sábado, 30 de janeiro de 2016

Sâ Doutrina

A  SÃ DOUTRINA

         Uma grande parcela de nós tem sido posta, felizmente, em contacto com as verdades da Bíblia relativas à Pessoa e à obra de Cristo, à igreja de Deus, e a vinda do Senhor.
Nisto Deus nos tem favorecido mais do que nós podemos imaginar. Neste período difícil da história da Igreja, no qual, os crentes têm sido chamados a viver, temos a nossa disposição uma quantidade de luz, como nunca tiveram os crentes desde os tempos dos apóstolos, novas revelações foram postas agora em evidência. Sem desconhecer de nenhum modo o que Deus nos tem dado, dizemos que o conjunto dos “escritos dos irmãos” constitui uma inestimável riqueza  para nós, e está ao nosso alcance e a nossa disposição. Eles conservam intacto o ministério de obreiros qualificados, que têm expostos, não seus pontos de vistas ou doutrinas pessoais, mas a Palavra de Deus, à qual nos guia continuamente  e nos conduz a encontrar a Cristo. Este tesouro que foi adquirido e guardado com muito trabalho, lutas e penas, nos tem sido fielmente transmitidos.
 Que fazemos nós?
         É muito lamentável que com freqüência, nos gloriamos do que temos recebido como se não o tivéssemos recebido, nos apossamos de um espírito tradicionalista e rotineiro, cheio de suficiência.  A ação viva do Livro de Deus é substituída pela adoção passiva de pensamentos e expressões emprestadas de outros. É fácil fazer teologia com os escritos dos quais menciono, e discutir várias e várias passagens sem que o coração e a consciência sejam verdadeiramente tocados e, igualmente, sem compreender muitas vezes o que se tem lido. Um crê numa autoridade humana que se coloca sem pensar sobre a Palavra e insinua: “Os irmãos tem dito...J.N.D. disse...” É exatamente o contrário do que tem desejado estes queridos servos de Deus, que colocaram as almas em contacto direto com a Palavra divina, ajudando-os,  nunca  governando-os.
Porém, mais lamentável ainda é, o oposto, digo a tendência  muito difundida hoje em dia,  de recusar “a sã doutrina” de nossos condutores. “OH! disse alguém, eu leio minha Bíblia, não tenho necessidade de guia. Esses homens podem equivocar-se...”. Cuidemo-nos de não menosprezar o ministério daqueles que o Senhor deu para “expor fielmente a Palavra da verdade” (2ª Timóteo 2:15), “homens fiéis e capazes de ensinar também a outros” porque eles também alimentaram-se a si mesmos com as santas letras.  É o ensino de obreiros essenciais, de um trabalho forte  operado há mais de um século. É necessário citar, entre as muitas boas obras, escritos e traduções em francês, as de J.N. DARBY, especialmente seus Estudos sobre a Palavra, sua preciosa Introdução a Bíblia, suas Notas sobre os Evangelhos, seus diversos tratados para a salvação e edificação,— os de H. ROSSIER, de W. KELLY, de J. G. BELLET, depois tantos artigos e estudos contidos na coleção igualmente rica do Mensageiro Evangélico. É bom dizer aqui que o presente artigo foi primeiramente escrito com vistas aos jovens, e que foi publicado em outro periódico por alguns anos com esta intenção. Parece útil repeti-lo para um círculo mais extenso de leitores.
Se  vós recusais o que o Senhor apresenta como meio, Ele não o dará duas vezes. Tal ministério é recomendado, porque foi precisamente realizado, não buscando um valor em si mesmo, somente um na Palavra de Deus tem valor, Cristo na Palavra. Estes condutores não disseram: ”Segui-nos a nós”, mas: “Eis aqui o que diz a Palavra de Deus”. Eles não impuseram sua maneira de ver, se curvam a autoridade divina. Depreciá-los voluntariamente é com frequência arrogância, é estimar seu próprio pensamento como sendo superior ao deles, e é expor-se a errar por ignorância, torcendo as Escrituras  (2ª Pedro 3:16). Mencionar que o pensamento de J.N.Darby, não é inspirado,  não há necessidade de dizê-lo, só os escritores da bíblia foram,  mas alguém ensinado por Deus, não pode nunca ser desprezado e, se esta pessoa é usada por Deus para ensino e aplicação da sua Palavra, na edificação da sua igreja, serviço no qual tem sido inteiramente submisso, não nos privemos, pois, de uma ajuda deste valor.
        
Alguns dirão: “Não tenho tempo”. Se realmente esse é o caso, não há nenhuma duvida: leia primeiramente  e antes de tudo a Bíblia. Todavia,  em nossos dias o tempo livre é  mais extenso que nos dias de nossos pais, nos quais eles se alimentavam avidamente dos escritos de que dispunham. Encontramos tempo para diversão, para o esporte, exercício corporal útil, mas pouco se encontra tempo para ler os diários, as revistas, livros de todas as classes. Não se encontrará tempo para um exercício espiritual?
A verdadeira razão é a falta de apetite para esta alimentação forte. É verdade que ela atrai menos que tais publicações religiosas onde “há coisas tão boas”, nos disse um, e também são agradavelmente apresentadas que as podemos ler sem nenhum esforço. No entanto, o que se lê sem esforço esta com freqüência marcado de debilidade. A extraordinária propagação de produções impressas atuais, adaptadas a todos os níveis, corre o risco de tirar o vigor de muitos espíritos, ou de paralisar seu crescimento. Sem duvida, e a Palavra nos ensina, que há alimentos diferentes segundo a idade e o grau de desenvolvimento espiritual; uns necessitam de leite, outros de alimento sólido, e a apresentação da verdade deve ser, em verdade, vista em diversos níveis. Contudo, o propósito de um alimento para um menino, é ser estimulante, para dar-lhe as forças necessárias,  para depois ter condições de tomar um alimento mais sólido. Porém, com freqüência não é feito assim; ele é acostumado a um ensino duvidoso, mesclado de maneira atraente ao mundo e ao cristianismo, e isto na verdade, não é mais que um ensino falsificado.
É necessário repensar os conceitos, principalmente os jovens que desejam “ser fortes”. Quantas vezes não ouvimos dizer: “Oh!  J.N.D é muito profundo para mim, não o entendo...” E o abandonam! Vale a pena, não hesitemos em quebrar a casca, ainda que seja dura,  porque  o retrocesso nos prejudica. Vale a pena escalar pacientemente o caminho difícil, árduo, para descobrir, em seguida, as magníficas perspectivas, para que isto resulte, em leituras mais atraentes,  e proveitosas. A diferença entre os escritos dos irmãos e o de muitas outros, está no fato de que eles exigem que  se tenha sempre a Bíblia diante de si, e que seja lida acompanhada de oração. Porque tais obras não mudam a vida cristã, se elas não se alimentarem de Cristo.
Os ataques contra o testemunho se multiplicam. É manifesto que a maioria das pessoas que criticam a pessoa ou a vida  destes condutores, de J.N.D. em particular, não tem lido igualmente suas obras essenciais. Falamos muito  de nosso andar, mas não é de nenhuma maneira por falta de ensinos que nos têm sido transmitida: muito pelo contrário, é porque não temos retido estes ensinos, quando, na verdade, os temos deformado. Também é altamente saudável que cada um os leia e os estude  por si mesmo. É maravilhoso ver como o conhecimento   destes homens e as coisas que revelam a largura  da sua visão, cristãos que viveram há pelo menos um séculos antes de nós, falaram de temas que pareciam muito novos  para a geração atual, tais como: a evangelização, o lugar e o papel do cristão aqui, as relações cheias de amor com os de fora, porém marchando  rigorosamente no sentido estreito. Ver-se-á como  eles denunciam   as duas escolas que encontramos sempre em nosso caminho: o mundanismo por uma parte e a dureza  do coração por outra. Somente lendo  compreenderemos que distância existe entre o ensino destes honrados irmãos, postos na Igreja no século passado, e as idéias atuais, ouvidas com freqüência. Nada nos guardará, no entanto, do perigo de sermos distinguidos, por alguns, como mais uma seita na confusão da cristandade, seita que eles denominam o “darbismo”, por causa da escolha pela verdade escritural sobre o tema do testemunho, tal como eles mantiveram sempre e unicamente sustentando, a saber: a reunião ao redor do Senhor, na obediência a sua Palavra, sob a direção do Espírito Santo.

             Que Deus nos dê graça para compreender sempre e mais o valor e o sentido deste testemunho ao qual Ele  nos tem chamado. Nós não o temos escolhido,  Ele é quem nos escolheu e quem nos colocou ali. Evitemos por sua vez a indiferença culpável e o espírito partidarista que às vezes é conhecido por zelo, e por isto só pisamos o caminho de nossos pés (Provérbios 4,26), o que desejo dizer  é: estudemos. O conhecimento incha, sim, mas nunca o conhecimento do Senhor, aprendido humildemente a seus pés. Lede a este respeito na segunda epístola de Pedro, plena desta expressão: o conhecimento. Alimentemo-nos do que tem alimentado  os testemunhos que nos precederam. Deus nos mostrará como adaptar às novas necessidades “o que é desde o principio”. Contudo, “o que é desde o principio permaneça em vós» (1ª João 2:24).
             
  Encontramos em Gênesis 26:8-33 uma ilustração muito útil para meditar-nos.
·                  
Abraão e seus servos haviam cavado poços. Ele morreu e os Filisteus os havia enterrado. Isaque, mesmo abençoado extraordinariamente, por Jeová, depois da morte de seu pai, lhe faltou água,e ele teria perecido com todas suas riquezas,  se não houvesse destapado os poços que Abraão seu pai cavou. Queridos amigos, nossos pais cavaram, e temos encontrado a água viva,  que é Cristo. Deus nos tem enchido de riquezas espirituais que não merecíamos, ainda que tenhamos esta  possessão, nada nos impedirá sucumbir se não reencontramos a água que nossos pais beberam e que nos permitiram descobrir  para enfrentar o inimigo. Ponhamos a
picareta em nossas mãos, uma tarefa humilde,  que pode ser menosprezada, que nos fará trabalhar lentamente, e que nos custará a hostilidade do mundo. Porém este gesto foi sempre o mesmo, cavadores de poços que tem cavado bastante para encontrar a água. Esta tradição, não a descartemos. Ela é fecunda. A água está sempre ali, a água viva, onde as almas devem beber por si mesmas,  e depois desejamos fazê-las correr para os demais. Porém é necessário a energia obediente e a paciência da fé  acompanhada da “sã doutrina”.
A.Gilbert   
Fonte: Mensageiro Evangélico. Suiça


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