofrendo a vingança do fogo
eterno desde os dias em que as cidades ímpias da planície foram arrasadas, porém
o escritor inspirado, Judas, nos deixa sob a plena impressão de que o castigo não
efetuou nenhuma mudança de coração, e suas inspiradas palavras não exibem esperança
de que o castigo tenha fim.
Uma
passagem das Escrituras me tem iluminado faz algum tempo sobre este assunto:
“E eles mordiam suas línguas de dor; e blasfemaram
do Deus do céu por suas dores, e por suas pragas, e não se arrependeram das suas
obras” (Apocalipse 16:10,11)
A dor
não conduz ao arrependimento nesta passagem. “A benignidade de Deus… leva
ao arrependimento” (Romanos 2:4) é o testemunho das Escrituras. Depreciada esta,
só fica “entesourada ira para o dia da ira” (veja-se Romanos 2:5)
Um só
versículo da Palavra destrói as teorias tanto do Universalista como do Niilista.
“O que não crê no Filho não verá a vida, mas
a ira de Deus está (permanece) sobre ele” (João 3:36)
“Não verá a vida”, destrói a teoria do Universalista, pois este
diz que todos verão a vida, enquanto Deus diz que o incrédulo não verá a vida.
“A ira de Deus permanece sobre ele” destrói a teoria do Niilista.
O incrédulo deve existir para que a ira de Deus possa permanecer sobre ele.
Os que sustentam a teoria do niilismo (aniquilamento) estão
divididos entre si em duas escolas:
(a) Uma classe crê que o pecador é aniquilado ao ocorrer
a morte e que nunca será ressuscitado.
(b) A outra assegura que os mortos ímpios serão ressuscitados,
julgados diante do Grande Trono Branco, lançados no lago de fogo e ali queimados,
consumidos ou aniquilados. Os primeiros negam a ressurreição dos ímpios apesar
da linguagem clara das Escrituras.
A Imortalidade Condicional
A imortalidade condicional é ensinada pelas duas escolas Niilistas,
isto é, eles negam a continua existência da alma, ensinando que a vida depois
da tumba está condicionada a aceitar a Cristo nesta vida e deste modo obter
vida dÉle. Eles declaram que não há vida depois da morte exceto em Cristo. Ninguém ,
dizem eles, terá existência continua, mas somente os crentes no Senhor Jesus. A
doutrina desta última classe conduz a seus adeptos a absurdos óbvios. Se não há
vida além do sepulcro senão em Cristo, então segue que os mortos ímpios quando forem
ressuscitados deverão ter vida em Cristo. Como poderiam ser julgados se estiverem diante
do Grande Trono Branco vivos em Cristo? Como poderia essa vida ser aniquilada no
lago de fogo? Impossível!
Mais ainda, eles dizem que a vida em Cristo é imortalidade.
Como poderiam, então, os mortos ímpios serem ressuscitados em vida em Cristo, em
outras palavras, em imortalidade, e ainda ser aniquilados? Seguramente que estas
palavras não significam nada se a imortalidade pode ser destruída deste modo.
Um equivoco comum de todos os que ensinam a imortalidade
condicional é confundir a vida eterna com a imortalidade. Eles ensinam que estes
termos são sinônimos. As Escrituras dizem: “o dom gratuito de Deus é vida
eterna em Cristo Jesus
Nosso Senhor” (Romanos 6:23)
Um
destacado escritor falando da imortalidade condicional disse:
“A imortalidade é o dom de Deus em Cristo nosso Senhor, contudo esta
não é a posse universal do homem”.
Porém
o crente em Cristo tem vida eterna agora. Se vida eterna e imortalidade são sinônimos
como muitos dos que ensinam a imortalidade condicional dizem, segue-se então
que os crentes em Cristo que tem vida eterna agora tem imortalidade agora
e portanto não podem morrer. Mas morrem. Porque temos que observar que imortalidade (atanásia)
só é mencionada três vezes no Novo Testamento. Uma passagem que é usada
constante e triunfantemente por aqueles que negam a imortalidade como possessão
do homem é aquela que, falando de Deus, diz:
Porém
esta evidência é contraproducente em seu caso. Eles asseguram que só Deus
tem imortalidade. Pero os anjos a têm no sentido de existência sem fim.
Porque mortal, mais que “capaz de morrer”, significa “morrendo”. Isto é, um ser
mortal é algo em quem o processo de morte está se excetuando. Pode ser lenta e
imperceptivelmente, mas não por isto menos seguro, até que culmina no mesmo feito
da morte. As sementes da morte estão em
operação até que se efetua chega o fim. Lucas 20:36 é claro quanto a existência
sem fim dos anjos.
O Senhor,
falando daqueles que serão tidos por dignos da ressurreição dentre os mortos, isto
é, os verdadeiros crentes, diz:
“Porque não podem mais morrer: porque são
iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lucas
20:36).
Isto
é, os anjos não pedem morrer.
O
que é mais serio ainda, é que ao usarem este versículo do modo que fazem os Niilistas,
o que eles fazem é destruir o terreno em que podem assentar seus próprios pés.
Porque se só Deus tem imortalidade, então segue-se que ninguém mais a tem agora,
como por exemplo os anjos, então, para sermos lógicos ninguém pode tê-la no
futuro. As Escrituras nos dizem claramente que os crentes serão vestidos de
imortalidade na vinda de Cristo, de sorte que a Palavra de Deus contradiz o uso
deste versículo desta forma.
No
entanto, ela nos diz claramente que Deus possui imortalidade. Qual é a verdade
nisto? A resposta é clara e concludente. Deus só a tem inerentemente. Só
Ele a tem em Si mesmo. Todos os demais que a possuem, entram na posse
dela, de forma conferida e sustentada por Ele.
Os outros
dois lugares onde imortalidade (atanásia) é mencionada são como segue:
“Porque é mister que isto que é corruptível
se revista de incorruptibilidade, e isto que é mortal se revista da imortalidade.
E quando isto que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e isto que é
mortal se revestir de imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está
escrita: Tragada foi morte na Vitória”
(1.ª Coríntios 15:53-54).
Aqui o
sentido é claro. Corrupção, imortalidade – ambas se referem ao corpo e não
a alma. Corrupção se aplica ao CORPO morto- mortalidade ao corpo que morre.
Não há
nenhuma discussão quanto a que corrupção nesta passagem se refere ao corpo morto
de um crente, e incorrupção ao corpo do crente na ressurreição. Não há necessidade
de discutir este ponto.
Que o
termo mortal refere-se a um corpo que morre, conclui-se claramente das seguintes
passagens:
“Não reine, pois, o pecado em vosso corpo
mortal” (Romanos 6:12); “Vivificará também vossos corpos mortais”
(Romanos 8:11); “Para que também a vida de Jesus seja manifestada em vossa
carne mortal” (2 Co. 4:11); “Porque assim mesmo os que estamos neste
tabernáculo (corpo) gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos,
para que o mortal seja absorvido pela vida” (2 Coríntios 5:4)
Aqui
temos todas as passagens do Novo Testamento em que se usam a palavra mortal e mortalidade.
É claro que os termos são usados em conexão com o corpo que morre.
Por outra
parte o termo mortal, nunca se usa em conexão com a alma. Por quê?
Porque esta não está sujeita à morte. A alma é imortal não inerentemente,
como é Deus, mas com uma imortalidade conferida e sustentada por Ele. Lemos quanto
ao homem:
“Formou, pois, Jeová Deus ao homem do pó da
terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”
(Gênesis 2:7)
O falecido
Sr. F. W. Grant em seu livro «Facts and Theories as to the Future State »,
(Atos e Teorias quanto à condição depois da morte) escreve com referencia a passagem
acima citada:
“O homem e a besta, ambos possuem alma vivente. Não disfarcemos a
verdade acerca disto, antes, advoguemos por ela” (p.56).“Se dermos uma rápida
olhada em Gênesis 1, veremos que na criação do homem há algo mais (que foi destacado), que na criação do animal. É
claro que Deus soprou nas narinas do homem o fôlego da vida, o que não fez
isto com o animal… Porque ainda que o que foi ministrado não seja ainda plenamente
demonstrado —por ser esta uma revelação rudimentar― não obstante é claro que o
homem tem um vínculo aqui com Deus mesmo, que o animal não tem… É
deste modo que o homem recebe a vida» (pág. 57, 58).
Porém
o leitor pode arguir; “Se a palavra mortal nunca se aplica pelas
Escrituras a alma, tampouco a palavra imortal. Podemos então dizer que a
alma é imortal?” Repetimos que é perfeitamente certo que o termo imortal
nunca é usado nas Escrituras em conexão com a alma, contudo, não obstante isto,
a verdade da existência perpétua da alma está tecida na urdidura das
Escrituras. Afirmar que a alma não é imortal, e sim mortal isto é uma afirmação
equivocada, ou para ser mais direto, torcer as Escrituras. Não existe nem uma
só linha que diga que a alma é mortal.
Deus
soprou nas narinas do homem o fôlego da vida, vindo a ser deste modo
especial, em contraste com os animais, alma vivente.
Por
toda a Palavra a existência eterna da alma é um fato estabelecido. Porém
considerando que “a vida e a incorrupção são trazidas “`a luz pelo Evangelho”,
é obvio que devemos esperar do Novo Testamento a máxima luz sobre esta matéria.
Ainda
no Antigo Testamento encontramos abundantes indicações do que estamos buscando.
Não temos que repetir as passagens já citadas referentes ao sheol, demonstrando
que a alma, ao ocorrer a morte vai para uma condição de existência consciente no
outro mundo, em outras palavras, que a alma está dotada de existência continua…
A evidencia sobre este extremo é preponderante, e quando vamos ao Novo
Testamento o testemunho deste quando ao hades que é o equivalente de sheol
confirma de uma maneira plena este fato.
Uma prova
muito forte do que temos asseverado nas primeiras páginas deste folheto quanto ao sheol e hades surge quando os
saduceus que não criam na ressurreição, aduziram o caso hipotético da mulher
que teve sete maridos e receberam a resposta do Senhor:
“E da ressurreição dos mortos: não tendes lido
o que o Deus vos declarou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e
o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus de mortos, mas dos vivos” (Mateus
22:31, 32).
E querendo
enfatizar a grande importância deste incidente, tanto Marcos como Lucas o registraram.
Eles referem-se particularmente, como o fez Estevão também em seu discurso dirigido
ao Sinédrio, à ocasião quando Deus falou a Moisés da sarça ardente (veja Êxodo
3:6). Os patriarcas mencionados haviam morrido havia muitos anos. Se suas almas
tivessem deixado de existir, Deus não poderia haver apresentado a Si mesmo,
como o Deus deles. Pois diz clara e enfaticamente: “Deus não é Deus
de mortos, mas de vivos”. E mais ainda, diz: “Eu sou o Deus de Abraão”, etc.… Os
corpos deles, está claro, jaziam em suas tumbas. Suas almas, é óbvio, viviam na
condição de hades, como já temos visto.
Ainda
mais, Judas, falando dos moradores das cidades ímpias da planície, nos
diz que estão sofrendo a pena do fogo eterno. No há indicio de que a
alma durma ou da não existência da alma, (veja Judas 7), embora que, quando
Judas escreveu estas palavras já haviam transcorrido
dois mil anos, da aplicação do juízo.
Pedro igualmente se refere aos «espíritos encarcerados», aqueles
que haviam sido desobedientes nos dias de Noé. Tampouco ele nos deixa ver
indicio algum do sono da alma ou de sua não existência, apesar destes espíritos
estarem encarcerados desde os dias antediluvianos.
Outra
vez, Moisés e Elias apareceram em glória sobre o monte da transfiguração
demonstrando que tinham existência consciente, ainda que o corpo de Moisés houvesse
estado no sepulcro por centenas de anos.
Enoque
e Elias foram trasladados ao céu sem passar pela morte em absoluto, não dando-nos
indicio algum de que a alma dorme ou de sua não existência. O ladrão agonizante
ouviu as palavras: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43).
Sei que têm feito um esforço enorme para demonstrar que “hoje” refere-se
ao tempo em que o Senhor preferiu as palavras, “hoje te digo, este dia te
digo…”, mas a estrutura da oração não permite tal tradução. Evidentemente foi
uma resposta de graça a que recebeu o ladrão pela sua petição, “Senhor, lembra-te
de mim quando entrares no teu reino” (um tempo futuro). Quão enfática é a resposta
do Senhor! “te digo que hoje estarás comigo no paraíso.”
O apóstolo
Paulo disse: “De ambas os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e
estar com Cristo, o que é muito melhor” (Filipenses 1:23). Ele não disse que tinha
desejo de partir e entrar no sono ou na inconsciência da alma.
Seguramente isso não teria sido “muito melhor” que gozar do amor do Senhor
aqui na terra e ser usado em seu serviço. Ele diz claramente: “Partir e estar
COM CRISTO”.
E para
ficar mais claro ainda, lemos: “Mas temos confiança e desejamos antes deixar
este corpo e estar presentes (habitar) com o Senhor” (2.ª Coríntios 5:8). Aqui
trata-se da separação da alma do corpo, e sua presença COM o Senhor.
Não há indicio algum de sono da alma, mas claramente, descreve um estado de felicidade.
O rico e Lázaro
Temos
ainda as próprias palavras do Senhor:
“E aconteceu que morreu o mendigo, e foi levado
pelos anjos ao seio de Abraão, e morreu também o rico e foi sepultado. E no
inferno (hades) levantou seus olhos, estando em tormentos” (Lucas 16:22, 23).
O Senhor
apresenta a verdade aqui em linguagem inequívoco. O corpo do mendigo jazia no sepulcro,
enquanto seu espírito passou para um estado de felicidade. O seio de Abraão é símbolo
da porção feliz dos santos de Deus que morreram no Antigo Testamento.
O corpo
do rico estava no sepulcro. “Levantando seus olhos” como já temos visto, é simplesmente
uma linguagem simbólica que descreve o estado consciente da sua alma. A linguagem
simples ou gráfica atrai mais a atenção das pessoas, não importa qual seja seu
grau de cultura, do que uma descrição do estado consciente da alma depois da morte
feita em termos científicos, a qual seria inadequada para os ouvintes do Senhor.
O fato é que não há a mínima dificuldade na narração tomada em seu justo
sentido. No dia a dia ao falarmos estamos usando constantemente linguagem
figurada que todos entendem. Nove décimos da crítica anti-bíblica não tem
nenhuma razão de ser, pois tem a clara intenção de desacreditar a Bíblia. Entretanto,
ainda que exista tão vital e vigorosamente como sabemos, a verdade permanece
inalterável como sempre. Nos poucos incidentes e passagens já referidos temos
tanto o crente como o inconverso em um estado consciente, no que diz respeito as
suas almas, depois da morte.
Mais
ainda, no que se refere aos crentes, a vida eterna lhes pertence e viverão para
sempre; quanto aos inconversos (incrédulos), “a ira de Deus permanece sobre eles”,
provando em ambos os casos sua existência eterna, ainda que em distintas condições.
Com esta evidencia diante nós, a qual poderia multiplicar se o espaço
permitisse, temos prova clara e preponderante da existência eterna da alma.
(Para uma exposição de “O rico e Lázaro” veja o artículo: “Consciência e castigo eterno da alma depois da morte” (O
Rico e Lázaro).
Não
confundamos a vida eterna com a imortalidade. A vida é a porção presente e
eterna de cada crente em
Cristo. A imortalidade, conforme é apresentada nas
Escrituras em relação com o crente, é aquilo que ele receberá quanto ao seu corpo
na segunda vinda do Senhor.
Nem é preciso dizer que se a expressão “segunda morte”
significa aniquilamento, que não tem sentido usar a expressão “a ira de Deus permanece
sobre ele”; havendo pessoas vivas sobre quem permanece a ira. Além disso,
a expressão: “o fumo do seu tormento sobe para sempre”, jamais poderia indicar
que haja pessoas vivas, capazes de sofrer tormento. Ainda mais, a expressão, “O
verme deles não morre”, etc. Uma coisa aniquilada não pode possuir nada,
existir; contudo é dito aqui, “o verme “deles” nunca morre”, indicando
possessão.
A palavra
morte é usada em três relações. Ela expressa:
(1)
Separação moral de Deus por causa do pecado
(2)
Separação do corpo, com respeito à alma e ao espírito.
(3)
Separação eterna de Deus.
Em nenhum
destes casos significa aniquilação.
Quanto
à primeira (1), lemos daqueles que se encontram “mortos em delitos e pecados” (Ef.
2:1), tanto o corpo como a alma estão juntos vivos nesta terra.
Morte
no sentido em que se emprega o termo no segundo caso (2), não necessita comentário,
salvo para dizer que não significa «deixar de existir», como já temos demonstrado
com grande abundancia de provas. O sentido em que é usado o termo no terceiro
caso (3) é claro: “E o inferno (hades) e a morte foram lançados no lago
de fogo. Esta é a segunda morte” (Apocalipse 20:14). A segunda morte
é uma existência de miséria permanente e eterna. Com freqüência usamos a expressão,
“viver morrendo” e o que queremos dizer é facilmente compreendido. Aqui o
significado é igualmente claro: “segunda morte” a qual significa existência
eterna e consciente sob a ira de Deus, separação eterna de Deus, a qual deve
significar miséria e tormento, porque toda verdadeira benção e todo gozo
consistem em nossa justa relação com Deus.
O castigo é eterno
Abordemos
mais diretamente a pergunta: É eterno o castigo dos perdidos? Se a
ira de Deus permanece sobre o incrédulo, como dizem as Escrituras, este
tem que existir para que a ira de Deus possa permanecer sobre ele. Não podemos nos
esquivar do significado claro destas palavras. Se o incrédulo é aniquilado, a
ira de Deus não pode permanecer sobre o que não existe. Recordo que há muitos anos
atrás dois Adventistas na Jamaica me informaram que eles criam no castigo
eterno. Se o pecador foi aniquilado, arguem eles, seria eterno, pois é irrevogável.
E acrescenta com ar de triunfo: “Castigo eterno não quer dizer castigar
eternamente”. Então os interroguei: “Significa três meses de castigo, castigar
por três meses”? Eles admitiram que sim. Então, repliquei: “castigo eterno
significa castigar eternamente”.
Todavia,
dizem os que sustêm a teoria do aniquilamento: não diz a Bíblia que devemos
temer aquele que pode destruir a alma e o corpo? Destruir não
significa aniquilar? De nenhuma maneira.
Destruir significa inutilizar uma pessoa ou coisa em relação
com o propósito para o qual foi feita. Deixamos cair uma taça, ela se rompe em fragmentos. Dizemos , com muita razão: “esta destruída”. Que esse é o
significado da palavra é sumamente claro. A palavra para destruir que é usada no
grego é apollumi. Por exemplo, lemos:
“Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
persuadiram ao povo que pedisse a Barrabás, e matasse a Jesus (grego, apollumi)”
(Mateus 27:20).
Podia
os judeus aniquilar o Senhor? Seguramente que não. Porém eles podiam (permitindo-o
Deus) levá-lo a morte. E é isso, o que quer dizer aqui.
Lemos outra
vez:
“Ninguém deita vinho novo em odres velhos;
doutra maneira, o vinho novo rompe os odres, e se derrama o vinho, e os odres se
estragam (grego apollumi)” (Marcos 2:22).
Evidentemente,
destruir aqui quer dizer os odres estragados, mas não aniquilados.
Leiamos
outra passagem:
“Alegrai-vos
comigo, porque já achei a
minha ovelha perdida (grego apollumi)” (Lucas 15:6)
Poderia
o Bom Pastor ter encontrado algo que estava aniquilado, algo que não era real?
Não. Foi uma ovelha perdida ou desgarrada que ele achou, e a salvou do seu
estado de perdição, e a resgatou da destruição.
Outra
vez lemos:
“Mas,
se ainda o nosso Evangelho
está encoberto, para os que se perdem (grego apollumi) está encoberto”
(2.ª Coríntios 4:3)
É evidente
que os perdidos ou destruídos aqui são pecadores deste mundo. É desnecessário falar
de um Evangelho encoberto de pessoas que não existiram.
Poderia
citar muitas passagens neste sentido, mas esta basta para demonstrar que a palavra
destruir não significa aniquilar.
E mesmo assim,
um homem numa conferencia sobre a imortalidade condicional teve a audácia de dizer:
“O significado natural e escritural de ‘destruir’ é completamente
claro. O significado que dá o dicionário é: ‘arruinar ou aniquilar por
demolição ou fogo, derribar, desfazer, assolar, matar e extirpar’,
etc. Os significados contrários e inconsistentes são meros refúgios de teólogos
que procuram alterar o significado próprio e verdadeiro para acomodá-lo a alguma
interpretação errônea das Escrituras… Geena é um lugar de destruição”.
Resta
perguntar, O termo traduzido do original grego por destruir está bem traduzido?
O uso claro do termo não pode significar aniquilamento, e o conferencista acima
citado poderia com a mesma exatidão consultar um dicionário que descreva os
significados dos termos “perder”, “mutilar” com o significado de “destruir”. Tais
táticas denunciam ou uma ignorância da qual um menino de escola se envergonharia
ou uma inqualificável falta de sensatez.
Porém
- arguem eles, - ‘aionios’ palavra grega traduzida eterno e eternal
significa duradouro por uma idade. E se significa duradouro por uma idade,
não pode significar eterno.
Recordemos
que a linguagem veio à existência trazida pelo homem para expressar suas idéias.
A palavra se cunha para preencher uma necessidade e, portanto, a necessidade é
seguida pela palavra. Tendo em conta que o homem está limitado pelo tempo e o
sentido, e tudo mais, além disto, está longe do seu poder e compreensão, e que ele
depende da revelação divina para todo verdadeiro conhecimento do que segue depois
da morte, e alguém não esperaria achar na linguagem humano palavras que poderiam
expressar idéias divinas e eternas.
Os pregadores
que se têm dado a tarefa de traduzir a Bíblia para idiomas bárbaros, todos dão testemunho
da dificuldade que encontram para expressar pensamentos divinos em linguagem simples
para suprir as necessidades do homem, limitado por sua experiência e meio
ambiente.
Porém
à medida que as idéias divinas são reveladas, a palavra recebe um significado
más amplo, isto teremos ocasião de ver com mais clareza e podemos provar a
todos os leitores sinceros que este é o caso em que se refere o termo grego aionios.
Antes
de dar o uso escritural da palavra, desejaria citar uma bem conhecida autoridade
sobre a matéria. Disse o falecido J. N. Darby:
“A etimologia dada na época longínqua de Aristóteles e por
Aristóteles mesmo és aien on que significa, existir para sempre. O uso
primitivo da palavra é no sentido da vida de um homem. Assim é usada por Homero
a respeito da morte de seus heróis e em outras relaciones. Muito tempo depois
adquiriu o significado de um período dispensacional ou estado de coisas: porém quando
foi usada em seu significado intrínseco tinha claramente o sentido de eternidade.
Assim é usada por Filo em uma passagem que não deixa lugar a dúvidas: ‘na eternidade
“en aioni”, nada és passado ou porvir, contudo subsiste”. (J. N. Darby)
A
definição de Filo não deixa nenhuma dúvida quanto a realidade dos fatos: Não há
passado, não há futuro, mas, sim, um
continuo presente. Poderia haver algo mais notável quanto à definição da eternidade?
Mais ainda, Filo gozava de grande crédito. Ele era um judeu helenístico e contemporâneo
de Aristóteles. Quando se trata da ênfase das palavras gregas usadas no Novo
Testamento, não poderíamos adicionar autoridade de maior peso.
Mosheim,
cujo saber ninguém discute, diz que aion propriamente significa duração
indefinida ou eterna em oposição ao que é temporal e finito.
Arriã,
o filósofo grego, diz: “Eu não sou um aion, mas um homem, uma parte do
todo, como é agora à hora de um dia. Devo subsistir como uma hora e fenecer
como uma hora.”. Arriã contrasta aqui a existência efêmera de si mesmo
como um homem com a existência eterna, e por isto emprega a palavra aion.
Tais
autores claramente dão o pensamento de eternidade como significado do termo.
Voltemos
agora ao que é infinitamente mais importante, ou seja, o modo como o termo é
usado nas Escrituras. Aionios é usado setenta e uma vezes no Novo
Testamento.
Em três
passagens somente é aplicado a períodos passados:
“A qual Deus
predestinou antes dos séculos (aionon)” (1.ª Coríntios 2:7)
“Para quem já são chegados os fins dos séculos (aionon) ”.
(1.ª Coríntios 10:11)
“Mas
agora na consumação dos séculos (aionon)” (Hebreus 9:26)
Aionon significa, pela força do contexto nestas passagens, idades
que foram limitadas pelo tempo.
Em todos os
outros casos a palavra claramente significa eterno. Usa-se uma vez em
relação com Deus; uma vez em relação com o poder de Deus; duas vezes em relação
com o Senhor; uma vez em relação com o Espírito Santo; quarenta e duas vezes em
relação com a vida eterna e sete vezes para expressar a duração do castigo
eterno.
Nenhum de nós
que professemos no menor grau ser cristãos colocamos em dúvida a existência eterna de Deus,
do Senhor Jesus Cristo, ou do Espírito Santo. Todos também devemos crer que aionios
significa eterno nesta relação dita.
Uma passagem
que é muito clara, e da qual se concebe a idéia de eternidade se encontra em
2.ª Coríntios 4:18:
“As coisas que se vêem são temporais, e as
que se não vêem são eternas (aionios)”
Seguramente
que aquilo que é literalmente duradouro por uma idade é temporal. O eterno está
contrastado aqui com aquilo que é temporal
ou duradouro por uma idade. Se apartar-nos do grego a força desta importante passagem
é muito clara.
Veja-se
então a longa lista de quarenta e dois textos afirmando que o crente tem a vida
eterna; a larga lista de catorze textos afirmando a duração eterna das bênçãos
do crente que perfazem um total de cinqüenta e seis textos. Pois bem, não encontramos
livros arrogantemente escritos para sustentar que aionios nesta relação
quer dizer duração por uma idade, pelo contrário,
encontramos escritores que ensinam a não-eternidade do
castigo, e por outro lado afirmam, ainda que, de maneira branda, que a vida
eterna é para sempre. Certamente as pernas do coxo não são iguais. Que lamentável
espetáculo! Homens que recebem a Palavra de Deus quando esta se acomoda a seu gosto
e a recusam quando não vai ao encontro de seus caprichos.
Porém
das cinqüenta e seis passagens que se referem à vida eterna e suas bênçãos e as
sete passagens que se referem ao castigo eterno, fixemo-nos em uma que agrega
ambos os pensamentos. Seguramente não é casual que o texto seja lido deste
modo:
“E irão estes para o tormento eterno
(aionios), e os justos para a vida eterna (aionios)”
(Mateus 25:46).
Se o
castigo não é eterno, tampouco será a vida. Tanto os Universalistas como os
Aniquilacionistas se enroscam neste dilema, pois, A MESMA palavra que é usada
para caracterizar a duração do castigo de uma classe, também é usada para
caracterizar a duração da vida de outra. Não é possível fugir deste
argumento.
O professor
Salmond diz em seu livro “A Doutrina Cristã da Imortalidade”:
“Dizer que o adjetivo aionios tem um sentido na primeira metade
do versículo e outro distinto na segunda é a admissão tática da derrota”.
Temos
que seguir em frente neste assunto, pois ninguém pode com sinceridade sugerir e,
muito menos afirmar, que Deus emprega a mesma palavra em um curto versículo, com
dois significados distintos.
Notemos
que é a mesma palavra usada para caracterizar a duração da existência de Deus,
do Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo, não podemos ter duvida alguma quanto
ao significado dela. Deus tem gravado o significado de eternidade sobre esta palavra.
Tomemos outra passagem onde o pensamento do castigo eterno se acha expresso
de duas maneiras:
“Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito
Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno (aionios) juízo”
(Marcos 3:29).
Tomemos,
agora, a solene declaração três vezes repetida pelo Senhor mesmo:
“Onde o seu
bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Marcos 9:44, 46, 48)
Não
está isto em contraste com o Geena fora de Jerusalém, onde milhões de bichos pereciam
e milhares de chamas eram apagadas? Aqui “seu” bicho nunca morre e o fogo nunca
se apaga. E como se deseja tornar o significado totalmente claro, é usada uma
expressão ainda mais forte em relação com o ser de Deus, e com o castigo
eterno.
“O Deus que vive para todo sempre
(literalmente, pelos séculos dos séculos)” (Apocalipse 15:7).
“E o fumaça do seu tormento sobe para todo sempre
(literalmente, pelos séculos dos séculos) E os que adoram a besta e a sua
imagem, não têm repouso nem de dia nem de noite” (Apocalipse 14:11).
Quão
enfático é isto! O mesmo escritor dentro do espaço de uns poucos
versículos afirma que Deus existe para todo sempre, e que o tormento dos
perdidos continua para todo sempre, isto é, enquanto Ele existir, o tormento
dos perdidos continua.
Tormento
significa uma condição requerida de um ente vivo. Você não pode atormentar o
que está aniquilado, pois, o que não existe não pode ser tratado desse modo.
Portanto, se o tormento dessas almas perdidas continua para sempre – pelos
séculos dos séculos – é necessário que estas almas perdidas não estejam
aniquiladas, pelo contrário, em consciente existência.
Todavia,
com freqüência se argui que Deus é muito bom para condenar alguém. O amor de Deus é insondável, contudo, não
podemos esquecer que Deus é justo; a mesma palavra que diz que Deus é amor, diz
também que Deus é justo, e que enviou seu Filho ao mundo, não para que
condenasse o mundo e... Quem não crê já está condenado (Jo 3: 16-18). A Bíblia diz:
“Não faria justiça o juiz de toda terra” (Gen. 18:25)?
Ousaria
alguém acusar o governo de manter em cárcere seus cidadãos, porque estes, por seus
delitos estão nos presídios? Ide aos cárceres. Vede a mente atormentada, a consciência
acusadora; o amargo remorso que com freqüência tortura as mentes, e as consciências
dos reclusos. Atreveria alguma pessoa, a menos que estivesse louca, de acusar o
governo de manter em celas aos seus prisioneiros? Seguramente que não! É a
lembrança dos seus próprios delitos e a conseqüência presente que lhes
atormenta. Eles atormentaram-se a si mesmos, pois a Escritura diz:
“Na obra de suas mãos foi enlaçado o mal”
(Salmo 9:16)
Demos
um passo mais longe. Se for necessário que um juiz, para castigar um jovem transgressor,
ordene que seja açoitado, e se o juiz condena o criminoso a trabalho forçado, porventura
algum cidadão sensato acusaria o juiz de punir aqueles que assim são condenados
por seus crimes? Em relação com os assuntos deste mundo ninguém ousa usar
expressões de tal sentimentalismo enfermo, contudo, quando falamos de
coisas espirituais, eternas, usa-se certos argumentos, se é que podemos chamar
isto de argumento, em relação com este assunto solene, para tentar escurecer a
força e a realidade, da aplicação da justiça de Deus. A justiça de Deus recairá
sobre as cabeças daqueles que o defendem tais argumentos.
Há uma
passagem nas escrituras, que de modo muito claro, mostra que ser lançado no
lago de fogo não significa aniquilamento, e esta é Apocalipse 19:20:
“Estes dois (a besta e o falso profeta) foram
lançados vivos dentro do lago de fogo ardendo em enxofre.”
Então
no capítulo 20, lemos que o diabo está no abismo por mil anos, por todo o milênio,
e no fim desse tempo é suelto e depois de uma breve rebelião lemos:
“E o diabo que os enganava, foi lançado no
lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e serão
atormentados dia e noite para sempre” (Apocalipse 20:10).
Aqui
aprendemos duas coisas. Por mais de mil anos dois indivíduos, a besta e o falso
profeta, já estarão no lago de fogo, quando Satanás será também lançado ali, e
a porção deles é: “Serão atormentados dia e noite para todo sempre
(literalmente, pelos séculos dos séculos)”. Dirá alguém em razão disto,
que o castigo não é eterno? Muitos têm procurado ofuscar a verdade desta passagem
apegando-se isoladamente à expressão “dia e noite”. Contudo, esta é uma oposição
sem base, visto que a verdade apresentada é incontestável. Ainda que houvesse
algum sentido neste argumento, ele não poderia resistir a expressão “para todo
sempre”. Portanto, a expressão “dia e noite” apenas enfatiza o caráter
continuo e interminável do castigo.
Mas, diz
o opositor, “Como pode um individuo estar num lago de fogo, e não ser consumido
num instante?” Cremos que vários pregadores têm causado incontáveis danos à
compreensão desta verdade, ao utilizarem mal o que se tem entendido como uma
descrição gráfica e vívida e ao mesmo tempo ante escriturária da linguagem empregada
pelas Escrituras, naquilo que concerne ao “Geena”, “lago de fogo”, “seu bicho”,
e “as trevas exteriores”. Cremos que o pregador deveria usar a própria linguagem
das Escrituras, e se não o fizer, faltará com a fidelidade, que deve a seus
ouvintes. Advirta a seus ouvintes do perigo do fogo do inferno e do castigo
eterno, mas faça isto estritamente na linguagem que o Espírito Santo ensina.
Uma coisa
é muito clara. Se se arguir que estes termos são simbólicos, isto de maneira alguma
debilita as profundas verdades que vimos considerando. Nunca esqueçamos isto.
O Senhor
Jesus, em sua infinita sabedoria e ilimitada compaixão pelos perdidos usa uma linguagem
muita clara e de advertência, e nós seremos felizes se confiarmos nesta linguagem,
não a diminuindo nem tampouco aumentando. O falecido Sr Roberto Anderson escreveu:
“Tão horrível é o ensino do Senhor Jesus a
respeito da condenação do impenitente que cada declaração sobre o assunto deveria
levá-lo a aceitar estritamente os termos
precisos das Escrituras”.
Estamos
inteiramente de acordo com esta observação, porém usemos a própria linguagem
das Escrituras. Confiemos que elas são a espada do Espírito.
Existem,
no entanto, dois incidentes notáveis dados nas Escrituras, os quais podem
muito bem silenciar qualquer opositor.
Quando
Moisés estava cuidando do rebanho de Jetro seu sogro em Horebe ele contemplou uma
cena maravilhosa.
“E apareceu-lhe
o Anjo de Jeová em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça
ardia no fogo, e a sarça não se consumia” (Êxodo 3:2) [[8]]
O
especulador pode dizer: “Como é que a sarça pode arder e não ser consumida?” Aqui
temos as afirmações claras da palavra de Deus, que foi assim.
Mais ainda,
recordareis como os três mancebos hebreus foram lançados dentro de um forno ardente
aquecido sete vezes mais do que o comum, de tal modo que as ferozes chamas mataram
aos homens mais poderosos do exercito de Nabucodonosor, que foram encarregados
de lançar-los nelas, e apesar disto os três mancebos hebreus não se queimaram, nem
os seus cabelos foram chamuscados, nem as suas roupas se mudaram, nem cheiro de
fogo havia passado sobre eles.
Somente
as cordas com que foram atados foram consumidas. Podeis explicar isto?
Antes submetamos sem reserva à Palavra de Deus, e creiamos exatamente no que elas
dizem.
Devemos
ter em mente que não podemos aplicar as condições que nos privam nesta
vida em conexão com os corpos mortais, aos corpos dos incrédulos que serão ressuscitados
para o juízo. Fazer tal coisa só demonstra nossa ignorância.
Há uma
passagem muito expressiva à qual devemos prestar muita atenção. Está no final de
um texto, no qual o Senhor Jesus faz uma solene advertência a respeito do Geena.
“Porque cada
um será salgado com fogo e todo sacrifício será salgado com sal Bom é o sal:
mas se o sal for insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e tende
paz uns com os outros” (Marcos 9:49-50).
Nós todos
conhecemos a propriedade preservativa do sal. A putrefação é indefinidamente
detida na carne quando é salgada. Este é um mundo no qual se tem desenvolvido a
putrefação moral e o Senhor deseja que seu povo seja conservado pelo sal
preservativo de sua graça. O sacrifício salgado pelo sal é figurativo do fato
que Deus deseja preservar seu povo para Si da impureza e corrupção do que nos
rodeia. Como disse um bem conhecido autor:
«Sal… é aquela energia de Deus dentro de nós que une tudo o que há
em nós com Deus e dedica o coração a Ele, atando-o a Ele no sentido de obrigação e
de desejo, recusando tudo o que há em nele mesmo que seja contrario a Deus» (J.
N. Darby).
Se isto
faltar quão terrível é a linguagem, «salgado com fogo». O fogo em
vez de consumir e destruir fará tudo pelo contrario. É preservativo por si mesmo,
daí a expressão: “fogo que nunca se apaga”.
Keble
diz com muita verdade:
“Salgado por fogo parece mostrar, como o espírito perdido em um ai
sem fim, pode viver sem corromper se…”.
Tenho
estado algumas vezes em conversação pessoal com aqueles que afirmam a não -
eternidade do castigo, e que se remetem muito poucas ou nenhuma vez às
Escrituras, e que recorrem ao sentimento e a razão carnal. Dizem-nos eles, que
Deus não pode fazer isto e que fará aquilo. A Palavra de Deus, no entanto, ensina
tudo em oposição a isto. Em minha experiência, vejo que isto geralmente importa
muito pouco para eles. Eles se levantam como juízes e afirmam o que Deus fará e
não fará.
Rogamos
ao leitor que não atente para o sentimento ou para a razão carnal nesta matéria
porque as Escrituras claramente nos dizem:
“O homem natural não compreende as coisas
do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura…” (1.ª Coríntios 2:14)
E outra
vez nos diz:
“Por quanto a inclinação da carne é inimizade
contra Deus; pois não é sujeita a lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”
(Romanos 8:7).
Digamos
sempre e em todas as ocasiões: “Que diz a Escritura?” Somente ali estamos sobre
terreno firme. Somente ali estamos seguros.
Em relação
com este assunto li um livro afirmando o Universalismo. Nele o autor nega
desembaraçadamente o pensamento de eternidade conforme expressa a palavra aionios.
Ele deve conhecer o modo como os escritores pagãos têm usado a palavra nesse
sentido, como temos assinalado, mas ele não faz nenhuma alusão a eles. Ele reivindica
o direito de nos ensinar sobre a matéria; portanto nós temos o direito de
esperar que ele estivesse bem familiarizado com ela.
Mas ainda,
ele nega com igual desembaraço o castigo eterno, dizendo que é duradouro por um
tempo e para ser consistente, afirma que a vida é somente duradora por um período.
Ah, aqui está o engano de sua alegação! É um extremo desprovido de valor. Sessenta
e cinco vezes é mencionada no Novo Testamento a vida eterna. Este autor tem a ousadia
de dizer-nos que sessenta e cinco vezes Deus nos diz em sua Palavra que a vida
divina que Ele dá, é somente por um período, para imediatamente depois, afirmar
que a vida não dura apenas um período, em absoluto, mas, para todo sempre, recorrendo a outras passagens para provar
esta afirmação.
Usa a Palavra
de Deus de argumentos instáveis? Pode alguém sinceramente afirmar uma e outra
vez que a vida eterna só dura por um tempo e ao mesmo tempo dizer que é eterna e
nada mais? Tais argumentos são indignos de um homem de responsabilidade
intelectual, e se é assim em relação com o homem, de forma alguma, poderá
ser de Deus.
Contudo
este ministro provavelmente deve conveniente esquecer que aionios é usada
uma vez em relação a Deus mesmo. A existência de Deus é só por um tempo? É usada
também uma vez em relação com Seu poder. Dura o poder de Deus só por um período?
É usada duas vezes em relação com o Senhor Jesus, em quem estão fundadas todas
as esperanças do pecador crente. É o Senhor um Salvador que existe só por um período?
Também é usada duas vezes em relação com o Espírito Santo. Dura a eternidade só
por um tempo? Estas perguntas contestam tais argumentos.
Por que
este ministro não menciona nenhuma destas passagens nas quais se emprega o termo
aionios da maneira indicada? Ele as conhece, disso não há a menor dúvida.
Por que não se referiu ele a estes textos? O fato é que ele não podia com
eles sustentar suas idéias, por isto optou por ignorá-los. Há consistência nisto?
Pode-se defender uma causa adotando uma conduta tal?
Ele não
está apenas na condenação que as Escrituras influem sobre aqueles que manejam a
Palavra de Deus enganosamente. Todas as religiões apostatas e anticristãs como
os Testemunhas de Jeová, A Ciência Cristã, Os Adventistas do Sétimo Dia e o
Mormonismo se unem para negar abertamente o castigo eterno e o fazem manejando
de forma enganosa a Palavra de Deus. Junto a estes se encontram as blasfemas doutrinas
a respeito da deidade do Senhor Jesus e Sua obra expiatória.
Ouvimos
um destes enganadores dizer dirigindo-se a um auditório de cerca de mil pessoas
que Deus pronunciou a sentencia de morte sobre o pecador desobediente e que quando
Adão pecou o juízo foi:
“No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis
2:17).
Digo, o
homem veio a ser mortal e em seu devido tempo morreu, a alma morreu, e morreu
o espírito, e esse foi o juízo. Que depois da morte não havia conhecimento.
Ele seguiu sustentando que a morte era o inteiro juízo, que foi Deus que o disse,
e que nós devemos crer. Tão enganoso manejo das Escrituras levantou nossa justa
indignação, por isso dizemos com energia, clara e solenemente de tal modo que
todos possam ouvir: “As Escrituras dizem:
“Aos homens está ordenado morrerem uma vez, e
depois (da morte) o juízo” (Hebreus 9:27).
Se depois
da morte vem o juízo, como pode ser a morte o juízo?
O
orador pareceu titubear por um momento ao ver-se contradizer e nós estamos
seguros que estávamos respaldados pelo poder da Palavra de Deus e o Espírito
Santo. Respondendo um tanto este enganador disse mais ou menos assim: Não posso
explicar cada versículo da Bíblia neste instante. Nestes momentos só ocupa minha
atenção Gênesis 2:17. A evasiva era o único caminho aberto para ele. Não era o caminho
do valor nem da hombridade, mas este incidente nos da uma mostra do modo em que
multidões são enganadas.
É a teoria
da não - eternidade do castigo sustentada por cristãos espirituais, por aqueles
que têm um profundo conhecimento das Escrituras, cujas vidas estão
caracterizadas pela santidade e pelo fervor e pelo êxito em alcançar inconverso?
Nossa experiência é que não é assim. Esta teoria foi promulgada pela primeira
vez em nossa juventude por tais críticos incrédulos e mordazes como Carlos
Bradlaugh e Roberto Ingersoll e propagada mai tarde aqui e ali entre os cristãos
nominais por elementos audazes do tipo de Canon Farrar e Archdeacon
Wilberforce, introduzida sutilmente em novelas, na forma de poesia, e tomou tal
incremento que veio a ser a crença geral da cristandade. Mostre-me um mero
cristão nominal, mundano, um homem com um baixo conceito das Escrituras, de Deus,
do pecado, e da expiação, e esta teoria achará pronta acolhida em sua mente.
De
modo contrario, a verdade acerca do castigo eterno, encontra-se entre aqueles
que são visto com respeito por serem vivos expoentes do cristianismo, que são
reconhecidos como verdadeiros estudantes das Escrituras e usados graciosamente
por Deus no ministério aos crentes e na evangelização entre dos incrédulos.
Tudo
isto, ainda que não adicionado na forma de argumento, estabelece claramente a verdade
dum ponto de vista escritural, com a finalidade de nos firmar naquilo que tem
base nas escrituras.
Estamos
seguros que a Palavra de Deus apresenta a verdade em termos claros e precisos, de sorte que esta seja recebida em sua justa e verdadeira
intenção. Preferiríamos escutar a exposição de um discípulo “ignorante e sem
letras” como os antigos apóstolos, porém homens espirituais e piedosos, do que alguém
que só se apóia em sua erudição e no poder do seu intelecto. Um conhecimento do
hebreu e do grego é coisa de grande utilidade, porém há outras coisas muito mais
necessárias; as quais são: ser um verdadeiro crente no Senhor Jesus e
depender do Espírito Santo, tanto para o ensino como para a recepção da verdade.
A
erudição nas mãos de um homem do calibre dependente do Espírito Santo é de grande
valor e eu seria o último em retirar as sua importância.
É
consolador aproximar das Escrituras sentindo que elas foram escritas não só
para beneficio e instrução dos letrados e eruditos, mas também para os simples
crentes em Cristo, e se os sábios e eruditos contam-se entre estes podem
considerar a si mesmos homens felizes.
Qualquer
simples crente que leia as Escrituras pela primeira vez desembaraçado da incredulidade
religiosa do século vinte levantará da sua tarefa plenamente convencido de que
Deus tem admoestado ao pecador incrédulo acerca dos horríveis riscos que ele corre,
a saber, do castigo eterno, isto é, a existência consciente por toda
a eternidade sob a ira de Deus.
E quando
investigamos cuidadosamente esta questão, deixando de lado toda precipitação,
mas seguindo passo a passo os ensinos das Escrituras sobre a matéria, não
podemos senão levantar-nos da nossa investigação sem uma sombra de dúvida quanto
ao ensino da Palavra de Deus a este respeito.
O ensino
solene das Escrituras é que o castigo do
incrédulo é eterno, que é um tormento consciente e sem fim no lago de fogo.
Submetemos-nos a seus ensinos e nossa oração é que tanto o autor deste folheto
como os leitores despertem a um zelo, mas diligente e mais abnegado na pregação
do Evangelho, “porque é o poder de Deus
para salvação a todo aquele que crê” Romanos 1:16.
Se este
tratado chegar às mãos de um inconverso, rogamos-lhe que volte-se sem reservas
para o Senhor e confie Nele como Salvador que morreu na cruz ignominiosa para
que o caminho da vida e a salvação fosse justamente revelado a “todo aquele que
crê”. Que glorioso Evangelho!
Porém
recordai que foi o mesmo Salvador que advertiu solenemente a seus ouvintes
acerca do inferno.
Quereis recebê-lo
como vosso misericordioso Salvador agora ou como vosso Juiz diante do Grande
Trono Branco? Qual será a vossa porção, a vida eterna ou o castigo eterno? Rogo-vos
que analiseis estas solenes perguntas ante a santa presencia de Deus. Podeis
ser salvos e sê-lo agora mesmo.
“Jesus Cristo…
se deu a Si Mesmo em preço de resgate por TODOS” (1 Timóteo 2:6).
“Si com tua
boca confessares ao Senhor Jesus, e creres em teu coração que Deus o
ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Romanos 10:9).
“Eis aqui AGORA
o tempo aceitável; eis aqui AGORA o dia da salvação” (2 Coríntios
6:2)
A.
J. Pollock
Extraido de verdadespreciosas.org
[1] N. do A. ― Será necessário, no curso deste tratado referir
às palavras hebraicas e gregas. O leitor que entende inglês poderá verificar
estas citações, não importa sua ignorância daqueles idiomas, com a ajuda de
«Young´s Analytical Concordance», e os que falam português poderão buscar ajuda
nos manuais de referência desse idioma. Faremos bem em desconfiar das
referencias ao hebraico/grego a menos que tenhamos nas mãos os meios de
comprová-las.
[3] N. do A. ― Alguns autores asseguram que hades é uma
localidade situada no centro da terra. Sendo um de seus departamentos o paraíso
e outro a morada dos perdidos. Mas 2.ª Coríntios 12:1-4 é claro a este
respeito. “O terceiro céu,” isto, é a imediata presença de Deus, é idêntico ao
“paraíso,” resolvendo assim, esta questão quanto à localização do paraíso. O
primeiro céu é o firmamento ou a expansão de Gênesis 1, a atmosfera que rodeia a
terra, o lugar das nuvens; o segundo céu é o vasto espaço que contém o sol e o
sistema planetário, que se estende além dos vastos espaços onde estão as
estrelas; enquanto que o terceiro céu é usado para designar a morada de Deus.
[4] [4] N. do A. ― O seguinte extrato de um bem conhecido escritor
merece consideração: “Não me sinto livre para considerar o rico e Lázaro como
uma parábola, ainda que, não tenha controvérsia contra aqueles que assim a
consideram. Além de não ser chamada de parábola, nesta passagem são
introduzidos nomes, uma coisa sem precedentes nas parábolas de nosso Senhor.
Prefiro considerar o rico e a Lázaro como personagens reais cuja historia neste
mundo e no além, é traçada pelo Senhor para o proveito moral dos homens em
todos os lugares” O fato de Nosso Senhor descrever a condição do rico depois da
morte em linguagem simbólica, pelo menos em parte, não prova de modo algum que
não fossem indivíduos reais. Observem que tudo o que diz do rico e de Lázaro em
vida, está em completa harmonia com as peripécias da vida real.
[5] N. do A. ― Seria bom de passagem dizer algo sobre a
expressão “o abismo” (grego = abussos) a qual é usada sete vezes no livro de
Apocalipse. Evidentemente não é o mesmo que o lago de fogo, porque em
Apocalipse 20:3 Satanás é lançado no poço do abismo antes do milênio, e ao fim
deste é solto
de sua prisão e depois de certo período de rebelião contra
Deus é lançado no lago de fogo e enxofre (veja cap. 20:10) – sua condenação
final. O abismo é evidentemente um lugar de confinamento para os espíritos maus
e donde estes podem com a permissão de Deus vir a terra e ser usados como
açoite contra o mundo ímpio. Há somente outros dois lugares onde a palavra
“abussos” é usada. Em Lucas 8:31, onde o Senhor lança a legião de demônios que
saíram do endemoniado; eles “rogaram-lhe
que não os mandasse para o abismo” (grego, abussos), isto é, a voltar ao
seu lugar de confinamento. Em Apocalipse 9, o abismo é aberto por um anjo, e
imediatamente enxames de demônios sob o símbolo de gafanhotos sobem para a
terra; evidentemente o espiritismo de um modo espantoso e militante afligirá a
terra uma vez que seja retirada a presente restrição da presença do Espírito
Santo. Em Romanos 10:7, o uso da palavra “abussos” tem o sentido da entrada do
corpo do Senhor no sepulcro e o conseqüente milagre da ressurreição. “Quem
descerá ao abismo (abussos)? Isto é, para tornar a trazer a Cristo dos
mortos.” A mesma passagem explica o significado da palavra, segundo esta é
usada neste particular.
[6] N. do A.― A guerra moderna com sua multidão de barcos
torpedeados e afundados tem dado um significado vívido às palavras “e o mar deu
os mortos que nele estavam” (Apocalipse 20:13).
[8] N. do A. ― Há duas passagens, “Ou não vos ensina a
mesma natureza?” (1.ª Coríntios 11:4) e, “Ou fala com a terra, e ela te
ensinará” (Jo 12:8) ás quais nos instruem a maneira como usar ilustrações das coisas que nos
rodeiam. No caso da sarça ardente o acontecimento foi contrário a natureza.
Pero na natureza temos um notável mineral, asbesto, de fina textura
fibrosa semelhante ao linho, cujo nome deriva do grego. A mesma palavra é usada
nas seguintes passagens:
“Queimará a palha com fogo que nunca se apagará (grego asbestos)”
(Mateus3:12).
“Para o Fogo que nunca se apaga (grego asbestos)”
(Marcos 9:43).
“No fogo que nunca se apaga (grego asbestos)” (Marcos
9:45).
“Mas queimará a palha em fogo que nunca se apaga (grego asbestos)”
(Lucas 3:17).
Existem limites para o poder de Deus? Faremos bem em não
especular acerca das condições a respeito das quais não temos conhecimento,
salvo o revelado nas Escrituras.
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