Adoração
Hoje
eu quero conversar um pouco com vocês sobre
o tema da adoração.
Eu
sei que tem havido muito interesse dos ensinadores dá palavra de Deus em
instruir seus ouvintes (os irmãos) acerca de diversos temas importantes para a
vida cristã; entretanto, naquilo que constitui a atividade mais nobre, mais
importante, mais bendita do serviço espiritual temos sido ineficientes, e por isso
não tem havido progresso, em outras palavras, não temos evoluído na prática da
adoração, somos muito e muito deficientes.
No primeiro dia dá semana quando
nós ajuntamos para partir o pão, a forma como são expressas as nossas adorações,
confirmam o que digo acima, e demonstra que pouco sabemos acerca da adoração e
do adorador.
Será
que adoração é apenas reunir regularmente cada primeiro dia dá semana, quando uns
pedem hinos, outros oram, outros repartem os emblemas, outros fazem uma leitura
dá palavra, novamente cantam hinos e alguém termina com uma oração. Pergunto
outra vez: É isto adoração? Será que adoração é uma rotina semanal, onde sempre
quase se faz a mesma coisa, havendo, em alguns casos, apenas mudança dos
atores?
Acredito
que qualquer coração temente a Deus sabe que não é assim. É verdade que temos
que reunir rotineiramente, somos instruídos a partir o pão cada primeiro dia dá
semana, fomos assim instruídos pelo próprio Senhor. Mas a adoração como se
processa? E o adorador como se comporta?
Para
responder a estes questionamentos, vamos buscar o auxílio de Deus, o Espírito
Santo e da Santa Palavra de Deus. Primeiro vamos ler Gênesis 22:5. Diz a
palavra de Deus:
“E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o
jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo
adorado, tornaremos a vós”.
O que é adoração?
O verso
transcrito acima é uma resposta eloquente para esta questão. Temos aqui um
homem no pleno exercício dá fé, obedecendo a uma orientação divina, sem fazer
qualquer questionamento, apesar dá dificuldade dá missão que lhe é atribuída.
Não consultou sua mulher, não consultou seus servos mais confiáveis; apenas
tomou alguns e saiu sem deixar transparecer o que na realidade iria fazer.
Temos que lembrar
que este homem era semelhante a nós. Tinha emoções, possuía suas razões,
humanamente falando, estava interiormente ferido e sem qualquer dúvida,
estremecido. O objeto em questão a ser oferecido, era seu filho amado, gerado
na sua velhice, seu herdeiro, o filho amado, mui querido.
Ele havia questionado
com Deus: “Senhor DEUS, que me hás de dar, pois
ando sem filhos” (Gen. 15:2). Agora ele tem o filho e o Senhor Deus lhe ordena
que ofereça este filho sobre um altar. Seus projetos futuros, como descritos em Gênesis 15,
humanamente falando estava sendo destruído, mas a orientação divina era para
seu sofrido coração, maior e mais importante que tudo.
Para este coração
ferido, Deus é o dador de tudo, Ele por graça havia lhe dado o filho quando não
havia mais condições em si para obtê-lo.
“A um homem de cem anos há de nascer um filho? (Gen.17:17).
Agora
o Senhor Deus o pede de volta. Abraão não hesitou, sem dúvida alguma, suas
emoções foram afetadas, sua humanidade foi abalada; mas ele ultrapassou todas
as barreiras que surgiram diante dele, para como disse aos seus moços, adorar a
Deus. Nada, absolutamente nada, podia detê-lo nesta jornada. O Senhor Deus era
mais importante para seu coração.
A
adoração, como vista aqui, é o resultado de profundos exercícios espirituais
diante de Deus, que possibilita, e ao mesmo tempo, capacita o adorador para
cumprir sua missão, não havendo, absolutamente, nada que possa impedi-lo. Disse
Abraão: “ Eu e o rapaz ...havendo adorado tornaremos para vós”. Isto como
escreveu o Espírito Santo, pela pena de Moisés, é adoração.
Aqui podemos medir seu cumprimento, sua
largura, altura e profundidade. Adoração não é mais nem menos que isto. Adorar
é saber que o Senhor é digno de tudo; qualquer parte retida desfigura o ato em
si mesmo e não pode ser aceito pelo Senhor. Temos vários exemplos disto na
palavra, tanto positivo como negativo. O primogênito das tuas ovelhas, sem
defeito é um exemplo positivo. Ananias e Safira é um exemplo negativo.
Isaque era mais que precioso para Abraão, para suas afeições.
Mas o Senhor era ainda mais precioso do que Isaque. Isaque existia por pura
graça Dele e Ele podia devolvê-lo da mesma forma que o deu. Assim o escritor
aos Hebreus ilumina esta cena para nós:
“considerou que Deus era poderoso para até dentre os
mortos o ressuscitar; E daí também em figura ele o recobrou (Hebreus.
11:18,19).
Quão magnífico e merecedor é Aquele que enche de gozo
e satisfação o coração do adorador; Ele é digno de tudo.
Então, para deixar bem fixo nas nossas mentes e
corações, adoração é o resultado de profundos exercícios espirituais
realizados na presença de Deus, proporcionado pelo gozo de uma íntima comunhão
com Ele. Adorar é oferecer tudo ao Senhor, sem restrições.
Dizemos
acima que sabemos pouco dá adoração e do adorador. Já falamos da adoração e o
que é, então, o adorador?
O que é, então, o adorador?
Antes de entrar nos detalhes sobre o
que é um adorador, precisamos estar certos que o leitor saiba que adoração não
é um dom. Em Efésios 4, o apostolo nos ensina que quando o Senhor Jesus subiu
as alturas, Ele levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens (Efe. 4:8); e em
1 Cor. 12:31, o mesmo apóstolo nos ensina a procurar com zelo os melhores dons.
Quando o assunto então é dons espirituais nós devemos procurar, mas quando é
adoração, é o Pai quem procura adoradores (Jo. 4:23).
Bem
entendido este aspecto e para, então, responder esta pergunta vamos novamente recorrer
a instrução dada pelo Espírito Santo na palavra de Deus em 2 Sam. 24:18,21,24,25
que diz:
“Sobe, levanta ao
Senhor um altar na eira de Araúna, o jebuseu... Para comprar de ti esta
eira, a fim de edificar nela um altar ao
Senhor... Não, mas por preço justo to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos
que não me custem nada. E edificou ali Davi ao
Senhor um altar, e ofereceu holocaustos, e ofertas pacíficas.
Quão
magnifica é esta passagem! Aqui vemos duas coisas que são inseparáveis, isto é,
o altar e o adorador. Não existe a
possibilidade de haver altar sem adorador e adorador sem altar. Os dois são
companheiros inseparáveis. A primeira vez que encontramos o altar nas
escrituras foi quando Noé saiu da arca, ele e sua família; sua gratidão a Deus
era tanta, que seu coração traduziu aquilo em adoração, levantando um altar e
oferecendo holocausto nele (Gen. 8:20).
A passagem
acima nos apresenta um homem como nós, sujeito às mesmas fraquezas, embora
sendo o rei de Israel naqueles dias. Davi havia transgredido a vontade do
Senhor, e o povo estava sofrendo as consequências; o Senhor enviou um profeta
até Davi, e o profeta tinha instruções precisas para Davi, disse o profeta:
“SOBE”, “LEVANTA UM ALTAR AO SENHOR NA EIRA DE ARAÚNA” Davi obedeceu à
orientação do Senhor e subiu.
É muito
precioso pensar quando subimos; mas é desastroso quando descemos. Deus, o objetivo do altar e do seu serviço,
está em cima e quando uma alma sobe ao encontro de Deus, certamente o
encontrará; Ele está atento para todos que o buscam. Araúna diz a Davi: “ TUDO
ISTO DEU ARAÚNA AO REI”, mas Davi diz a Araúna: “NÃO OFERECEREI AO SENHOR MEU
DEUS HOLOCAUSTOS QUE NÃO ME CUSTEM NADA”.
Aqui temos,
então, o adorador. A primeira e grande característica do adorador é esta:
“SABER QUE PARA ADORAR É PRECISO PAGAR UM PREÇO”. Tudo aquilo que não custar
nada não pode subir a presença de Deus.
Se não renunciarmos aos nossos direitos; se
não abrir mão das nossas licitudes; se não consagramos nossas vidas ao Senhor,
jamais seremos qualificados como adoradores. A mulher de Samaria disse ao
Senhor Jesus: “Nossos pais adoraram neste monte”. O Senhor lhe respondeu: “Vós
adorais o que não sabeis” (Jo. 4:20, 22). Portanto, a adoração tem que obedecer
às orientações do Senhor, senão será como a adoração dos samaritanos.
“Nossos pais adoraram neste monte... Vós adorais o que não sabeis; nós
adoramos o que sabemos... Mas a
hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus
é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo. 4:20,22-24).
Como
disse acima a adoração é inteligível, por isso o Senhor disse: “Nós adoramos o
que sabemos”. Somente o conhecimento de Deus pode produzir a verdadeira
adoração.
No
livro de Êxodo capitulo 12 temos a introdução da páscoa na vida do povo de
Israel.
“E eu passarei
pela terra do Egito esta noite, e ferirei
todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em
todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de
vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do
Egito. E este dia vos será por memória,
e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por
estatuto perpétuo... Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos
filhos para sempre. E acontecerá que, quando entrardes na terra que o SENHOR
vos dará, como tem dito, guardareis este
culto. E acontecerá que, quando
vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao SENHOR,
que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e
livrou as nossas casas. Então o povo
inclinou-se, e adorou” (Ex. 12:12-14; 24-27).
O
que era a páscoa? Era um memorial de libertação dos primogênitos dos filhos de
Israel. Vemos nesta páscoa como o Senhor julgou o Egito matando todos
primogênitos e vemos também como neste mesmo juízo, Ele fez provisão para
poupar a vida dos primogênitos dos filhos de Israel.
Naquele
cenário de julgamento imaginemos a condição e ao mesmo tempo a expectativa do
primogênito dos filhos de Israel. Havia uma ordem explicita de que o pai
matasse um cordeiro e aplicasse o sangue na verga da porta, e o anjo destruidor
ao ver este sangue passaria dali, porque o juízo já tinha sido aplicado naquele
lar, alguém já havia morrido ali.
Podemos
imaginar com que ansiedade o primogênito aguardava aquele momento e com que
expectativa ele observava todos os atos de seu pai naquele dia. Quando seu pai
matou o cordeiro e levou aquele sangue para a porta de entrada e pegou aquele
molho e aplicou o sangue na porta, conforme a ordem de Deus, que alivio inundou
seu coração.
Se
ele tivesse Romanos 8:1, certamente leria várias vezes com muito gozo e alegria
e diria exitoso: “Nenhuma condenação há
mais para mim”. O sangue foi aplicado e agora estou livre do juízo.
Imaginem a gratidão e a adoração que brotava deste coração.
O
adorador é como aquele primogênito, ele sabe que não pode fazer nada para
escapar do juízo de Deus, mas ele sabe que o Senhor Jesus fez tudo, ele sabe
que sua sentença de morte caiu sobre o Seu inocente Senhor; ele sabe que o
Senhor Jesus morreu pelos seus pecados (I Pe 3:18), e sabe também que ninguém
mais pode o acusar, pois foi Deus quem o justificou, sabe também que ninguém
pode condená-lo, pois o Senhor Jesus morreu (Rom. 8:33,34). Este saber o
converte num adorador verdadeiro e se traduz em adoração.
E, assim, lembramo-nos do momento maior em que
consiste nossa adoração. Há duas passagens no novo testamento que nos ajuda e
muito a entender a base da adoração e o posicionamento do adorador, ou a
direção que ele deve seguir quando se aproxima de Deus para tal. Leiamos Lucas
22:19,20; I Coríntios 11:23-25:
“E, tomando o pão, e havendo dado graças,
partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da
ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado
por vós... Porque eu recebi do Senhor o que
também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o
pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo
que é partido por vós; fazei isto em
memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice,
dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as
vezes que beberdes, em memória de mim”.
Aqui o Senhor Jesus ao introduzir o memorial diz claramente:
“Fazei em memória de mim”. A ceia do
Senhor não é realizada em memória da situação passada ou presente do adorador.
O adorador entra na presença de Deus para falar-lhe do seu Filho e não de si
mesmo. A adoração é na terceira pessoa e não na primeira. É Ele e não nós, por
isso é em memória Dele, do Senhor Jesus.
Precisamos lembrar que estamos na presença de Deus como adoradores
e não como pecadores. Um pecador com consciência de pecados não pode ser
adorador e, muito menos, acessar a presença de Deus. Neste caso, ele precisará primeiro resolver os
problemas dos seus pecados e, para isto, necessitará de uma vitima para fazer
expiação por ele, por isso, ele não goza de paz perfeita para exercer o
sacerdócio na presença de Deus.
Mas não é isto o que vemos continuamente nas nossas celebrações?
Falamos muito mais de nós mesmos do que daquele para o qual o memorial aponta.
Realizamos o serviço na primeira pessoa, quando deveríamos fazê-lo na terceira.
Ao invés de apresentar a Deus a beleza do seu Bendito Filho (Sal. 96:9),
apresentamos nossa condição, nossa situação, nossos pecados, nossa miséria. Que tristeza! Temos que lamentar tal
situação.
A passagem que transcrevo abaixo nos ensina como o holocausto era
ordenado por Deus e oferecido na economia levítica.
“Quando algum de vós oferecer oferta ao SENHOR, oferecerá a sua oferta de
gado, isto é, de gado vacum e de ovelha. Se a sua oferta for holocausto de
gado, oferecerá macho sem defeito; à
porta da tenda da congregação a oferecerá,
de sua própria vontade, perante o SENHOR. E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a
favor dele, para a sua expiação. Depois degolará o bezerro perante o SENHOR”
(Lev. 1:2-5a).
“E os
filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue
em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. Então
esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em
ordem a lenha sobre o fogo. Também os
filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o
redenho sobre a lenha que está no fogo em cima do altar; Porém a sua fressura e
as suas pernas lavar-se-ão com água; e o
sacerdote TUDO ISSO queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR” (Lev. 1:5b-9).
Em primeiro lugar temos a oferta, depois o serviço sacerdotal. A
vitima, sem defeito, era trazida à porta da tenda da congregação e degolada ali,
sendo oferecida pelo ofertante de sua própria vontade; só então, os sacerdotes
entravam em ação para cumprir o ritual estabelecido por Deus.
O ato de ser de sua própria vontade nos fala do Senhor Jesus
oferecendo-se a si mesmo a Deus, como Ele próprio disse em João 10:17: “o Pai me
ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la”. Depois o
ritual era composto de atividades exclusivas para os sacerdotes, ou seja,
oferecer o sangue, espargir o sangue, por fogo sobre o altar, por em ordem a
lenha sobre o fogo, por em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha
que estava no fogo em cima do altar; enfim, tudo era disposto ali, como
ordenara o Senhor. Nada sobrava para eles, queimavam tudo sobre o altar; não
participavam de nada, tudo era oferecido ao Senhor e, como consequência, subia
um perfume de cheiro suave ao Senhor.
Se quisermos encontrar no velho testamento uma porção que, em
figura, nos fala da adoração, tal como temos na ceia do Senhor, recorramos ao
holocausto. O holocausto era
inteiramente para o Senhor. Os sacerdotes não participavam dele, tudo era
queimado e seu cheio subia como um cheiro suave de aroma agradável ao Senhor.
Há algo na cruz, expresso em figura pelo holocausto, que ultrapassa as mais elevadas
concepções dos santos ou dos anjos, ou seja, a profunda devoção do coração do
Filho ao Pai e a maneira com o Pai a apreciou. Esta é a voz que soa do
holocausto, Daquele que com gozo inexprimível
se ofereceu incontaminado a Deus.
Aqueles sacerdotes, no holocausto, eram apenas observadores desta cena
que se desenvolvia diante deles e na qual Deus era o objetivo da mesma. Embora
não tivessem tido nenhuma parte nela, eles observavam o seu desenrolar e podiam
ver uma vitima substituta morrendo no lugar do culpado, e pela morte desta
vitima um cheiro subindo a Deus. Imaginemos com quanta reverência, adoração e
gratidão eles observavam esta cena, e quanta alegria brotava nos seus sensíveis
corações, por ver o Senhor aceitando e aspirando o suave cheiro desta oferta.
Estas coisas, como diz Hebreus 9:23, eram figuras das coisas que
estão no céu e foram purificadas com
tais sacrifícios,; mas, continua o escritor aos Hebreus, as próprias coisas
celestiais, se purificam com sacrifícios melhores do que estes e, acrescenta:
“Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no
mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (verso 24).
Portanto, se a sublimidade da oferta sobre a economia levítica
impressionava os sacerdotes que a ministravam em figura, quanto mais devemos
ser impressionados, nós que contemplamos
aquilo que é real!
O holocausto nos fala do Senhor Jesus oferecendo-se a si mesmo a
Deus (Heb. 9:14); nos fala da sua suprema devoção ao Pai, recorda-nos das suas
próprias palavras como João, o apóstolo, escreveu no capítulos 4, 8 e 17 do seu
evangelho: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar
a sua obra... porque eu faço sempre o que lhe agrada... Eu
glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer ”(versos
34, 29 e 4).
Somente Deus pode apreciar o verdadeiro valor e significado do
holocausto; somente Deus podia avaliar a devoção do seu filho amado; somente Deus podia apreciar divinamente a
pessoa e obra do seu Filho; somente Deus foi glorificado naquilo que Ele fez.
Vemos expiação no holocausto sim, mas não conforme a apreciação do pecador, conforme
a profundidade da sua culpa; mas, sim conforme a apreciação de Deus, conforme a
intensidade do prazer que encontrou no seu Bendito Filho (Mar. 1:11; 2 Pe
1:17), conforme a completa rendição do Senhor
Jesus ao Pai, por isso, o sangue era levado para dentro do santuário e ali era aspergido, somente Deus podia lhe atribuir valor conforme a sua justiça.
Por isto a cruz tal como é simbolizada no holocausto encerra
verdades tão preciosas que só a mente de Deus pode compreender. A cruz é o lugar onde o amor do Senhor Jesus
por seu Pai foi expresso em linguagem tal, que apenas o Pai compreendeu. A grande
beleza que reveste o holocausto é que nele não vemos o Senhor Jesus
levando o pecado; mas, sim o Senhor Jesus fazendo a vontade do Pai. Portanto,
se quisermos contemplar a expiação no holocausto devemos atentar para estas
verdades que ele encerra.
Isto está claramente expresso nas próprias palavras do Senhor, na
experiência passada antes da cruz, disse o Senhor no Getsêmani: “Pai, se
queres, passa de mim este cálice;
todavia não se faça a minha vontade, mas
a tua” (Luc. 22:42). Era a vontade do Pai que o manteve ali e não o ato de
ter que se fazer pecado por nós. A grande
mensagem expressa no ato cerimonial de esfolar o holocausto (Lev. 1:6), reside
no fato de remover o exterior para tornar visível o interior (Heb 10:5-9). Sua
mente santa deleitava em agradar ao Pai.
Finalmente, consideremos as instruções
do apóstolo Pedro como está transcrito abaixo:
“E, chegando-vos
para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus
eleita e preciosa, vós também, como
pedras vivas, sois edificados casa
espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis
a Deus por Jesus Cristo... Mas vós
sois a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” 1 Pe 2:4,5,9).
Estas instruções também encerram
verdades muito sublimes. Devemos gravar em nossas mentes que como pecadores, o
nosso lugar é diante do altar de cobre, pois, ali encontramos propiciação para
os nossos pecados. Agora como adoradores, já deixamos aquele altar, nossa culpa
foi aniquilada ali, pelo amor redentor do Senhor Jesus por nós.
Santificados, purificados Nele, então
temos ousadia para entrar no Santo dos Santos (Heb. 10:19); e entramos ali, não
para confessar pecados ou para descrever um estado anterior miserável, chegamos
ali para adorar, porque não há mais consciência de pecados. E como sacerdotes estamos ali, na presença de
Deus, para apreciar o verdadeiro holocausto, para falar da sua beleza, da sua
ternura, do seu infinito amor por nós. É isto que Deus Pai espera ouvir de nós;
Ele deleita-se em ouvir do seu Amado Filho.
E é precisamente isto que Pedro está
nos ensinando acima; ele diz que nós somos edificados casa espiritual e
sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por
nosso Senhor Jesus Cristo. Em outras palavras, Pedro nos coloca no verdadeiro
terreno onde a graça nos colocou, e, assim, nos posiciona na própria presença de Deus.
Que Deus o
Espírito Santo nos capacite a ocupar e a desfrutar deste precioso lugar e nos dê sabedoria, para sermos achados na
presença de Deus e qualificados como adoradores verdadeiros. Amém!
Mensagem entregue em Gama, DF em 02 de abril de 2017.
J.B.Carneiro
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