quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

NAQUELE TEMPO NASCEU MOISÉS

O começo da ansiedade é o fim da fé, e o começo da fé é o fim da ansiedade.
( Jorge Müller).

Fé não é um sentido, nem vista, nem razão — é tomar a Deus na sua Palavra.
(Evans).

NAQUELE TEMPO NASCEU MOISÉS

“Aquele... tempo”, do qual fala Estevão em seu discurso, diante do concilio, é o da terrível opressão que sofreram os filhos de Israel das mãos do rei de Egito. Segundo a ordem do rei deviam lançar no rio todo filho recém-nascido. “Naquele mesmo tempo nasceu Moisés e era formoso aos olhos de Deus; e foi criado três meses em casa de seus pais” (Atos 7:20).
“Aquele... tempo”, não obstante isso, esteve marcado ainda, por algo mais grave que a opressão dos egípcios. Os filhos de Israel haviam esquecido de certa maneira de Jeová, seu Deus, para envolver-se com os deuses dos egípcios. Isto se vê claramente nas palavras que Josué disse mais tarde ao povo: “Tirai de entre vós os deuses aos quais serviram vossos pais do outro lado do rio e no Egito; e servi a Jeová” (Josué 24:14). Ezequiel também recorda este lamentável feito: “Não lançaram de si cada uma das abominações de diante de seus olhos, nem deixaram os ídolos de Egito” (20:8; compare com 23:14).
As cargas pesadas com as quais os egípcios oprimiam os filhos de Israel, e até a grande angustia que a ordem do rei lhes trouxe, não os fizera voltar para Deus, nem lembrar-se das Suas promessas e clamar a ele. Quão triste é quando as aflições enviadas por nosso Deus e Pai não nos fazem voltar para Ele, para perto do seu coração!
Os filhos de Israel clamaram em sua angustia, e Deus, em sua graça ouviu o gemido deles (Êxodo 2:23). Ainda que não se lembrassem de Deus, ele se lembrou da aliança feita com Abraão muitos séculos antes (Êxodo 2:24; 6:5). Deus lhe havia prometido: “Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será escrava ali, e será oprimida por quatrocentos anos... E na quarta geração voltaram para cá” (Génesis 15:13-16). Será que enquanto estavam no Egito, os filhos de Israel, tinham em conta esta promessa de Deus, a fim de esperar o seu cumprimento? Haviam contado os anos? Tinham consciência de que, como nos dias de Daniel em Babilônia, agora era o momento oportuno? (veja Daniel 9:2). É certo que para a maioria deles: a resposta é não.
Entretanto, o tempo do cumprimento da promessa se aproximava. Todavia, se Deus não se serviu dos esforços de Satanás e de seus instrumentos — sempre hostis a seu povo — para fazê-los sair do Egito, podemos ver que os filhos de Israel se instalaram tão bem ali que nunca pensaram em voltar ao país da promessa. Muitos anos depois, após ter experimentado os milagres de Deus a seu favor, recordavam com melancolia das panelas de carne e dos legumes do Egito (veja Êxodo 16:3; Números 11:5).
Tudo isto deve exercitar nossos corações. Vivemos em dias que a Palavra de Deus os chama de “tempos perigosos” (2 Timóteo 3:1), dias caracterizados pela depravação moral e pelo abandono do que provém de Deus. O amor de muitos esfriou, e outros “buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2:21). A conformidade com este mundo penetrou profundamente no meio de nós; é a maneira de atuar que caracteriza Satanás nestes dias e em nossas regiões. Ele age assim para privar-nos do gozo das benções celestiais, por uma parte, e também para anular nosso testemunho de um Cristo glorificado que breve voltará, por outra. Não corremos nós também o perigo de acharmos prazer neste mundo, o qual recusou ao Senhor Jesus Cristo e ainda o recusa? Não há também em nossos corações uma perigosa tendência a desejar voltar ao “Egito”? Não quer Deus, por meio de numerosas e diversas provas, separar-nos desta cena onde Satanás é o deus deste século? Ele emprega tais provas para dirigir nossos corações para Aquele que prometeu em breve voltar para nos levar para Ele mesmo.
Esperamos realmente o Senhor? Por acaso não nos satisfazem estas palavras: “Mas quando se aproximava o tempo da promessa” (Atos 7:17)? Pensemos nisto: já é “o último tempo” e “agora a nossa salvação está mais próximo do que quando cremos” (1 João 2:18; Romanos 13:11). A Escritura também dá o solene testemunho de que vivemos nestes “últimos dias” (2 Timóteo 3). Não é o tempo de despertar-nos e sair ao encentro do esposo com as lâmpadas acesas?
Como cristãos, “os tempos ou as estações” não nos concernem como a Israel (Atos 1:7; 1 Tessalonicenses 5:1) digo, que não devemos esperar acontecimentos ou períodos proféticos, é ao Senhor a quem temos o privilegio de poder esperar cada dia e a cada instante. Porém se deixarmos de esperar ao nosso Salvador, a decadência é inevitável, seja em nossa vida pessoal ou na vida coletiva. O mal se instalou na Igreja quando o servo mal disse em seu coração: “Meu senhor tarda em vir” (Mateus 24:48). A grande massa da cristandade professante não reconhece a Cristo como Senhor e Mestre; ela não pensa Nele, nem o espera. Sejamos como aqueles servos que quando o Senhor vier estarão prontos para abrir-lhe a porta!
Sem qualquer duvida, vivemos em tempos muito solenes. Mas não era diferente para os pais de Moisés. Apesar do triste estado do povo, permaneceram fieis e tiveram experiências preciosas com Deus. “Naquele mesmo tempo”, justamente nesse tempo, “nasceu Moisés”. Seus pais não disseram: “Nestes dias difíceis, não nos é possível ter um filho”, mas o receberam como um dom especial de Deus. Esconderam-no por três meses em sua casa, e a Palavra de Deus nos diz que fizeram “pela fé”: “não temeram o decreto do rei” (Hebreus 11:23). Certamente que Deus proveu tudo. E o motivo que a Palavra nos informa quanto a maneira destes pais atuar é notável: “...porque viram que o menino era formoso”. Estevão diz: “era formoso aos olhos de Deus” (Atos 7:20). A fé de seus pais também os capacitou a ver uma formosura para Deus, o que, certamente, os fez pensar no futuro libertador do povo. Assim puderam pensar: Se Deus nos deu um menino tão formoso neste tempo, certamente é porque tem algo particular para ele. Desta forma sentiram a responsabilidade de protegê-lo, custe o que custasse, e contaram com o poder de Deus para cumprir a sua vontade. Tinham confiança nEle e, como Moisés mais tarde, não temeram a ira do rei. Sabemos que sua fé foi maravilhosamente recompensada.
Vemos que Deus tinha um remanescente fiel nessa época, assim como há um em nossos dias. Havia israelitas cuja fé contava com as promessas de Deus, e que esperavam com paciência seu cumprimento. Hoje também, no meio de uma profissão sem vida, há crentes que se apoiam na Palavra de Deus e que esperam o cumprimento de suas promessas. Pela ação do Espírito Santo, seus olhos foram abertos para discernir a formosura de Cristo, do qual o libertador de Israel é uma figura. Assim como Moisés nasceu “naquele mesmo tempo”, também o Senhor Jesus, “vindo a plenitude do tempo”, nasceu “de mulher” (Gálatas 4:4). Ele foi o único homem sobre a terra, do qual, no sentido absoluto da palavra,  pode ser dito a seu respeito que “foi agradável a Deus”, por isso o céu se abriu e a voz do Pai foi ouvida: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo”? (Mateus 3:17).
Que possamos, nestes dias maus, ser como aqueles que o esperam!
Ch. Briem
Fonte Creced / 2008 - N° 4 – Suiça.
Tradução JCarneiro.


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