PREFÁCIO
Que gloriosa
verdade é a ordem divina da Primazia! A principal e suprema primazia de Deus é
o “bem aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis, e Senhor dos senhores”
(1ª Timotéo 6:15), que Ele possa encher nossos corações de temor e reverência.
Deus é a cabeça de Cristo, que, como o Homem exaltado e glorificado, lhe
sujeitou todas as coisas a seus pés e o constituiu como “o cabeça da igreja, a
qual é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Efésios
1:22-23).
Logo, na Criação, o
homem, criado “a imagem e glória de Deus”, como Seu representante, foi posto
como cabeça e, em particular, como “a cabeça da mulher” e da família (1ª
Coríntios 11:3-7; Efésios 5:23). Assim como estes grandes aspectos da primazia,
o assunto da cabeça descoberta e da cabeça coberta na presença do Senhor está
baseado na revelação divina.
Nestes dias de
tanta mudança e desvio geral dos princípios divinos revelados nas santas
escrituras, faz-se necessário considerar atentamente o tema da primazia e do
véu.
Desejando fornecer
alguma ajuda sobre este importante tema, este livreto foi escrito e submetido a
consideração de vários irmãos, bem instruídos nas escrituras, que ofereceram
ajuda e se esforçaram no presente trabalho. Temos procurado apresentar o que
ensinam as Escrituras e, por sua vez, considerar também algumas explicações e
ensinos diversos que se propõem sobre este tema na atualidade.
R. K. Campbell
PRIMAZIA
A instrução apostólica sobre o ato de cobrir a
cabeça que nos é dada na epístola aos Coríntios, começa com a verdade
fundamental da primazia[1] ou chefia. O
principio vital da primazia de Deus, de Cristo e do homem constitui a base de
todo o ensino com respeito ao ato de cobrir a cabeça no capítulo 11. Portanto,
este é um assunto de primordial importância, já que está apoiado na doutrina
fundamental.
“Mas quero que
saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, e o homem é a cabeça da mulher, e
Deus a cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta, desonra
sua própria cabeça. Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça
descoberta, desonra sua cabeça; porque é como se estivesse rapada. Por tanto,
se a mulher não se cobre que corte também o cabelo; e se para a mulher é
vergonhoso cortar ou rapar o cabelo, que cubra a cabeça. Porque o homem não
deve cobrir a cabeça, pois é a imagem e glória de Deus; mas a mulher é glória
do homem” (1.ª Coríntios 11:3-7).
Tres símbolos
Note que o ensino
sobre a primazia ou chefia e a cobertura da cabeça precede ao ensino sobre a
ceia do Senhor e se interpõe, também, entre as instruções referentes à mesa do
Senhor no capítulo 10 e a ceia do Senhor no capítulo 11. Três símbolos nos são dados nesta porção das Escrituras: o pão, o
cálice e a cobertura ou véu. Os três estão mutuamente associados. Como podemos
então vedar algum deles por considerá-los sem importância, opcionais, ou só
válidos para os dias da igreja de Corinto?
Primazia trina
Em primeiro lugar, Deus é manifestado como a cabeça
do Homem Cristo Jesus e como a Autoridade primaria. Esta primazia se manifestou
perfeitamente na vida do Senhor Jesus Cristo e será manifestada no estado
eterno quando o Filho “se sujeitará ao que lhe sujeitou todas as coisas, para que
Deus seja tudo em todos” (1ª Coríntios 15:28). Em segundo lugar, Cristo é a cabeça de todo homem, e a glória dessa
primazia devem manifestar-se descobrindo o homem sua cabeça quando ora ou
profetiza. Em terceiro lugar, o
homem é a cabeça da mulher. Essa primazia
deve ser reconhecida pela mulher mediante o símbolo de uma coberta ou véu.
A glória da primazia do homem deve ser
coberta pela mulher na presença da glória da primazia de Cristo simbolizada
pela cabeça descoberta do homem. Esta é a ordem divina na autoridade da
primazia estabelecida. (“Glória” tem
sido definida como “excelência desvendada”).
A coberta
A cabeça descoberta
do homem e a cabeça coberta da mulher são vistos como o reconhecimento visível,
por prescrição divina, da ordem de Deus da primazia e como sinal de autoridade.
Satanás sempre procura atacar a primazia do Senhor Jesus Cristo e aquilo que a
representa. Por esta razão introduzem na atualidade muitas coisas que negam
esta verdade vital. Há, portanto, uma verdade divina fundamental e profunda
neste assunto de cobrir a cabeça. Há uma razão muito significativa e real,
baseada nas Escrituras quanto a esta ordem prescrita da cabeça descoberta do
homem e a cabeça coberta da mulher na presença do Senhor. Não se trata de uma
questão de costume ou de cultura oriental. Nem é um assunto de superioridade ou
inferioridade, mas de posições relativas dos sexos na ordem de Deus.
O homem
Note que, com
respeito a cobrir a cabeça, o apóstolo dirige em primeiro lugar ao homem. Visto
que ele é a “imagem e glória de Deus” (Seu representante sobre a terra),
desonraria e envergonharia a Cristo ―sua Cabeça― se tivesse sua própria cabeça
coberta quando orasse ou profetizasse. A glória de Cristo deve ser vista e não
pode estar coberta. Deste modo, o homem tem a primeira responsabilidade neste
assunto de cobrir a cabeça. Não é somente algo que se aplica a mulher. A cabeça
descoberta do homem durante a oração, ao falar das coisas de Deus e durante
reuniões públicas, não é um assunto de mera cortesia, nem de ordem decente
admitido. É conforme a ordem divina que o homem estenda a primazia e glória de
Cristo.
A mulher
Mas a mulher foi
criada para o homem, procede do homem e é a glória deste. Portanto, sua cabeça
deve estar coberta quando ora ou profetiza, pois a glória do homem não deve ser
vista na presença da glória da primazia de Cristo, representada mediante a
cabeça descoberta do homem. A primazia e a glória de Cristo — não do homem —
deve ser manifesta. Assim a glória
pessoal da mulher ― seu cabelo longo ― deve estar coberto (v. 15.
Consideraremos isto mais adiante).
A vergonha de uma cabeça não coberta
“Mas toda mulher
que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra sua cabeça; porque é como
se estivesse rapado. Por tanto, se a mulher não se cobre com véu, que corte
também o cabelo; mas se para a mulher é vergonhoso cortar ou rapar o cabelo,
que ponha o véu” (1.ª Coríntios 11:5, 6).
Quando no Antigo
Testamento a cabeça de uma mulher estava descoberta ou rapada, era um sinal de
vergonha, como está em Números 5:18, onde uma esposa estava sob a suspeita de
seu esposo. Isto pode ser visto também em Deuteronômio 21:10-13 como o caso de
uma mulher formosa tomada cativa por um israelita. Assim também em 1.ª
Coríntios 11 o apóstolo diz que se uma mulher ora ou profetiza com a cabeça
descoberta, é como se tivesse rapado a
cabeça. E, tendo visto que cortar o cabelo ou rapar-se era um sinal de vergonha
para uma mulher, ela deve cobrir a cabeça. Uma mulher não deve levar nenhum
sinal de vergonha sobre si na presença do Senhor. Não deve aparecer diante de
Deus com uma suspeita de infidelidade conjugal, como a mulher do Antigo
Testamento. A coberta sobre sua cabeça indica que ela reconhece seu esposo como sua cabeça e que goza de sua
inteira confiança. No mundo de hoje, isto é também uma resposta aos excessos
não bíblicos assumidos pelos movimentos atuais, tais como o da «Libertação
feminina» e «Unissex», e uma volta a sua posição, de acordo com a vontade de
Deus.
Aplicação geral
A cobertura da
cabeça se aplica tanto as mulheres solteiras como as casadas. Esta seção de 1ª
Coríntios 11 sobre a primazia e o véu fala da mulher em geral e do homem em geral. Números
30:3-5 nos ensinam que uma jovem na casa de seu pai deve estar sujeita a sua
autoridade. Seus votos podiam ser firmes unicamente mediante a permissão do
pai. Do mesmo modo, os votos de uma esposa eram válidos somente com a permissão
de seu esposo. Deste modo a mulher deve reconhecer a autoridade de seu pai, e
de seu esposo ou a do homem em geral quando está na presença do Senhor. Sua
cabeça coberta é um símbolo deste reconhecimento. Uma mulher que se encontra em
atividades espirituais sem ter a cabeça coberta, demonstra desta forma, que tem
tomado uma posição de autoridade e de abandono do lugar de sujeição que lhe é
próprio. O resultado prático desta sujeição professada ao homem e indicado
mediante o uso do símbolo da cobertura ou véu, deve também estar respaldado por
uma vida que manifeste obediência e sujeição a ordem divina.
A ORDEM NA CRIAÇÃO
O apóstolo Paulo
faz referencia também a ordem divina da Criação em relação ao tema da primazia.
O homem foi criado à imagem e glória de Deus. “Porque o homem não procede da
mulher, mas a mulher do homem, e tampouco o homem foi criado por causa da
mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto a mulher deve ter sinal de
autoridade sobre sua cabeça por causa dos anjos. Todavia no Senhor, nem o homem
é sem a mulher, nem a mulher sem o homem; porque assim como a mulher procede do
homem, também o homem provém da mulher; mas tudo vem de Deus” (1ª Coríntios
11:7-12).
O homem foi criado à
imagem e glória de Deus. Ele representa a autoridade de Deus e foi investido
com Sua glória. A mulher provém do homem e foi criada para ele como sua
auxiliadora idônea, apta para ele (Gênesis 2:18-24). Isto indica que o homem é
sua cabeça. Portanto, o apóstolo escreve, em vista do lugar da mulher na
Criação, dizendo que ela deve ter um símbolo de autoridade sobre sua cabeça, um
sinal de que está debaixo a autoridade do homem. Isto é o que representa a
cobertura de sua cabeça.
Em 1ª Coríntios 11:8-12 temos uma apresentação cuidadosa e precisa quanto a relação do homem e da mulher, o que,
por outra parte, é expresso de uma maneira correta. Há igualdade e diversidade.
Se a mulher foi feita do homem, todo homem desde Adão provém da mulher através
do nascimento. Jamais foi o propósito de Deus que os sexos fossem
independentes, ou que competissem entre si. Porém há uma ordem divina, e a
posição de cabeça, a primazia, está investida no homem.
Os Anjos
No final do versículo
10 o apóstolo acrescenta, “por causa dos anjos”, “a mulher deve ter sinal de
autoridade sobre sua cabeça”. Os anjos vêm a maravilhosa ordem e desígnio em
toda a Criação e são espectadores dos caminhos de Deus na redenção. Eles
desejam examinar as coisas que falaram os profetas (1.ª Pedro 1: 10-12). Os
serafins cobrem-se a si mesmos na presença do Senhor (Isaías 6:1-3) e esperam
ver as mulheres fazendo o mesmo em reconhecimento da ordem de Deus na Criação e
em obediência a Palavra de Deus. Os seres angelicais não devem ver desordem
entre os cristãos, especialmente na Igreja do Deus vivo. O propósito de Deus é
que “a multiforme sabedoria de Deus, seja agora dada a conhecer por meio da
igreja aos principados e potestades nos lugares celestiais” (Efésios 3:10).
J. N. Darby
escreveu acertadamente: “por mais que o homem tenha caído, a ordem divina na
Criação jamais perdeu seu valor como expressão do pensamento de Deus... a
posição do homem no mundo, como cabeça e centro de todas as coisas ― o que
nenhum anjo tem sido― é o pensamento de Deus mesmo, assim como a posição da
mulher, a companheira de sua glória, mas sujeita a ele. Este pensamento de Deus
será gloriosamente cumprido em Cristo, e, com respeito à mulher na igreja; mas
segue sendo verdadeiro nas próprias relações, que é a ordem constituída por
Deus, ordem que é sempre justa porque é a ordem divina, pois o mandamento de
Deus cria a ordem, ainda que, seguramente sua sabedoria e sua perfeição se
expressam nesta ordem» (Sinopse
dos livros da Bíblia de J.N.Darby, volume IV).
O que a natureza ensina
O inspirado escritor continua suas tesis nos versículos 13-15 basendo-se no que a natureza ensina. “Julgai vós mesmos: é decoroso [correto, próprio] que uma mulher não
coberta ore a Deus? Nem ainda a natureza mesma nos ensina que para o homem ter
cabelo longo, é uma desonra para ele? Mas para a mulher ter cabelo longo, é uma
glória para ela, porque o cabelo longo lhe foi dado em lugar de véu” (versão inglesa
de JND).
É obvio que há uma
grande diferença entre o homem e a mulher segundo a natureza. No reino natural
eles são constituídos de muitas maneiras completamente diferentes pelo
propósito e desígnio divino. Assim é que o apóstolo apela ao sentido do decoro
e da boa apresentação. Apresenta isto, que se baseia na forma diferente em que
a natureza tem constituído os dois sexos, como outra razão pela qual a mulher
deve ter a cabeça coberta para aparecer diferente do homem diante de Deus. “Seu
cabelo longo, em contraste com o cabelo curto do homem, mostra que ela não foi
feita para mostrar-se a si mesma ante todo o mundo com a aparência de um homem.
O cabelo longo, que lhe foi dado como um véu mostra que a modéstia e a
submissão ―uma cabeça coberta ocultada assim nesta submissão e nesta modéstia―
é sua verdadeira posição por natureza e sua glória distintiva” (Sinopses dos
livros da Bíblia, volume IV, 1.ª Coríntios 11).O apóstolo declara assim
que a natureza ensina que se um homem ter o cabelo longo, isto é uma desonra ou
vergonha para ele, mas se uma mulher tem cabelo longo, é uma glória para ela. O
cabelo longo assenta bem na mulher e é sua glória pessoal. Este se adapta a ela
como “vaso mais frágil” fisicamente, como consta em 1 Pedro 3:7 na exortação
aos maridos. O cabelo longo da mulher constitui parte “do
incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de
Deus, Porque assim também se adornavam também antigamente as santas mulheres
que esperavam em Deus, estando sujeitas aos seus próprios maridos” (1.ª Pedro
3:4-5).
O cabelo curto era
desconhecido entre as santas mulheres de então. Por que uma mulher deve cortar
grande parte daquilo que é sua glória e exclui-la? A mulher em Lucas 7, de quem
o Senhor disse que “amou muito”, lavou seus pés com suas lágrimas de
arrependimento e os enxugou com seus cabelos. Seu cabelo era suficientemente longo, que podia ser
utilizado como uma toalha em refrigério para o bendito Salvador.
Como conclusão
deste aspecto, do que a natureza ensina é feita uma notável afirmação em 1.ª
Coríntios 11:15, a saber: “em lugar de véu lhe foi dado o cabelo” (“cabeleira”,
V.M., ou “cabelo longo”, JND). A Versão Atualizada inglesa ou «King James»
traduz incorretamente a frase assim: “seu cabelo lhe foi dado para coberta”. A palavra que aparece
aqui no original grego é diferente daquela que foi utilizada para “cobrir-se”
através de toda esta secção. No versículo 15, a palavra grega é “peribolaiou” que significa “o que é
colocado ao redor de ou posto sobre algo”, digo, como um véu. Nos versículos 6
e 7, a palavra grega é “katakaluptestho”
que significa “cobrir por completo, cobrir a cabeça” (Léxico anglo-grego de
Liddell e Scott; Léxico anglo-grego do Novo Testamento de Thayer; Dicionário
expositivo de palavras do Novo Testamento, W. E. Vine). O significado do
versículo 15 é que uma mulher podia velar-se ou cobrir a si mesma com seu
cabelo longo. Isto reforça, ainda mais, o preceito de cobrir a si mesma na
presença de Deus.
Alguns,
agarrando-se a esta incorreta tradução “seu cabelo lhe foi dado para coberta”,
ensinam que o cabelo longo da mulher é a coberta para sua cabeça. Mas, se a
glória do homem deve estar coberta na presença da glória de Cristo, também o
cabelo longo da mulher — o qual é sua glória pessoal— deve seguramente estar
coberto também.
Com relação a este ponto permiti-me chamar a vossa
atenção, brevemente, sobre alguns objetos inadequados que são utilizadas
algumas vezes como cobertas. Acaso uma mera cinta sobre a cabeça corresponde ao
requerimento bíblico de uma coberta? E acaso véus débeis e transparentes, ou
adornos de fantasia postos sobre uma parte da cabeça é realmente uma coberta?
Ainda quando procuramos evitar o legalismo, necessitamos também ser realistas,
honestos e
cuidadosos. Alguém escreveu: “Queira o Senhor exercitar
as mulheres cristãs para selecionar prendas que sirvam como cobertas, quando devem ser utilizadas
para este propósito” (Paul Wilson). As modas de vestuário mudam; elas vão e
vem. Uma importante consideração individual deveria ser esta: usa-se tal ou qual cobertura pelo fato de
estar na moda, ou por ser de uso comum, ou por obediência a Palavra de Deus?
A ORDEM NA IGREJA
Como declaração
final sobre este tema de cobrir a cabeça, o apóstolo escreveu: “Contudo isso,
se alguém quer ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (1ª Coríntios 11:16); ou como outros
traduzem: “Nós não temos outra prática,
nem as igrejas de Deus” (NIV, NASB).
O inspirado
apóstolo havia expressado a ordem divina da primazia e da cobertura da cabeça
segundo o pensamento de Deus para a presente dispensação da redenção e graça.
Ele deu instruções que são de aplicação
geral para os homens e mulheres em qualquer
época e em qualquer lugar para
todo este período da Igreja. Ele não havia abordado ainda plenamente o tema da
ordem divina na igreja. Este começa com o versículo 17.
Mas agora no
versículo 16 ele estabelece a conclusão sobre este assunto de cobrir a cabeça
dizendo que se alguém quer ser contencioso acerca daquilo que havia escrito aos
coríntios por inspiração divina, nós e as igrejas de Deus não temos tal
costume, como aqueles que gostam de fazer contendas.
Aqui Paulo
declara que a ordem divina no que diz respeito a primazia e a cobertura ou véu
era mais que uma ordem observada na Criação e na natureza. Tinha aplicação
geral. Era inclusive praticada em todas as igrejas de Deus. Se havia uma
diferença entre o homem e a mulher com relação a cobrir a cabeça quando orava
ou profetizava em qualquer lugar em geral, esta mesma diferença também deveria
ser observada quando os crentes se reuniam “como igreja”. E esta diferença era
observada em todas as igrejas. Todo aquele que contendia por qualquer outra
prática estava em desconformidade com a ordem e prática dos apóstolos, e isto
não era permitido entre as igrejas
congregadas para o Nome do Senhor Jesus Cristo.
O
que tinha que deveria ser praticado em Corinto era a mesma ordem observada em
todas as igrejas. Este assunto não era
deixado livre as opiniões ou decisões dos indivíduos locais, e, nem havia nenhuma outra opção. Deus é quem tem
falado e dado os dogmas divinos. O caso estava encerrado e não havia lugar para
a controvérsia. Desta forma, o mesmo principio e prática com respeito a
primazia e da cobertura da cabeça deve constituir a ordem atual para todas as
igrejas que pretendem estar congregadas
para o Senhor Jesus Cristo conforme as Escrituras.
Para todas as Igrejas
Devemos notar que a
epístola aos Coríntios foi dirigida a “a igreja de Deus que está em Corinto,
aos santificados em
Cristo Jesus , chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, Senhor deles e nosso” (1ª Coríntios 1: 2). Aquilo que foi escrito aos coríntios se aplica também a
todos os que invocam o Nome do Senhor Jesus e lhe reconhecem como Senhor em
todos os lugares. Esta epístola não foi só para a Igreja inteira nos tempos dos
apóstolos, mas que também tem autoridade para a Igreja atual.
As palavras do
apóstolo no capítulo 14 desta epístola, referentes ao silêncio da mulher na
Igreja, e também se aplica, certamente, ao tema de cobrir a cabeça: “Se alguém
se considera profeta, ou espiritual, reconheça que o que vos escrevo são mandamentos do Senhor; mas se alguém
o ignorar, que ignore” (1.ª Coríntios 14:37-38).
A recusa em cobrir a cabeça
Alguém escreveu
acertadamente: “O ato de rejeitar a exibir o sinal externo de submissão, indica
meramente que o lugar dado por Deus mesmo é recusado, o que temos de temer”
(Paul Wilson). Outro, depois de comentar sobre 1.ª Coríntios 11:5-6, declarou: “É
Deus quem tem falado e muitas vezes são coisas pequenas como esta, — de cobrir
ou não a cabeça — as que provam o estado do nosso coração, se é a vontade
própria que está atuando ou se estamos
disposto a submeter a Palavra de Deus” (Estudos
sobre 1.ª Coríntios por H.A. Ironside).
Se uma irmã em
Cristo não está instruída no ensino bíblico sobre o dever de cobrir a cabeça e
da ordem divina da primazia, no qual se fundamenta, é uma coisa. Isto pode ser
até certo ponto tolerado com paciência. Porém, quando o ensino da Palavra de
Deus é conhecido, compreendido e rejeitado, então trata-se de um assunto
totalmente diferente. Tal pessoa pode relegar estas instruções divinas dadas em
1.ª Coríntios em épocas passadas e alegar que não são relevantes para nossos
tempos e cultura. Isto é o julgamento da mente humana e não é outra coisa,
senão uma manifesta recusa a Palavra de Deus, o que é um assunto sério.
Antigamente, o profeta Samuel disse ao rei Saul: “Eis que o obedecer é melhor
do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros. Porque a
rebelião é como pecado de feitiçaria, e o porfiar é como a iniquidade e
idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou
a ti, para que não sejas rei” (1.º
Samuel 15:22-23).
NÃO É UMA QUESTÃO
DE COSTUME CULTURAL
Alguns sustêm na
atualidade que cobrir a cabeça, tal como se ensina na primeira epístola aos
Coríntios, se relaciona com os costumes culturais daqueles dias; daí não ser
relevante para as diferentes culturas de nosso mundo ocidental. A realidade
deste assunto é que a ordem divina manifestada pelo inspirado apóstolo a Igreja
não era conforme os costumes
culturais daqueles dias. Era o costume dos homens judeus de então, exatamente
igual ao da atualidade, ambos cobrem a cabeça na sinagoga. No mundo grego, onde
estava situada a cidade de Corinto era o costume das mulheres entrarem no
templo com suas cabeças descobertas. As mulheres de vida reprovável, como as
prostitutas, também andavam por todos os lados com as cabeças descobertas. O
apóstolo Paulo declarou firmemente: “Nós não temos tal costume”.
A Igreja do Novo
Testamento era distinta da sinagoga judaica e do templo pagão. Aquela se achava
em contraste com os costumes sociais e religiosos do mundo em redor. Cristo , a
Cabeça da Igreja, está glorificado no céu e sua Igreja deve manter um caráter
celestial e um testemunho para Ele aqui.
Símbolos
Outro argumento
apresentado contra o ato das mulheres cobrirem-se na atualidade, é que um véu
ou coberta no mundo ocidental de hoje, não tem o mesmo significado que tinham
os véus nas épocas bíblicas orientais - que as cobertas não são um sinal de
submissão em nosso mundo moderno como foram os véus naqueles tempos.
A este
questionamento respondemos: a Palavra eterna, viva e imutável de Deus, a
Bíblia, tem declarado o significado e a representação simbólica é manifestada
na cabeça descoberta do homem e na cabeça coberta da mulher na presença de
Deus. Ele nos tem revelado o que isto significa para Ele e o que representa para os anjos e o que deve também
representar para todos os homens. Só nas Escrituras aprendemos as verdades
representadas mediante símbolos divinamente escolhidos. Estes têm que ser
proclamados e manifestados ao infiel mundo inteiro.
Os crentes em
Cristo não devem guiar-se pelo que o mundo diz. Somos exortados a ter cuidado e
não deixar-nos enredar pelas filosofias e vãs sutilezas “segundo as tradições
dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Colossenses
2: 8). Devemos seguir o que Deus tem revelado e ordenado em sua infalível e
imutável Escritura de verdade. Os crentes têm que manifestar isto em um mundo
religioso, incrédulo, político e científico que se encontra cego por Satanás, o
deus do presente século mau.
Nossa necessidade atual
Necessitamos estar
alertas contra nossos próprios raciocínios e pensamentos, os quais são
influenciados e baseados em normas e costumes das culturas sempre mutáveis que
nos cercam. Devemos mostrar uma maior simplicidade e devoção ao Senhor e a sua
preciosa Palavra, para receber as instruções divinas sem questionamentos.
Necessitamos de uma reverência mais profunda pelas Santas Escrituras e um
espírito de sujeição de coração e mente aos preceitos divinos. “Que diz a
Escritura?” deve ser nossa pergunta mais importante e nossa corte final de
apelação.
R.
K. Campbell
[1] N.
Do T: O termo inglês “headship”
traduzido ao longo da presente obra por “primazia”
tem que ver com direção, controle e chefia. Literalmente: função de alguém que é
a cabeça.
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