sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A biblia. É dos céus ou dos homens?

Não existe nada como a Escritura. Tomem, por exemplo, qualquer escrito humano do mesmo tempo da Bíblia; se puderes ter em mãos algum volume escrito três mil anos atrás, que encontrarias? Uma curiosa relíquia da antiguidade, algo a ser posto num Museu, como o Britânico, ao lado de uma múmia Egípcia, não tendo absolutamente nenhuma aplicação para nós ou para o nosso tempo, um documento velho, mofado, uma parte de escrito obsoleto inútil para nós de forma prática, referindo-se somente a um estado da sociedade e a uma condição de coisas passadas há muito tempo e enterradas no esquecimento.
A Bíblia, pelo contrário, embora escrita há milênios, é um livro atual, para o dia de hoje. É o livro de Deus, Sua revelação perfeita. É sua própria voz falando a cada um de nós. É um livro para todas as épocas, para toda região, para toda classe de pessoas, para todas as classes sociais, alta, média e baixa, para o rico e o pobre, para o culto e para o ignorante, para o ancião e para o jovem. Fala numa linguagem tão simples que um menino pode entende-la, e ao mesmo tempo tão profunda, que o maior intelecto não pode esgota-la. Além disto, fala direto ao coração, toca os mananciais mais profundos do nosso ser moral; penetra às raízes ocultas do pensamento e do sentimento da alma; nos julga minuciosamente. Em uma palavra, é como nos diz o escritor inspirado da epístola aos Hebreus, "viva e eficaz, e mais cortante que toda espada de dois fios; e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, as conjunturas e as medulas, e discerne os pensamentos e as intenções do coração." (Hebreus 4:12).
E agora observem o maravilhoso alcance de sua extensão. Ela trata com precisão, tanto os hábitos como os costumes, as maneiras e os axiomas do século 21 da era Cristã, bem como os tratou nos dias mais longínquos da existência humana. Exibe um perfeito conhecimento do homem em cada etapa de sua história. Tanto as metrópoles de hoje como a cidade de Tiro de três mil anos atrás, são apresentadas com a mesma precisão e fidelidade nas páginas sagradas. A vida humana em cada etapa de seu desenvolvimento é retratada por uma mão mestra nesse maravilhoso volume que nosso Deus escreveu benignamente para nosso ensino.
Que privilégio é possuir um livro semelhante! Ter em nossas mãos uma revelação divina! Ter acesso a um livro, em que cada linha é dada por inspiração de Deus! Ter uma história divinamente escrita do passado, do presente e do futuro! Quem pode estimar corretamente ter um privilegio tal como este?
Entretanto, este livro julga o homem - julga seus caminhos - julga seu coração. Lhe diz a verdade acerca de si mesmo. Por isso o livro de Deus não agrada ao homem. Um homem inconverso prefere muito mais um periódico ou uma novela sensacionalista do que a Bíblia. Ele prefere ler uma reportagem de um julgamento, em uma de nossas cortes de justiça criminal, do que um capítulo do Novo Testamento.
Daí o porquê do esforço constante de buscar defeitos no bendito livro de Deus. Incrédulos, em todas as épocas e de todas as classes, tem trabalhado duro para descobrir imperfeições e contradições nas Santas Escrituras. Os inimigos implacáveis da Palavra de Deus são encontrados, não só nas fileiras dos simples, dos ignorantes e os desprezíveis, mas também entre os educados, as elites e os intelectuais. Tal como foi nos dias dos apóstolos. "Certos homens maus, ociosos que frequentavam a praça" (Atos 17:5), e "mulheres religiosas, de honrável condição" (Atos 13:50) - duas classes de pessoas tão separadas umas das outras, socialmente e moralmente - encontraram um ponto em que eles podem estar perfeitamente de acordo, a saber, a recusa absoluta da Palavra de Deus e de quem a prega fielmente (Comparem Atos 13:50 com Atos 17:5). Desta forma, vemos que os homens que diferem em quase tudo, concordam em sua obstinada oposição à Bíblia. Outros livros são deixados em paz. Os homens não se preocupam em apontar defeitos nos escritos de Virgílio, Horácio, Homero ou Heródoto; mas eles não podem suportar a Bíblia, pois ela os expõe e fala a verdade acerca deles mesmos e do mundo ao qual eles pertencem.
E, não foi exatamente assim com a Palavra viva - o Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, quando Ele esteve aqui entre os homens? Os homens o aborreceram porque Ele lhes disse a verdade. Seu ministério, suas palavras, seus modos, sua vida inteira foi um testemunho constante contra o mundo; daí a amarga e persistente oposição deles. A outros homens deixavam passar, mas Ele era observado e espionado em cada movimento que fazia. Os grandes líderes e guias do povo "consultaram entre si como poderiam surpreender-lhe em alguma palavra." (Mateus 22:15), para achar ocasião contra Ele para poder entregar-lhe ao poder e autoridade do governador. Asím foi durante sua maravilhosa vida; e no final, quando o Bendito foi cravado na cruz entre dois malfeitores, estes últimos foram deixados em paz; não houve insultos dirigidos a eles, os principais sacerdotes e anciãos no menearam suas cabeças diante deles. Não! todos os insultos, toda a difamação, toda a grosseria e todo desprezo - tudo foi lançado sobre o Ocupante divino da cruz central.
Portanto, é bom que nós entendamos a fundo a fonte real da oposição à Palavra de Deus - seja ela a Palavra viva ou a Palavra escrita. Isso nos capacitará para estimá-la em seu real valor.
O diabo odeia a Palavra de Deus - a odeia com um ódio cruel, e por isso ele emprega eruditos incrédulos para escrever livros que demostrem que a Bíblia não é a Palavra de Deus, e nem pode ser, uma vez que há erros e discrepâncias nela; e não só isso, mas que no Antigo Testamento encontramos leis e instituições, hábitos e práticas indignas de um Ser amável e benevolente.
A todo este estilo de argumento nós temos uma breve e direta resposta; a todos estes eruditos incrédulos dizemos, simplesmente, “eles não conhecem absolutamente nada acerca deste assunto”. Eles podem ser muito sábios, muito inteligentes, pensadores profundos e originais, bem versados em literatura geral, muito competentes para dar uma opinião sobre qualquer tema dentro do domínio da filosofia natural e moral, muito capazes de discutir qualquer assunto científico. Além disso, eles podem também ser muito amáveis na vida privada, possuírem um caráter estimável, amáveis, benevolentes e filantrópicos, amados nas atividades privadas e respeitados em público. Eles podem ser tudo isto, mas em não ser convertidos, e em não ter o Espírito de Deus, eles são totalmente incompetentes para formar, e ainda incapazes para emitir um juízo sobre temas da Santa Escritura.
Se alguma pessoa completamente ignorante da astronomia presumisse em emitir um juízo sobre os princípios do sistema Copernicano[1], estes mesmos homens, de quem falamos, a declararia, imediatamente, absolutamente incompetente para falar, e indigna de ser ouvida sobre semelhante tema. Em ressumo, ninguém tem nenhum direito, em absoluto, para emitir uma opinião sobre um assunto sobre o qual não tem nenhum conhecimento. Este é um princípio admitido por todas as partes, e, portanto, sua aplicação no caso que agora temos diante nós, não pode ser posto em dúvida indubitavelmente.
Agora bem, o apóstolo inspirado nos diz em sua primeira Epístola aos Coríntios, que, "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus; porque lhe são loucura; nem as pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente" (1 Coríntios 2:14). Isto é conclusivo. Ele fala de homens em seu estado natural, por mais eruditos e cultos que sejam. Ele não está falando de nenhuma classe especial de homens, mas, simplesmente, do homem em seu estado inconverso, do homem desprovido do Espírito de Deus. Alguns podem imaginar que o apóstolo se refere ao homem num estado de barbárie ou de ignorância brutal. De modo nenhum; trata-se simplesmente do homem natural, seja ele um filósofo um erudito ou um ignorante. Ele não pode conhecer as coisas do Espírito de Deus. Então, como pode ele formar ou emitir um juízo quanto à Palavra de Deus? Que autoridade tem uma pessoa assim para dizer o que é ou o que não é digno que Deus escreva? E se ele é suficientemente audaz para fazê-lo - Quão lamentável é! - Quem será suficientemente néscio para escutá-lo? Seus argumentos são sem base; suas teorias sem valor; seus livros só serão uteis para a lixeira. E tudo isto, atente, sobre o princípio universalmente admitido acima mencionado, de que ninguém tem nenhum direito de ser ouvido sobre um tema, do qual, ele é completamente ignorante.

Deste modo nos livramos da prole completa de escritores incrédulos. Quem pensaria escutar um cego dissertando sobre o tema da luz e sua sombra? E, contudo, um homem semelhante tem maior quantidade de motivos para ser ouvido, do que um homem inconverso sobre o tema da inspiração das escrituras. O ensino humano, por mais variado e extenso que seja, a sabedoria humana, por mais profunda que seja, não pode qualificar um homem para emitir um juízo sobre a Palavra de Deus. 
Os incrédulos dizem que Deus não podia dar-nos uma revelação escrita de Seus pensamentos.

Quão estranho isto! Os homens podem nos dar uma revelação de seus pensamentos, e os incrédulos o fazem muito claramente; mas Deus não pode. Que insensatez! Que presunção! Porque, podemos perguntar legitimamente, Deus não pode revelar Seus pensamentos as Suas criaturas? Por que haveremos de pensar nisto como algo inconcebível? Não há nenhuma razão em absoluto, mas os incrédulos desejam que seja assim. O desejo neste caso é ser pai do pensamento. A questão levantada pela antiga serpente no jardim do Éden, há quase seis mil anos atrás, Está sendo transmitida de época a época por toda classe de ascéticos, racionalistas e incrédulos, a saber, "É assim que Deus disse: ...? (Génesis 3:1). Nós respondemos com intenso deleite, “Sim, bendito seja Seu santo nome, É assim que Ele disse – que ele nos tem falado. Ele nos tem revelado Seus pensamentos; Ele nos deu as Santas Escrituras”. "Toda a Escritura é inspirada por Deus; e é útil para ensino, para repreensão, para correção, para instrução na justiça; a fim de que o homem de Deus seja perfeito [artios], estando bem preparado para toda boa obra." (2 Timóteo 3: 16, 17). e de novo, "Porque as coisas que outrora se escreveram, para nosso ensino foram escritas, a fim de que pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança." (Romanos 15:4).
O Senhor seja louvado por tais palavras! Elas nos asseguram que toda Escritura é dada por Deus, e que toda Escritura é dada para nós. Precioso vínculo entre a alma e Deus! Que linguagem pode expressar o valor de um vínculo como este? Deus nos falou, Deus nos tem falado. Sua Palavra é uma rocha contra a qual todas as ondas do pensamento incrédulo batem com desdenhável impotência, deixando-a em sua própria fortaleza divina e estabilidade eterna. Nada pode tocar a Palavra de Deus. Nem todos os poderes do homem e do inferno, homens e demônios combinados podem mover de alguma forma a Palavra de Deus. Ela se ergue em sua própria gloria moral, apesar de todos os assaltos do inimigo de época em época. "Até a eternidade, oh Jeová, a tua palavra permanece estável no céu!" (Salmo 119:89). "Engrandeceste teu nome, e tua palavra sobre todas as coisas ou acima de tudo" (Salmo 138:2). Que resta para nós? Somente isto, "Dentro do meu coração guardei a tua palavra, para não pecar contra ti" (Salmo 119:11). Aqui jaz o profundo segredo da paz. O coração é unido ao trono, sim, ao próprio coração de Deus mediante Sua preciosa Palavra, e é introduzido, assim, na possessão de uma paz que o mundo não pode dar, nem tirar. O que podem produzir todas as teorias, os pensamentos e os argumentos dos incrédulos? Simplesmente nada. Eles são estimados como a poeira das épocas do verão. Para alguém que aprendeu, realmente, por meio da graça, a confiar na Palavra de Deus - a descansar na autoridade da Santa Escritura - todos os livros incrédulos que foram escritos são, absolutamente, sem valor, sem sentido, sem poder; eles exibem a ignorância e a terrível presunção dos seus escritores; mas, quanto à Escritura, eles a deixam exatamente onde sempre esteve e sempre estará, "estável no céu" (Salmo 119:89), tão firme como o trono de Deus.
C. H. M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Será assim um dia.

Acontecimentos no livro de Apocalipse. "Depois disso Eu olhei, e, contemplei uma porta aberta no paraíso: e a primeira voz que ouvi era...