Três mulheres, Três figuras.
Gên. 24:58 E chamaram
a Rebeca, e disseram-lhe: Irás
tu com este homem? Ela respondeu: Irei.
Gên. 41:45 - Deu-lhe por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
Êx. 2:21 E Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés
sua filha Zípora
Hoje a nossa conversa
terá como tema o assunto proposto acima. Espero que Deus, o Espírito Santo,
guia os nossos pensamentos para a produção de um texto que venha nos alimentar
com a bendita Palavra de Deus. Assim, temos:
1-
Três mulheres diferentes;
2-
Três ocasiões diferentes;
3-
Três figuras diferentes;
4-
Três momentos diferentes;
5- Três lugares, sendo dois semelhantes
e um totalmente diferente;
6-
Conclusão.
A primeira e a última destas mulheres foram encontradas em lugares semelhantes, ambas foram encontradas em um
poço de água, embora em situações completamente adversas. No caso de
Rebeca não havia obstrução de acesso ao poço, no caso de Zípora havia restrição
ao poço. No primeiro caso, o de Rebeca,
o acesso ao poço era livre; no segundo caso, o de Zípora, era restrito, havia
impedimento (Ex. 2:19). O primeiro caso exigiu apenas demonstração de
necessidade e disposição para suprir estas necessidades, enquanto que, no
segundo, além da necessidade, havia obstáculo a ser transpostos. No primeiro
caso a necessidade era suprimida por ação voluntária, ir ao poço; enquanto no
segundo, necessitava-se de um interventor para defesa e acesso.
A segunda destas mulheres foi
encontrada no momento da ascensão de
José ao trono do Egito, depois que foi tirado
da prisão para ser exaltado por Faraó
(Gên. 41:45). Assim vemos como elas são distinguidas pelas
diferenças das ocasiões e dos cenários nos quais se manifestam.
1-
Três mulheres diferentes.
Então, temos na história destas três mulheres
muitos aspectos diferentes, a começar pelas suas origens. Todas elas eram gentias. A primeira (Rebeca) era de Padã-Arã, terra de Abraão e Sara, (Gên. 24:4); Azenate era Egípcia,
terra para onde José foi vendido como escravo (Gên. 41:45) e Zípora era da
terra de Midiã (Ex. 2:15), onde Moisés peregrinou depois de ser rejeitado pelo
seu povo. Rebeca embora gentia era
parente de Abrão e Sara. Assim vemos nestas circunstâncias as diferenças que as
caracterizam, tanto geológicas, como posicionais e associativas. Cada uma
ocupa, nas escrituras, tem uma posição de acordo com o cenário no qual elas são
introduzidas. É assim que Deus em sua infinita graça e sabedoria têm
demonstrado aos seus, desde a antiguidade, os seus planos e propósitos para
conosco em Cristo Jesus.
2-
Três ocasiões diferentes.
Em Gênesis 23 vemos que Isaque ficou órfão, sua mãe
faleceu. Em sua casa, agora, a família estava restrita a ele e seu pai Abraão,
que também era velho de 140 anos, embora houvesse muitos servos, como o
referido nesta história.
Abraão viu as necessidades do seu filho e confiando
na provisão divina procurou suprir suas necessidades, e conforme o Espírito Santo relatou em 24:67: “assim Isaque
foi consolado depois da morte da sua mãe.”
José,
por sua vez, recebeu a sua esposa
depois de passar por momentos sombrios no cárcere. As palavras que foram ditas por
ele ao copeiro-mor, por
ocasião da interpretação do seu sonho, nos dá a entender isto, disse José: "Porém
lembra-te de mim, quando te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa” (Gên. 40:14). Mas ele esqueceu de José (vs. 23); todavia, o
Senhor estava cuidando dele e no momento apropriado iria tirá-lo dali para
assentá-lo no lugar mais elevado do trono. E foi nesta ocasião da sua exaltação
que ele recebeu sua esposa.
Moisés diferentemente de José, andou numa senda oposta. José saiu do cárcere
para o palácio e Moisés do palácio para o deserto. A experiência de Moisés teve
lugar por causa
da rejeição e acusação do seu povo; assim teve que
sair do palácio e ir para a terra de Midiã. Isto está registrado nas palavras proferidas por Estevão
em Atos 7:29: “E a esta palavra
fugiu Moisés, e esteve como estrangeiro na terra de Midiã,
onde gerou dois filhos.” E foi ali, no lugar da rejeição, que ele
encontrou sua esposa. Foi, pois, enquanto estava assentado junto do poço que a conheceu, defendeu-a, e depois, seu pai a deu a Moisés por mulher (Ex. 2:17).
3- Três figuras diferentes.
Estas três mulheres são apresentadas nas
escrituras, pelo Espírito Santo, como figuras de acontecimentos em curso e
futuro.
Em Rebeca temos uma figura da igreja
sendo chamada e reunida pelo Espírito Santo para ser apresentada ao Senhor
Jesus Cristo, como temos em Efésios 5: 27. Vemos que o servo (figura do
Espirito Santo) a encontra junto de um poço, onde ela tira água (Gên. 24:14-21), figura da palavra de Deus e, ele tirando os
tesouros do seu Senhor (vs. 22), a atrai e também
a seus familiares para
ouvir a suas novas (vs. 33-38).
Azenate por sua vez é figura da igreja em tempos
vindouros, futuros, quando do aparecimento do Senhor Jesus em glória,
tempo, no qual a igreja lhe será
apresentada e unida a Ele para sempre, para juntamente com Ele desfrutar das
suas delícias eternas. Participará juntamente com ele dos eventos futuros,
sendo sua companheira, nos desdobramentos dos desígnios de Deus, a ser
estabelecido neste
tempo futuro. Paulo escreveu aos
efésios que Deus nos
ressuscitou juntamente com Cristo e nos fez
assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos
vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco
em Cristo Jesus
(Efe. 2:6,7). Assim, Azenate simboliza a igreja
sendo dada ao Senhor Jesus Cristo na glória. Em apocalipse 19:7-9 temos as
bodas do Cordeiro e a esposa (igreja)
pronta.
Por último, temos Zípora. Esta mulher foi dada a
Moisés por ocasião da sua rejeição e como tal é uma figura da igreja senda dada
ao Senhor Jesus também no momento em que Ele é rejeitado por este mundo hostil,
prefigurado no povo e no Egito que rejeitou Moisés. Neste tempo em que o
mundo ignora o Nosso Salvador, o Espírito Santo está aqui, entre judeus e
gentios, tirando um povo para o seu nome (Atos 15:14; Tito 2:14); e estes, tal como Zípora, estão sendo unidos ao
Senhor Jesus neste momento da sua rejeição.
4-
Três momentos diferentes.
As circunstâncias que envolveram o chamado
destas três mulheres são inteiramente diferentes e opostas.
No caso de Rebeca, Isaque estava só e necessitava
de uma companhia, pois, a promessa da continuidade da descendência de Abraão
dependia da descendência de Isaque (Gên. 15:4; 21:12; Rom. 9:7). Assim vemos que no desenrolar do cumprimento
destas promessas de Deus, era necessário a provisão de uma companheira para
Isaque. Então, nesta ordem natural estabelecidas nos desígnios de Deus para o
cumprimentos dos seus propósitos, uma sucessão de fatos ocorreram. Em Gênesis 22, figurativamente, Isaque morreu (figura do Senhor Jesus morrendo na cruz);
no capitulo 23 é Sara quem morre (figura de Israel sendo posto de lado), e no
capitulo 24, o servo (figura do Espírito Santo) sai para trazer uma esposa para
Isaque.
Azenate, por outro lado. foi dada a José no momento em que ele se tornou
governador do Egito. Sem dúvida
qualquer, naquele lugar ao qual foi elevado, ele necessitava de alguém que pudesse compartilhar consigo da sua alegria e exaltação. Sua família o havia colocado no lugar do desprezo, haviam-no vendido, e agora neste momento
impar da sua existência ele precisa de alguém, ao seu lado, para compartilhar
da sua alegria e glória. Esta mulher esteve oculta até que o
momento
próprio da sua manifestação chegasse, e este momento era a exaltação de José. Assim será também com a igreja; desconhecida, desprezada, embora estando no
mundo, o mundo não a conheceu. Da mesma forma como procedeu
em relação ao seu Senhor, também
age em relação a igreja. Mas o
momento chegará, pela infinita bondade de Deus, em que ela será
manifestada, junto ao Salvador, em toda a glória e beleza que lhe foi dada por
Ele.
Zípora tem o seu belíssimo papel neste cenário.
Judeus e egípcios não só rejeitaram Moisés, como também o condenaram a
morte. E foi neste período terrível da sua vida que ela se uniu a ele. A mesma
coisa temos hoje também. Já mencionamos acima que o mundo rejeitou, rejeita e
continuará rejeitando o nosso Senhor; entretanto, há no
mundo a igreja composta daqueles que o receberam e foram feitos filhos de Deus,
os quais creram no seu nome (Jo. 1:12). Enquanto esteve entre nós, o
próprio Senhor disse que isto seria assim, disse ele: "Eu não sou deste
mundo" (Jo. 8:23; 17:14,16). Então a preciosa figura vista nesta mulher é
que neste momento da sua rejeição, a igreja se
une a Ele, tomando também com ele o
lugar de rejeição, por isso, tal
com Ele, é ignorada por este
mundo cruel e corrupto. E foi nestas
circunstâncias que eles geraram um filho a quem deram o nome de Gerson:
“peregrino em terra estranha” (Ex. 2:22).
5-
Três lugares sendo
dois semelhantes e um totalmente diferente.
Rebeca
foi chamada, atraída e levada para Isaque as margens de um poço. Isaque
encontrou Rebeca quando voltava do caminho de um poço (Gên. 24:62). Zípora
também foi atraída a Moisés junto de um poço, no
momento em que era expulsa pelos pastores medianitas, enquanto desejava saciar
a sede do rebanho. Estas coisas estão recheadas de lições práticas
para nós. O poço é o lugar onde a água estava, é
a sua fonte. Foi num poço que a mulher samaritana encontrou o Senhor
Jesus, e foi num poço (a Palavra de
Deus), que eu e você o encontramos. O instrumento (se é
que podemos usar esta expressão) para tirar água do poço é o Espirito Santo e a
água, repito, é a palavra de Deus
(Jo. 3:5; 1 Pe. 1:23). Não importa onde
nos posicionamos, seja no chamado, seja na nossa união como o Senhor
na sua rejeição, o que nos mantém num e noutro lugar é a Palavra
de Deus (a água), e como Isaque precisamos habitar junto do poço. São
maravilhosas e preciosas as palavras do
capitulo 25:11 do livro de Gênesis:
"E aconteceu depois da morte de Abraão, que Deus abençoou a Isaque seu
filho; e habitava Isaque junto
ao poço Beer-Laai-Rói". Que eu e você aprendamos esta
lição preciosa.
Porém
Azenate não encontrou José no poço, encontrou-o no trono, na sua glória. Esta é
a esperança atual da igreja, ela, em semelhança da noiva no livro dos cântico
dos cânticos, anela aquele dia, aquele momento em que há de ouvir a voz do
Amado da sua alma. Disse a
noiva: "Eu dormia, mas o meu coração velava...o meu Amado pôs a sua mão
pela fresta da porta, e as minha entranhas estremeceram por amor dele... ele é
totalmente desejável" (Cant. 5:2a,4, 16c).
Que esperança nós temos! Que verdadeiramente
possamos anelar aquele dia e como João disse possamos ser mais puros em cada
momento da nossa vida aqui (1 Jo. 3:3).
6-
Conclusão.
Tudo
isto que passou diante de nós , certamente, como falamos, são figuras que
trazem plena instrução, alegria, gozo ao nosso coração. Que Deus, o Espírito
Santo, possa abrir nossas mentes e entendimento para absorver estas realidades
plenas, desenvolvidas e demonstrada para nosso ensino. Que possamos assim
crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor Jesus, esperando com
ansiedade a sua volta para nos levar para Ele mesmo. Amém
JCarneiro.
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