sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A primazia e o véu

PREFÁCIO



Que gloriosa verdade é a ordem divina da Primazia! A principal e suprema primazia de Deus é o “bem aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (1ª Timotéo 6:15), que Ele possa encher nossos corações de temor e reverência. Deus é a cabeça de Cristo, que, como o Homem exaltado e glorificado, lhe sujeitou todas as coisas a seus pés e o constituiu como “o cabeça da igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Efésios 1:22-23).

Logo, na Criação, o homem, criado “a imagem e glória de Deus”, como Seu representante, foi posto como cabeça e, em particular, como “a cabeça da mulher” e da família (1ª Coríntios 11:3-7; Efésios 5:23). Assim como estes grandes aspectos da primazia, o assunto da cabeça descoberta e da cabeça coberta na presença do Senhor está baseado na revelação divina.

Nestes dias de tanta mudança e desvio geral dos princípios divinos revelados nas santas escrituras, faz-se necessário considerar atentamente o tema da primazia e do véu. 

Desejando fornecer alguma ajuda sobre este importante tema, este livreto foi escrito e submetido a consideração de vários irmãos, bem instruídos nas escrituras, que ofereceram ajuda e se esforçaram no presente trabalho. Temos procurado apresentar o que ensinam as Escrituras e, por sua vez, considerar também algumas explicações e ensinos diversos que se propõem sobre este tema na atualidade.



R. K. Campbell





PRIMAZIA

 A instrução apostólica sobre o ato de cobrir a cabeça que nos é dada na epístola aos Coríntios, começa com a verdade fundamental da primazia[1] ou chefia. O principio vital da primazia de Deus, de Cristo e do homem constitui a base de todo o ensino com respeito ao ato de cobrir a cabeça no capítulo 11. Portanto, este é um assunto de primordial importância, já que está apoiado na doutrina fundamental.

“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, e o homem é a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta, desonra sua própria cabeça. Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra sua cabeça; porque é como se estivesse rapada. Por tanto, se a mulher não se cobre que corte também o cabelo; e se para a mulher é vergonhoso cortar ou rapar o cabelo, que cubra a cabeça. Porque o homem não deve cobrir a cabeça, pois é a imagem e glória de Deus; mas a mulher é glória do homem” (1.ª Coríntios 11:3-7).


Tres símbolos

Note que o ensino sobre a primazia ou chefia e a cobertura da cabeça precede ao ensino sobre a ceia do Senhor e se interpõe, também, entre as instruções referentes à mesa do Senhor no capítulo 10 e a ceia do Senhor no capítulo 11. Três símbolos nos são dados nesta porção das Escrituras: o pão, o cálice e a cobertura ou véu. Os três estão mutuamente associados. Como podemos então vedar algum deles por considerá-los sem importância, opcionais, ou só válidos para os dias da igreja de Corinto?

Primazia trina

Em primeiro lugar, Deus é manifestado como a cabeça do Homem Cristo Jesus e como a Autoridade primaria. Esta primazia se manifestou perfeitamente na vida do Senhor Jesus Cristo e será manifestada no estado eterno quando o Filho “se sujeitará ao que lhe sujeitou todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos” (1ª Coríntios 15:28). Em segundo lugar, Cristo é a cabeça de todo homem, e a glória dessa primazia devem manifestar-se descobrindo o homem sua cabeça quando ora ou profetiza. Em terceiro lugar, o homem é a cabeça da mulher. Essa primazia deve ser reconhecida pela mulher mediante o símbolo de uma coberta ou véu. A glória da  primazia do homem deve ser coberta pela mulher na presença da glória da primazia de Cristo simbolizada pela cabeça descoberta do homem. Esta é a ordem divina na autoridade da primazia estabelecida. (“Glória” tem sido definida como “excelência desvendada”).

A coberta

A cabeça descoberta do homem e a cabeça coberta da mulher são vistos como o reconhecimento visível, por prescrição divina, da ordem de Deus da primazia e como sinal de autoridade. Satanás sempre procura atacar a primazia do Senhor Jesus Cristo e aquilo que a representa. Por esta razão introduzem na atualidade muitas coisas que negam esta verdade vital. Há, portanto, uma verdade divina fundamental e profunda neste assunto de cobrir a cabeça. Há uma razão muito significativa e real, baseada nas Escrituras quanto a esta ordem prescrita da cabeça descoberta do homem e a cabeça coberta da mulher na presença do Senhor. Não se trata de uma questão de costume ou de cultura oriental. Nem é um assunto de superioridade ou inferioridade, mas de posições relativas dos sexos na ordem de Deus.

O homem

Note que, com respeito a cobrir a cabeça, o apóstolo dirige em primeiro lugar ao homem. Visto que ele é a “imagem e glória de Deus” (Seu representante sobre a terra), desonraria e envergonharia a Cristo ―sua Cabeça― se tivesse sua própria cabeça coberta quando orasse ou profetizasse. A glória de Cristo deve ser vista e não pode estar coberta. Deste modo, o homem tem a primeira responsabilidade neste assunto de cobrir a cabeça. Não é somente algo que se aplica a mulher. A cabeça descoberta do homem durante a oração, ao falar das coisas de Deus e durante reuniões públicas, não é um assunto de mera cortesia, nem de ordem decente admitido. É conforme a ordem divina que o homem estenda a primazia e glória de Cristo.

A mulher

Mas a mulher foi criada para o homem, procede do homem e é a glória deste. Portanto, sua cabeça deve estar coberta quando ora ou profetiza, pois a glória do homem não deve ser vista na presença da glória da primazia de Cristo, representada mediante a cabeça descoberta do homem. A primazia e a glória de Cristo — não do homem — deve ser manifesta.     Assim a glória pessoal da mulher ― seu cabelo longo ― deve estar coberto (v. 15. Consideraremos isto mais adiante).

A vergonha de uma cabeça não coberta


“Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra sua cabeça; porque é como se estivesse rapado. Por tanto, se a mulher não se cobre com véu, que corte também o cabelo; mas se para a mulher é vergonhoso cortar ou rapar o cabelo, que ponha o véu” (1.ª Coríntios 11:5, 6).

Quando no Antigo Testamento a cabeça de uma mulher estava descoberta ou rapada, era um sinal de vergonha, como está em Números 5:18, onde uma esposa estava sob a suspeita de seu esposo. Isto pode ser visto também em Deuteronômio 21:10-13 como o caso de uma mulher formosa tomada cativa por um israelita. Assim também em 1.ª Coríntios 11 o apóstolo diz que se uma mulher ora ou profetiza com a cabeça descoberta, é  como se tivesse rapado a cabeça. E, tendo visto que cortar o cabelo ou rapar-se era um sinal de vergonha para uma mulher, ela deve cobrir a cabeça. Uma mulher não deve levar nenhum sinal de vergonha sobre si na presença do Senhor. Não deve aparecer diante de Deus com uma suspeita de infidelidade conjugal, como a mulher do Antigo Testamento. A coberta sobre sua cabeça indica que ela reconhece  seu esposo como sua cabeça e que goza de sua inteira confiança. No mundo de hoje, isto é também uma resposta aos excessos não bíblicos assumidos pelos movimentos atuais, tais como o da «Libertação feminina» e «Unissex», e uma volta a sua posição, de acordo com a vontade de Deus.

Aplicação geral

A cobertura da cabeça se aplica tanto as mulheres solteiras como as casadas. Esta seção de 1ª Coríntios 11 sobre a primazia e o véu fala da mulher em geral e do homem em geral. Números 30:3-5 nos ensinam que uma jovem na casa de seu pai deve estar sujeita a sua autoridade. Seus votos podiam ser firmes unicamente mediante a permissão do pai. Do mesmo modo, os votos de uma esposa eram válidos somente com a permissão de seu esposo. Deste modo a mulher deve reconhecer a autoridade de seu pai, e de seu esposo ou a do homem em geral quando está na presença do Senhor. Sua cabeça coberta é um símbolo deste reconhecimento. Uma mulher que se encontra em atividades espirituais sem ter a cabeça coberta, demonstra desta forma, que tem tomado uma posição de autoridade e de abandono do lugar de sujeição que lhe é próprio. O resultado prático desta sujeição professada ao homem e indicado mediante o uso do símbolo da cobertura ou véu, deve também estar respaldado por uma vida que manifeste obediência e sujeição a ordem divina.




A ORDEM NA CRIAÇÃO
 
O apóstolo Paulo faz referencia também a ordem divina da Criação em relação ao tema da primazia. O homem foi criado à imagem e glória de Deus. “Porque o homem não procede da mulher, mas a mulher do homem, e tampouco o homem foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto a mulher deve ter sinal de autoridade sobre sua cabeça por causa dos anjos. Todavia no Senhor, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem; porque assim como a mulher procede do homem, também o homem provém da mulher; mas tudo vem de Deus” (1ª Coríntios 11:7-12).

O homem foi criado à imagem e glória de Deus. Ele representa a autoridade de Deus e foi investido com Sua glória. A mulher provém do homem e foi criada para ele como sua auxiliadora idônea, apta para ele (Gênesis 2:18-24). Isto indica que o homem é sua cabeça. Portanto, o apóstolo escreve, em vista do lugar da mulher na Criação, dizendo que ela deve ter um símbolo de autoridade sobre sua cabeça, um sinal de que está debaixo a autoridade do homem. Isto é o que representa a cobertura de sua cabeça.

Em 1ª Coríntios 11:8-12 temos uma apresentação cuidadosa e precisa  quanto a relação do homem e da mulher, o que, por outra parte, é expresso de uma maneira correta. Há igualdade e diversidade. Se a mulher foi feita do homem, todo homem desde Adão provém da mulher através do nascimento. Jamais foi o propósito de Deus que os sexos fossem independentes, ou que competissem entre si. Porém há uma ordem divina, e a posição de cabeça, a primazia, está investida no homem.

Os Anjos


No final do versículo 10 o apóstolo acrescenta, “por causa dos anjos”, “a mulher deve ter sinal de autoridade sobre sua cabeça”. Os anjos vêm a maravilhosa ordem e desígnio em toda a Criação e são espectadores dos caminhos de Deus na redenção. Eles desejam examinar as coisas que falaram os profetas (1.ª Pedro 1: 10-12). Os serafins cobrem-se a si mesmos na presença do Senhor (Isaías 6:1-3) e esperam ver as mulheres fazendo o mesmo em reconhecimento da ordem de Deus na Criação e em obediência a Palavra de Deus. Os seres angelicais não devem ver desordem entre os cristãos, especialmente na Igreja do Deus vivo. O propósito de Deus é que “a multiforme sabedoria de Deus, seja agora dada a conhecer por meio da igreja aos principados e potestades nos lugares celestiais” (Efésios 3:10).

J. N. Darby escreveu acertadamente: “por mais que o homem tenha caído, a ordem divina na Criação jamais perdeu seu valor como expressão do pensamento de Deus... a posição do homem no mundo, como cabeça e centro de todas as coisas ― o que nenhum anjo tem sido― é o pensamento de Deus mesmo, assim como a posição da mulher, a companheira de sua glória, mas sujeita a ele. Este pensamento de Deus será gloriosamente cumprido em Cristo, e, com respeito à mulher na igreja; mas segue sendo verdadeiro nas próprias relações, que é a ordem constituída por Deus, ordem que é sempre justa porque é a ordem divina, pois o mandamento de Deus cria a ordem, ainda que, seguramente sua sabedoria e sua perfeição se expressam nesta ordem» (Sinopse dos livros da Bíblia de J.N.Darby, volume IV).

O que a natureza ensina

O inspirado escritor continua suas tesis nos versículos 13-15 basendo-se no que a natureza ensina. “Julgai vós mesmos: é decoroso [correto, próprio] que uma mulher não coberta ore a Deus? Nem ainda a natureza mesma nos ensina que para o homem ter cabelo longo, é uma desonra para ele? Mas para a mulher ter cabelo longo, é uma glória para ela, porque o cabelo longo lhe foi dado em lugar de véu” (versão inglesa de JND).

É obvio que há uma grande diferença entre o homem e a mulher segundo a natureza. No reino natural eles são constituídos de muitas maneiras completamente diferentes pelo propósito e desígnio divino. Assim é que o apóstolo apela ao sentido do decoro e da boa apresentação. Apresenta isto, que se baseia na forma diferente em que a natureza tem constituído os dois sexos, como outra razão pela qual a mulher deve ter a cabeça coberta para aparecer diferente do homem diante de Deus. “Seu cabelo longo, em contraste com o cabelo curto do homem, mostra que ela não foi feita para mostrar-se a si mesma ante todo o mundo com a aparência de um homem. O cabelo longo, que lhe foi dado como um véu mostra que a modéstia e a submissão ―uma cabeça coberta ocultada assim nesta submissão e nesta modéstia― é sua verdadeira posição por natureza e sua glória distintiva” (Sinopses dos livros da Bíblia, volume IV, 1.ª Coríntios 11).O apóstolo declara assim que a natureza ensina que se um homem ter o cabelo longo, isto é uma desonra ou vergonha para ele, mas se uma mulher tem cabelo longo, é uma glória para ela. O cabelo longo assenta bem na mulher e é sua glória pessoal. Este se adapta a ela como “vaso mais frágil” fisicamente, como consta em 1 Pedro 3:7 na exortação aos maridos. O cabelo longo da mulher constitui parte “do incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus, Porque assim também se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, estando sujeitas aos seus próprios maridos” (1.ª Pedro 3:4-5).

O cabelo curto era desconhecido entre as santas mulheres de então. Por que uma mulher deve cortar grande parte daquilo que é sua glória e exclui-la? A mulher em Lucas 7, de quem o Senhor disse que “amou muito”, lavou seus pés com suas lágrimas de arrependimento e os enxugou com seus cabelos. Seu cabelo era  suficientemente longo, que podia ser utilizado como uma toalha em refrigério para o bendito Salvador.

Como conclusão deste aspecto, do que a natureza ensina é feita uma notável afirmação em 1.ª Coríntios 11:15, a saber: “em lugar de véu lhe foi dado o cabelo” (“cabeleira”, V.M., ou “cabelo longo”, JND). A Versão Atualizada inglesa ou «King James» traduz incorretamente a frase assim: “seu cabelo lhe foi dado para coberta”. A palavra que aparece aqui no original grego é diferente daquela que foi utilizada para “cobrir-se” através de toda esta secção. No versículo 15, a palavra grega é “peribolaiou” que significa “o que é colocado ao redor de ou posto sobre algo”, digo, como um véu. Nos versículos 6 e 7, a palavra grega é “katakaluptestho” que significa “cobrir por completo, cobrir a cabeça” (Léxico anglo-grego de Liddell e Scott; Léxico anglo-grego do Novo Testamento de Thayer; Dicionário expositivo de palavras do Novo Testamento, W. E. Vine). O significado do versículo 15 é que uma mulher podia velar-se ou cobrir a si mesma com seu cabelo longo. Isto reforça, ainda mais, o preceito de cobrir a si mesma na presença de Deus.     

Um cabelo longo e não uma coberta?  
   
Alguns, agarrando-se a esta incorreta tradução “seu cabelo lhe foi dado para coberta”, ensinam que o cabelo longo da mulher é a coberta para sua cabeça. Mas, se a glória do homem deve estar coberta na presença da glória de Cristo, também o cabelo longo da mulher — o qual é sua glória pessoal— deve seguramente estar coberto também.

Com relação a este ponto permiti-me chamar a vossa atenção, brevemente, sobre alguns objetos inadequados que são utilizadas algumas vezes como cobertas. Acaso uma mera cinta sobre a cabeça corresponde ao requerimento bíblico de uma coberta? E acaso véus débeis e transparentes, ou adornos de fantasia postos sobre uma parte da cabeça é realmente uma coberta? Ainda quando procuramos evitar o legalismo, necessitamos também ser realistas, honestos e
cuidadosos. Alguém escreveu: “Queira o Senhor exercitar as mulheres cristãs para selecionar prendas que sirvam como cobertas, quando devem ser utilizadas para este propósito” (Paul Wilson). As modas de vestuário mudam; elas vão e vem. Uma importante consideração individual deveria ser esta: usa-se tal ou qual cobertura pelo fato de estar na moda, ou por ser de uso comum, ou por obediência a Palavra de Deus?



A ORDEM NA IGREJA


Como declaração final sobre este tema de cobrir a cabeça, o apóstolo escreveu: “Contudo isso, se alguém quer ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (1ª Coríntios 11:16); ou como outros traduzem: “Nós não temos outra prática, nem as igrejas de Deus” (NIV, NASB).

O inspirado apóstolo havia expressado a ordem divina da primazia e da cobertura da cabeça segundo o pensamento de Deus para a presente dispensação da redenção e graça. Ele deu instruções que são de aplicação geral para os homens e mulheres em qualquer época e em qualquer lugar para todo este período da Igreja. Ele não havia abordado ainda plenamente o tema da ordem divina na igreja. Este começa com o versículo 17.

Mas agora no versículo 16 ele estabelece a conclusão sobre este assunto de cobrir a cabeça dizendo que se alguém quer ser contencioso acerca daquilo que havia escrito aos coríntios por inspiração divina, nós e as igrejas de Deus não temos tal costume, como aqueles que gostam de fazer contendas.    

 Aqui Paulo declara que a ordem divina no que diz respeito a primazia e a cobertura ou véu era mais que uma ordem observada na Criação e na natureza. Tinha aplicação geral. Era inclusive praticada em todas as igrejas de Deus. Se havia uma diferença entre o homem e a mulher com relação a cobrir a cabeça quando orava ou profetizava em qualquer lugar em geral, esta mesma diferença também deveria ser observada quando os crentes se reuniam “como igreja”. E esta diferença era observada em todas as igrejas. Todo aquele que contendia por qualquer outra prática estava em desconformidade com a ordem e prática dos apóstolos, e isto não era  permitido entre as igrejas congregadas para o Nome do Senhor Jesus Cristo.

O que tinha que deveria ser praticado em Corinto era a mesma ordem observada em todas as igrejas. Este assunto não era  deixado livre as opiniões ou decisões dos indivíduos locais, e,  nem havia nenhuma outra opção. Deus é quem tem falado e dado os dogmas divinos. O caso estava encerrado e não havia lugar para a controvérsia. Desta forma, o mesmo principio e prática com respeito a primazia e da cobertura da cabeça deve constituir a ordem atual para todas as igrejas que pretendem estar  congregadas para o Senhor Jesus Cristo conforme as Escrituras.


Para todas as Igrejas

Devemos notar que a epístola aos Coríntios foi dirigida a “a igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1ª Coríntios 1: 2). Aquilo que foi   escrito aos coríntios se aplica também a todos os que invocam o Nome do Senhor Jesus e lhe reconhecem como Senhor em todos os lugares. Esta epístola não foi só para a Igreja inteira nos tempos dos apóstolos, mas que também tem autoridade para a Igreja atual.

As palavras do apóstolo no capítulo 14 desta epístola, referentes ao silêncio da mulher na Igreja, e também se aplica, certamente, ao tema de cobrir a cabeça: “Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que o que vos escrevo são mandamentos do Senhor; mas se alguém o ignorar, que ignore” (1.ª Coríntios 14:37-38).

A recusa em cobrir a cabeça

Alguém escreveu acertadamente: “O ato de rejeitar a exibir o sinal externo de submissão, indica meramente que o lugar dado por Deus mesmo é recusado, o que temos de temer” (Paul Wilson). Outro, depois de comentar sobre 1.ª Coríntios 11:5-6, declarou: “É Deus quem tem falado e muitas vezes são coisas pequenas como esta, — de cobrir ou não a cabeça — as que provam o estado do nosso coração, se é a vontade própria que está atuando ou se  estamos disposto a submeter a Palavra de Deus” (Estudos sobre 1.ª Coríntios por H.A. Ironside).

Se uma irmã em Cristo não está instruída no ensino bíblico sobre o dever de cobrir a cabeça e da ordem divina da primazia, no qual se fundamenta, é uma coisa. Isto pode ser até certo ponto tolerado com paciência. Porém, quando o ensino da Palavra de Deus é conhecido, compreendido e rejeitado, então trata-se de um assunto totalmente diferente. Tal pessoa pode relegar estas instruções divinas dadas em 1.ª Coríntios em épocas passadas e alegar que não são relevantes para nossos tempos e cultura. Isto é o julgamento da mente humana e não é outra coisa, senão uma manifesta recusa a Palavra de Deus, o que é um assunto sério. Antigamente, o profeta Samuel disse ao rei Saul: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como pecado de feitiçaria, e o porfiar é como a iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou a ti,  para que não sejas rei” (1.º Samuel 15:22-23).



NÃO É UMA QUESTÃO DE COSTUME CULTURAL


Alguns sustêm na atualidade que cobrir a cabeça, tal como se ensina na primeira epístola aos Coríntios, se relaciona com os costumes culturais daqueles dias; daí não ser relevante para as diferentes culturas de nosso mundo ocidental. A realidade deste assunto é que a ordem divina manifestada pelo inspirado apóstolo a Igreja não era conforme os costumes culturais daqueles dias. Era o costume dos homens judeus de então, exatamente igual ao da atualidade, ambos cobrem a cabeça na sinagoga. No mundo grego, onde estava situada a cidade de Corinto era o costume das mulheres entrarem no templo com suas cabeças descobertas. As mulheres de vida reprovável, como as prostitutas, também andavam por todos os lados com as cabeças descobertas. O apóstolo Paulo declarou firmemente: “Nós não temos tal costume”.

A Igreja do Novo Testamento era distinta da sinagoga judaica e do templo pagão. Aquela se achava em contraste com os costumes sociais e religiosos do mundo em redor. Cristo, a Cabeça da Igreja, está glorificado no céu e sua Igreja deve manter um caráter celestial e um testemunho para Ele aqui.

Símbolos

Outro argumento apresentado contra o ato das mulheres cobrirem-se na atualidade, é que um véu ou coberta no mundo ocidental de hoje, não tem o mesmo significado que tinham os véus nas épocas bíblicas orientais - que as cobertas não são um sinal de submissão em nosso mundo moderno como foram os véus naqueles tempos.

A este questionamento respondemos: a Palavra eterna, viva e imutável de Deus, a Bíblia, tem declarado o significado e a representação simbólica é manifestada na cabeça descoberta do homem e na cabeça coberta da mulher na presença de Deus. Ele nos tem revelado o que isto significa para Ele e o que representa para os anjos e o que deve também representar para todos os homens. Só nas Escrituras aprendemos as verdades representadas mediante símbolos divinamente escolhidos. Estes têm que ser proclamados e manifestados ao infiel mundo inteiro.

Os crentes em Cristo não devem guiar-se pelo que o mundo diz. Somos exortados a ter cuidado e não deixar-nos enredar pelas filosofias e vãs sutilezas “segundo as tradições dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Colossenses 2: 8). Devemos seguir o que Deus tem revelado e ordenado em sua infalível e imutável Escritura de verdade. Os crentes têm que manifestar isto em um mundo religioso, incrédulo, político e científico que se encontra cego por Satanás, o deus do presente século mau.

Nossa necessidade atual
        
Necessitamos estar alertas contra nossos próprios raciocínios e pensamentos, os quais são influenciados e baseados em normas e costumes das culturas sempre mutáveis que nos cercam. Devemos mostrar uma maior simplicidade e devoção ao Senhor e a sua preciosa Palavra, para receber as instruções divinas sem questionamentos. Necessitamos de uma reverência mais profunda pelas Santas Escrituras e um espírito de sujeição de coração e mente aos preceitos divinos. “Que diz a Escritura?” deve ser nossa pergunta mais importante e nossa corte final de apelação.

R. K. Campbell


[1] N. Do T: O termo inglês “headship” traduzido ao longo da presente obra por “primazia” tem que ver com direção, controle e chefia. Literalmente: função de alguém que é a cabeça.




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