Um Sacerdócio intermediário ou uma
classe de pregadores pré-designados. É este o ensino ou modelo do Novo
Testamento?
Efe. 4:12,13: “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à
unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida
da estatura completa de Cristo”.
Resisto com toda firmeza a ideia
de um sacerdócio intermediário, ou de uma classe sacerdotal intermediária,
constituída no meio da igreja de Deus entre os irmãos. Afirmo com toda
convicção que não encontro nenhuma base,
nenhuma instrução para tal coisa nas
escrituras, seja no novo testamento, seja no velho; pelo contrário, encontramos
demonstrações claras e inconfundíveis de que isto não funcionou no passado e
não funciona no presente, e que isto tem conduzido o povo de Deus a prejuízos incalculáveis,
principalmente extinguindo o Espírito do ajuntamento dos irmãos, impedindo que
Ele use aqueles que Ele quer, que seriam seus instrumentos preparados e apropriados
para todas as ocasiões em que o povo esteja reunido, para receber a edificação
ou para adoração ao seu Santo e Bendito Nome. Reconheço que o Espírito Santo
distribuiu dons aos irmãos e isto está muito claro tanto em I Cor 12 e 14, como
em Efésios, no entanto, precisamos saber que o Espírito precisa ter liberdade
para usar estes dons que Ele mesmo
distribuiu, conforme a sua vontade. A ideia, muito defendida por alguns, de que
muitos, na obediência deste principio, podem levantar-se apenas por instinto carnais é inaceitável, e é
uma desculpa que não anula os princípios estabelecidos pelo Espírito no novo
testamento. Precisamos entender que qualquer irmão que se levante no
ajuntamento dos santos, por instintos próprios e naturais, e que impede ao
Espírito Santo de usar aqueles que estão preparados para tal momento é
responsável diante de Deus, e irá prestar as devidas contas, por aquilo que fez
conforme os seus próprios instintos. Por outro lado cometemos o mesmo erro, quando,
da mesma forma extinguimos o Espírito, ao tomarmos a liberdade de praticar um
ato, de tomar decisões que verdadeiramente não temos autoridade e nem somos
ensinados a fazer no santo livro de
Deus. O que nós temos tanto no velho como no novo testamento são descrições
simples, porém reais, daquilo que aconteceu. No velho testamento, nós sabemos
que Deus escolheu a tribo de Levi e dentre esta mesma tribo; dentre aqueles
três filhos de Levi: Gerson, Coate e Merari ele distribuiu funções bem
diferentes ou diferenciadas, para cada uma destas famílias. Nós sabemos que a
família que tinha a autoridade para aproximar-se de Deus para chegar ao lugar
mais perto do Senhor, era a família de Coate, pois sobre eles pesava a
responsabilidade do tabernáculo, e ainda dentre as diversas famílias dos
levitas, Deus escolheu dos filhos de Anrão, a família de Arão para estar ainda
mais próximo dele e exercer o sacerdócio
no meio dos seus irmãos. Também sabemos pelo grande volume do velho testamento
os resultados, sabemos por este enorme volume o que aconteceu com o povo de
Israel durante aqueles anos em que aquele sacerdócio foi executado entre eles.
Se nós esquecermos da historia do velho testamento, se esquecermos que em II
Reis encontramos a dispersão de Israel para o cativeiro, temos ali informações
das mais preciosas e das mais precisas quanto a este momento. Vemos que
naqueles dias em que o rei da Assíria
invadiu Israel e transportou Israel para o cativeiro da Assíria e levou
as 10 tribos; o 2º livro de Reis no
capitulo 17 dá as razões porque tudo isto aconteceu, lemos no verso 23 daquele
capitulo 17: “Até que o Senhor tirou a Israel de diante da sua
presença, s
como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas;
assim, foi Israel transportado da sua terra à Assíria, onde permanece até ao
dia de hoje[1]”.
Finalmente no fim deste livro de
2º Reis, capitulo 25 temos a consumação destes fatos e quando chegamos no
último livro de Crônica e precisamente no ultimo capitulo daquele livro de 2 Crônicas,
nós temos descrições minuciosas, descrições reais daquilo que aconteceu nos
dias de Zedequias, Nabucodonosor transportou o restante do povo para a
Babilônia: “ [2]E o
Senhor, Deus de seus pais, lhes enviou a sua palavra pelos seus mensageiros,
madrugando e enviando-lhos, porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação.
Porém zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as sua palavras, e
escarneceram dos seus profetas, até que o furor do Senhor subiu , contra o seu
povo, que mais nenhum remédio houve. Porque fez subir contra eles o rei dos
caldeus, o qual matou os seus jovens à espada, na casa do seu santuário; e não
teve piedade nem dos jovens, nem das moças, nem dos velhos, nem dos decrépitos;
a todos os deu nas suas mãos. E todos os utensílios da Casa de Deus, grandes e
pequenos, e os tesouros da Casa de Senhor, e os tesouros do rei e dos seus
príncipes, tudo levou para a Babilônia. E queimaram a Casa de Deus, e
derribaram os muros de Jerusalém, todos os seus palácios queimaram, destruindo
também todos os seus preciosos objetos. E os que escaparam da espada levou para
a Babilônia; e fizeram-se servos dele e de seus filhos, até ao tempo do reino
da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias,
até que a terra se agradece dos seus sábados; todos os dias da desolação
repousou, até que os setenta anos se cumpriram.
Este é o
resultado daquele sacerdócio. Mas é possível que alguém possa questionar e
perguntar: “Então, porque Deus deu este sacerdócio? A resposta para esta interrogação
é tão clara, tão nua e patente aos olhos daqueles que desejarem tomar ciência,
conhecimento delas no novo testamento. Note bem que o escritor aos Hebreus nos
mostra detalhes, ricos detalhes de todos estes acontecimentos, mas quando nós
procuramos uma resposta mais incisiva, mais pratica, mais objetiva para esta
interrogação, naturalmente, nós poderíamos recorrer a epístola aos Gálatas no
capitulo 3, o Apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas, àquelas igrejas da Galácia,
ele faz uma pergunta em verso 19 do capitulo 3: “Logo, para que é a lei? Foi
ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a
promessa tinha sido feita”. Em Hebreus
capitulo 7: 11 nos temos estas expressões: “[3]De
sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo
recebeu a lei), sob esse sacerdócio o povo recebeu a lei, e ele continua (se
esse sacerdócio tivesse que ser copiado): que necessidade havia logo de que
outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse
chamado segundo a ordem de Arão”? Porque mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz mudança da lei. Porque aquele de quem estas coisas se
dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar, (ninguém!) visto
ser manifesto que nosso Senhor procedeu
de Judá, e concernente a esta tribo nunca (nunca, nunca, nunca) Moisés falou de
sacerdócio. E muito mais manifesto é ainda se, a semelhança de Melquisedeque,
se levantar outro sacerdote, que não foi
feito segundo a lei do mandamento carnal,
mas
segundo a virtude da vida incorruptível. Porque dele assim testifica:
Tú és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. Preste bem
atenção: “eternamente!” “Não há substituto neste sacerdócio”. Ele diz ainda
mais aqui: Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza
e inutilidade (pois a lei nenhuma
coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança pela qual
chegamos a Deus. Temos alguma coisa da maior importância aqui, e observe que o
escritor da epístola aos Hebreus prossegue dizendo: E, visto como não é
sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos
sacerdotes, mas mas este com juramento, por aquele que lhe disse: Jurou o
Senhor e não se arrependerá: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de
Melquisedeque.); de tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador. E, na
verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande numero, (preste atenção
neste termo: em grande número), porque, pela morte, foram impedidos de
permanecer, mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpetuo
( imutável, não tem substituto). Portanto, pode também salvar perfeitamente os
que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos
pecadores e feito mais sublime dos que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus
próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez,
oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constituiu sumos sacerdotes a homens
fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constituiu ao
Filho, perfeito para sempre.
No capitulo
10 de Hebreus lemos ainda: “[4]Porque,
tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca,
pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode
aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se
oferecer, porque purificados uma vez os ministrantes, nunca mais (nunca mais)
teriam consciência de pecados. Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz
comemoração dos pecados”.
Então
estamos diante de uma coisa falida, de uma coisa que não teve valor de redenção
para aqueles que foram os objetos deste serviço. Mas porque, então, Deus
instituiu isto? Foi instituído por causa das transgressões, foi instituído para
demonstrar ao povo, para demonstrar a todos eles, que aquilo que era produto da
mente humana, aquilo que tinha as melhores intenções, aquilo que tinha os
melhores respaldos, aquilo que tinha as melhores convicções, mas partindo do
ser humano, não tem valor nenhum, nem para eles, e muito menos para Deus; por
isso, embora envolvidos num cerimonial, que humanamente falando, pudesse ter
uma tremenda expressão de beleza, poderia ter um cenário magnifico a
contemplar, por causa do ordenamento e da obediência das coisas, isto não tem
valor nenhum. É exatamente este quadro que encontramos em Romanos capitulo 7; encontramos
ali um homem entusiasmado, encontramos ali um homem verdadeiramente convicto
das coisas, um homem que podia expressar com todas as letras: a lei é boa, o
mandamento é santo, justo e bom. Mas ele dizia que o problema não estava na lei
e nem nos mandamentos; o problema estava em mim. Ele diz: “o bem que quero eu
não faço, mas o mal que não quero este faço”, então ele diz: o problema não sou
eu, em certo sentido, mas o problema é o pecado que habita em mim. Por isso,
ele diz: “De maneira não sou eu que faço isto, mas é o pecado que habita em
mim”. Continua ele: “no meu homem interior, eu tenho prazer na lei de Deus, mas
vejo nos meus membros uma outra lei” repetindo, “verso 22 diz ele: No meu homem
interior, verso 23 ele diz: vejo nos membros uma outra lei que batalha contra
lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado, que está nos meus
membros. E o resultado a que chega este homem é um resultado desesperador. Ele
então brada desesperado: “Miserável homem que sou”! Isto é o resultado da lei
na sua própria vida. Isto é o resultado que pode ser visto em todo aquele
sacerdócio, que foi instituído por Deus com dois objetivos principais, a saber:
Primeiramente o Senhor queria demonstrar ao
homem, que aquilo que ele falava, com temos em Êxodo 19, ele nunca seria capaz
de praticar, de executar aquilo que eles diziam das suas próprias bocas.
Em segundo
lugar, O Senhor desejava fazê-los entender o quando os amava e que por causa deste
amor insondável, iria propiciar um meio de aproximação, de salvação, através de
um substituto que sua graça iria provisionar. E, isto os apresentava tanto no
sacerdócio, como nos sacrifícios oferecidos, que como diz Hebreus 10 1-3 eram
apenas sombras dos bens vindouros ou ainda Hebreus 8:4 b e 5 a: “Visto
existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei, os quais ministram em
figura e sombra das coisas celestes”.
Quando o
Senhor tirou o seu povo do Egito, quando os libertou da servidão de Faraó, quando
o povo foi chamado para ir para uma terra que mana leite e mel, quando o povo
recebeu do Senhor todas as garantias, todas as promessas de introdução naquela
terra, quando eles ouviram promessas que nunca antes tinham chegado aos seus
ouvidos; nem mal haviam saído do Egito, havia apenas três dias de jornada e o
povo já murmurava contra o Senhor no deserto, depois, quarenta e cinco dias
após, agora no deserto de Sim, especificamente em Refidim, novamente estão
murmurando contra o Senhor, e quinze dias após esta murmuração, agora chegam ao
deserto do Sinai, acampados defronte do monte e Moisés sobe ao monte e ouve as
palavras do Senhor e as notifica ao povo; e o povo sem pesar nenhuma das
atitudes anteriores, como descrevemos, diz: “tudo o que o Senhor tem falado
faremos. E relatou Moisés ao Senhor as palavras do povo” (Ex 19:8).
Por causa destas palavras: “tudo o que o
Senhor disser ou tem falado faremos”, o Senhor iria mostrar-lhes, pela lei, que
eles nunca iriam cumprir este voto. O Senhor iria demonstrar-lhes, pela lei,
que eles não tinham capacidade, que eles não tinham condições, por si mesmos,
de atender ao padrão divino. Os 1600 anos, mais ou menos, que seguem deste
tempo até ao Senhor Jesus, demonstrou e demonstra a incapacidade deste povo; e por
isto, como já citamos de Gálatas 3:19, Paulo diz: “A lei foi dada por causa das
transgressões”.
Pois, bem,
diante de tudo o que nós temos falado até aqui, diante de toda a inoperância,
diante de todo o desserviço, diante de toda a falta de resultados, e diante de
todo o juízo que temos demonstrado tanto em 2º Reis, como em 2º Crônicas; é
inadmissível que nós agora cientes de toda esta inutilidade e fraqueza, diante
de tudo o que temos visto em Hebreus 7, da inutilidade e fraqueza daquele sacerdócio,
que nós agora iremos novamente reinstituir um sacerdócio paralelo no meio dos
irmãos.
Este ato
significa constituir uma classe de sacerdotes, para agir no meio do povo de
Deus e impedir que o Espírito Santo possa
usar no ajuntamento dos irmãos, quando reúnem em volta da pessoa do Senhor
Jesus Cristo, para apreciar a sua bendita pessoa e ser edificados por ele; significa impedir que o Espírito Santo use
aquele que ele quer, aquele que ele
preparou para alimentar os seus. E levantar-nos com uma autoridade roubada,
usurpada, com uma autoridade que não possuímos, para fazer algo que a mim e a
você não foi ordenado nas escrituras no novo testamento.
As palavras
que Paulo disse aos Corintios: “Ai onde está o Espírito do Senhor, ai há
liberdade”, são palavras chave para guiar o ajuntamento dos seus, são palavras
importantíssima em nosso ajuntamento, são palavras que devem guiar-nos, são
palavras que devem nos orientar onde quer que nós estejamos, para que possamos
com todo o vigor, com todo o frescor procurar fazer aquilo que na verdade é a
vontade do Senhor.
Que possamos
com todo discernimento, com toda reverência, com toda abnegação, que possamos
verdadeiramente curvar-nos diante do Senhor, diante destas expressões tão
importantes e tão maravilhosas que temos em II Cor 3:17, 18 “Ora, o Senhor é o
Espírito; e , onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós com
o rosto desvendado, contemplando, como por espelho a glória do Senhor, somos
transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito”.
Que Deus
possa nos abençoar nestas considerações, Amém.
A ideia de uma classe
especial é uma afronta aos princípios estabelecidos pelo Espirito Santo nas
escrituras, quer os consideremos sob qualquer aspecto. A primeira vez que
encontramos tal tentativa nas escrituras está registrado em apocalipse capitulo
2 e ocorreu na igreja de Éfeso (2:6) e o próprio Senhor Jesus disse que odiava
esta ideia, disse o Senhor: “Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos
nicolaítas, as quais eu também odeio”. O que são as obras dos nicolaítas? É
exatamente a inclusão de uma classe especial entre os eleitos de Deus, ou seja,
um sacerdócio intermediário. A palavra “Nicolaítas” significa subjugador de
povos, os leigos (laikos) na língua grega. É desta pratica que temos a
distinção entre clero e leigos, sendo o clero uma classe sacerdotal
intermediária, no meio do povo de Deus.
Que Deus em
sua infinita graça possa nos abençoar
nestas considerações! Amém.
J. B. C.
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