sábado, 22 de abril de 2017

ADORAÇÃO

Adoração

Hoje eu quero conversar um pouco  com vocês sobre o tema da adoração.
Eu sei que tem havido muito interesse dos ensinadores dá palavra de Deus em instruir seus ouvintes (os irmãos) acerca de diversos temas importantes para a vida cristã; entretanto, naquilo que constitui a atividade mais nobre, mais importante, mais bendita do serviço espiritual temos sido ineficientes, e por isso não tem havido progresso, em outras palavras, não temos evoluído na prática da adoração, somos muito e muito deficientes.

No primeiro dia dá semana quando nós ajuntamos para partir o pão, a forma como são expressas as nossas adorações, confirmam o que digo acima, e demonstra que pouco sabemos acerca da adoração e do adorador.

Será que adoração é apenas reunir regularmente cada primeiro dia dá semana, quando uns pedem hinos, outros oram, outros repartem os emblemas, outros fazem uma leitura dá palavra, novamente cantam hinos e alguém termina com uma oração. Pergunto outra vez: É isto adoração? Será que adoração é uma rotina semanal, onde sempre quase se faz a mesma coisa, havendo, em alguns casos, apenas mudança dos atores?

Acredito que qualquer coração temente a Deus sabe que não é assim. É verdade que temos que reunir rotineiramente, somos instruídos a partir o pão cada primeiro dia dá semana, fomos assim instruídos pelo próprio Senhor. Mas a adoração como se processa? E o adorador como se comporta?
Para responder a estes questionamentos, vamos buscar o auxílio de Deus, o Espírito Santo e da Santa Palavra de Deus. Primeiro vamos ler Gênesis 22:5. Diz a palavra de Deus:

           “E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós”.

O que é adoração?

O verso transcrito acima é uma resposta eloquente para esta questão. Temos aqui um homem no pleno exercício dá fé, obedecendo a uma orientação divina, sem fazer qualquer questionamento, apesar dá dificuldade dá missão que lhe é atribuída. Não consultou sua mulher, não consultou seus servos mais confiáveis; apenas tomou alguns e saiu sem deixar transparecer o que na realidade iria fazer.

Temos que lembrar que este homem era semelhante a nós. Tinha emoções, possuía suas razões, humanamente falando, estava interiormente ferido e sem qualquer dúvida, estremecido. O objeto em questão a ser oferecido,​ era seu filho amado, gerado na sua velhice, seu herdeiro, o filho amado, mui querido.  

Ele havia questionado com Deus: “Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos” (Gen. 15:2). Agora ele tem o filho e o Senhor Deus lhe ordena que ofereça este filho sobre um altar. Seus projetos futuros, como descritos em Gênesis 15, humanamente falando estava sendo destruído, mas a orientação divina era para seu sofrido coração, maior e mais importante que tudo.

Para este coração ferido, Deus é o dador de tudo, Ele por graça havia lhe dado o filho quando não havia mais condições em si para obtê-lo.

         “A um homem de cem anos há de nascer um filho? (Gen.17:17).

 Agora o Senhor Deus o pede de volta. Abraão não hesitou, sem dúvida alguma, suas emoções foram afetadas, sua humanidade foi abalada; mas ele ultrapassou todas as barreiras que surgiram diante dele, para como disse aos seus moços, adorar a Deus. Nada, absolutamente nada, podia detê-lo nesta jornada. O Senhor Deus era mais importante para seu coração.

A adoração, como vista aqui, é o resultado de profundos exercícios espirituais diante de Deus, que possibilita, e ao mesmo tempo, capacita o adorador para cumprir sua missão, não havendo, absolutamente, nada que possa impedi-lo. Disse Abraão: “ Eu e o rapaz ...havendo adorado tornaremos para vós”. Isto como escreveu o Espírito Santo, pela pena de Moisés, é adoração.

 Aqui podemos medir seu cumprimento, sua largura, altura e profundidade. Adoração não é mais nem menos que isto. Adorar é saber que o Senhor é digno de tudo; qualquer parte retida desfigura o ato em si mesmo e não pode ser aceito pelo Senhor. Temos vários exemplos disto na palavra, tanto positivo como negativo. O primogênito das tuas ovelhas, sem defeito é um exemplo positivo. Ananias e Safira é um exemplo negativo.

Isaque era mais que precioso para Abraão, para suas afeições. Mas o Senhor era ainda mais precioso do que Isaque. Isaque existia por pura graça Dele e Ele podia devolvê-lo da mesma forma que o deu. Assim o escritor aos Hebreus ilumina esta cena para nós:

         “considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar; E daí também em figura ele o recobrou (Hebreus. 11:18,19).

Quão magnífico e merecedor é Aquele que enche de gozo e satisfação o coração do adorador; Ele é digno de tudo.

Então, para deixar bem fixo nas nossas mentes e corações, adoração é o resultado​ de profundos exercícios espirituais realizados na presença de Deus, proporcionado pelo gozo de uma íntima comunhão com Ele. Adorar é oferecer tudo ao Senhor, sem restrições.

Dizemos acima que sabemos pouco dá adoração e do adorador. Já falamos da adoração e o que é, então, o adorador?

        O que é, então, o adorador?

Antes de entrar nos detalhes sobre o que é um adorador, precisamos estar certos que o leitor saiba que adoração não é um dom. Em Efésios 4, o apostolo nos ensina que quando o Senhor Jesus subiu as alturas, Ele levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens (Efe. 4:8); e em 1 Cor. 12:31, o mesmo apóstolo nos ensina a procurar com zelo os melhores dons. Quando o assunto então é dons espirituais nós devemos procurar, mas quando é adoração, é o Pai quem procura adoradores (Jo. 4:23).
Bem entendido este aspecto e para, então, responder esta pergunta vamos novamente recorrer a instrução dada pelo Espírito Santo na palavra de Deus em 2 Sam. 24:18,21,24,25 que diz:

            Sobe, levanta ao Senhor um altar na eira de Araúna, o jebuseu... Para comprar de ti esta eira, a fim de edificar nela um altar ao Senhor... Não, mas por preço justo to comprarei, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada. E edificou ali Davi ao Senhor um altar, e ofereceu holocaustos, e ofertas pacíficas.

Quão magnifica é esta passagem! Aqui vemos duas coisas que são inseparáveis, isto é, o altar e o adorador. Não existe a possibilidade de haver altar sem adorador e adorador sem altar. Os dois são companheiros inseparáveis. A primeira vez que encontramos o altar nas escrituras foi quando Noé saiu da arca, ele e sua família; sua gratidão a Deus era tanta, que seu coração traduziu aquilo em adoração, levantando um altar e oferecendo holocausto nele (Gen. 8:20).

A passagem acima nos apresenta um homem como nós, sujeito às mesmas fraquezas, embora sendo o rei de Israel naqueles dias. Davi havia transgredido a vontade do Senhor, e o povo estava sofrendo as consequências; o Senhor enviou um profeta até Davi, e o profeta tinha instruções precisas para Davi, disse o profeta: “SOBE”, “LEVANTA UM ALTAR AO SENHOR NA EIRA DE ARAÚNA” Davi obedeceu à orientação do Senhor e subiu.

É muito precioso pensar quando subimos; mas é desastroso quando descemos.  Deus, o objetivo do altar e do seu serviço, está em cima e quando uma alma sobe ao encontro de Deus, certamente o encontrará; Ele está atento para todos que o buscam. Araúna diz a Davi: “ TUDO ISTO DEU ARAÚNA AO REI”, mas Davi diz a Araúna: “NÃO OFERECEREI AO SENHOR MEU DEUS HOLOCAUSTOS QUE NÃO ME CUSTEM NADA”.

Aqui temos, então, o adorador. A primeira e grande característica do adorador é esta: “SABER QUE PARA ADORAR É PRECISO PAGAR UM PREÇO”. Tudo aquilo que não custar nada não pode subir a presença de Deus.

 Se não renunciarmos aos nossos direitos; se não abrir mão das nossas licitudes; se não consagramos nossas vidas ao Senhor, jamais seremos qualificados como adoradores. A mulher de Samaria disse ao Senhor Jesus: “Nossos pais adoraram neste monte”. O Senhor lhe respondeu: “Vós adorais o que não sabeis” (Jo. 4:20, 22). Portanto, a adoração tem que obedecer às orientações do Senhor, senão será como a adoração dos samaritanos.

          “Nossos pais adoraram neste monte... Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos... Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo. 4:20,22-24).

Como disse acima a adoração é inteligível, por isso o Senhor disse: “Nós adoramos o que sabemos”. Somente o conhecimento de Deus pode produzir a verdadeira adoração.

No livro de Êxodo capitulo 12 temos a introdução da páscoa na vida do povo de Israel.

          “E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo... Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre. E acontecerá que, quando entrardes na terra que o SENHOR vos dará, como tem dito, guardareis este culto. E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao SENHOR, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou” (Ex. 12:12-14; 24-27).

O que era a páscoa? Era um memorial de libertação dos primogênitos dos filhos de Israel. Vemos nesta páscoa como o Senhor julgou o Egito matando todos primogênitos e vemos também como neste mesmo juízo, Ele fez provisão para poupar a vida dos primogênitos dos filhos de Israel.
Naquele cenário de julgamento imaginemos a condição e ao mesmo tempo a expectativa do primogênito dos filhos de Israel. Havia uma ordem explicita de que o pai matasse um cordeiro e aplicasse o sangue na verga da porta, e o anjo destruidor ao ver este sangue passaria dali, porque o juízo já tinha sido aplicado naquele lar, alguém já havia morrido ali.

Podemos imaginar com que ansiedade o primogênito aguardava aquele momento e com que expectativa ele observava todos os atos de seu pai naquele dia. Quando seu pai matou o cordeiro e levou aquele sangue para a porta de entrada e pegou aquele molho e aplicou o sangue na porta, conforme a ordem de Deus, que alivio inundou seu coração.

Se ele tivesse Romanos 8:1, certamente leria várias vezes com muito gozo e alegria e diria exitoso: “Nenhuma condenação há mais para mim”. O sangue foi aplicado e agora estou livre do juízo. Imaginem a gratidão e a adoração que brotava deste coração.

O adorador é como aquele primogênito, ele sabe que não pode fazer nada para escapar do juízo de Deus, mas ele sabe que o Senhor Jesus fez tudo, ele sabe que sua sentença de morte caiu sobre o Seu inocente Senhor; ele sabe que o Senhor Jesus morreu pelos seus pecados (I Pe 3:18), e sabe também que ninguém mais pode o acusar, pois foi Deus quem o justificou, sabe também que ninguém pode condená-lo, pois o Senhor Jesus morreu (Rom. 8:33,34). Este saber o converte num adorador verdadeiro e se traduz em adoração.

E, assim, lembramo-nos do momento maior em que consiste nossa adoração. Há duas passagens no novo testamento que nos ajuda e muito a entender a base da adoração e o posicionamento do adorador, ou a direção que ele deve seguir quando se aproxima de Deus para tal. Leiamos Lucas 22:19,20; I Coríntios 11:23-25:

           “E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.  Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós... Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”.

Aqui o Senhor Jesus ao introduzir o memorial diz claramente: “Fazei em memória de mim”.  A ceia do Senhor não é realizada em memória da situação passada ou presente do adorador. O adorador entra na presença de Deus para falar-lhe do seu Filho e não de si mesmo. A adoração é na terceira pessoa e não na primeira. É Ele e não nós, por isso é em memória Dele, do Senhor Jesus.

Precisamos lembrar que estamos na presença de Deus como adoradores e não como pecadores. Um pecador com consciência de pecados não pode ser adorador e, muito menos, acessar a presença de Deus.  Neste caso, ele precisará primeiro resolver os problemas dos seus pecados e, para isto, necessitará de uma vitima para fazer expiação por ele, por isso, ele não goza de paz perfeita para exercer o sacerdócio na presença de Deus.

Mas não é isto o que vemos continuamente nas nossas celebrações? Falamos muito mais de nós mesmos do que daquele para o qual o memorial aponta. Realizamos o serviço na primeira pessoa, quando deveríamos fazê-lo na terceira. Ao invés de apresentar a Deus a beleza do seu Bendito Filho (Sal. 96:9), apresentamos nossa condição, nossa situação,  nossos pecados, nossa miséria.  Que tristeza! Temos que lamentar tal situação.

A passagem que transcrevo abaixo nos ensina como o holocausto era ordenado por Deus e oferecido na economia levítica.

          “Quando algum de vós oferecer oferta ao SENHOR, oferecerá a sua oferta de gado, isto é, de gado vacum e de ovelha. Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o SENHOR. E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. Depois degolará o bezerro perante o SENHOR” (Lev. 1:2-5a).

          “E os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo. Também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha que está no fogo em cima do altar; Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote TUDO ISSO queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR” (Lev. 1:5b-9).

Em primeiro lugar temos a oferta, depois o serviço sacerdotal. A vitima, sem defeito, era trazida à porta da tenda da congregação e degolada ali, sendo oferecida pelo ofertante de sua própria vontade; só então, os sacerdotes entravam em ação para cumprir o ritual estabelecido por Deus.

O ato de ser de sua própria vontade nos fala do Senhor Jesus oferecendo-se a si mesmo a Deus, como Ele próprio disse em João 10:17: “o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la”. Depois o ritual era composto de atividades exclusivas para os sacerdotes, ou seja, oferecer o sangue, espargir o sangue, por fogo sobre o altar, por em ordem a lenha sobre o fogo, por em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha que estava no fogo em cima do altar; enfim, tudo era disposto ali, como ordenara o Senhor. Nada sobrava para eles, queimavam tudo sobre o altar; não participavam de nada, tudo era oferecido ao Senhor e, como consequência, subia um perfume de cheiro suave ao Senhor.

Se quisermos encontrar no velho testamento uma porção que, em figura, nos fala da adoração, tal como temos na ceia do Senhor, recorramos ao holocausto.  O holocausto era inteiramente para o Senhor. Os sacerdotes não participavam dele, tudo era queimado e seu cheio subia como um cheiro suave de aroma agradável ao Senhor. Há algo na cruz, expresso em figura pelo holocausto, que ultrapassa as mais elevadas concepções dos santos ou dos anjos, ou seja, a profunda devoção do coração do Filho ao Pai e a maneira com o Pai a apreciou. Esta é a voz que soa do holocausto, Daquele  que com gozo inexprimível se ofereceu incontaminado a Deus.

Aqueles sacerdotes, no holocausto, eram apenas observadores desta cena que se desenvolvia diante deles e na qual Deus era o objetivo da mesma. Embora não tivessem tido nenhuma parte nela, eles observavam o seu desenrolar e podiam ver uma vitima substituta morrendo no lugar do culpado, e pela morte desta vitima um cheiro subindo a Deus. Imaginemos com quanta reverência, adoração e gratidão eles observavam esta cena, e quanta alegria brotava nos seus sensíveis corações, por ver o Senhor aceitando e aspirando o suave cheiro desta oferta.

Estas coisas, como diz Hebreus 9:23, eram figuras das coisas que estão  no céu e foram purificadas com tais sacrifícios,; mas, continua o escritor aos Hebreus, as próprias coisas celestiais, se purificam com sacrifícios melhores do que estes e, acrescenta: “Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (verso 24).

Portanto, se a sublimidade da oferta sobre a economia levítica impressionava os sacerdotes que a ministravam em figura, quanto mais devemos ser impressionados, nós que contemplamos  aquilo que é real!

O holocausto nos fala do Senhor Jesus oferecendo-se a si mesmo a Deus (Heb. 9:14); nos fala da sua suprema devoção ao Pai, recorda-nos das suas próprias palavras como João, o apóstolo, escreveu no capítulos 4, 8 e 17 do seu evangelho: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra... porque eu faço sempre o que lhe agrada... Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer ”(versos 34, 29 e 4).

Somente Deus pode apreciar o verdadeiro valor e significado do holocausto; somente Deus podia avaliar a devoção do seu filho amado;  somente Deus podia apreciar divinamente a pessoa e obra do seu Filho; somente Deus foi glorificado naquilo que Ele fez. Vemos expiação no holocausto sim, mas não conforme a apreciação do pecador, conforme a profundidade da sua culpa; mas, sim conforme a apreciação de Deus, conforme a intensidade do prazer que encontrou no seu Bendito Filho (Mar. 1:11; 2 Pe 1:17),  conforme a completa rendição do Senhor Jesus ao Pai, por isso, o sangue era levado para dentro do santuário e ali era aspergido, somente Deus podia lhe atribuir valor conforme a sua justiça.

Por isto a cruz tal como é simbolizada no holocausto encerra verdades tão preciosas que só a mente de Deus pode compreender.  A cruz é o lugar onde o amor do Senhor Jesus por seu Pai foi expresso em linguagem tal, que apenas o Pai compreendeu.  A grande  beleza que reveste o holocausto é que nele não vemos o Senhor Jesus levando o pecado; mas, sim o Senhor Jesus fazendo a vontade do Pai. Portanto, se quisermos contemplar a expiação no holocausto devemos atentar para estas verdades que ele encerra.

Isto está claramente expresso nas próprias palavras do Senhor, na experiência passada antes da cruz, disse o Senhor no Getsêmani: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Luc. 22:42). Era a vontade do Pai que o manteve ali e não o ato de ter que se fazer pecado por nós.  A grande mensagem expressa no ato cerimonial de esfolar o holocausto (Lev. 1:6), reside no fato de remover o exterior para tornar visível o interior (Heb 10:5-9).   Sua mente santa deleitava em agradar ao Pai.

Finalmente, consideremos as instruções do apóstolo Pedro como está transcrito abaixo:

          “E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo... Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” 1 Pe 2:4,5,9).

Estas instruções também encerram verdades muito sublimes. Devemos gravar em nossas mentes que como pecadores, o nosso lugar é diante do altar de cobre, pois, ali encontramos propiciação para os nossos pecados. Agora como adoradores, já deixamos aquele altar, nossa culpa foi aniquilada ali, pelo amor redentor do Senhor Jesus por nós.

Santificados, purificados Nele, então temos ousadia para entrar no Santo dos Santos (Heb. 10:19); e entramos ali, não para confessar pecados ou para descrever um estado anterior miserável, chegamos ali para adorar, porque não há mais consciência de pecados.  E como sacerdotes estamos ali, na presença de Deus, para apreciar o verdadeiro holocausto, para falar da sua beleza, da sua ternura, do seu infinito amor por nós. É isto que Deus Pai espera ouvir de nós; Ele deleita-se em ouvir do seu Amado Filho.

E é precisamente isto que Pedro está nos ensinando acima; ele diz que nós somos edificados casa espiritual e sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por nosso Senhor Jesus Cristo. Em outras palavras, Pedro nos coloca no verdadeiro terreno onde a graça nos colocou, e, assim, nos posiciona na própria presença de Deus.

Que Deus o Espírito Santo nos capacite a ocupar e a desfrutar deste precioso lugar e  nos dê sabedoria, para sermos achados na presença de Deus e qualificados como adoradores verdadeiros. Amém!

Mensagem entregue em Gama, DF em 02 de abril de 2017.


J.B.Carneiro

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